Capítulo 310: A Ilha Pirata Sob o Manto da Noite

Desde que o oitavo “Submersível Nº 3” foi resgatado perto da costa de Geada e levado para a Ilha Adaga, próxima à cidade-estado, a ilha foi designada como zona militar restrita pelas autoridades da cidade-estado, e as duas rotas de navegação adjacentes foram fechadas ao público.

Isso, naturalmente, gerou muitas especulações, não apenas entre os habitantes locais de Geada, mas também entre os proprietários de navios forçados a se afastar da Ilha Adaga e os piratas e exploradores das proximidades. Eles se perguntavam o que estava acontecendo na ilha, que segredos as autoridades de Geada estavam escondendo, e muitas dessas especulações eram bastante detalhadas, variando de “pesquisa de novas armas” a “realização de rituais perigosos” — mas nenhuma era confiável.

Poucas pessoas no mundo ainda sabiam sobre o “Projeto Abismo”.

“Agora está cada vez mais difícil para nossos homens coletarem informações sobre a Ilha Adaga”, disse Aiden a Tyrian com uma expressão séria na pequena estrada à beira do porto. “O nível de bloqueio da ilha foi ajustado recentemente. Eles estão monitorando cada centímetro da costa, a aproximação submersa não é mais viável, e nossos espiões e contatos que subornamos e controlamos foram recentemente transferidos de posições-chave — eles não foram expostos, mas o transporte de suprimentos e a mobilização de pessoal da Ilha Adaga agora são feitos inteiramente dentro de uma lista especial das autoridades, na qual não conseguimos nos infiltrar.”

“…Virou uma zona militar completa, então”, Tyrian parou. “Será que eles descobriram algo naquele ‘Submersível Nº 3’? Ou já abriram a escotilha?”

“Difícil dizer”, Aiden balançou a cabeça. “Mas na última vez que obtivemos informações da ilha, vimos uma ordem emitida pelas autoridades de Geada. A ordem mencionava especificamente que a escotilha do submersível não deveria ser aberta e que qualquer amostra retirada do casco do submersível deveria ser jogada em um incinerador após a pesquisa — pelo menos por essa ordem, pode-se ver que o governador da cidade-estado está sendo muito cauteloso. Mas isso foi há vários dias, quem sabe se algo mudou agora.”

“…Se não conseguirem obter conclusões da investigação por um longo tempo, e ocorrerem alguns acidentes experimentais perigosos e bizarros, a ação mais sensata das autoridades de Geada seria jogar o submersível diretamente na fornalha e não continuar com a pesquisa, assim como fizemos no passado”, Tyrian franziu a testa. “Mas eles ainda estão bloqueando a Ilha Adaga… isso significa que eles definitivamente querem extrair alguns segredos daquele submersível.”

“…Teoricamente, a alta cúpula de Geada deveria saber sobre o Projeto Abismo do passado, ou pelo menos sobre os perigos e horrores do mar profundo.”

“Saber é uma coisa, entender é outra — as gerações futuras podem ouvir as histórias de seus antepassados em livros e relatos orais, mas a menos que passem pela mesma experiência, é difícil para elas imaginarem aquele tipo de medo e impotência”, Tyrian balançou a cabeça. “Diante do descontrole sobrenatural, a maior virtude da humanidade é sua capacidade de ‘esquecer’, e sua maior falha também é essa.”

Aiden olhou para seu capitão e, após um silêncio de mais de dez segundos, finalmente falou: “Capitão, devemos tomar alguma ação mais… proativa?”

“Ação mais proativa?”

“Contatar as autoridades de Geada, avisá-los, ou de forma mais direta… um ataque da frota à Ilha Adaga para tomar aquele ‘Submersível Nº 3′”, disse Aiden sem rodeios. “Com a força de defesa atual da Ilha Adaga, eles provavelmente não resistiriam a um ataque pesado da frota Névoa do Mar.”

Ele fez uma pausa e acrescentou: “Caso contrário, deixar aqueles que não sabem de nada ficarem batendo e martelando em uma réplica distorcida que flutuou do mar profundo, quem sabe quando eles vão causar um grande desastre. É muito preocupante.”

Tyrian mergulhou em um breve período de reflexão.

Momentos depois, ele balançou a cabeça: “Mesmo que consigamos atacar a Ilha Adaga com sucesso, você pode garantir que encontraremos o Submersível Nº 3 antes que a força principal de Geada reaja? A ilha não é pequena… se demorarmos muito para procurar, teremos que enfrentar uma marinha várias vezes maior que a nossa. O Névoa do Mar pode ser forte, mas não é invencível, e além do mais…”

Ele parou, e a imagem da Rainha de Geada surgiu em sua mente.

No segundo seguinte, Tyrian parou seus pensamentos desordenados a tempo — por pouco não imaginou outro rosto idêntico ao da Rainha de Geada.

“Não é nada”, ele balançou a cabeça. “Ainda preciso pensar bem sobre isso.”

“Então o senhor precisa decidir logo”, Aiden assentiu. Nesse momento, um sino soou da praça do porto, e o primeiro-imediato imediatamente levantou a cabeça na direção do som. “Ah, é a segunda metade da noite… Capitão, por que o senhor não vai à praça para se divertir um pouco? Ajustar seu humor pode ser bom para tomar decisões.”

“Eu não vou”, Tyrian balançou a cabeça instintivamente. “Não estou interessado.”

