Capítulo 328: Rumo à Ilha Adaga

Após se disfarçar e se preparar, Duncan voltou seu olhar para a próspera área urbana iluminada.

Vanna, baseando-se em sua experiência, avaliou a situação atual da cidade: “Agora é o toque de recolher. As ruas da cidade terão patrulhas de guardas, mas em áreas periféricas, a patrulha será relativamente mais fraca. Mesmo em um lugar desenvolvido como Pland, os guardas do Distrito Inferior não conseguem vigiar todos os cantos. Normalmente, o padrão de alerta para os distritos periféricos é ‘se ocorrer uma perda de controle sobrenatural, garantir que a equipe mais próxima chegue ao local em vinte minutos e que as baixas não se espalhem para os quarteirões vizinhos’.”

“O Andorinha do Mar explodiu perto da costa da cidade-estado, e ninguém a bordo sobreviveu. Essa situação não pode ser escondida. As autoridades de Geada já devem estar ocupadas, mas temo que levará algum tempo para chegarem a alguma conclusão”, disse Morris ao lado. “Deveríamos dar um aviso a eles.”

“Ah, isso é fácil. Sou bom em todos os tipos de denúncias, e geralmente consigo deixar as autoridades locais bem nervosas”, disse Duncan casualmente. “Mas, além de alertar, nossa própria investigação também precisa continuar. O que aconteceu desta vez é muito estranho. Sinto um clima semelhante ao de Pland naquela época. O que aqueles cultistas estão tramando… provavelmente não é pouca coisa.”

Enquanto falava, ele pegou o mapa que Tyrian havia preparado para ele.

O conteúdo do mapa era detalhado, com várias anotações especiais. Claramente não era algo distribuído pela cidade. Sem dúvida, os informantes que Tyrian posicionou nesta cidade-estado contribuíram significativamente para este mapa.

Duncan rapidamente encontrou dois locais dignos de atenção: a Rua da Lareira, na borda do distrito interno, e a área do cemitério, localizada mais perto do centro da cidade.

O olhar de Duncan pousou na área marcada como cemitério. Toda a região era dividida por números, de um a nove, formando nove cemitérios. Eles estavam distribuídos quase simetricamente ao redor da área da catedral no centro da cidade, formando um anel tênue. Isso… realmente não parecia o planejamento urbano de uma cidade-estado comum.

‘Seria essa uma exigência da fé no deus da morte, Bartok?’

“Primeiro, vamos para a Rua da Lareira, visitar seu ‘velho amigo'”, Duncan ergueu a cabeça e olhou para Morris. “Depois, quando o toque de recolher acabar, você e Vanna encontrem um lugar para ficar na cidade. Eu e Alice iremos ao Cemitério N° 3.”

“Ao cemitério?”, Morris perguntou, instintivamente.

“Não temos que dar um pequeno aviso às autoridades da cidade-estado? Não podemos simplesmente ir bater na porta da prefeitura ou da catedral para denunciar, podemos?”, Duncan sorriu. “Basta um canal para passar a mensagem, e eu conheço um canal assim no Cemitério N° 3.”

Vanna, ao lado, falou por instinto: “Passar a mensagem é uma coisa, mas o mais importante é que seja levada a sério…”

Duncan se virou, com um sorriso confiante no rosto: “Fique tranquila, eles vão levar muito a sério.”

Sob o céu noturno e silencioso, uma pomba branca voou da costa de Geada para a escuridão, em direção às luzes da cidade distante.

E, ao mesmo tempo, longe, no Mar Gélido, a bordo do Banido, a porta da cabine do capitão finalmente se abriu.

A figura de Duncan apareceu no convés.

Sob a noite fria, ele moveu os braços e as pernas, sentindo a estranha sensação de controlar múltiplos corpos com sua consciência. Quando a sensação de atraso diminuiu, ele soltou um leve suspiro.

Ele havia passado um tempo se adaptando ao seu novo corpo em Geada. Comparado com a tentativa desajeitada de “multitarefa” em Pland, desta vez, mesmo com um corpo adicional, sua adaptação foi muito mais rápida e suave.

Em pouco tempo, ele já conseguia lidar com os assuntos do Banido enquanto garantia a continuidade de suas ações em Geada.

Após se recompor um pouco, Duncan perguntou em sua mente: ‘Onde está Tyrian?’

A voz do Cabeça de Bode soou imediatamente: “Ele está perto do convés do leme. Precisa que eu o chame?”

“Não precisa, estou indo para lá”, Duncan balançou a cabeça e ordenou casualmente. “Ajustar o curso para a Ilha Adaga, velocidade máxima.”

“Sim, capitão!”

Rangidos ecoaram das cordas e mastros esticados, e o som do enorme navio colidindo com as ondas ao ajustar o curso quebrou o silêncio da noite. Tyrian, que estava na popa observando a distância, foi surpreendido pelo movimento repentino. Ele ergueu a cabeça, surpreso, e viu o leme escuro na alta ponte de comando girando lentamente. Contra o fundo do brilho tênue da Criação do Mundo, era como se uma pessoa invisível estivesse no comando.

Embora não fosse a primeira vez que via tal cena desde que embarcou novamente neste navio, ele não pôde deixar de franzir a testa.

