Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    A Frota do Névoa do Mar chegou, com força total.

    No último meio século, essa infame frota amaldiçoada sempre foi uma lâmina afiada suspensa sobre as cabeças do povo de Geada. Era o legado da Rainha de Geada, uma sombra que nunca se dissipou após a grande rebelião de meio século atrás. Ela se erguia no Mar Gélido como um iceberg colossal, seu casco frio e duro escondendo a mente impenetrável do almirante pirata morto-vivo.

    Sempre que a mencionavam, o povo da cidade-estado de Geada não podia deixar de baixar a voz.

    Quase todos que conheciam a história sabiam que a rebelião de Geada meio século atrás só teve sucesso, e o exército rebelde formado por uma turba desorganizada só conseguiu derrotar a mais poderosa frota da rainha de todos os tempos, não por “justiça” ou “proteção divina”. A razão mais importante para a vitória foi que a principal frota da rainha não estava na ilha principal de Geada na época.

    Ninguém sabia por que a Frota do Névoa do Mar partiu, assim como ninguém sabia que verdade a Rainha de Geada descobriu das profundezas do mar. As pessoas sabiam apenas de uma coisa: até hoje, aquela frota ainda agia em nome da rainha.

    Por meio século, a poderosa Frota do Névoa do Mar vagou por estas águas do norte como um fantasma. Não que as cidades-estado não tivessem tentado aniquilá-la ou recapturá-la, mas nunca tiveram sucesso. Por outro lado, embora os navios de guerra amaldiçoados comandados por mortos-vivos dominassem o Mar Gélido, na maioria das vezes, os navios que os encontravam só precisavam pagar para evitar o desastre. Comparado às perdas de uma guerra frontal contra a Frota do Névoa do Mar, esse “pedágio” parecia mais um imposto misericordioso e econômico. As cidades-estado do norte preferiam pagar pela paz a se arriscarem para quitar a dívida de Geada de meio século atrás.

    Mas o povo de Geada sabia que a Frota do Névoa do Mar voltaria um dia. Era como uma maldição, que já se tornou uma “profecia lendária” com a qual muitos em Geada cresceram ouvindo:

    Enquanto a bandeira da Frota do Névoa do Mar tremulasse, o reinado da Rainha de Geada sobre a cidade-estado não teria fim. Enquanto os motores do Névoa do Mar girassem, o acerto de contas pela grande rebelião de meio século atrás mais cedo ou mais tarde chegaria a esta cidade.

    O impacto da maldição e da lenda transmitidas oralmente era profundo. A sombra gélida da Frota do Névoa do Mar se tornava cada vez mais aterrorizante com o passar dos anos, reforçada por essas lendas. Mesmo os soldados profissionais e bem treinados não conseguiam ignorar essa pressão.

    Os dedos de Liszt apertaram o documento com força, as juntas ficando brancas.

    E com suas palavras, um silêncio estranho e indescritível tomou conta de todo o cais.

    O comandante da defesa sabia que as informações sobre a Frota do Névoa do Mar não precisavam ser mantidas em segredo. A enorme frota navegava abertamente ao lado de Geada e ainda se aproximava da ilha principal e da Ilha Adaga. No mais tardar, quando o sol nascesse amanhã, os residentes da costa só precisariam abrir as janelas e usar um binóculo para olhar para o sudeste para ver as silhuetas turvas dos navios. A notícia logo se espalharia por toda a cidade-estado.

    “A Frota do Névoa do Mar… apareceu de repente. Teria a ver com o que aconteceu na Ilha Adaga?”, disse um oficial de confiança. “Teria a ver com aquele ‘Andorinha do Mar’ que surgiu do nada?”

    “Eu preferiria que estivessem relacionados, assim teríamos pelo menos um problema a menos para enfrentar”, Liszt cerrou os dentes. “Mas o pior cenário é que sejam dois problemas diferentes…”

    Outro oficial de confiança falou em tom tenso: “A Frota do Névoa do Mar vai se aproveitar da situação? Aproveitar que a ilha principal de Geada está sob a ameaça de uma força desconhecida…”

    “É cedo demais para tirar conclusões. Executar as ordens é a principal prioridade”, Liszt interrompeu as divagações de seus subordinados e disse rapidamente. “Organizarei o bloqueio imediatamente, enviarei sinais de lei marcial para as cidades-estado vizinhas e para os navios nas rotas. Todas as baterias de artilharia costeira em alerta… Podemos estar com um grande problema.”


    No coração da cidade-estado de Geada, como na maioria das cidades-estado marítimas, a solene e imponente Grande Catedral se erguia no ponto mais alto e central da cidade.

    Os locais a chamavam de Catedral da Serenidade, ou simplesmente “a Grande Catedral”.

    Era um edifício antigo e majestoso, construído quase inteiramente com tijolos cinza-escuros. Seu corpo era formado por uma combinação de pináculos e estruturas alongadas. Nos dias de neve pesada do inverno, esses pináculos em camadas pareciam nebulosos contra o céu nevado, como lápides em uma floresta de névoa e espadas negras apontando para o céu.

    Os forasteiros que viam a catedral pela primeira vez muitas vezes a achavam sombria e opressiva, até mesmo um pouco assustadora. Mas para o povo de Geada, que quase em sua totalidade acreditava no deus da morte, Bartok, esta catedral negra exalava apenas majestade e santidade.

    Os locais acreditavam firmemente que os pináculos da catedral eram pontes que conectavam o reino da morte ao mundo mortal. E quando chegavam os dias de neve pesada, os mensageiros do deus da morte se escondiam entre os pináculos e telhados, observando a cidade-estado com seus olhos que tudo viam, para guiar a tempo as almas perdidas de volta ao seu lugar de descanso.

