Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 147: Aparecendo no Mundo Real?
“Tio Duncan, estou indo para a escola!”
Com um chamado animado, Nina desceu as escadas correndo. Ela se virou para acenar na direção do segundo andar antes de continuar apressada em direção à porta.
O dia de descanso havia acabado. Hoje era mais um dia normal de aulas.
Mas antes que pudesse chegar à saída, ela parou de repente.
Atrás de uma das prateleiras próximas, havia uma silhueta se movendo. Logo, essa figura deu um passo à frente — era Shirley.
“Ah, Shirley!” Nina parou, sorrindo ao ver a amiga. “Eu estava me perguntando onde você tinha ido. Quer ir comigo?”
“Ir com você?” Shirley piscou, confusa. “Ir para onde?”
“Para a escola, hoje é…” Nina começou a falar automaticamente, mas no meio da frase se deu conta do que estava dizendo. Seu rosto assumiu uma expressão um pouco embaraçada. “Ah… desculpa, eu esqueci…”
Shirley não era sua colega de classe. Ela não frequentava a escola. Aquela convivência agradável no campus não passara de uma encenação — algo que Nina sabia bem. Mas, ainda assim, foi algo que realmente aconteceu, e às vezes ela simplesmente se esquecia dessa diferença.
A expressão de Shirley também ficou estranha por um momento. Havia um vestígio de culpa em seu olhar, mas logo se recompôs e balançou a cabeça levemente.
“Eu não vou com você. Minha… ‘investigação’ naquela escola já acabou.”
“É verdade.” Nina mordeu o lábio por um instante, mas logo recuperou o sorriso habitual. “Desculpa, eu me confundi. Então… estou indo, tá bom?”
“Sim.” Shirley assentiu, mas então pareceu lembrar-se de algo e acrescentou:
“Ah, Nina… Hoje eu… vou voltar para casa.”
“Voltar para casa?” Nina ficou momentaneamente surpresa. Em apenas dois dias, ela já havia começado a considerar Shirley como parte daquela casa. A ideia de vê-la partir pareceu estranha. “Você não vai ficar mais?”
“Preciso voltar, afinal, eu só estava aqui temporariamente.” Shirley acenou com a mão, falando algo que já queria dizer há algum tempo. “Já conversei com o Sr. Duncan, e ele concordou.”
Nina ficou em silêncio por um momento, parecendo um pouco atordoada. Só depois de alguns segundos ela hesitou antes de perguntar:
“Então… então você vai voltar um dia?”
Se pudesse evitar, Shirley preferia nunca mais voltar. Na verdade, considerou até mesmo roubar uma passagem de navio para Geada e se esconder por um tempo.
Esse pensamento fugaz de fuga passou rapidamente por sua mente, mas, quase no mesmo instante, ela sentiu como se um olhar atravessasse o piso do segundo andar e pousasse diretamente sobre ela. Instintivamente, encolheu os ombros e respondeu apressadamente:
“Eu… eu venho te visitar quando tiver oportunidade! Afinal, minha casa não é tão longe, hahaha…”
Nina inclinou a cabeça ligeiramente. Por alguma razão, sentiu que a reação de Shirley foi estranha por um momento, mas não pensou muito sobre isso.
A resposta foi suficiente para deixá-la satisfeita. Com um sorriso feliz, acenou e saiu correndo como um vento forte, desaparecendo rapidamente na rua em frente à loja de antiguidades.
Shirley ficou parada, olhando distraída para a direção em que Nina havia sumido. Alguns segundos depois, ela finalmente despertou de seu devaneio — e, naquele momento, percebeu a presença de alguém parado na escada próxima, observando-a silenciosamente.
Virou-se rapidamente e, com uma postura raramente educada, fez uma leve reverência.
“Sr… Sr. Duncan, bom dia!”
“Agora você parece muito mais educada. É assim que uma garota da sua idade deveria se comportar”, Duncan comentou com indiferença, descendo lentamente as escadas. “Explicou tudo para a Nina? Vai mesmo voltar para casa hoje?”
“Si… sim, expliquei”, Shirley respondeu com a cabeça baixa, sem ousar erguer muito a voz, temendo que, se Duncan mudasse de ideia, ela perdesse a chance de sair. “O senhor também concordou… então eu posso ir hoje.”
“Por que está tão nervosa de novo? Ontem estava tranquila, mas hoje parece que sua ansiedade foi reiniciada”, Duncan balançou a cabeça, meio divertido. Ele então se aproximou e deu um leve tapinha no ombro magro de Shirley.
“Relaxa. Eu nunca disse que queria te prender aqui. Você só foi minha convidada por dois dias. Pode ir quando quiser — e também pode voltar quando quiser.”
“Eu… eu entendi”, Shirley assentiu repetidamente, mas logo suspirou com um pouco de frustração.
“Na verdade… eu não estou tão nervosa assim. O problema é o Cão. Ele está nervoso o tempo todo. Toda vez que o senhor se aproxima, ele entra em pânico por instinto, e isso acaba me deixando nervosa também.”
“O Cão, hein… Bom, não tem jeito. Parece que a ansiedade dele vem da sensibilidade aguçada dos Demônios Abissais.” Duncan deu de ombros e então voltou seu olhar para Shirley.
“Mas você tem certeza? Não quer reconsiderar? Você pode ficar aqui. O lugar onde você e o Cão vivem não parece muito confortável… E, à noite, não é exatamente seguro. Comparado a isso, aqui é um local muito mais protegido.”
Um ser das Profundezas Abissais dizendo que seu próprio domínio era um ‘lugar seguro’ — a frase soava ao mesmo tempo lógica e completamente absurda.
