Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Não foi só Vanna que sentiu vagamente que algo estava errado; os santos próximos também sentiram. Essas projeções de almas nebulosas olhavam instintivamente para o ser antigo envolto em bandagens mortuárias, com sua aparência feroz e aterrorizante. E, em suas memórias e nos registros da Igreja, todas as descrições deste “Guardião do Túmulo” continham palavras como “frio, diligente, indiferente” — nenhum registro jamais dissera que ele diria “por favor” ao ouvinte escolhido!

    No entanto, Vanna não teve tempo para pensar muito. Ela notou que o Guardião do Túmulo ainda esperava pacientemente por ela, então se apressou em conter seus pensamentos e assentiu: “Certo.”

    O Guardião do Túmulo se virou e guiou Vanna em direção ao imponente e antigo palácio do túmulo, deixando os santos na praça observando as duas figuras se afastarem.

    A pesada porta do túmulo se fechou atrás deles, como se isolasse os sons do mundo inteiro. De pé no corredor frio e silencioso, o coração de Vanna também se acalmou gradualmente.

    Esta era a segunda vez que ela entrava neste túmulo. Em comparação com a leve apreensão e nervosismo da primeira vez, ela agora estava um pouco mais adaptada.

    Ela sabia que deveria seguir em frente, atravessar o corredor com as mensagens de seus predecessores, entrar na câmara mais profunda, ver o corpo do Rei Sem Nome e, então, esqueceria o que vira e ouvira e seria enviada para fora do túmulo. E, no pergaminho em suas mãos, restariam as notas que ela mesma escrevera.

    Os segredos que não podiam ser levados para fora do túmulo seriam arrancados, o que podia ser revelado ao mundo seria deixado, e a contaminação que ela sofrera durante a audiência do conhecimento seria deixada em segurança na câmara do túmulo com seu “esquecimento”.

    Vanna se acalmou e deu um passo à frente.

    Um som de passos um tanto pesados a seguiu.

    A jovem Inquisidora parou, surpresa, e olhou para trás, para o Guardião do Túmulo que a seguia.

    Normalmente, o Guardião do Túmulo não deveria partir por conta própria depois que o ouvinte entrasse no túmulo?

    “Há… mais alguma coisa?”, Vanna não pôde deixar de perguntar, com palavras cuidadosas e em alerta total.

    O Guardião do Túmulo baixou o olhar. Seu único olho, fora das bandagens, estava cheio de uma luz turva. Uma voz rouca veio de seu peito: “Não, apenas uma escolta. Precisa de escolta?”

    A sensação de incongruência surgiu novamente. Embora Vanna tivesse apenas uma experiência de entrar no túmulo e não estivesse familiarizada com todos os detalhes relacionados ao “Fenômeno 004”, ela instintivamente sentiu que o comportamento do Guardião do Túmulo não estava certo… era muito diferente dos registros.

    Mas Vanna não perdeu a calma por causa disso. Ela se lembrava constantemente de que estava em um fenômeno antigo de classificação extremamente alta, onde o menor detalhe era uma questão de vida ou morte. Portanto, ela foi extremamente cautelosa e não se atreveu a aceitar precipitadamente este “serviço extra” do Guardião do Túmulo: “Acho que… sei o caminho.”

    O Guardião do Túmulo apenas observou em silêncio a “visitante” diante dele, sem demonstrar emoção em seu único olho. Após alguns segundos, ele assentiu e recuou lentamente: “Certo. Por favor, siga em frente. Quando terminar, eu acompanharei a senhora para fora.”

    A figura do Guardião do Túmulo desapareceu no corredor.

    Vanna ficou atônita. De repente, percebeu que, no final, ele até usou a palavra “a senhora”.

    …Por que este guarda antigo, frio e orgulhoso, estava tão educado hoje…

    Ela balançou a cabeça, esforçando-se para expulsar todos os pensamentos complexos de sua mente, preocupada que fosse algum tipo de perturbação mental deste antigo fenômeno. Ela se concentrou no que deveria fazer, finalmente atravessou o longo corredor e entrou na câmara mais profunda do palácio.

    Na câmara do túmulo, o misterioso corpo sem cabeça ainda estava sentado no alto trono. Braseiros pálidos ardiam intensamente em ambos os lados. E, em frente ao corpo do Rei Sem Nome, havia uma cadeira que foi claramente movida para lá recentemente.

    A pálpebra de Vanna tremeu.

    Nesse instante, a senhorita Inquisidora, sempre séria e contida, teve um pensamento um tanto absurdo: se eu vier aqui da próxima vez, será que vai ter uma fruteira…

    Ela caminhou em direção à cadeira, sentou-se com cuidado e, em seguida, ergueu a cabeça, olhando para o corpo sem cabeça no trono.

    No segundo seguinte, ela abriu os olhos e se viu de pé na ampla e imponente praça de pedra. O céu caótico cobria sua visão, e dos topos dos pilares quebrados à distância, subia uma luz misteriosa. Um rugido veio de trás — o Fenômeno 004 afundou rapidamente, retornando ao subsolo.

    Vanna ainda estava um pouco atordoada, enquanto os santos que esperavam na praça se reuniram rapidamente.

