Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 363: Masha
PÁ!
O documento em sua mão foi batido na mesa, e Liszt levantou-se abruptamente de trás de sua escrivaninha — na verdade, ele praticamente saltou. O comandante da defesa do porto arregalou os olhos, olhando para seu subordinado: “Repita! O que você disse que aconteceu com a Ilha Adaga?!”
“A Ilha Adaga… a Ilha Adaga desapareceu!”, o soldado que veio trazer a notícia gaguejava um pouco. Claramente, mesmo como um guerreiro bem treinado, ele tinha dificuldade em controlar seu estado naquela situação. “Agora mesmo, observamos uma série de explosões na Ilha Adaga, suspeita-se que os últimos sobreviventes na ilha detonaram as instalações… depois, a frota em missão de vigilância nas águas próximas assistiu impotente enquanto a ilha afundava rapidamente e desaparecia na superfície do mar…”
“As frotas não foram afetadas?”, Liszt franziu a testa imediatamente, sentindo que algo estava errado.
“Não”, o soldado balançou a cabeça. “O afundamento da Ilha Adaga quase não causou alteração na superfície do mar. O relatório da frente diz… que a ilha pareceu derreter silenciosamente na água do mar.”
O rosto de Liszt tornou-se excepcionalmente terrível. Ele ficou em silêncio por alguns segundos, ergueu a cabeça e olhou para a Guardiã do Portão que ainda estava no escritório: “Senhora Agatha, em seu conhecimento, existe alguma arte divina, milagre ou item sobrenatural conhecido que possa causar tal fenômeno?”
“Não”, Agatha balançou a cabeça sem hesitar. “Uma mudança anômala dessa escala já ultrapassa o âmbito da feitiçaria e deveria ser classificada como um milagre — ou algum tipo de fenômeno.”
“…De qualquer forma, estamos com um grande problema. A investigação ainda não começou, a situação na Ilha Adaga não estava clara, e agora a ilha inteira desapareceu no mar. A prefeitura não vai gostar desta notícia”, Liszt franziu a testa, batendo os dedos na mesa. De repente, como se lembrasse de algo, ele ergueu a cabeça bruscamente para o soldado. “A propósito, qual foi a reação da Frota do Névoa do Mar?”
“Eles ainda estão em suas posições, não cruzaram a linha de vigilância costeira”, respondeu o soldado imediatamente. “Mas depois que a Ilha Adaga desapareceu, dois de seus barcos rápidos se aproximaram brevemente daquela área do mar, ficaram por cerca de dez minutos e depois retornaram rapidamente.”
“Parece que estavam observando a situação… Pelo visto, isso também estava fora de suas expectativas”, disse Liszt lentamente. “Droga, parece que teremos mesmo que conversar com aquele grande pirata.”
“A Grande Catedral também tomará medidas”, Agatha continuou. “A esta altura, o plano de explorar a Ilha Adaga não tem mais sentido. Vamos redirecionar nossas forças para uma investigação completa na cidade. Os guardas já encontraram algumas pistas sobre os Aniquiladores e vários possíveis pontos de encontro. Eu mesma liderarei a equipe para lidar com eles.”
“Espero que a senhora tenha algum sucesso, senhora Guardiã do Portão”, Liszt ergueu a cabeça, olhando para a clériga de preto à sua frente. “As coisas estão saindo do controle. Precisamos da ajuda do domínio sobrenatural mais do que nunca, e a investigação da Grande Catedral já está muito lenta.”
“Faremos o nosso melhor.”
Agatha assentiu levemente, depois ergueu sua bengala e bateu duas vezes no chão. Com o som da ponta da bengala batendo no chão, sua figura transformou-se abruptamente em um vento cinzento, que então girou e mergulhou em uma fenda pálida que apareceu do nada no chão.
Liszt observou o local onde Agatha desapareceu. Só depois que a fenda se fechou, ele suspirou e sentou-se pesadamente em sua cadeira, enquanto ordenava ao soldado: “Saia e feche a porta.”
Agora, ele precisava escrever o mais rápido possível um “despacho urgente” para a prefeitura, para explicar adequadamente as coisas bizarras que estavam acontecendo à porta da cidade-estado.
Os funcionários do porto da cidade-estado guiavam os navios para atracar. Aqueles homens em uniformes pretos ou azuis estavam no cais de cimento, cada um cuidando de suas tarefas no vento frio, sem muita comunicação entre si, parecendo silenciosos e ocupados.
Um pouco mais longe, podiam-se ver vários outros navios atracados. Pareciam estar ali há algum tempo, com poucas pessoas se movimentando a bordo. Suas operações de carga, descarga ou reabastecimento já haviam terminado, talvez esperando pelos próximos procedimentos de partida.
Mais longe na área do cais, podia-se ver a via principal que levava à cidade — uma estrada larga que se estendia em direção aos altos edifícios distantes. As lamparinas a gás ao lado da estrada ainda não estavam acesas, mas como já se aproximava da noite, não se viam muitas pessoas na estrada, apenas algumas carruagens ocasionais, passando apressadamente pela estrada que escurecia gradualmente.
Lawrence estava na beira do convés, observando os edifícios da cidade-estado à distância.
Não era a primeira vez que ele vinha a Geada, mas já se passou algum tempo desde sua última visita. O longo tempo, somado ao declínio da memória com a idade, o impedia de se lembrar da aparência da cidade naquela época. Agora, olhando para os pináculos e torres que se erguiam no crepúsculo à distância, ele sentia uma estranheza profunda.
