Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Após perguntar e descobrir a localização do posto de atendimento mais próximo, Heidi se despediu e partiu, ainda segurando a cabeça dolorida.

    Duncan não a acompanhou.

    Na verdade, não tinha o menor interesse em lidar com as autoridades no momento — especialmente porque Shirley ainda estava ao seu lado.

    E aquela garota, que podia invocar um demônio das Profundezas Abissais, definitivamente não queria cruzar com a Igreja do Mar Profundo.

    Ele acompanhou Heidi com os olhos até que desaparecesse na multidão, então soltou um leve suspiro e se voltou para Nina.

    “Você está machucada?”

    “Não…” Nina ainda parecia um pouco abalada.

    Ela ainda estava segurando a manga do casaco de Duncan sem perceber.

    Quando se deu conta, soltou o tecido rapidamente, mas então seu olhar ficou surpreso.

    “Espera… O que você estava fazendo no museu?!”

    “Eu estava por perto cuidando de uns assuntos.” Duncan sorriu. “Então ouvi sobre o incêndio no museu e vim te resgatar.”

    Antes que Nina pudesse perguntar mais, ele despenteou seus cabelos com um gesto suave.

    “Já passou. O importante é que você não se machucou.”

    “… Eu não sou mais criança!” Nina resmungou, balançando a cabeça para afastar a mão dele.

    Então, seu olhar pousou em Shirley.

    Ela abriu a boca para dizer algo, mas então sua expressão mudou abruptamente.

    Foi como se de repente tivesse percebido que algo estava estranho.

    Seus olhos percorreram Shirley de cima a baixo, como se estivesse tentando entender algo fora do lugar.

    “… Shirley… Por que eu tenho a sensação de que tem algo estranho com você?”

    Por um breve segundo, Shirley não percebeu a observação.

    Ela ainda estava focada em Duncan, nervosa.

    Mas assim que viu o olhar suspeito de Nina, sua expressão congelou.

    Os olhos se arregalaram.

    Um pânico absoluto surgiu em seu rosto.

    Ela olhou para Duncan instintivamente, como se procurasse confirmação ou ajuda…

    Mas tudo que encontrou foi mais um problema.

    Duncan reconheceu imediatamente aquela expressão.

    A mesma cara que Shirley fez quando foi pega fugindo sem pagar a passagem do ônibus.

    Imediatamente, ele juntou as peças.

    Ele olhou para Nina, depois para Shirley… e então repassou rapidamente suas interações anteriores com a garota.

    Ele encontrou Shirley duas vezes, e ambas às vezes Nina estava na escola.

    Shirley era grosseira, impulsiva e violenta, o completo oposto de uma ‘garota bem-comportada’.

    Cão podia interferir na percepção das pessoas, permitindo disfarces convincentes.

    E agora, de repente, Shirley era a “nova amiga de Nina” na escola?

    Esse plano de identidade falsa estava cheio de furos.

    Duncan coçou o queixo, pensativo. Então, colocou a mão no ombro de Nina e, com um leve movimento do queixo, indicou Shirley.

    “Você realmente a conhece?”

    “Sim, claro.” Nina respondeu sem hesitar. “Ela se chama Shirley. Acabei de conhecê-la na escola, somos amigas. Mas…”

    Ela franziu a testa, sentindo uma sensação estranha.

    “… Agora que mencionou… Eu de repente percebi que não lembro exatamente quando ela começou a estudar lá…”

    Duncan virou-se lentamente para Shirley.

    A garota já estava tentando reduzir ao máximo sua presença, claramente tentando evitar o inevitável.

    Ele ficou olhando para ela em silêncio por um longo momento.

    E então, calmamente:

    “Quer se explicar, ou prefere que eu…?”

    Ele nem teve tempo de terminar a frase.

    Antes mesmo que sua sentença fosse concluída, Shirley explodiu em uma torrente incontrolável de palavras:

    “ME DESCULPA! EU SEI QUE ERREI, MAS EU SÓ QUERIA INVESTIGAR AS COISAS ENTÃO ME INFILTREI NA ESCOLA, MAS EU JURO QUE NÃO FIZ NADA DE RUIM PARA NINA E NO MUSEU EU ATÉ PROTEGI ELA QUANDO UMA VIGA DESPENCOU DO TETO! EU JURO QUE NÃO SABIA QUE ELA ERA SUA SEGUIDORA! EU NÃO SABIA DOS SEUS INTERESSES! EU NÃO SABIA NADA SOBRE O SENHOR! MEU DEUS, POR FAVOR ME PERDOE! SÓ ME DÊ UMA CHANCE! EU JURO QUE NÃO QUIS—”

    Duncan ficou momentaneamente pasmo.

