Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 144: A Cautela de Vanna
“Me desculpe, me desculpe, eu realmente não sei como isso aconteceu…”
Heidi pediu desculpas com um rosto cheio de constrangimento. Como uma psiquiatra experiente, que concluiu todos os seus estudos mesmo sob os rigorosos padrões da Academia da Verdade, essa situação era, sem dúvida, embaraçosa para ela — falando sério, quando Vanna a acordou com um tapa no ombro, ela quase sentiu que sua carreira profissional havia chegado ao fim…
Por outro lado, Nina, que acabara de acordar do transe e ainda estava sentada na cama, também parecia completamente confusa. Ela não tinha ideia do que havia acontecido e só conseguia olhar para Heidi, que se desculpava repetidamente com ela, antes de finalmente voltar seu olhar para Duncan:
“Tio Duncan, o que aconteceu? Por que a Srta. Heidi…?”
“A psiquiatra que estava te hipnotizando acabou dormindo mais profundamente do que você”, Duncan respondeu com uma expressão igualmente sem jeito, suspirando e apontando para o chão ao lado da cama. “Ela até babou no chão.”
Ele foi direto ao ponto, e assim que terminou de falar, a cabeça de Heidi baixou ainda mais, de pura vergonha.
No meio dessa atmosfera de constrangimento e confusão, apenas Vanna ainda mantinha uma expressão séria. Ela imediatamente examinou o quarto inteiro, como se estivesse procurando ou sentindo algo, antes de finalmente fixar o olhar em Heidi:
“Você tem certeza de que está bem? Por que acabou adormecendo no meio da sessão de hipnose?”
Ouvindo o tom sério da amiga, Heidi finalmente começou a processar a situação. Ela franziu a testa e tentou se lembrar dos detalhes. Depois de um momento, balançou a cabeça levemente:
“Eu estou bem… Deve ter sido apenas exaustão. Assim que terminei a sessão, fiquei relaxada demais e acabei cochilando.”
“Então a sessão foi concluída?” Vanna ainda parecia um pouco preocupada e fez mais uma pergunta.
“Foi concluída”, Heidi assentiu, depois de refletir com cuidado. “Fiz algumas perguntas para a Srta. Nina, e foi depois que ela respondeu que comecei a sentir sono e apaguei.”
Duncan notou a expressão incomumente séria de Vanna e perguntou sem rodeios:
“Tem algo errado?”
“… Não, apenas estou preocupada com a condição de Heidi. Isso nunca aconteceu com ela antes”, Vanna balançou a cabeça. “Mas talvez seja como ela disse, apenas cansaço. Ela tem trabalhado sem parar ultimamente, e seu raro dia de descanso foi arruinado pelo incêndio no museu.”
Ao ouvir isso, Nina imediatamente se sentiu culpada e pediu desculpas a Heidi sem pensar:
“Me desculpe… Parece que tomei o seu tempo de descanso…”
“Não, não, você não precisa se desculpar”, Heidi apressou-se em acenar com a mão. “E, olhando por outro ângulo, pelo menos consegui tirar um cochilo tranquilo aqui — já faz muito tempo que não dormia tão bem.”
Vanna confirmou que Heidi realmente não apresentava nenhuma anormalidade, então ergueu a cabeça para olhar o céu pela janela antes de se virar para Duncan:
“O céu já está escurecendo. Acho que está na hora de partirmos.”
“Não querem descansar um pouco antes?” Duncan demonstrou preocupação como anfitrião. “A Srta. Heidi ainda parece um pouco cansada.”
“Já estou bem melhor”, Heidi sorriu ao ouvir isso. “Ficar fora à noite não é seguro, preciso voltar para casa antes do pôr do sol — meu pai se preocupa muito com isso.”
Diante dessa justificativa, Duncan não insistiu. Ele ajudou Nina a descer da cama e voltou-se para suas duas visitantes:
“Vou acompanhá-las até a saída.”
Ele acompanhou Heidi e Vanna até a porta do térreo, onde o sol já começava a se pôr no horizonte.