Muitas partes do Banido ainda eram como ele se lembrava, mas o navio constantemente o lembrava, através de detalhes sutis, de que agora era um navio fantasma batizado pelo Subespaço.

Enquanto se distraía, Tyrian ouviu passos firmes e fortes se aproximando. Ele se virou e viu a figura de seu pai aparecer no convés sob o céu noturno.

“Assustado com o movimento repentino?”, Duncan viu Tyrian encarando o leme e disse com um meio sorriso. “É o Cabeça de Bode no comando.”

“Eu sei, já vi duas vezes”, Tyrian se recompôs, sua expressão voltando ao normal. “Só ainda não me acostumei. Embora o Névoa do Mar também tenha algumas características ‘vivas’, em comparação, a ‘atividade’ do seu navio é excessivamente alta.”

“Isso traz conveniências inesperadas”, disse Duncan casualmente.

Tyrian não se comprometeu, mas depois de observar a postura de navegação do navio, não pôde deixar de perguntar: “O Banido está acelerando e ajustando o curso. O que o senhor vai fazer?”

“Vim para lhe dizer que estamos indo para a Ilha Adaga.”

“Ilha Adaga?”, Tyrian ficou surpreso e reagiu imediatamente. “Algo já aconteceu lá?!”

“Um navio militar de Geada afundou após se autodestruir a caminho da ilha principal. Ele havia parado brevemente na Ilha Adaga e, ao retornar, já era um portador de contaminação”, Duncan não escondeu nada. “Agora suspeito que a situação na Ilha Adaga pode ter saído do controle, mas por razões desconhecidas, todo o sistema de alerta da ilha não reagiu, e a ilha principal de Geada não recebeu nenhum relatório anormal.”

“…Contaminação penetrante. Algo perfurou silenciosamente o sistema de defesa da Ilha Adaga”, Tyrian entendeu instantaneamente, mas em seguida sentiu incredulidade. “Mas isso… o sistema de defesa de lá não deveria ser tão fácil de perfurar…”

“Nenhum sistema de defesa é infalível, especialmente quando a contaminação vem do mar profundo e possivelmente está relacionada ao Senhor das Profundezas”, Duncan balançou a cabeça. “As autoridades de Geada já devem ter sido alertadas pela autodestruição daquele navio de guerra, mas não tenho muita fé neles. Terei que ir ver pessoalmente.”

“…E eu?”, Tyrian pensou um pouco e percebeu vagamente a intenção de seu pai. “O que o senhor precisa que eu faça?”

“Mais tarde, enviarei Ai para levá-lo de volta. Leve sua equipe e fique de prontidão perto de Geada”, Duncan pensou e tomou uma decisão. “Prepare-se para o pior.”

“O pior?”

“O navio de guerra contaminado afundou, e afundou com uma velocidade anormalmente rápida”, disse Duncan, extraindo memórias e informações úteis de seu novo corpo ocupado. “Como se algo no fundo do mar o estivesse arrastando…”

A expressão de Tyrian mudou gradualmente, e uma camada de seriedade surgiu em seu único olho: “O senhor quer dizer…”

“Já se passou meio século desde o fim da rebelião de Geada. Vamos supor que a ‘coisa’ despertada pelo Projeto Abismo nunca esteve adormecida neste meio século, mas sim ativa, e até mesmo acumulando poder conscientemente”, o olhar de Duncan se voltou para a distância, sua voz calma como se estivesse preparando uma tempestade. “Tyrian, diga-me, quantos navios afundaram nos mares perto de Geada neste meio século, e quantas coisas podem estar escondidas sob aquela cidade-estado agora?”

O convés ficou em silêncio.

Sob a noite silenciosa e fria, o grande pirata estremeceu de repente.

Uma pomba branca voou para a cidade. Nas profundezas das ruas desertas durante o toque de recolher, uma luz verde-espectral brilhou e desapareceu.

A patrulha noturna dos guardas acabara de passar. Os cidadãos da cidade-estado não sairiam àquela hora da noite. Ninguém notou a luz de fogo que apareceu de repente nas sombras de um beco, nem as várias figuras estranhas que saíram das sombras.

Uma casa de aparência um tanto velha se erguia em um canto da Rua da Lareira.

Paredes externas cinzas, um telhado inclinado de cor escura, uma grande porta preta e lâmpadas a gás na parede externa com decorações de ferro forjado — um edifício típico das cidades-estado do norte, e parecia ter sido habitado recentemente.

Morris deu dois passos à frente e, sob a luz da lâmpada a gás, confirmou o número da placa ao lado da porta.

Este era de fato o endereço que Brown Scott mencionou em suas cartas.

“Eu e Morris vamos verificar a situação”, disse Duncan, vestido com o casaco preto e o chapéu de abas largas, virando-se para Vanna e Alice ao seu lado. Sua voz, abafada pelas grossas ataduras, soava grave. “Vocês esperem aqui por perto. Apenas não alertem os guardas da patrulha noturna.”

Verificar o interior de uma casa não exigia muitas pessoas. E se aquele “Brown Scott” estivesse realmente lá dentro e tivesse alguma capacidade de comunicação, levar muitas pessoas poderia causar problemas inesperados. Afinal, Duncan não estava ali para causar uma carnificina, mas para obter informações.