Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    A Chama Espiritual se recolheu, mergulhando nos fragmentos de carne e sangue.

    Os restos mortais contaminados pelo fogo tremeram e se ergueram instáveis, mas logo ganharam velocidade, desaparecendo rapidamente no final da rua.

    Aquela massa de carne, que já não possuía mais pensamentos próprios, havia iniciado sua jornada de volta para casa—mas se realmente retornaria ao seu ‘corpo original’, ou se se dissiparia no meio do caminho ao esgotar sua vitalidade, ou ainda se seria interceptada e purificada por alguma outra coisa, nem mesmo Duncan poderia afirmar com certeza.

    Ele apenas fez o possível para minimizar qualquer ameaça potencial dentro de seu alcance.

    Desde que Shirley começou a lutar contra aquela estranha sombra negra, Duncan vinha analisando rapidamente a origem do ‘agressor’ que surgira no pesadelo, ao mesmo tempo em que tentava deduzir a natureza de suas habilidades. Ao perceber a reação da criatura diante da Chama Espiritual, ele se convenceu ainda mais de que aquele atacante desconhecido era, muito provavelmente, apenas um ‘batedor’ destacado do verdadeiro inimigo.

    Diante da Chama Espiritual, o agressor não demonstrou nenhuma intenção de combate—sua primeira reação foi se fragmentar e fugir em todas as direções. Isso poderia ser interpretado como um mero ato de desespero, mas também era um indício claro de que o ‘batedor’ estava tentando levar informações para longe. Se esse vasto sonho realmente tivesse sido tecido por algum mestre nos bastidores, então a aparição inesperada de Duncan ali certamente seria uma informação valiosa.

    Duncan observou, pensativo, a direção em que os fragmentos desapareciam. Depois de rastejar por uma certa distância, o inimigo se desfez no ar em meio a uma nuvem de poeira ascendente. Isso confirmou ainda mais sua suspeita:

    Aquele atacante misterioso conhecia esse sonho muito melhor do que ele e Shirley. Ele possuía meios mais convenientes de locomoção dentro desse domínio e sabia da existência de certas ‘passagens ocultas’—do contrário, não teria conseguido se aproximar tão sorrateiramente, sem que Duncan sequer percebesse sua presença.

    Em comparação, ele, Shirley e Cão, como exploradores de primeira viagem nesse sonho, estavam às cegas—encontrar os inimigos ocultos seria uma tarefa difícil.

    Mas isso não importava. As sementes do fogo já haviam sido espalhadas e um vínculo sutil permanecia dentro de sua percepção. Duncan acreditava que as chamas que lançou acabariam trazendo algum resultado. Assim que aquela centelha de Chama Espiritual começasse a se espalhar, um vínculo mais nítido se formaria, e, mais cedo ou mais tarde, ele encontraria aqueles que estavam escondidos no sonho.

    Então, Nina e Shirley não precisariam mais sofrer com pesadelos.

    “Senhor Duncan…” Shirley olhava para ele, apreensiva, hesitando antes de finalmente criar coragem para perguntar: “O senhor sabe o que era aquela coisa…?”

    Ela se referia ao agressor que segurava o guarda-chuva preto.

    “… Difícil dizer.” Duncan pensou por um instante antes de balançar a cabeça. No entanto, logo em seguida, olhou para a rua queimada ao redor, refletindo, e disse: “Mas você se lembra da figura que mencionei, aquela parada na borda da praça, quando voltávamos do museu?”

    “Aquela que só o senhor conseguiu ver?” Shirley recordou imediatamente. “Ah! Então foi essa coisa que nos atacou agora…”

    “Não posso afirmar que era exatamente a mesma”, Duncan sacudiu a cabeça, “mas certamente era da mesma ‘espécie’. Além disso, suspeito que esteja relacionada àqueles cultistas que veneram o Deus do Sol—ele apareceu duas vezes em cenários ligados ao ‘fogo’. Isso é muito suspeito.”

    “Relacionado àqueles cultistas…” Shirley piscou algumas vezes e logo chegou a uma conclusão: “Será que é a tal ‘Descendência do Sol’ que eles mencionam?!”

    “Por ora, é uma suspeita, embora sem provas concretas”, Duncan exalou levemente. “Mas mais do que a identidade do agressor, o que me intriga é o motivo dessa coisa ter aparecido no ‘sonho’ seu e da Nina… O museu e os pesadelos de vocês, que tipo de conexão existe entre esses dois pontos?”

    Enquanto falava, ele ergueu a cabeça e varreu o olhar pela torre alta diante deles.

    No topo da torre, Nina ainda não estava visível—mas Duncan tinha quase certeza de que aquele era o lugar que ela vira em seu sonho.

    “Então este lugar é realmente o sonho da Nina?” Shirley examinava os arredores, visivelmente perplexa. “Como o senhor sabia disso?”

    “Ela já me contou sobre esse sonho. No sonho, ela estava no topo daquela torre de destilação mais alta, observando a cidade incendiada abaixo”, explicou Duncan, apontando para a estrutura imponente nas proximidades. “Este ponto fica a cerca de dois quarteirões da casa do seu pesadelo. Não sei a razão, mas os sonhos de vocês estão claramente conectados em um nível mais profundo.”

    Shirley ficou surpresa. Ela parecia querer perguntar algo mais, mas, de repente, Cão notou algo e interrompeu:

    “Ei, Shirley, olha! Aquele guarda-chuva que a coisa segurava ainda está ali!”

    Shirley e Duncan seguiram o olhar de Cão e, de fato, viram um grande guarda-chuva preto caído silenciosamente no canto da rua!