    Seu primeiro pensamento foi que essa garota tinha um talento natural impressionante.

    Talvez pudesse ser útil como uma parceira de treino para o Cabeça de Bode…

    Ele limpou a garganta e cortou a enxurrada de palavras:

    “Ela não é minha ‘seguidora’. Ela é minha sobrinha.”

    Ele percebeu que Shirley engoliu em seco, paralisada. Então, seus olhos caíram para as mãos da garota. Elas ainda tinham marcas de queimaduras, embora sua recuperação fosse surpreendentemente rápida. As cicatrizes já estavam fracas, mas ainda eram visíveis.

    Se Shirley não estivesse mentindo (o que provavelmente não estava, porque não teria coragem), isso significava que ela realmente protegeu Nina no museu.

    Mas Shirley não tinha ideia do que passava na cabeça de Duncan.

    Seu cérebro estava completamente travado.

    “…S-Sim, claro, se o senhor diz que ela é sua sobrinha… então é isso mesmo…”

    Enquanto isso, Nina finalmente começou a juntar as peças.

    Ela olhou chocada para Duncan, depois para Shirley.

    “Espera… Vocês dois… se conhecem?!” Ela então voltou o olhar para Shirley, confusa. “E você… Por que estava…?”

    “Foi um encontro casual”, Duncan respondeu com naturalidade, antes que Shirley pudesse se atrapalhar e soltar algo comprometedor.

    Então, ele encarou Shirley de novo.

    “Parece que temos muitas coisas para conversar, não acha, Shirley?”

    Shirley já estava quase chorando.

    Ela olhou para Duncan com o rosto de alguém condenada ao destino mais cruel.

    “… Se o senhor diz isso, então… é isso mesmo…”

    “Sim, exatamente.”

    Nina olhou de um para o outro, ainda completamente confusa.

    Mas uma coisa era óbvia:

    Shirley estava absolutamente apavorada com seu tio.

    E, por algum motivo, seu tio também não parecia nada amigável com Shirley.

    Isso a deixou inquieta.

    “… Tio, por que você está sendo tão duro com a Shirley?” Ela olhou de volta para a amiga. “E por que você parece morrer de medo dele?”

    Ela balançou a cabeça, visivelmente sobrecarregada.

    “Eu não estou entendendo nada… Alguém pode me explicar o que está acontecendo?!”

    Duncan soltou um suspiro longo.

    “Vamos para casa e conversamos lá.”

    Ele lançou um último olhar para o museu ainda soltando fumaça antes de se voltar para as garotas.

    “Aqui está muito confuso, e vocês duas estão cobertas de fuligem. Primeiro, vamos para casa, tomar banho e trocar de roupa.”

    Shirley gaguejou.

    “E-eu também tenho que ir?!”

    Ela mesma respondeu sua pergunta antes que Duncan dissesse qualquer coisa.

    “Certo, claro, se o senhor diz que eu tenho que ir… então eu vou!”

    Duncan quase riu.

    Se Shirley havia se aproximado de Nina com algum objetivo, agora era irrelevante.

    Não importava quais eram suas intenções antes — depois disso, seria impossível para ela representar qualquer ameaça.

    Ele balançou a cabeça, resignado, e começou a conduzi-las para longe da praça.

    Mas então, ele viu algo.

    Seu olhar pousou na borda da praça.

    Uma silhueta solitária chamou sua atenção.

    Era um homem alto e magro, vestindo um longo sobretudo preto.

    Ele estava de costas, observando o incêndio sem se mover.

    O sobretudo era longo o suficiente para cobrir quase todo o seu corpo.

    Mas o que realmente o tornava estranho era um detalhe específico:

    Ele segurava um grande guarda-chuva preto.

    Em pleno dia ensolarado.

    Não estava chovendo.

    O sol não estava forte o suficiente para justificar aquilo.

    Mesmo assim, ele permanecia ali, impassível, sob sua enorme sombra artificial.

    O mais estranho era que, apesar de estar parado entre a multidão, ninguém parecia notar sua presença.