“Dar as caras de vez em quando também é bom”, Aiden insistiu com entusiasmo. “As dançarinas de Bardika não são algo que se vê a qualquer hora — seus movimentos de dança são mais belos e ágeis do que os pássaros-rocha-de-cauda-negra atravessando uma tempestade…”

“É exatamente nisso que não estou interessado”, Tyrian abriu as mãos, impotente. “E, para ser honesto, se eu, o capitão, realmente aparecer na festa, os marinheiros ainda conseguirão se divertir à vontade?”

“Claro que sim, por que não?”, disse Aiden casualmente. “O senhor conhece a cara de pau daquela turma, é dura, grossa e ainda se regenera…”

Tyrian: “…”

No final, porém, Aiden não conseguiu convencer o teimoso capitão e foi sozinho para a praça do porto para participar da festa daquela noite.

Na ilha pirata após a meia-noite, a agitação continuava.

Os Mortos-Vivos insones tinham energia infinita, e nesta ilha transformada e envolta em poder sobrenatural, não havia toque de recolher. Suas celebrações podiam durar o dia todo, do nascer ao pôr do sol, e do pôr do sol ao nascer do sol novamente.

Um palco alto ao lado da praça havia sido transformado em um tablado.

Paredes de madeira improvisadas bloqueavam o vento frio vindo da costa, e as fogueiras que ardiam ao redor do palco resistiam um pouco ao frio da noite de inverno — os Mortos-Vivos já não temiam frio ou calor, mas as “convidadas humanas” que visitavam a ilha pirata naquela noite precisavam de proteção cuidadosa.

As jovens de Porto Frio dançavam fervorosamente entre as fogueiras e o vento frio.

As saias esvoaçavam, as dançarinas giravam, as fogueiras crepitavam e saltavam na escuridão da noite, o som das ondas ao longe era contínuo, os temíveis Mortos-Vivos aplaudiam da plateia, e na ilha pirata envolta em névoa, havia um céu noturno de uma agitação rara neste mundo.

Tyrian parou em um canto discreto perto da praça e olhou para o palco.

Ele não viera para a festa, mas estava voltando para seus aposentos e apenas passando pela praça.

A reunião semanal de marinheiros era um “costume” que existia desde os tempos da marinha de Geada, e agora, mesmo depois de deixar Geada, o hábito permanecia na frota Névoa do Mar.

Meio século se passou, muitas coisas mudaram, e muitas coisas não.

Tyrian observou seus antigos subordinados se divertindo na praça, um sorriso gradualmente se formando em seu rosto, mas de repente, seu sorriso se retraiu um pouco.

Ele olhou para o palco não muito longe, para as dançarinas no palco, viu suas danças fervorosas, seus saltos como cisnes assustados, mas seus olhares eram um tanto lentos, entorpecidos.

Elas provavelmente haviam bebido uma poção feita de uma mistura de várias ervas e um pouco de catalisador sobrenatural — algo não tão incomum.

O poder da poção podia, até certo ponto, ajudá-las a resistir ao frio, mas também afetava sua cognição e pensamento.

Isso as impedia de sentir medo, deixando em suas mentes apenas o instinto da dança.

Claramente, o mestre dessas dançarinas não queria que suas ferramentas estragassem a relação pacífica entre ele e o chefe pirata do Mar Gélido por causa do medo.

Tyrian estalou a língua.

Isso era, na verdade, muito comum. Os “figurões do Mar Gélido” que ousavam fazer negócios com piratas e até enviar pessoas para ilhas piratas tinham métodos semelhantes. Afinal, nem a igreja nem as autoridades se metiam em seus negócios cinzentos, então as pessoas comuns só podiam recorrer a “remédios populares” para combater as sombras e os horrores do Mar Infinito. A vida dos piratas e dos “especuladores de risco” nunca foi tão romântica quanto as histórias de aventura descreviam, com um toque de suspense.

De certa forma, dar-lhes a poção também era uma proteção para as dançarinas.

Tyrian apenas achou um pouco desanimador — ele pensara que “Martim da Cimitarra” teria progredido ao longo dos anos, mas não esperava que ele ainda estivesse usando os velhos truques de uma década atrás para administrar sua “indústria de entretenimento do Mar Gélido”.

Ele balançou a cabeça, preparando-se para se virar e sair.

Mas, quando estava prestes a ir, um leve crepitar de chamas chegou de repente aos seus ouvidos.

Este som de chama estranho e um tanto familiar fez o coração de Tyrian se apertar instantaneamente, quase o fazendo perder o equilíbrio. Em seguida, ele arregalou os olhos e olhou na direção de onde vinha o som.

Em uma parede de gelo próxima, uma chama verde fantasmagórica saltitava, e com a propagação da luz e da sombra, o centro da superfície de gelo ficou instantaneamente escuro como a noite, e uma figura alta e imponente saiu de dentro.

“Boa noite, Tyrian”, disse a figura. “Espero não ter interrompido seu descanso.”

Tyrian olhou fixamente para a figura que emergia da superfície de gelo e, depois de um longo tempo, conseguiu manter uma expressão normal para responder à saudação: “B-Boa noite, Pai. Por que o senhor de repente…”

“Tenho alguns assuntos para discutir com você e, de passagem, vim ver como você tem estado ultimamente”, disse Duncan casualmente. “O que você está fazendo?”

Enquanto falava, ele levantou a cabeça e seu olhar passou por cima do ombro de Tyrian, vendo o palco ao longe.

E as jovens donzelas que, mesmo no vento frio, vestiam apenas roupas leves.

“…”

“Não é o que o senhor está pensando!”