Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Em três horas, o sol nasceria no horizonte distante, e o dia, relativamente seguro e estável, substituiria a noite inquietante — se o sol realmente nascesse normalmente.

    Duncan olhou para o relógio mecânico pendurado ali perto. Seus ponteiros se moviam sem pressa.

    “O senhor pretende esperar o nascer do sol?”, a voz do Cabeça de Bode soou de repente. “Ainda faltam três horas.”

    “…Esperar três horas sem fazer nada é ainda mais entediante do que ficar aqui olhando para um mapa basicamente pálido”, Duncan balançou a cabeça, levantou-se, alongou os ombros e caminhou lentamente em direção ao seu quarto. “Vou descansar um pouco. Se eu não sair antes do amanhecer, pode me chamar.”

    “Com prazer.”

    Duncan assentiu, abriu a porta e voltou para o quarto. Jogou casualmente o papel com o desenho do emblema misterioso sobre a mesa e dirigiu-se à cama.

    Este seu corpo basicamente não precisava de descanso, mas, de vez em quando, ele ainda tirava um cochilo antes do amanhecer — não para aliviar o cansaço, mas simplesmente para “acordar e saudar o nascer do sol”.

    Isso o ajudava a manter um sentimento de “estar vivo” a bordo do Banido, para que não perdesse gradualmente sua humanidade neste navio fantasma. Embora não soubesse se havia esse risco, desde que percebeu que o estado do Banido não era tão estável quanto imaginava, ele vinha mantendo conscientemente o hábito de “manter um estilo de vida humano a bordo”.

    Duncan se deitou, fechou os olhos e, ouvindo o sussurro das ondas do mar e sentindo o leve balanço constante do grande navio, controlou-se para relaxar pouco a pouco.


    No Brilho Estelar, no quarto do capitão, decorado com um toque feminino, Lucretia, vestindo uma camisola de seda, sentou-se de repente na cama.

    Seus cabelos estavam um pouco desarrumados, e sua expressão carregava um misto de cansaço e irritação. Ao se levantar, ela abraçou um enorme coelho de pelúcia, com quase sua altura, de aparência cômica e um toque sutilmente bizarro.

    O coelho era feito de retalhos de tecido rosa e azul, com uma cicatriz que atravessava seu rosto e uma boca em zigue-zague pintada com um vermelho estranhamente semelhante a sangue. No instante em que Lucretia se levantou, o coelho se moveu levemente, virou um pouco a cabeça e seus olhos de botão olharam para sua dona. Do corpo recheado de algodão, veio uma voz de menina: “Dona, pensei que a senhora tinha conseguido dormir…”

    Lucretia olhou para o relógio ao lado, seu tom um pouco irritado: “Dormi por uns meros minutos, e fui acordada por um pesadelo… Que horas são?”

    “Duas horas antes do amanhecer”, disse o coelho de pelúcia enquanto pulava do colo de sua dona para o chão. Ele saltitou até o armário próximo, abriu a porta com suas patas de pelúcia aparentemente macias, pegou o vinho precioso da capitã, serviu um pequeno copo e o entregou a Lucretia. “A senhora ainda pode dormir um pouco. Isso ajudará a acalmar seu espírito.”

    Lucretia pegou o copo e bebeu de um gole só, mas mesmo assim se levantou: “Não precisa, continuar deitada só aumentará a irritação… Arrume tudo.”

    “Sim, dona.”

    O coelho de pelúcia com voz de menina respondeu prontamente, pegou o copo que sua dona lhe entregou, guardou-o e começou a arrumar a cama saltitando, parecendo muito experiente.

    Enquanto isso, Lucretia estalou os dedos, e as luzes do quarto se acenderam. Ela soltou um suspiro lento e arrastou os pés até a penteadeira. Estendeu a mão e bateu com a unha em uma das gavetas — a gaveta se abriu com o som.

    Um soldadinho de brinquedo esculpido em madeira saltou de dentro. O soldadinho usava um uniforme naval da era clássica e segurava uma pequena espada de comando. Ele primeiro fez uma reverência a Lucretia e depois, de pé no topo da gaveta, brandiu a espada, emitindo ordens agudas.

    Uma multidão de soldadinhos de brinquedo saiu correndo da gaveta. Primeiro, eles se perfilaram rapidamente para a chamada, depois correram para pegar pentes, espelhos de mão, copos d’água e escovas de dente. Em fila, eles correram rápida e agilmente para o corpo de Lucretia ou para o encosto da cadeira atrás dela, começando a fazer a higiene matinal de sua dona.

    Lucretia sentou-se desanimada em frente à penteadeira, deixando os brinquedos se agitarem ao seu redor. Ela lutava contra o cansaço e a pressão de uma noite de insônia e pensamentos dispersos, enquanto refletia vagamente sobre assuntos relacionados ao Banido. Depois de um bom tempo, ela respirou fundo, forçando sua mente a recuperar a clareza.

    E, nesse momento, um fino raio de luz dourada entrou de repente pela fresta da cortina, entrando no campo de visão da “Bruxa do Mar”.

    Lucretia viu o raio de luz. A princípio, não reagiu, mas, apenas dois ou três segundos depois, seu olhar se fixou de repente e ela ergueu os olhos bruscamente para o relógio mecânico ao lado.

    Faltava uma hora para o nascer do sol.

    Não era a hora do sol nascer!

    Ela se levantou de repente.

    Os soldadinhos de brinquedo ficaram brevemente em desordem, depois, com familiaridade, começaram a guardar as coisas e a se reorganizar. O coelho de pelúcia, que já havia arrumado a cama, notou o movimento de sua dona e correu saltitando: “Dona, parece que está amanhecendo lá fora!”

