Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Obrigado.

    Uma palavra muito comum, mas que, por um instante, fez Duncan prender a respiração.

    Ele tinha certeza de que aquela palavra não estava no papel um momento antes, muito menos a mancha de água que a acompanhava. Tudo aquilo apareceu diante de seus olhos, do nada!

    Ele encarou fixamente a marca que surgiu no papel, enquanto chamas verde-espectrais começavam a arder suavemente ao seu redor. Sua consciência varreu o navio inteiro em um instante para verificar se havia algum “convidado” indesejado a bordo — mas não encontrou nada.

    Como essa palavra surgiu? Quem estava lhe enviando uma mensagem? E por quê?

    Francamente, naquele momento, ele sentiu um pingo de empatia por aqueles que ele costumava assustar, como Vanna, que dera um golpe saltado no espelho de sua penteadeira em um sonho, ou como Tyrian e Lucretia, momentos atrás. Mas foi só um pingo de empatia. Da próxima vez, ele faria tudo de novo.

    O ponto crucial agora era por que uma palavra apareceu de repente naquele papel.

    Duncan franziu a testa com força. De repente, um detalhe lhe veio à mente — instantes antes, ao conversar com Tyrian, ele dissera em tom de brincadeira:

    “Se a divindade por trás desta igreja estiver observando, então ela me deve um agradecimento.”

    A expressão no rosto de Duncan tornou-se sutil. A primeira reação a esse pensamento foi que era absurdo demais; uma coisa dita em tom de brincadeira não poderia se tornar realidade. Mas, após essa reação inicial, ele não pôde deixar de seguir essa linha de raciocínio e, quanto mais pensava… mais inquieto ficava.

    Ele baixou a cabeça, olhando para o canto manchado de água no papel. Após hesitar por um momento, pegou a caneta de aço ao lado e, na borda mais seca da mancha, escreveu algumas palavras:

    “Deusa da Tempestade?”

    Depois de escrever, ele esperou pacientemente, encarando a mancha de água com a expectativa de um comandante que aguarda o resultado de uma construção rara em um jogo. No entanto, esperou tanto que a água quase secou, mas não houve resposta.

    Parecia que a outra parte havia deixado uma mensagem e fugido — ou talvez estivesse deliberadamente ignorando-o?

    Pensamentos absurdos e estranhos surgiam incessantemente na mente de Duncan. Ele já estava neste mundo sinistro há muito tempo, mas o nível de estranheza daquele momento superava em muito tudo o que já viveu, a ponto de sua mentalidade, arduamente treinada para ser impassível como um poço antigo, estar à beira de ruir. No entanto, depois de esperar em vão por um bom tempo, ele lentamente pousou a caneta e acalmou seu espírito.

    Após refletir por um momento, ele se levantou e abriu a porta de madeira que levava à sala de mapas. Ao lado da mesa de navegação, o Cabeça de Bode, como sempre, encarava o mapa coberto de névoa e virou-se imediatamente ao ouvir a porta se abrir.

    “Não houve nenhuma anormalidade no navio agora há pouco, certo?”, perguntou Duncan antes que o outro pudesse falar.

    “No navio? Nenhuma anormalidade”, o Cabeça de Bode respondeu, surpreso, e então, como se percebesse algo, acrescentou: “Aconteceu alguma coisa? Vou vasculhar o navio inteiro agora mesmo…”

    “Não precisa, eu já verifiquei. Procurei você apenas para uma segunda confirmação”, Duncan acenou com a mão, acalmou-se e decidiu não mencionar a escrita bizarra no papel por enquanto. “Acabei de encontrar Tyrian e Lucretia. Eles estavam se contatando no momento.”

    O Cabeça de Bode sentiu que o estado do capitão estava um pouco estranho, mas como ele não parecia querer explicar mais, sabiamente não perguntou. Ao ouvir as palavras de Duncan, ele apenas comentou, um tanto impressionado: “Muitos no mundo especulam que a relação entre os irmãos Tyrian e Lucretia é fria, usando como prova o fato de Tyrian ser um pirata nas profundezas do domínio civilizado, enquanto sua irmã se dedica à nobre causa da exploração na fronteira da civilização, e os dois nunca se encontram… Mas, pelo visto, as especulações descabidas do mundo não passam de especulações.”