    Os civis ao redor conversavam, corriam e se organizavam…

    Mas nenhum deles olhava para ele.

    Como se simplesmente não o vissem.

    “Tio?” Nina percebeu que Duncan havia parado de andar. Curiosa, seguiu seu olhar. “O que você está vendo?”

    “Há um homem ali”, Duncan falou sem pressa. “Ele está de sobretudo… e segurando um guarda-chuva.”

    Nina franziu a testa.

    “Hã? Em um dia ensolarado?” Ela olhou na direção indicada. “… Onde?”

    Duncan estreitou os olhos.

    O homem ainda estava lá.

    Mas Nina não o via.

    “Eu também não vejo nada.” Shirley franziu a testa e esfregou os olhos, tentando enxergar o que Duncan estava vendo. “Tem certeza que não foi engano?”

    Duncan imediatamente franziu as sobrancelhas.

    Ele lançou um olhar rápido para Nina e Shirley.

    Nenhuma delas parecia ver nada de incomum.

    Mas ele via.

    Ou… via até um momento atrás.

    Porque, quando voltou os olhos para a praça…

    A figura sob o guarda-chuva desaparecera.

    “Tio?”

    Nina observou sua expressão e pareceu preocupada.

    “… Será que você inalou muita fumaça? Está se sentindo mal?”

    Duncan hesitou por um breve segundo.

    Então, sacudiu a cabeça com naturalidade.

    “Estou bem.” Ele sorriu levemente. “Talvez tenha sido só um engano.”

    Mas não era isso que ele realmente pensava.

    Se fosse apenas um homem estranho segurando um guarda-chuva, não seria grande coisa.

    Mas…

    Se era um homem que apenas ele conseguia ver…

    Então era um problema totalmente diferente.

    Ele guardou aquela imagem na memória.


    Vanna chegou ao local acompanhada por uma tropa de Guardiões da Tempestade, mas, ao chegarem…

    O incêndio já estava no fim.

    Assim que se aproximou do museu, um sacerdote da Igreja do Mar Profundo — coberto de fuligem e visivelmente exausto — veio ao seu encontro.

    Atrás dele, outros Guardiões igualmente desgastados seguiam em silêncio.

    O sacerdote fez uma reverência rápida antes de relatar imediatamente:

    “O fogo se extinguiu sozinho.”

    Vanna estreitou os olhos.

    “Sozinho?”

    “Sim”, O sacerdote falou com firmeza. “E não encontramos qualquer resquício de energia sobrenatural no local.”

    Vanna imediatamente ficou séria.

    “O incêndio simplesmente desapareceu?”

    Ela cruzou os braços, seu olhar penetrante.

    “Mas você entrou no prédio. Encontrou alguma pista?”

    O sacerdote da Igreja do Mar Profundo continuou seu relatório com um tom sério:

    “Houve um grande número de casos de pânico extremo, alucinações visuais e auditivas e delírios entre os civis que escaparam do museu. Suspeito que havia um tipo de contaminação sobrenatural dentro do prédio.” Ele fez uma pausa, então continuou, “Mas revistamos toda a área acessível e não encontramos nada incomum… A única anomalia real foi o incêndio ter simplesmente se extinguido sozinho.”

    O sacerdote então fez um gesto de oração antes de acrescentar:

    “Mas, por outro lado… Foi justamente porque o fogo se extinguiu que conseguimos sair vivos.”

    Vanna refletiu por um momento, então assentiu levemente.

    “Entendido.” Ela olhou para o museu ainda soltando fumaça. “Assim que o incêndio for completamente contido, vou designar uma equipe para uma inspeção completa. Se houver qualquer sinal de alteração em algum artefato, quero que seja documentado imediatamente.”

    Ela deu as ordens rapidamente, então levantou os olhos para a multidão de civis resgatados.

    Seu olhar varreu as pessoas, como se estivesse procurando alguém.

    E então, de repente, uma voz ecoou da multidão:

    “Vanna! Estou aqui!”

    Ela se virou rapidamente e viu uma figura familiar acenando com grande entusiasmo no meio da confusão.

    Heidi.

    Ela estava completamente suja de fuligem, seus cabelos desarrumados, e sua expressão exausta, mas parecia ilesa.

    E, apesar de sua aparência, parecia incrivelmente animada por tê-la encontrado.

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