Vanna foi ativar o núcleo a vapor do carro. Aquelas máquinas a vapor extraordinárias deste mundo pareciam não precisar de um longo tempo de aquecimento para iniciar, pois a grande carroça cinza-escura logo emitiu o ronco suave de um motor em funcionamento.
Antes de sair pela porta da loja, Heidi subitamente parou e virou-se. Seu olhar passou por Nina e, por fim, fixou-se em Duncan.
“É perceptível que agora o senhor é um tutor muito responsável, mas parece que, em um determinado período, descuidou da Nina — sua ansiedade e tensão psicológica vieram disso.” A psiquiatra falou de maneira sincera e direta. “Claro, agora ela já está muito melhor e, após essa sessão, sua condição deve melhorar ainda mais. Mas, por melhor que seja o tratamento, ele precisa ser reforçado. O melhor suporte para a saúde mental vem do carinho da família.”
Ansiedade e tensão psicológica da Nina? E aquele período… teria sido antes de eu ocupar este corpo?
Duncan compreendeu imediatamente. Ele acenou levemente para Heidi e agradeceu com sinceridade:
“Obrigado pela sua ajuda. De fato, eu não estava bem naquela época. Foi uma falha minha.”
“Na verdade, eu deveria ter conversado melhor com o senhor. O acompanhamento da família após a sessão também é uma parte essencial do tratamento, mas hoje realmente não há tempo suficiente”, Heidi suspirou e deu um passo para trás. “Quando eu chegar em casa, organizarei um relatório sobre a condição da Nina, junto com algumas recomendações adicionais, e enviarei uma carta para o senhor.”
As duas visitantes peculiares finalmente se despediram e partiram.
Observando aquele carro, que se destacava tanto no Distrito Inferior, afastar-se lentamente pelas ruas sob a luz do entardecer, Duncan soltou um leve suspiro. Seu primeiro contato direto com uma ‘Inquisidora’ da Igreja foi mais pacífico e tranquilo do que ele havia imaginado.
Após a partida de Vanna e Heidi, Shirley finalmente saiu de seu esconderijo no canto do primeiro andar. A garota olhou nervosa na direção da porta e só se aproximou quando viu Duncan e Nina voltando.
“Elas realmente foram embora?”
“Foram, foram, pode ficar tranquila”, Duncan respondeu, lançando um olhar para Shirley com um tom de leve exasperação. “Mas você se escondeu de um jeito tão óbvio que só levantaria suspeitas. Você não percebe isso? Por sorte, a Inquisidora não questionou nada.”
“Eu fiquei com medo! Aquela era uma Inquisidora! A maior força da Igreja dentro da cidade-estado!” Shirley arregalou os olhos, como se temesse que Duncan não entendesse seu pavor. “As figuras mais altas da Igreja com quem eu já tive contato foram os padres das capelas comunitárias e os guardiões patrulheiros. Mesmo assim, eu sempre tive que evitá-los ao máximo! Você sabe muito bem que eu tenho o Cão comigo…”
Ela fez uma pausa e suspirou.
“Bom, claro, é normal que você não entenda a minha situação. Para alguém como você, uma Inquisidora da cidade-estado e um padre de capela de bairro devem parecer praticamente a mesma coisa…”
Nina olhou para Shirley, depois virou-se na direção em que Vanna e Heidi haviam partido. Ela franziu ligeiramente as sobrancelhas.
“Shirley, pessoas como você… ‘transcendentes sem filiação’, elas seriam realmente presas pela Igreja? Você nunca fez nada de errado, e tanto a Srta. Heidi quanto a Srta. Vanna são pessoas muito boas…”
“Isso não tem nada a ver com fazer algo errado ou não”, Shirley suspirou. “A Igreja não prende todos os transcendentes sem filiação, porque sempre haverá pessoas que, por razões estranhas e imprevisíveis, acabam entrando em contato com forças sobrenaturais. Nem todos são hereges, e a Igreja permite que alguns vivam normalmente, desde que não causem problemas. Mas no meu caso… eu e o Cão seríamos capturados sem dúvida. Porque, segundo os padrões da Igreja, qualquer um que tenha laços com Demônios Abissais ou com as Profundezas Abissais, não importa sua situação atual, sempre será um herege em potencial no futuro.”
