Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 345: Alojamento
O “Andorinha do Mar” parou.
Quando o terrível atacante parou, ele já havia sido reduzido a uma pilha de destroços sob o bombardeio contínuo. A estrutura original do navio já não existia, e não era possível encontrar nem um pedaço completo de convés ou destroços de construção. O casco despedaçado e o material interno espalharam-se pelo mar como se tivessem sido derramados. Entre os destroços flutuava uma lama negra que se espalhava lentamente. Chamas que ainda não haviam se extinguido queimavam entre os destroços, e uma fumaça densa e suja subia em espirais.
E no caminho por onde o Andorinha do Mar havia avançado, estava tudo coberto por aquela substância bizarra semelhante a lama. Uma mancha negra e sinistra delineava uma faixa de mais de dez milhas náuticas na água do mar, como o lodo nojento deixado por alguma criatura de corpo mole ao rastejar para a terra, flutuando e ondulando lentamente com o vento e as ondas, sem se dissipar por um longo tempo.
O rugido dos canhões de defesa costeira cessou. Um forte cheiro de pólvora pairava sobre toda a linha costeira. Liszt olhou fixamente para os destroços em chamas no mar distante por um longo tempo antes de ousar acreditar que aquilo realmente havia parado completamente, quebrando o silêncio com hesitação: “Acabou?”
“…Ou talvez seja apenas o começo”, disse Agatha com a voz ligeiramente rouca. Seus olhos brilhavam intermitentemente com uma luz pálida. Embora o “Andorinha do Mar” tivesse parado, ela continuava a observar incessantemente a cena no Plano Espiritual, para confirmar se ainda havia algo nos destroços se movendo em direção à cidade-estado. “Não se esqueça, o Andorinha do Mar teve problemas depois de retornar da Ilha Adaga.”
A expressão de Liszt tornou-se muito feia.
“Quando foi a última vez que a ilha enviou uma mensagem?”
“Apenas algumas horas atrás. Uma mensagem de telégrafo indicou que tudo na ilha estava normal”, Liszt franziu a testa. “A comunicação da igreja pelo Plano Espiritual também não teve problemas.”
“…Bloqueie a Ilha Adaga, coronel. A partir de agora, não confie em nenhuma notícia vinda daquela ilha”, Agatha soltou um suspiro. “Vou retornar à grande catedral agora. Acredito que ordens de bloqueio mais rigorosas serão emitidas em breve.”
“Obrigado por sua ajuda, Senhora Agatha.”
“Tudo pela paz da cidade-estado”, disse Agatha em voz baixa, recitando um breve provérbio do livro sagrado da morte. “Todas as coisas têm sua ordem.”
Meia hora antes.
Um som de trovão veio de muito longe, repetidamente, cada vez mais denso. A julgar pela direção do som, parecia ser perto da costa leste da cidade-estado.
Duncan ergueu a cabeça, olhando para o céu na direção de onde vinha o som. Podia-se ver vagamente uma nuvem se formando lá.
“Que som é esse?”, Alice perguntou, um pouco nervosa, ajeitando a cabeça e olhando para Duncan, desamparada. “Está trovejando?”
“Parece o som de canhões gigantes”, disse Vanna, do outro lado, seu rosto mudando ligeiramente. “Canhões de defesa costeira? O que aconteceu? Por que haveria uma salva de canhões de defesa costeira…”
O rosto de Duncan mostrava uma expressão pensativa. A primeira coisa que lhe veio à mente foi a carta de denúncia que ele entregou ao Velho Guarda, e em seguida, a direção onde ficava a Ilha Adaga. ‘Será que acertei?’
O som de asas batendo surgiu de repente por perto. Uma pomba gorda e discreta bateu as asas e decolou da sombra de um prédio próximo, voando rapidamente para longe.
“Não se preocupem, mandei Ai verificar a situação”, disse Duncan, e depois ergueu a cabeça, olhando para a casa um tanto antiga à sua frente. “Continue falando sobre esta casa.”
Morris, ao lado, tossiu duas vezes e continuou a apresentação que fora interrompida. Embora o rugido fraco vindo de longe ainda continuasse, como o capitão estava tão calmo, obviamente não havia nada com que se preocupar: “Esta casa foi escolhida por mim e por Vanna entre quatro casas para alugar. As outras três ou estavam muito perto do centro da cidade, o que dificultaria a movimentação, ou as condições da casa eram muito ruins para morar. Esta, embora um pouco velha, está muito bem conservada pelo proprietário e é bastante limpa por dentro.”
“Esta casa fica na Rua do Carvalho, 44, ao lado da Rua da Lareira. O proprietário tem outra residência na Rua da Lareira e geralmente não nos incomodará. As duas ruas são conectadas por um pequeno caminho, e a pequena capela fica na praça entre os dois quarteirões, a uma certa distância daqui…”
“Fizemos um contrato de aluguel de curto prazo. O aluguel diário médio é um pouco mais caro que o de longo prazo, mas podemos sair a qualquer momento. Pagamos temporariamente meio mês de aluguel. Eu e Vanna já conhecemos a proprietária, uma senhora bastante amável e educada. Depois de saber da minha identidade de estudioso viajante, ela generosamente nos deu alguns itens de primeira necessidade…”
Duncan ouvia a apresentação detalhada do velho senhor, enquanto observava o alojamento temporário à sua frente.
