Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    O Cabeça de Bode não estava lá.

    Esta cena era ainda mais inacreditável do que o sonho absurdo e bizarro!

    Duncan ficou parado na porta por um bom tempo antes de finalmente voltar a si. Em seguida, sacou a espada da cintura e, em estado de alerta total, avançou lentamente.

    O Cabeça de Bode realmente não estava lá. Na familiar mesa de navegação, havia apenas o mapa e algumas tralhas. E, onde o Cabeça de Bode costumava estar, havia apenas uma mesa vazia.

    Duncan encarou a mesa vazia por alguns segundos antes de desviar o olhar lentamente e olhar ao redor.

    Cenas ainda mais incongruentes surgiram.

    Toda a mobília estava manchada e velha. As paredes e pilares estavam, em algum momento, cobertos de rachaduras de profundidades variadas. As prateleiras ao lado tinham muito menos coisas, restando quase apenas as prateleiras vazias. Uma parede que antes era decorada com uma tapeçaria agora tinha apenas uma mancha preta suspeita. Ao lado da mancha, havia uma janela, suja e imunda. Do lado de fora, estava escuro e caótico, e apenas algumas luzes suspeitas podiam ser vistas passando rapidamente.

    Era como se algumas sombras que se moviam muito rápido estivessem voando pelo ar do lado de fora da janela.

    A sensação que toda a sala de mapas transmitia era a de que havia sido abandonada por um número desconhecido de anos. O tempo destruíu a maior parte da mobília, e uma força bruta, mais perigosa que o tempo, deixou aquelas manchas escuras e de profundidades variadas em todas as paredes, no teto e no chão.

    Duncan até se beliscou na coxa novamente, querendo confirmar mais uma vez se estava sonhando.

    A dor clara e o pensamento lúcido o lembraram simultaneamente de que aquilo não era um sonho, mas a realidade. Uma… realidade que ele achava muito estranha.

    A sensação de pisar no Banido pela primeira vez voltou. A tensão de estar cercado por uma estranheza infinita fez Duncan franzir a testa gradualmente.

    Mas, em comparação com a primeira vez que pisou neste navio, desta vez ele levou muito pouco tempo para se ajustar e, após algumas respirações profundas, acalmou-se completamente.

    Afinal, ele já teve muitas experiências bizarras que nunca imaginou em sua vida anterior. A experiência acumulada ao lidar com este mundo bizarro e o domínio e a confiança em seu próprio poder o tornaram muito mais do que o novato desnorteado que era no início.

    Agora, a única coisa que o deixava inquieto era que a preocupação de que “o Banido é muito instável e mais cedo ou mais tarde dará problemas” parecia estar se tornando realidade.

    Este navio sofrera uma mutação.

    Duncan deu mais uma volta pela sala, inspecionou as prateleiras agora vazias, as paredes que restavam apenas com sujeira e o canto onde antes havia duas caixas de madeira. A maioria das coisas havia desaparecido. Além da mesa de navegação, a sala se transformara quase em um cômodo vazio, velho e decrépito.

    Mas uma coisa ainda estava em seu lugar original: o espelho oval com a moldura de padrões complexos.

    Duncan se aproximou do espelho e olhou para dentro com cautela.

    Nenhuma cena terrível apareceu. O espelho não refletia um inferno sangrento, nem um rosto distorcido e deformado. Estava apenas muito sujo, com manchas escuras por toda a superfície. Mas, nas áreas com menos sujeira, ainda era possível ver o reflexo normalmente.

    Duncan não ficou muito tempo na frente do espelho. Ele voltou para a mesa de navegação e seu olhar varreu o mapa.

    No segundo seguinte, seu olhar congelou.

    O mapa também mudou!

    A névoa que antes cobria quase todo o mapa havia desaparecido quase por completo. Após a névoa se dissipar, o que se via no pergaminho eram rotas de navegação claras e complexas!

    Duncan se aproximou inconscientemente, querendo identificar o conteúdo do mapa, mas imediatamente percebeu que algo estava errado.

    O mapa estava cheio de trajetórias e rotas entrelaçadas, mas não se via nenhuma marcação ou “local” com significado. Parecia mais um monte de linhas rabiscadas inconscientemente, registrando um sonho sonâmbulo e confuso. E, entre aquelas linhas, não havia ilhas, nem cidades-estados… nada.

    Ele não conseguia ver Pland, nem Lensa, nem Porto Frio e Porto Brisa… Embora a maioria desses nomes de cidades-estados lhe fosse de fato estranha, pelo menos ele sabia que elas existiam e deveriam absolutamente aparecer neste mapa sem névoa!

    A testa de Duncan se franziu ainda mais. Depois de perceber que não havia nenhuma informação de referência no mapa, ele se endireitou lentamente, aguçou os ouvidos e escutou os sons do lado de fora da janela.

    Não havia nenhum som do lado de fora, nem vento, nem ondas. Silencioso… como seu sonho bizarro e breve.

    As linhas no mapa marcavam a trajetória de navegação do Banido. Essa trajetória se atualizaria por conta própria à medida que o navio navegava. Então, as linhas marcadas neste mapa sem névoa e com trajetórias entrelaçadas… eram o registro de navegação do Banido em que dimensão?

    Duncan soltou um suspiro suave e, em seguida, como se tivesse tomado uma decisão, pegou a espada e virou-se em direção à porta da cabine do capitão. Teoricamente, do lado de fora da porta estaria o convés do Banido.

    Ele segurou a maçaneta, respirou fundo e abriu a porta com um empurrão.

    O Banido navegava em um caos sombrio, e o convés e as estruturas do navio, até onde a vista alcançava, estavam em ruínas, abandonados há muito tempo.