    Antes, toda a atenção deles estava focada no agressor, e, depois que seu corpo se fragmentou, o guarda-chuva foi deixado para trás, passando despercebido por todos.

    Duncan deu alguns passos em direção ao objeto, finalmente tendo a oportunidade de observá-lo de perto. No entanto, ao ver a parte interna do guarda-chuva, ele não conseguiu evitar um som de surpresa:

    “… Hã?”

    Ele havia imaginado que o guarda-chuva, que o agressor segurava o tempo todo, seria algo bem diferente—talvez um artefato extraordinário, gravado com runas místicas, ou um objeto aparentemente comum, mas imbuído de propriedades anômalas. De qualquer forma, considerando a natureza estranha e aterradora daquele inimigo, era natural supor que o guarda-chuva também teria uma aparência sinistra e inquietante.

    Mas a realidade era completamente diferente do que ele esperava—

    O que ele viu foi uma estrutura artificial incrivelmente complexa. Hexágonos cristalinos minuciosamente organizados estavam dispostos na armação interna, formando algo semelhante a… um painel solar. Entre as frestas dessas grades de cristal roxo-escuro, passavam pequenos dutos e feixes de fios. No centro do guarda-chuva, uma espécie de núcleo mecânico delicado conectava o cabo ao conjunto de hastes, funcionando como um sofisticado sistema de controle. Sua precisão e complexidade superavam em muito qualquer mecanismo a vapor conhecido no Cidade-estado de Pland.

    Duncan ficou boquiaberto diante daquela descoberta.

    A única coisa que lhe veio à mente foi: tecnologia!

    Aquilo definitivamente não era um artefato sobrenatural, tampouco algo anômalo. Não era sequer um dispositivo produzido por qualquer cidade-estado do mundo conhecido. Aquele guarda-chuva era uma peça de engenharia extremamente avançada e intricada.

    Ele… provinha de um tipo de civilização que os atuais reinos jamais poderiam compreender!

    “O que diabos é isso?” Shirley olhava, espantada e confusa, para o interior do guarda-chuva. Ela não conseguia entender nada do que via, e, diferentemente de Duncan, não possuía qualquer referência que a ajudasse a interpretar aquela tecnologia. Tudo parecia cem vezes mais complicado do que imaginava, a ponto de deixá-la tonta. Instintivamente, ela estendeu a mão para tocá-lo. “Parece que…”

    “Não toque!” Cão interrompeu bruscamente, sua voz carregada de alerta. “Isso parece algum tipo de Protótipo Blasfemo!”

    Shirley ficou perplexa. “Protótipo Blasfemo? Que diabos é isso?”

    “São criações oriundas de certas histórias proibidas—coisas que não deveriam existir no mundo real, mas que, de alguma forma, foram forçadas a permanecer aqui”, explicou Cão em um tom baixo e sério. “Não sei exatamente como te explicar… porque nem eu entendo completamente o princípio por trás disso. Mas saiba que, ao longo do fluxo do tempo neste mundo, há certas partes da história que foram ‘trancadas’. Os objetos que surgiram dentro dessas eras proibidas são chamados de Protótipos Blasfemos. E, normalmente, sua mera existência já é prejudicial para os seres vivos da realidade… se encontrar um, nunca toque!”

    Imediatamente, Shirley retraiu a mão com um sobressalto. Duncan, por sua vez, lançou um olhar pensativo para Cão. “Isso também faz parte do conhecimento inato dos Demônios Abissais?”

    “De certa forma, sim.” Cão sacudiu a cabeça. “Nem todos os Demônios Abissais sabem dessas coisas. Mas como eu nasci mais próximo da cabeça do Senhor Sagrado das Profundezas, acabei absorvendo um pouco mais de conhecimento.”

    Duncan apenas murmurou um ‘hm’, sem expressar opinião, enquanto seu olhar se fixava no estranho guarda-chuva preto.

    Então, de repente, como se tivesse perdido algum tipo de ‘sustentação’, o guarda-chuva começou a desmoronar e se dissolver diante de seus olhos.

    A intrincada estrutura de cristal gradualmente ficou translúcida, sua armação e fios desbotaram, transformando-se em pó branco que se dispersou ao vento. O complexo mecanismo central começou a derreter como cera aquecida.

    Antes que desaparecesse por completo, Duncan notou de relance um pequeno texto gravado em um dos componentes do dispositivo.

    Não era a língua comum usada nas cidades-estado, nem qualquer outro idioma que ele conhecesse—mas, mesmo assim, o significado das palavras surgiu instantaneamente em sua mente:

    【Núcleo de Filtragem Espectral K-22】

    No momento seguinte, o último fragmento do guarda-chuva se dissolveu no ar.

    Duncan se levantou lentamente.

    Foi então que Shirley soltou um pequeno grito de surpresa: “Ah! Minhas mãos…!”

    Duncan olhou para ela e percebeu que não era apenas sua mão—seu corpo inteiro estava ficando gradualmente translúcido e desfocado.

    Shirley entrou em pânico. “Socor-socor-socor…”

    “Socorro o quê?!” Cão a interrompeu rudemente. “Você está apenas acordando! Essa é a primeira vez que sai deste sonho da forma correta—já deveria estar agradecendo o Senhor Duncan!”

    Shirley piscou, finalmente compreendendo, e se virou para Duncan. Mas, nesse momento, viu que ele também estava desaparecendo do sonho.

    Duncan sorriu e acenou para a garota. “Boa noite… e bom dia. E não esqueça de acordar Nina para o café da manhã.”

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