Mas, de qualquer forma, o Carvalho Branco finalmente atracou em segurança nesta cidade-estado. Embora o tempo estivesse excepcionalmente ruim durante toda a viagem, pelo menos não encontraram situações terríveis como tempestades.
Passos soaram atrás dele. O velho capitão se virou e viu seu primeiro-imediato.
“A inspeção está quase no fim”, disse o primeiro-imediato. “O pessoal me pediu para perguntar se podemos ir à cidade hoje. Todos ficaram confinados no navio durante toda a viagem.”
Lawrence olhou para o céu. Embora a Criação do Mundo ainda não tivesse aparecido, o último brilho do crepúsculo no céu já estava fraco, prestes a se dissipar. Ele franziu a testa e balançou a cabeça: “É muito tarde. A cidade entra em toque de recolher à noite. Não há lugar para ir se desembarcarmos agora. Todos devem permanecer a bordo. Mais tarde, eu mesmo irei ao escritório de assuntos portuários para cuidar dos procedimentos restantes. Amanhã de manhã, os outros podem descer para atividades.”
“Certo, vou dar a notícia a eles”, o primeiro-imediato sorriu e, em seguida, perguntou casualmente. “Mas o senhor vai sozinho? Quer que eu mande dois homens para acompanhá-lo?”
“Não precisa. Já consigo ver a porta do escritório do porto, fica bem ao lado do cais”, Lawrence acenou com a mão, apontando para uma luz não muito longe na costa. “Certifiquem-se de verificar todos os armazéns do navio depois que o pessoal de inspeção do porto sair, especialmente o porão onde as relíquias sagradas são guardadas e as várias câmaras seladas, para o caso de algum descuidado acionar as configurações.”
“Sim, capitão.”
O primeiro-imediato partiu. Lawrence respirou fundo no vento da noite. O vento frio e cortante do mar do norte encheu seus pulmões, despertando-o com um calafrio.
Em seguida, o velho capitão balançou a cabeça, reclamou um pouco mais do clima terrível dali e caminhou em direção à escada não muito longe.
Uma figura estava parada na entrada da escada, de braços cruzados na penumbra onde as luzes se cruzavam, olhando calmamente para Lawrence.
Lawrence parou, hesitante. Após um momento de reconhecimento, ele falou com hesitação: “… Masha1? O que você está fazendo aqui?”
“Se eu fosse você, não faria perguntas desnecessárias agora, mas partiria imediatamente daqui”, a navegadora de braços cruzados olhou para o velho capitão à sua frente, com um tom de resignação. “Sua vigilância diminuiu, Lawrence.”
“Masha, eu…”, Lawrence instintivamente deu meio passo à frente. Ele sentia vagamente que algo estava errado, mas mil palavras pareciam presas em sua garganta, e ele só conseguiu estender a mão, lentamente. “Eu senti sua falta… como você tem passado?”
Masha não respondeu. A navegadora apenas lançou um olhar calmo, mas sua visão parecia focada em um lugar mais distante. No suave vento do mar e no som das ondas, ela começou a cantarolar lentamente:
“Içar velas, içar velas, o marinheiro longe de casa continua em frente…
“Nas ondas, no tumulto, estamos a uma tábua da morte.
“Recolha a vela de proa, abra a vela mestra, solte as amarras, segure a amurada — já chegamos ao meio do mar…”
A voz de Masha foi ficando mais baixa. Ela finalmente parou, seu olhar focando em Lawrence, e disse em voz baixa, como se falasse para si mesma: “Lawrence, cuidado, você chegou ao meio do mar.”
Lawrence inspirou de repente, e o ar frio revigorou sua mente. Em seguida, como se lembrasse de algo, ele apressadamente levou a mão ao peito, remexendo no bolso de forma rápida e atrapalhada.
Masha começou a andar, aproximando-se lentamente dele.
“Lawrence, como você envelheceu”, a navegadora estendeu a mão, sua voz rouca, mas com um toque de suavidade. Ela ainda parecia jovem e, embora seu rosto mostrasse as marcas da vida no mar, ainda era tão bonita quanto na memória de Lawrence. “Já se passaram muitos anos, não é? Você não é mais jovem… nem eu…”
“Masha…”, a garganta de Lawrence se moveu. Ele sentiu seus dedos prestes a tocar o pequeno frasco, mas errou várias vezes.
Ele quase podia sentir o cheiro de Masha — aquele aroma familiar, com um toque de limão, sua fragrância favorita.
Ele tocou o pequeno frasco.
“Masha…”
Ele o segurou na mão, mas seus pés pareciam enraizados no convés. Ele observou a pessoa de suas memórias estender a mão para ele, como vira em inúmeros sonhos. Aquela mão, com seu calor familiar, tocou levemente as pontas de seu cabelo. Ele viu a pessoa de suas memórias sorrir, como se fosse lhe contar sobre a saudade de muitos anos de separação…
“Masha, desculpe.”
Lawrence apertou o frasco de remédio e despejou o líquido amargo na boca.
Masha desapareceu.
- No capítulo 296 eu acabei traduzindo errado o nome dela para Martha, desculpe, já foi corrigido ^^. O nome dela em chinês é Mǎshā(玛莎), que quando traduzido fica Masha.[↩]
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.