Era um prédio independente com características típicas das cidades-estado do norte. As paredes externas cinza-claras eram um pouco ásperas, revestidas com uma argamassa porosa de bom isolamento térmico. A casa tinha dois andares, janelas relativamente estreitas, uma porta preta com uma luminária de parede e uma abertura para caixa de correio ao lado. Seu telhado era alto e íngreme, coberto com telhas pretas para facilitar o derretimento e a queda da neve. Os canos de vapor e gás se estendiam dos grandes canos acima do quarteirão e entravam no prédio ao longo da empena.
Não era uma residência luxuosa, mas mais do que suficiente como um alojamento temporário — até um pouco mais espaçosa do que o pequeno prédio de dois andares em Pland, que funcionava como loja e residência.
‘Encarregar Morris e Vanna de resolver o problema do alojamento foi de fato a decisão correta. Os outros no navio não conseguiriam fazer isso.’
Morris se adiantou, tirou a chave do bolso e abriu a porta. Duncan e Alice o seguiram.
Ao entrar, havia um hall para tirar os sapatos e trocar de roupa. Em seguida, uma sala de estar razoavelmente espaçosa. As paredes eram cobertas com papel de parede de padrão claro, um pouco amarelado. A sala de jantar era conectada à sala de estar, e havia outro quarto ao lado da sala de jantar. A escada para o segundo andar ficava em frente à porta principal, e parecia que a maioria dos quartos estava no segundo andar.
O chão rangia levemente ao ser pisado, um som que simbolizava a passagem do tempo. As mesas e cadeiras simples brilhavam sob a luz do sol, sem muita poeira. Na mesa da sala de jantar, havia um buquê de flores coloridas — obviamente flores artificiais de tecido ou plástico.
“Isso também foi um presente da proprietária. Dizem que é um costume aqui em Geada. O proprietário prepara um buquê de flores que não murcham no inverno para os novos inquilinos, como um presságio de saúde e segurança.”
“…Cada lugar tem seus costumes curiosos”, disse Duncan com um leve sorriso. “Este lugar não é ruim… e longe da rua principal, deve ser bem tranquilo.”
Enquanto falava, ele ergueu a cabeça e olhou para o segundo andar: “Parece que podemos trazer Nina e Shirley para fazer a lição de casa. Elas já estão começando a reclamar de tédio no navio.”
O canto da boca de Vanna tremeu: “…Shirley pode de fato estar reclamando de tédio, mas acho que o objetivo dela não é vir para a cidade fazer a lição de casa.”
Duncan acenou com a mão: “Não importa, ela também precisa se esforçar. Agora, até Cão consegue entender mais ou menos o jornal, e Shirley ainda está lutando com a ortografia de doze vegetais comuns. Estou profundamente preocupado com o futuro dela. Se continuar assim, ela nem vai conseguir alcançar Alice.”
Alice, que na verdade não era muito melhor que Shirley, coçou a cabeça e sorriu inocentemente: “Hehe…”
Duncan, sem expressão: “Não estou te elogiando. O fato de você e Shirley juntas não conhecerem mais palavras do que um cachorro não é motivo de orgulho.”
Alice travou por um momento, parecendo pensar cuidadosamente se o número de palavras que ela e Shirley conheciam juntas ultrapassava o de Cão. E, nesse meio tempo, o rugido fraco vindo de longe finalmente cessou.
“O som parou…”, Vanna apurou os ouvidos para o barulho distante.
Duncan não disse nada, apenas, através daquela vaga conexão espiritual, percebeu a situação que Ai havia detectado à distância.
Após tanto tempo de adaptação e ajuste, a conexão entre ele e Ai era agora muito mais forte e clara do que no início. Quando se concentrava o suficiente, ele podia até compartilhar a visão de Ai e parte de suas outras percepções, e usar Ai como um trampolim para transmitir parte de seu poder sem que seu corpo principal precisasse agir.
Na área do porto leste de Geada, a pomba branca e gordinha estava em uma torre, com seus pequenos olhos redondos olhando para o mar enevoado de um lado e para o porto do outro.
Os soldados correndo pelo porto e a “mancha de óleo” negra que se espalhava no mar refletiam-se em seus olhos, que brilhavam com uma leve chama verde.
“Não precisam se preocupar por enquanto”, Duncan retirou seu “olhar” distante e assentiu para Morris e Vanna. “Uma invasão, mas foi detida pelo povo de Geada.”
O rosto de Vanna mudou ligeiramente: “Invasão?!”
“Se não me engano, vinda da Ilha Adaga. O povo de Geada já deve ter percebido a gravidade do problema. As coisas daquela ilha não conseguirão sair tão facilmente agora”, o tom de Duncan era bastante calmo. “Agora Tyrian também chegou perto da Ilha Adaga. Sua Frota do Névoa do Mar deixará as autoridades de Geada ainda mais tensas. De qualquer forma, quando toda a cidade entrar em estado de alerta, os Aniquiladores escondidos na cidade certamente farão algum movimento. Será muito mais fácil encontrá-los então.”
Nesse momento, uma batida na porta soou de repente, interrompendo a conversa na sala.
Duncan olhou para a porta, um pouco surpreso.
‘Mal nos mudamos e já temos visitas?’
“Eu atendo”, disse Morris, caminhando até a porta. Mas, ao abrir, ele soltou um som de surpresa. “Você é…”
Uma garotinha vestindo um casaco branco grosso e um gorro de lã estava parada na porta.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.