Shirley refletiu por um momento, tentando encontrar alguma maneira de refutar aquela afirmação. Mas, no fim das contas, não conseguiu pensar em nada — e, para ser honesta, nem tinha coragem de contestar.
No final, só conseguiu soltar uma risada sem graça.
“Ah… ahaha… bom…”
“Esqueça, só mencionei por mencionar. Não precisa pensar demais nisso.” Duncan percebeu sua hesitação e acenou com a mão.
“Se quiser ir, vá. Pelo menos agora você já sabe como me contatar. Se descobrir algo novo sobre os cultistas do Sol, lembre-se de me chamar.”
Shirley assentiu em silêncio.
Depois de dois dias que mais pareciam um sonho, finalmente tinha permissão para sair. Finalmente podia se afastar daquele ser aterrorizante.
Mas, agora que essa oportunidade realmente havia chegado… ela se sentia estranhamente perdida.
Conversar e brincar com uma ‘amiga’. Viver sob os cuidados de um ‘adulto responsável’. Um quarto quente. Luzes brilhantes. Comida de verdade. Um lugar onde não precisava temer os pesadelos, nem se esconder dos guardiões da Igreja.
Agora, tudo isso estava chegando ao fim.
Por alguma razão, um pensamento absurdo passou por sua mente.
Era como se um mundo luminoso tivesse aberto suas portas para ela por um breve momento — e agora essa porta estava se fechando.
Pouco tempo atrás, esse era o seu maior desejo. E, de fato, ainda era. Mas… por que estava se sentindo tão confusa?
Em sua conexão mental, ouviu o Cão murmurar:
“Nosso mundo está voltando ao normal, Shirley.”
“Sim… Voltando ao normal.”
Ela repetiu essas palavras em sua mente, como se quisesse se convencer. Então, ergueu a cabeça, pronta para se despedir do Sr. Duncan.
Mas, naquele instante, o rosto de Duncan mudou levemente.
Por um breve momento, ele sentiu algo distante — uma presença que piscou no limite de sua percepção.
Uma marca que ele havia deixado em algum lugar… foi ativada.
“Sr. Duncan?”
Shirley notou a súbita seriedade no rosto dele e ficou imediatamente tensa.
“Você…”
“Senti uma presença,” Duncan a interrompeu em um tom calmo, erguendo os olhos para o horizonte. “Parece ter vindo daquela direção.”
Shirley piscou, confusa.
“Uma presença?”
“Uma pequena chama que deixei naquele ‘inseto’.” Duncan inclinou levemente a cabeça, seus olhos fixos nos de Shirley. “Você ainda se lembra do homem do guarda-chuva que te atacou na fronteira do sonho?”
Shirley ficou momentaneamente atordoada, então seus olhos se arregalaram.
“Aquele fragmento que o senhor mandou ‘de volta para casa’? Mas… mas aquilo estava no mundo dos sonhos!”
“Sim, foi um atacante que apareceu no mundo dos sonhos.” A voz de Duncan carregava um tom enigmático. “Mas agora eu senti aquela marca… no mundo real.”
Shirley prendeu a respiração. De repente, lembrou-se do que Duncan havia lhe dito no pesadelo:
【”Talvez… isso não seja apenas um sonho.”】
“Shirley.”
A voz de Duncan interrompeu suas lembranças. Ele inclinou ligeiramente a cabeça, sorrindo.
“Antes de ir para casa, quer investigar isso comigo? Claro, se não quiser…”
“Quero!” Shirley respondeu imediatamente, tão rápido e decidida que até se assustou com a própria reação. Para disfarçar o constrangimento, tentou justificar sua pressa:
“A-aquela… ‘coisa’ apareceu nas ruas depois do incêndio. Deve ter alguma ligação com o que aconteceu naquela época…”
Duncan pousou uma mão sobre o ombro dela.
“Então vamos juntos.”
“Como vamos?” Shirley respirou fundo. “O senhor consegue determinar a localização exata disso? Vamos pegar um ônibus de novo, como da última vez…?”
Duncan riu e balançou a cabeça.
“Agora tenho um meio de transporte mais conveniente.”
Shirley piscou, prestes a perguntar qual seria esse transporte, quando, pelo canto do olho, viu uma sombra voando do topo da escada no segundo andar.
No instante seguinte, um turbilhão de vozes estridentes ecoou pelo ambiente:
“Até a Ponte Erxian! Sigam pela Avenida Chenghua… Tem assento livre! Tem assento livre no fundo! Sementes de girassol, refrigerante, água mineral! Tirem os pés do corredor!”
A súbita aparição e o barulho inesperado fizeram Shirley dar um salto para trás, o coração disparando.
E então, ao ver o que era, seus olhos se arregalaram ainda mais do que antes.
Aquela pomba bizarra.
A mesma pomba que, de alguma forma, conseguia devorar batatas fritas quase do tamanho dela mesma!
Em um instante, diante de seus olhos atônitos, Ai fez um giro veloz no ar. Chamas verdes irromperam ao seu redor, e, em questão de segundos, a adorável pomba branca transformou-se em uma assombrosa entidade espectral, um esqueleto alado envolto em fogo esverdeado.
Shirley: “……?!”
Com o pescoço rígido, ela virou-se lentamente para Duncan, como se buscasse alguma confirmação para o que acabara de testemunhar.
Mas antes que pudesse falar qualquer coisa, sentiu um clarão à sua frente—
No meio dos gritos incessantes de Ai, ecoando “Tem assento livre! Tem assento livre no fundo!”, um vórtice flamejante surgiu do nada, como um portal ardente.
Na fração de um segundo, a pomba fantasmagórica atravessou a loja de antiguidades e disparou rumo ao céu distante.
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