Nina franziu a testa. Esse era um assunto que ela nunca havia parado para considerar. As palavras de Shirley a deixaram momentaneamente pensativa, mas sua hesitação foi logo interrompida por Duncan.
“Nina, como você está se sentindo agora?”
“Eu? Estou ótima!” Nina respondeu imediatamente. “A ‘terapia’ da Srta. Heidi foi muito útil. Conversar com ela e tirar um cochilo me deixou bem mais leve!”
“É mesmo? Que bom.”
Duncan assentiu levemente, sem dizer mais nada, e seguiu em direção à escada. Só então Shirley pareceu finalmente perceber algo. Ela olhou para o céu lá fora e soltou um lamento desolado:
“Ah, eu queria voltar para casa hoje…”
“Pode continuar querendo”, Duncan respondeu sem sequer virar a cabeça. “Olhe para o céu lá fora. Você realmente acha uma boa ideia sair à noite e tentar fugir dos guardiões da Igreja?”
Nina riu e deu um tapinha no ombro de Shirley.
“Fique aqui e relaxe. Assim, antes de dormir, ainda pode conversar comigo — pensar em voltar para casa fica para amanhã!”
No caminho de volta ao Distrito Superior, Vanna segurava o volante enquanto, ao seu lado, no banco do passageiro, Heidi bocejava.
“Que cochilo maravilhoso…” Heidi bocejou novamente e perguntou sem pensar: “E então? Sobre o que conversou com aquele dono da loja de antiguidades? Alguma coisa suspeita?”
“… Nada de anormal”, Vanna respondeu, mantendo os olhos na estrada. “O dono da loja é só um civil comum, assim como aquela garota chamada Shirley. Não há sinais de influência de forças sobrenaturais ou vontades malignas na loja. Eles parecem ter escapado por pura sorte. E você? Percebeu algo diferente ao lidar com Nina?”
“Está tudo normal”, Heidi confirmou com um leve aceno. Ela levantou a mão e tocou no pingente de cristal que voltou a usar no pescoço. O bracelete de pedras em seu pulso, símbolo da Academia da Verdade, deslizou ligeiramente, revelando uma seção ausente. No entanto, ela não pareceu se importar com isso.
“Mas enquanto estava sob hipnose, Nina mencionou algo… um pouco estranho.”
“Algo estranho? O que foi?”
“Ela disse que, quando criança, passou por um grande incêndio. O incêndio ocorrido onze anos atrás, durante o vazamento na fábrica”, Heidi comentou distraidamente. “Mas você sabe tão bem quanto eu que, há onze anos, não houve…”
Antes que pudesse terminar a frase, um barulho repentino de freios ecoou pelo carro, acompanhado por um tranco brusco. Vanna parou o veículo abruptamente, arregalando os olhos para sua amiga.
“Incêndio?! Nina disse que lembra de um incêndio onze anos atrás?”
“… Sim”, Heidi ficou momentaneamente confusa. “Por que essa reação toda?”
Vanna não respondeu de imediato. Sua expressão mudou rapidamente duas vezes, e Heidi, percebendo sua reação, entendeu que algo estava errado.
“Quer dar meia-volta agora mesmo? Podemos voltar lá e perguntar melhor…”
“Não.”
Após um breve momento de reflexão, Vanna balançou a cabeça e voltou a se concentrar na estrada.
O carro arrancou novamente. Sob o céu cada vez mais escuro, os prédios e ruas passavam rapidamente pela janela, tornando-se vultos em movimento.
Heidi lançou um olhar preocupado e confuso para a amiga ao volante. Parecia prestes a perguntar algo, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Vanna sacudiu levemente a cabeça.
“Eu sei que você está intrigada, mas não pergunte por enquanto. Antes de esclarecer algumas coisas, não mencione isso a mais ninguém.”
Ela fez uma breve pausa e então, como se falando consigo mesma, murmurou suavemente:
“Talvez… tenhamos nos precipitado ao vir hoje.”
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