    Pelo menos, do lado de fora da porta estava de fato o convés do Banido.

    Duncan saiu pela porta, pisando no convés esburacado e decrépito, que parecia à beira do colapso. Ouviu um rangido agudo quebrar o silêncio sufocante.

    Duncan avançou com cautela, confirmando que o convés apenas parecia em ruínas, mas na verdade não havia perigo de desmoronamento. Só então ele caminhou com um pouco mais de ousadia. Em seguida, ergueu a cabeça, verificando a situação ao redor do Banido.

    Até onde a vista alcançava, havia um espaço caótico, desolado e vasto a ponto de ser infinito, com sombras escuras por toda parte. E, entre essas sombras, fluxos de luz sombrios e turvos apareciam e desapareciam de vez em quando. Ocasionalmente, um brilho ou fluxo de luz estranho se iluminava subitamente, como um relâmpago cego, iluminando o vazio distante. E, nesse brilho, podia-se ver vagamente algo enorme flutuando no vazio, como se estivesse girando e se contorcendo lentamente.

    No instante em que viu aquelas luzes sombrias e os fluxos de luz, Duncan só conseguiu pensar em uma coisa: merda.

    Esta cena… era um tanto familiar.

    Era idêntica à vista sob o casco do Banido — era o subespaço!

    Duncan quase praguejou. Ele franziu os lábios, pensando que as coisas que mais temia sempre aconteciam. Não muito tempo atrás, ele pensara que o subespaço era muito sinistro e parecia chamá-lo, e que precisava encontrar uma maneira de evitar o contato com ele. Mas não esperava que, com um piscar de olhos, ele fosse agraciado com uma viagem pelo subespaço. Como ele veio parar aqui de repente?!

    Mas, após o pânico inicial, ele rapidamente se acalmou e conteve o impulso de voltar para a cabine do capitão.

    Ele ainda não tinha certeza se aqui era realmente o subespaço, apenas sentia que havia semelhanças com a vista do lado de fora do casco do Banido. E, se aqui fosse realmente o subespaço… então se esconder na cabine do capitão não teria sentido algum.

    E, além disso, ele rapidamente descobriu algo… suspeito em seu próprio estado.

    Ele estava ali, olhando para a paisagem do subespaço (supostamente), mas não sentia nenhum desconforto, nem sentia sua mente sendo corroída, nem ouvia sons bizarros. Mas, de acordo com o “senso comum” deste mundo… humanos não deveriam enlouquecer só de olhar para o subespaço, muito menos entrar nele?

    Mas ele não sentia o menor desconforto.

    Não só não sentia desconforto, como ainda conseguia perceber claramente seu corpo em Pland, e as “marcas” deixadas em Nina, Morris, Vanna e outros na dimensão da realidade.

    Mesmo que ele, como “capitão fantasma”, tivesse algumas particularidades, alguma resistência ao subespaço, ele não deveria estar tão… ileso neste lugar, certo?

    Duncan ficou intrigado com seu estado atual e até começou a duvidar se este lugar era realmente o lendário “Abismo do Fim do Mundo”. Em seguida, ele se acalmou, deu um passo à frente e caminhou em direção à amurada na beira do convés.

    Ele chegou perto da amurada e olhou para fora.

    Como esperado, não havia água do mar sob o Banido. O navio parecia flutuar no universo, cercado pelo mesmo vazio por todos os lados.

    Ele ficou na beira do convés, observando as sombras gigantescas e nebulosas e os fluxos de luz que brilhavam de vez em quando à distância, e planejou cuidadosamente como sair daquela situação.

    Primeiro, confirmar se este lugar era realmente o subespaço. Segundo, encontrar e determinar se ainda havia uma conexão com a dimensão da realidade.

    Já que ele conseguiu chegar aqui, isso significava que devia haver um lugar para se “reconectar” com o mundo real. Mas esse lugar não estava necessariamente no quarto onde ele acordou — ele já havia inspecionado o quarto e a sala de mapas e não encontrou nenhum vestígio de uma “passagem”.

    Após um momento de reflexão, ele teve uma ideia geral. Virou-se e se afastou da amurada, caminhando em direção à entrada da cabine no meio do convés.

    E, nesse momento, algo no canto do olho de Duncan chamou sua atenção, fazendo-o parar instintivamente.

    Ele ergueu a cabeça na direção que vira e um arco elétrico ligeiramente brilhante se dissipou lentamente na escuridão distante. Na luz fraca, podia-se ver vagamente algo muito grande, como um aglomerado, passando lentamente sobre o Banido.

    Duncan observou atentamente. E, nesse momento, outro “clarão” apareceu, como um raio sinuoso e duradouro. Este clarão atravessou o céu e, em um piscar de olhos, iluminou uma vasta área do “céu”.

    Duncan finalmente conseguiu ver um vislumbre do contorno daquele colosso — e sua respiração parou por um instante.

    Era um pedaço… de terra, ou algo como um fragmento de terra. Sua escala era imensamente grande, grande o suficiente para causar megalofobia. Seu contorno irregular parecia ter sido arrancado diretamente de um planeta por alguma força colossal e depois jogado violentamente aqui.

    Naquela terra suspensa de cabeça para baixo, ainda se podiam ver vagamente montanhas, rios e alguns contornos mais suspeitos e inquietantes. E tudo isso perdera a cor e a vida — todo o “continente” era apenas um cinza-escuro monótono, e os rios estavam congelados nos sulcos da terra, fazendo com que parecesse um modelo grosseiro e sem detalhes de cor, selado em um âmbar de tempo e espaço estagnados. Este enorme fragmento de corpo celeste se movia lentamente sobre o Banido, mostrando a Duncan uma imagem desoladora e antiga do apocalipse.

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