    “Na minha opinião, a relação deles é muito boa, especialmente quando me enfrentam juntos. Aquele tipo de sintonia é claramente algo cultivado desde a infância, de quem passou por uma meninice de traumas paternos”, Duncan balançou a cabeça. “Quanto a estarem tão distantes agora… é apenas porque escolheram caminhos diferentes na vida.”

    “Ah, o lamento de um velho pai”, o Cabeça de Bode exclamou de forma exagerada. “A conversa com seu par de ‘filhos’ correu bem?”

    “…Acredito que sim”, Duncan pensou por um momento e assentiu levemente. “Acho que expressei plenamente minha boa vontade e já plantei neles a impressão inicial de que minha razão e ‘humanidade’ retornaram. Também preparei o terreno para contatos futuros. Pelo menos, da próxima vez que encontrarmos o Névoa do Mar, não devemos precisar trocar tiros. É o primeiro passo para a harmonia familiar.”

    O Cabeça de Bode ficou em silêncio por um momento, o que pareceu estranho para Duncan: “Por que você não está falando desta vez? Normalmente você fala tanto.”

    O Cabeça de Bode falou em tom sombrio: “Não trocar tiros já ser considerado harmonia familiar é algo poderoso demais para eu avaliar…”

    Duncan não soube como responder e apenas abriu as mãos, em silêncio. O Cabeça de Bode, após um momento de pausa, perguntou: “Pelo que parece, o senhor já está se preparando para o próximo encontro com Tyrian? Por que… de repente tanto interesse nisso?”

    “Porque ele já serviu à Rainha de Geada”, disse Duncan com indiferença. “E agora estou curioso sobre essa parte de sua história.”

    “É por causa da senhorita Alice?”

    “Um pouco”, disse Duncan casualmente.

    Em seguida, ele balançou a cabeça, virou-se para voltar ao quarto, encontrou o papel que havia desenhado, rasgou o canto que fora manchado pela água e onde as palavras surgiram, e voltou para a mesa de navegação na sala de mapas: “Tenho algo para você ver.”

    Ele colocou o estranho padrão hexagonal na frente do Cabeça de Bode.

    “Você já viu isto?”

    O pescoço do Cabeça de Bode girou com um rangido. Ele baixou o olhar, encarando curiosamente o padrão no papel, e depois balançou a cabeça: “Nunca vi. O que é?”

    “Você nunca viu?”, Duncan franziu a testa e, após confirmar que a atitude do Cabeça de Bode não parecia esconder nada, falou lentamente: “…Há mais de um século, vários ascetas visitaram o Banido. Um deles carregava um amuleto com este padrão.”

    O Cabeça de Bode ficou em silêncio por um momento e falou em voz baixa: “Oh, isso está fora da minha ‘visão’.”

    Duncan entendeu imediatamente o que ele queria dizer.

    Naquela época, este Cabeça de Bode ainda não estava no Banido.

    O Cabeça de Bode não era um “tripulante” original deste navio. Seu tempo de serviço no Banido era de apenas um século — no máximo, ele só apareceu neste navio depois que ele caiu no subespaço.

    Havia muitos segredos escondidos por trás deste navio e deste “primeiro imediato”, e este era um dos poucos mistérios que Duncan, aos poucos, conseguiu desvendar.

    Duncan não falou por um momento.

    Na verdade, ele sempre estivera muito curioso sobre como este Cabeça de Bode viera parar neste navio, por que se tornara o “primeiro imediato” depois que o verdadeiro Capitão Duncan enlouqueceu completamente, e… sobre sua conexão com o subespaço e os inúmeros segredos que ele conhecia.

    Mas, infelizmente, o Cabeça de Bode nunca mencionava essas coisas — e, em várias ocasiões em que Duncan tentou sondá-lo, ele mudou de assunto de forma abruptamente forçada.