    Portanto, o povo de Geada considerava o primeiro dia de neve pesada como “o dia em que as almas há muito perdidas partem em sua jornada”. Nesse dia, eles fechavam os cemitérios e suspendiam o envio dos recém-falecidos, a fim de deixar um caminho espaçoso para as almas há muito perdidas chegarem à Catedral da Serenidade a tempo.

    Hoje era um dia de neve pesada.

    Os cemitérios vizinhos estavam fechados, e a Grande Catedral não aceitava mais a entrada e saída de pessoas comuns, exceto o clero. O pátio, com seus caminhos cobertos de neve, parecia mais silencioso do que nunca, a ponto de, além do som dos pés na neve, até o som da neve caindo dos galhos das árvores ser ouvido com clareza.

    Agatha, de chapéu de abas largas e vestida de preto, atravessou o grande portão do pátio da catedral, entrou no longo salão de audiências e seguiu para as profundezas, chegando finalmente ao Santuário de Meditação do bispo.

    Assim como em Pland, a mais alta representação da igreja em Geada também tinha dois líderes: a “Guardiã do Portão” era a protetora da segurança da cidade-estado, responsável principalmente pelos assuntos seculares, enquanto o bispo da cidade-estado era responsável principalmente pelo trabalho administrativo e pela comunicação com o poder divino superior.

    Dentro do Santuário de Meditação, as chamas das velas tremeluziam nos nichos densamente alinhados nas paredes laterais. A luz pálida emitida por inúmeras velas iluminava o ambiente. No final do santuário havia um altar de pedra alto, mas sobre ele não havia estátuas ou cadeiras, apenas um caixão preto de aparência antiga.

    Aquele era o lugar onde o bispo da cidade-estado ficava.

    Agatha subiu no altar, baixou o olhar e disse: “Eu voltei.”

    O caixão permaneceu em silêncio.

    Agatha esperou pacientemente por alguns segundos e aumentou um pouco a voz: “Bispo Ivan, você ouviu a notícia da aparição da Frota do Névoa do Mar?”

    Ainda não havia movimento no caixão.

    Agatha franziu a testa, olhou ao redor e, após uma breve hesitação, finalmente ergueu sua bengala e bateu ao lado do caixão: “Está aí?”

    Após bater três vezes consecutivas, finalmente uma voz rouca e velha saiu do caixão: “Estou, não bata mais. Respeite os mais velhos.”

    Agatha guardou a bengala: “…Você adormeceu enquanto meditava e orava ao deus da morte?”

    “Eu estava meditando com tanta intensidade que não ouvi os sons do mundo mortal.”

    “Mas seu ronco atravessou a tampa do caixão e chegou ao mundo mortal.”

    “Ah? Foi tão alto assim?”

    Agatha suspirou: “Você realmente adormeceu, bispo.”

    A voz no caixão silenciou de repente. Após alguns segundos, um leve som de atrito quebrou o silêncio. A pesada tampa do caixão deslizou um pouco para o lado, revelando apenas uma fresta. A voz velha e rouca tornou-se um pouco mais clara: “Seu coração está agitado, Agatha. Parece que a situação na cidade-estado não é boa.”

    “No caminho de volta para a Grande Catedral, recebi a notícia de que a Frota do Névoa do Mar está se aproximando da cidade-estado”, disse Agatha lentamente. “Receio que essa notícia em breve…”

    “Os assuntos da Frota do Névoa do Mar devem ser motivo de dor de cabeça para a marinha e para aquela gente da prefeitura. Você se concentra no equilíbrio do domínio sobrenatural e na paz dentro da cidade-estado”, a voz do Bispo Ivan de Geada veio do caixão. “Primeiro, fale sobre a situação na cidade-estado.”

    Ao ouvir isso, Agatha assentiu, deixando de lado as notícias da Frota do Névoa do Mar por enquanto. Sua expressão tornou-se séria.

    “Na Rua da Lareira, número 42, apareceu uma nova cena contaminada por ‘Primal’. A julgar por todos os indícios, uma cópia composta de ‘Primal’ viveu naquele prédio por um longo tempo, até se desintegrar e desaparecer recentemente. Além disso, um civil com óbvia interferência cognitiva foi encontrado no local…”

    “Interferência cognitiva?”, o Bispo Ivan interrompeu a narrativa de Agatha. “Que tipo de interferência cognitiva?”

    Agatha organizou suas palavras e disse: “Após verificar os registros de população do bairro local, descobrimos que o ‘original’ daquela cópia na verdade faleceu em um naufrágio há seis anos. Mas o fato é que, durante o período de atividade da cópia… a aprendiz que vivia com ele nunca notou essa anomalia óbvia. Mesmo depois que a cópia se desintegrou e desapareceu e os investigadores entraram em cena, ela ainda acreditava que seu professor estava descansando no andar de cima.”

    Agatha fez uma pausa e continuou: “E… nossas descobertas não param por aí.”

    “Não param por aí?”

    “Uma terceira força — de identidade desconhecida, mas extremamente poderosa — parece também estar investigando o assunto do Primal. Seus combatentes mataram dois sacerdotes hereges de força considerável em um beco próximo, e seus investigadores vasculharam o prédio antes da chegada da nossa equipe de guardas de elite. Infelizmente, não encontramos nenhuma pista, nem mesmo conseguimos confirmar a origem dessa terceira força.”

    O caixão silenciou. Depois de um tempo desconhecido, a voz de Ivan soou novamente: “Há mais alguma notícia?”

    “Sim”, Agatha respirou fundo. “Você se lembra daquele ‘visitante’ que apareceu no Cemitério N° 3?”

    “…Ele apareceu de novo?!”

    “Sim, apareceu de novo. E não só apareceu, como também deixou uma… ‘carta-denúncia’.”

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