    Uma das projeções de alma dos santos carregava a aura familiar de Valentine. Ele se aproximou de Vanna e disse apressadamente: “Rápido, veja o que está registrado no pergaminho.”

    Só então Vanna reagiu e pegou apressadamente o pergaminho em suas mãos. Como esperado, desta vez o pergaminho ainda estava incompleto, mas a situação era muito melhor do que da última vez, quando restara apenas um pequeno pedaço de papel.

    O pergaminho fora apenas rasgado pela metade, e na metade restante havia uma caligrafia clara.

    O olhar de Vanna varreu a caligrafia familiar:

    “As sombras das profundezas abissais escuras começaram a emergir.

    O dia de içar velas.

    Fenômeno—Pland.”

    Os santos se entreolharam. A projeção do Bispo Valentine ergueu a cabeça e olhou para Vanna, chocado, como se instintivamente quisesse perguntar algo, mas não soubesse como.

    O conteúdo do pergaminho tinha um problema, um grande problema. No entanto, o ouvinte não se lembraria de sua experiência na câmara central. As palavras que podiam ser trazidas no pedaço de papel eram toda a informação. O Fenômeno 004 não responderia a nenhuma pergunta extra. A única coisa que podia ser garantida era a correção e a veracidade das informações no pedaço de papel.

    “As sombras das profundezas abissais escuras… o dia de içar velas…”, um santo não pôde deixar de murmurar para si mesmo, olhando confuso para seus companheiros. “No passado, as informações transmitidas do túmulo eram relativamente precisas e diretas. Raramente apareciam metáforas tão obscuras…”

    “Talvez esta seja uma informação precisa e direta, apenas a parte crucial foi arrancada”, resmungou outro santo. “Comparado a isso, o conteúdo da última frase é que é…”

    “Fenômeno, Pland”, disse alguém em voz baixa.

    O olhar de Vanna também estava fixo na última frase do pedaço de papel. Das três frases, apenas esta atraiu completamente sua atenção. Ela naturalmente a associou ao grande incêndio, ao navio fantasma e às chamas espectrais que varreram toda a cidade-estado. Mas, em seguida, ela notou outra coisa.

    “Sem número…”, ela disse em voz baixa, surpresa. Em seguida, ergueu a cabeça para Valentine e repetiu. “Sem número?!”

    Nesse instante, ela nem sabia com o que deveria se surpreender primeiro: com Pland sendo identificado como um “fenômeno”, ou com o fato de que este fenômeno não tinha número!

    Houve uma certa agitação entre os santos. Embora fossem todos clérigos de alto escalão de várias regiões da Igreja, embora tivessem vontade de ferro e grande poder, naquele momento não puderam deixar de ficar confusos e perdidos. Discussões baixas e inquietas soaram ao redor, e santos que se conheciam melhor se aproximaram de Vanna e Valentine, perguntando sobre a situação recente de Pland.

    Isso deixou Vanna um tanto sem jeito. Em comparação com o experiente Bispo Valentine, ela ainda era muito jovem.

    Mas, felizmente, essa agitação durou pouco. Os santos reunidos na praça de repente se acalmaram. Vanna ergueu a cabeça e viu as sombras nebulosas se afastarem para os lados, e uma senhora elegante, vestida com um suntuoso manto de clériga, caminhando em sua direção e na do Bispo Valentine.

    Vanna e Valentine se curvaram imediatamente: “Sua Santidade, a Papisa.”

    “Não precisam de formalidades”, o olhar da governante da Igreja do Mar Profundo, a representante da Deusa da Tempestade no mundo mortal, a Papisa Helena, pousou em Vanna e, em seguida, no pergaminho. “Posso ver?”

    “Claro”, Vanna ouviu e entregou apressadamente o pergaminho. “Para a senhora.”

    Helena pegou o pergaminho, varreu as palavras com o olhar e, em seguida, ergueu a cabeça, olhando para Vanna com um leve sorriso: “A letra é bonita. Muito mais bonita do que a dos seus relatórios.”

    Vanna ficou perplexa por um momento, não esperando que a Papisa mencionasse isso de repente. Em seguida, ficou um pouco envergonhada: “Aquele relatório… eu o escrevi com pressa. A situação na cidade-estado estava um pouco caótica…”

    “Compreensível. Na primeira vez que escrevi um relatório tão longo, tive vontade de comer a caneta”, disse Helena, sorrindo. “Por isso a máquina de escrever é uma boa invenção. Por que não usa uma?”

    O tom de Vanna era um tanto estranho: “…Eu sempre acabo quebrando, e também não me acostumo.”

    O sorriso de Helena tornou-se mais evidente. Em seguida, ela devolveu o pergaminho a Vanna e disse casualmente: “Eu já li todo o seu relatório sobre o incidente de contaminação histórica em Pland, incluindo a parte sobre o Banido. Francamente, depois de uma mudança tão grande, não é surpreendente que a cidade-estado de Pland tenha se tornado algo semelhante a um ‘fenômeno’. Embora o processo de nascimento deste fenômeno seja incomum, ‘incomum’ é a característica de anomalias e fenômenos.”

    Enquanto falava, ela fez uma pequena pausa, e sua expressão gradualmente se tornou séria.

    “Só que… sem número, isso é um pouco ‘incomum’ demais.”

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