Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 344: Interceptação
“Afundem-no.”
Os olhos de Agatha estavam fixos no navio que se aproximava no mar, seu tom tão frio quanto gelo e neve.
Um oficial subalterno ao lado ficou um pouco atônito, como se não pudesse acreditar no que ouvia: “O que a senhora disse?”
“Afundem-no”, Agatha não respondeu ao pequeno oficial, apenas se virou para o Coronel Liszt e repetiu. “Aquilo é o ‘atacante’, uma enorme fonte de contaminação. Não sei o que é, mas definitivamente não é o Andorinha do Mar.”
Nesse ponto, ela fez uma pausa, os nós de seus dedos segurando a bengala ficando ligeiramente brancos: “Eu me responsabilizo por esta decisão.”
Liszt não disse nada. Os músculos de seu rosto estavam tensos, e por um longo tempo ele ficou como uma estátua congelada no vento frio. Só quando outro apito soou à distância, mais claro e alto do que antes, como se trouxesse uma urgência inquietante, ele quebrou o silêncio: “Senhora, sua fonte de informação é confiável?”
“…Eu confio no meu julgamento, coronel”, Agatha respirou fundo, sua voz com uma rouquidão magnética. “E eu me responsabilizo por este julgamento.”
“A senhora não pode se responsabilizar. A senhora é a Guardiã do Portão, mas não é a supervisora direta do sistema portuário”, disse Liszt calmamente, e depois se virou, olhando para o mar distante.
“Afundem aquele navio. Eu me responsabilizo por esta decisão.”
No mar distante, o “Andorinha do Mar” que aparecera de repente ainda navegava a toda velocidade. Sua proa alta cortava as ondas, e a bandeira tremulava ao vento. A chaminé no meio do navio cuspia grandes nuvens de vapor branco. Na névoa, parecia haver inúmeros rugidos ocultos ecoando. E na popa do Andorinha do Mar, entre as ondas que se agitavam, uma substância negra e viscosa, como sangue escorrendo de uma besta gigante, espalhava-se com as ondas, em fios e ondulações.
“WHOOO—”
O apito soou novamente. O topo do navio de guerra de aço cuspiu ainda mais vapor branco, o vapor de alta pressão rasgando o céu como um grito das profundezas do mar.
Figuras se moviam perto da amurada do Andorinha do Mar. Eles iam e vinham, ocupados. Vestiam uniformes da marinha de Geada, fazendo o que os marinheiros deveriam fazer. Eles passavam por cima das ravinas irregulares no convés, por cima da substância viscosa e rastejante, e pelos nódulos de crescimento que se entrecruzavam como grossos vasos sanguíneos.
Lama negra, como se estivesse derretendo, caía constantemente desses marinheiros. Marinheiros caíam de repente, fundindo-se com a estrutura do navio ao redor. E, ao mesmo tempo, novos marinheiros se separavam do convés ou da amurada, rastejando, engatinhando, cambaleando, para esfregar o convés, para operar a bandeira, para acender as luzes…
Eles estavam voltando para casa, o Andorinha do Mar estava voltando para casa.
No entanto, na direção do porto distante, as pesadas baterias de defesa costeira já haviam começado a operar. As comportas que cobriam os penhascos, os quebra-mares e as paredes de concreto armado do porto se abriam uma a uma. Canhões escuros e pesados apareciam. As pesadas torretas giravam lentamente, impulsionadas por uma série de engrenagens e bielas. Elevadores subterrâneos rangiam, transportando projéteis dos depósitos de munição subterrâneos para os canhões gigantes superiores. Ao mesmo tempo, sinos e apitos apressados soavam dentro e fora do porto, instando todos os navios ainda fora do porto a se afastarem rapidamente, instando todas as instalações dentro do porto a entrarem em estado de alerta de combate.
O Andorinha do Mar pareceu sentir algo. Antes que as sirenes da ilha principal de Geada soassem, ele começou a acelerar.
O vapor jorrava, o apito soava continuamente. O navio inteiro rugia de dentro para fora. Os marinheiros no convés corriam. Na névoa branca que flutuava acima da chaminé, em algum momento, surgiram fios de cores preta e vermelha. O navio estava acelerando. Já sendo um navio a vapor, sua velocidade aumentou ainda mais, até o limite. Como uma besta envolta em trovões, ele corria pelo vasto mar. O rugido de sua proa cortando as ondas gradualmente se tornou um rugido frenético que ecoava pelo mar!
Nesse momento, os canhões de defesa costeira da ilha principal de Geada abriram fogo.
Como um trovão explodindo, os poderosos canhões gigantes cuspiram enormes chamas e detonações. Projéteis perfurantes convencionais fizeram uma primeira salva. Os projéteis em forma de cone assobiavam no ar, como linhas de fogo riscando o céu, e após um tempo de voo, caíram no mar distante.
Os projéteis atingiram a água, e colunas de água subiram por toda parte. Colunas de água de vários tamanhos se espalharam ao redor do Andorinha do Mar, formando uma névoa que se espalhava no mar distante. Alguns projéteis arranharam o Andorinha do Mar, mas sua velocidade não foi afetada.
A enorme vibração do fogo dos canhões de defesa costeira até abalou levemente a plataforma sob os pés de Agatha. Ela podia sentir todo o observatório tremer levemente com o recuo desta salva. Ao mesmo tempo, ela ouviu alguém relatar ao lado:
“Baixa taxa de acerto na primeira salva! Aquele navio é rápido demais, excede os valores registrados!”