    Era uma atitude e uma insinuação: ele não podia falar. Falar causaria um grande problema.

    Duncan voltou a si, deixou de lado os pensamentos tumultuados por enquanto e, após uma breve reflexão, acenou para o Cabeça de Bode: “Então continue no comando. Preciso cuidar de algumas coisas.”

    “Claro, sempre ao seu dispor!”

    Duncan guardou o papel e virou-se em direção ao seu quarto. No meio do caminho, ouviu a voz do Cabeça de Bode novamente atrás de si: “Capitão.”

    Duncan parou e virou-se ligeiramente: “Sim?”

    “O senhor sempre pode confiar em seu leal primeiro imediato.”

    Duncan não disse nada, mas assentiu levemente e entrou no quarto.


    Morris se revirou na cama por um longo tempo, e finalmente se sentou.

    Sua esposa dormia profundamente ao seu lado, com um ronco suave e constante soando de vez em quando. O brilho da Criação do Mundo atravessava a janela, espalhando uma luz noturna no chão do quarto.

    Tudo parecia um sonho, mas tudo era real.

    Morris raramente tinha insônia, mas desde o “retorno” de sua esposa, ele sempre achava difícil adormecer. E ele sabia muito bem o porquê.

    Por causa do pavor.

    Ele temia que, ao adormecer, essa realidade onírica se tornasse de fato um sonho; temia que todos os milagres fossem apenas o resultado de seu próprio desejo, assim como onze anos atrás, quando rezou para o subespaço e recebeu em troca apenas uma ilusão que se desfazia com um toque.

    Por causa desse pavor, ele nem mesmo ousava rezar para Lahm. Nos últimos anos, mesmo tendo se distanciado intencionalmente da igreja, ele nunca interrompeu as orações habituais de sua vida diária. Mas agora, por evitar subconscientemente o efeito da bênção do “Olho da Verdade”, ele até se forçava a conter as orações.

    Morris soltou um suspiro suave, permitindo que sua mente um tanto sonolenta se clareasse um pouco na fria luz da noite. Em seguida, levantou-se, vestiu um roupão e ficou em silêncio ao lado da cama, observando sua esposa adormecida.

    Ele vinha fazendo isso com frequência nos últimos dias.

    Mas desta vez, depois de observar por um momento, sentiu um torpor em sua mente. Em seguida, um chamado vago e uma figura imponente e indistinta surgiram nas profundezas de sua consciência. Morris estremeceu, percebendo o que estava acontecendo.

    O capitão o estava chamando.

    O velho erudito respirou fundo duas vezes, despertando completamente. Em seguida, caminhou rapidamente para o depósito anexo ao quarto principal. Ele acendeu a luz elétrica no depósito e seu olhar se fixou em um espelho antigo colocado em um canto da pequena sala.

    Chamas espectrais e ilusórias flutuavam lentamente na borda do espelho, e a figura do capitão emergiu gradualmente de dentro delas.

    Por alguma razão, essa cena, que deveria aterrorizar uma pessoa comum, trouxe a Morris uma inexplicável sensação de segurança.

    Ele encontrou um “senso de realidade” naquelas chamas flutuantes e na figura imponente — assim como a dor pode provar que se está vivo, aquela era a “prova” de que o milagre realmente acontecera, a prova de que tudo aquilo não era falso.

    Morris se aproximou do espelho antigo e curvou-se ligeiramente: “Capitão, quais são suas ordens?”

    Duncan viu Morris e o fundo do depósito atrás dele. Sua mente imediatamente fez uma associação com um trabalhador de meia-idade que se esgueira para o depósito para jogar videogame, com medo de ser descoberto pela esposa…

    No instante seguinte, ele endureceu a expressão, afastou a associação descabida e falou com Morris de forma séria: “Preciso que você investigue algo, possivelmente relacionado à história ou a alguma organização secreta.”

    “Que tipo de coisa?”

    “Um padrão misterioso, que apareceu no amuleto de um grupo de ascetas.”

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