    “Não é hora de amanhecer”, disse Lucretia rapidamente, enquanto caminhava em direção à janela. “Onde estamos agora?”

    “Ainda seguindo a rota definida ontem à noite”, disse o coelho rapidamente. “Já estamos perto de onde observamos aquele ‘grandão’ cair!”

    No instante em que o coelho terminou de falar, Lucretia já havia aberto a grossa cortina e, em seguida, a janela reforçada com uma fina grade de metal.

    Uma névoa fina e translúcida flutuava sobre o mar lá fora, uma paisagem comum na região da fronteira. E, nas profundezas daquela névoa, uma vasta e difusa luz dourada e pálida flutuava silenciosamente sobre o mar. No momento, era impossível julgar a que distância estava do Brilho Estelar.

    Um objeto colossal e luminoso, flutuando sobre o mar.

    Lucretia encarou aquela direção e, depois de respirar fundo, seu corpo se desfez abruptamente em uma pilha de pedaços de papel colorido — que voaram pela janela, sobre o convés, através das escadas, e chegaram à sala de comando no nível superior central.

    Na sala de comando, a autômata de corda Luni, vestida de empregada, estava no leme. Ela percebeu imediatamente a aproximação de sua dona. Quando os papéis coloridos entraram voando e girando, ela já havia soltado o leme. No segundo seguinte, a figura de Lucretia se materializou a partir dos papéis coloridos e estendeu a mão para assumir o controle.

    “Dona, eu já ia mandar alguém chamá-la”, disse Luni, afastando-se. “Aquela luz dourada apareceu de repente da névoa. Pela localização, deve ser o ‘objeto em queda’ que estávamos rastreando.”

    “Velocidade máxima, toda a tripulação de prontidão, preparem a popa para uma imersão no plano espiritual a qualquer momento”, disse Lucretia rapidamente. “As reservas de pó espiritual e óleo de bruxa estão cheias?”

    Luni respondeu prontamente: “Reservas cheias, sua ordem foi transmitida.”

    Lucretia assentiu. Em seguida, sob o comando da capitã, o Brilho Estelar despertou completamente.

    Inúmeros marinheiros de corda, autômatos e soldados de cerâmica correram para seus postos de trabalho. As rodas de pás especiais em ambos os lados do casco começaram a girar mais rápido, e o motor, que parecia antiquado, gradualmente liberou uma potência que excedia a dos motores de hélice modernos, aumentando rapidamente a velocidade do navio. Na parte traseira do casco, o “casco primitivo” fantasmagórico tornou-se ainda mais etéreo e turvo, enquanto listras negras como fios de cabelo se espalhavam da popa para as águas circundantes. Visto de longe, parecia que uma esteira negra se estendia atrás do Brilho Estelar.

    Sob o comando pessoal de Lucretia, o navio inteiro exibia uma coexistência de magia e maquinaria, uma mistura de beleza elegante e feiura aterrorizante!

    E, à medida que a velocidade do Brilho Estelar aumentava, o enorme corpo luminoso dourado, flutuando entre a névoa e o mar, finalmente se tornava cada vez mais claro aos olhos de Lucretia.

    Junto com ele, revelava-se também sua escala cada vez mais colossal.

    Até mesmo a autômata de corda Luni arregalou os olhos gradualmente, soltando uma exclamação baixa: “Céus… Dona, o que é aquilo?”

    Lucretia não falou, apenas encarou fixamente à frente, para a enorme silhueta dourada que emergia gradualmente da névoa e já se assemelhava a uma pequena montanha.

    Era tão grande que, de uma única perspectiva, era quase impossível julgar seu contorno completo. E era tão majestoso e perfeito que não parecia algo que pudesse ser construído por humanos.

    Um enorme e complexo corpo geométrico dourado flutuava silenciosamente sobre o mar, emitindo por toda parte uma luz dourada pálida, suave e comovente. Sua altura era quase três vezes maior que o mastro mais alto do Brilho Estelar, e seus lados se estendiam como muralhas. Sua parte superior se inclinava ligeiramente para fora, como um penhasco assustador, e sua superfície não tinha protuberâncias supérfluas, cada parte parecendo perfeitamente natural.

    E, com a aproximação, Lucretia e Luni começaram a observar mais detalhes do colosso.

    “Parece ser semitransparente?”, Luni se debruçou curiosamente na ampla janela de observação. “Parece… um pedaço de vitral luminoso?”

    “…Não, não parece ser apenas transparente…”, Lucretia balançou a cabeça. Seus olhos não piscavam, encarando à frente. Ela parecia ter notado algo incongruente na borda do gigantesco corpo geométrico luminoso. E, nesse momento, um pequeno ponto preto surgiu de repente da névoa próxima, entrando em seu campo de visão.

    Era uma ave marinha — mesmo no Mar Infinito, mesmo nesta fronteira cheia de fenômenos bizarros, ainda existiam tais coisas.

    Na verdade, era precisamente por não possuírem a sabedoria complexa dos humanos que esses “animais selvagens” viviam melhor nas águas bizarras da fronteira do que os exploradores corajosos e poderosos.

    O olhar de Lucretia foi atraído pela ave marinha. Ela notou que o pobre coitado parecia ter ficado confuso com a luz dourada na superfície do mar e, em pânico, voou direto para a “montanha” luminosa.

    No entanto, no segundo seguinte, a colisão violenta e a queda fatal esperadas não aconteceram. A ave simplesmente voou para dentro, para dentro do “penhasco” ligeiramente inclinado.

    Um pouco depois, pelo canto do olho, Lucretia viu a ave sair voando de outra direção, aparentemente ilesa.

    Luni também viu a cena. A autômata de corda murmurou, surpresa: “…É uma ilusão?”

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