“Fogo à vontade, mudar para projéteis perfurantes incendiários, continuar atirando até o alvo afundar”, disse Liszt, sem expressão. “Frota estacionada em prontidão. Se não conseguirmos parar aquele navio na linha de alerta costeira, envie a frota. Mesmo que tenhamos que abalroá-lo, temos que parar aquele navio fora de Geada!”
“Sim, senhor!”
O rosto de Liszt estava sombrio. Em meio ao rugido contínuo do fogo de artilharia, ele olhava fixamente para as colunas de água e fumaça que subiam no mar distante, para o “Andorinha do Mar” que ainda acelerava em direção a Geada, sem a menor hesitação em sua expressão.
Apenas pelo que via agora, ele já podia concluir que aquele navio definitivamente não era o “Andorinha do Mar” que ele conhecia.
Diante do bombardeio da ilha principal de Geada, o navio não diminuiu a velocidade, não usou as bandeiras e luzes de sinalização regulamentares. Em vez disso, acelerou continuamente, até mesmo muito além de seu limite de projeto… Aquilo não era um navio de guerra de Geada, era um monstro.
Um monstro disfarçado de coisa do mundo mortal.
Todos os canhões de defesa costeira começaram a rugir. Em meio ao bombardeio, projéteis perfurantes incendiários traçaram inúmeras linhas de fogo brilhantes no ar, caindo como uma chuva entrelaçada na área do mar onde estava o Andorinha do Mar. Enormes colunas de água subiam uma após a outra. E, em meio a inúmeras colunas de água, o navio que assobiava e rugia continuamente, como uma fera enfurecida, continuava a avançar em linha reta.
E com a aproximação e o ajuste contínuo da barragem, finalmente, projéteis começaram a atingir o Andorinha do Mar.
Enormes explosões rasgaram sua blindagem, quebraram seus mastros, arrancaram pedaços do convés do casco. Uma substância viscosa como lama negra jorrou de debaixo da casca disfarçada, caindo no mar como uma chuva torrencial.
“… Pelo deus da morte! Que diabos é aquilo?!”
Com binóculos, as pessoas no observatório já podiam ver vagamente a forma bizarra que se revelava sob o convés despedaçado do Andorinha do Mar. Alguém não pôde deixar de exclamar em voz baixa.
No entanto, Liszt apenas observava a cena com uma expressão séria, os músculos de seu rosto ainda tensos.
O navio não diminuía a velocidade.
Mesmo depois que os canhões de defesa costeira rasgaram seu convés de popa, arrancaram sua chaminé e ponte, e até destruíram os compartimentos onde teoricamente ficavam as munições e o núcleo a vapor, ele ainda não diminuía a velocidade.
Os canhões de defesa costeira rugiam. Salva após salva de fogo mortal caíam. Um número surpreendente de baterias concentrava seu “cuidado” em um “navio inimigo” que não se esquivava. Em pouco tempo, eles despejaram inúmeros projéteis no Andorinha do Mar. Para qualquer navio, isso já seria um dano fatal.
Mesmo que não afundasse, deveria parar.
Mas ele ainda navegava a toda velocidade.
Logo, outros também notaram a situação no mar, e a tensão começou a se espalhar.
“Continuem atirando, até que ele desapareça no mar”, disse Liszt, cerrando os dentes, e de repente se virou para Agatha ao seu lado. “Senhora, por favor, notifique a grande catedral o mais rápido possível. Se o porto não conseguir detê-lo, talvez precisemos…”
“Não desista ainda, coronel”, Agatha balançou a cabeça antes que ele terminasse. “O ataque está sendo eficaz. Ele está enfraquecendo.”
Enquanto falava, seu olhar se fixou no mar distante. E no fundo dos olhos da jovem Guardiã do Portão, um brilho pálido saltitava suavemente.
O que se refletia em seus olhos não era a realidade, mas o Plano Espiritual.
Ela via a silhueta negra e distorcida se desintegrando continuamente. No mar caótico, linhas de luz e sombra desordenadas se desprendiam rapidamente da silhueta.
O bombardeio dos canhões de defesa costeira, embora não tenha “matado” diretamente a falsificação, estava efetivamente empurrando-a para um ponto crítico. Ela estava prestes a se desintegrar.
Agatha piscou, e a imagem breve do Plano Espiritual desapareceu de sua visão. Seus olhos novamente mostraram o mundo real e claro.
Os canhões de defesa costeira continuavam a atirar e, logo, outros disparos soaram de não muito longe.
Era a frota estacionada no porto. Eles finalmente terminaram os preparativos e começaram a participar da interceptação.
O rugido da salva dos canhões principais dos navios de guerra finalmente se tornou a gota d’água para o “Andorinha do Mar”. Quando um número ainda maior de projéteis perfurantes incendiários caiu sobre o navio já irreconhecível, ele finalmente começou a desmoronar.
Primeiro, o convés e o casco externo se desprenderam em pedaços, revelando a estrutura bizarra, escura e distorcida por dentro. Em seguida, o navio inteiro começou a se contorcer e a se rasgar violentamente, da proa à popa, como se estivesse se despedaçando. O que antes parecia o Andorinha do Mar, enquanto derramava inúmeras lamas escuras, quebrava-se rapidamente.
Seu apito finalmente parou, e o som agudo e bizarro também cessou gradualmente.
Ele começou a desacelerar, espalhando grandes manchas de impurezas escuras enquanto se dissolvia e desmoronava no mar.
Este atacante terrível, bizarro, que tentou avançar contra o mundo civilizado, finalmente parou a apenas algumas milhas náuticas da ilha principal de Geada.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.