Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Agatha inspecionou o compartimento secreto onde o busto de perfil da Rainha estava escondido. De fato, como seu subordinado relatara, era apenas um lugar para homenagear secretamente a Rainha de Geada, sem vestígios de qualquer poder sobrenatural.

    Ela olhou para os itens que haviam sido encontrados: a estátua de gesso, as moedas comemorativas, o manual.

    Cinquenta anos atrás, isso valeria uma forca.

    Mas aquela época aterrorizante que deixava todos nervosos já havia passado. As autoridades atuais de Geada precisavam considerar a estabilidade a longo prazo da cidade-estado e sua própria imagem de justiça, e não podiam fazer um grande alarde por causa de atos celebrativos secretos do povo. Agora, esse tipo de homenagem inofensiva geralmente resultava apenas em um aviso, no máximo uma multa.

    E mesmo o aviso e a multa eram assuntos para os oficiais de segurança considerarem — as leis e decretos seculares não eram responsabilidade da Grande Catedral.

    “Isso não é da nossa conta”, Agatha balançou a cabeça. “Organizem esta parte da situação, notifiquem as autoridades de segurança e deixem que eles cuidem do trabalho de acompanhamento. No entanto, levaremos essas lembranças para inspecionar, para o caso de… haver algo escondido nelas.”

    “Sim.”

    Após dar mais algumas instruções simples para a finalização do trabalho no local, Agatha levantou-se do sofá e suspirou levemente.

    Havia muitas coisas para resolver, e ela não podia mais se demorar ali.

    “Lembrem-se de acompanhar a investigação na estação de tratamento de esgoto e de monitorar o sistema de dutos desta área”, ela instruiu seus subordinados por fim, e então saiu do cômodo.

    Do lado de fora, havia um corredor estreito. A velha escadaria se estendia à frente sob a luz fraca. Duas outras famílias próximas abriram suas portas silenciosamente para observar o movimento, e alguns pares de olhos um tanto assustados espiavam pelas frestas.

    Agatha acenou para aqueles pares de olhos.

    “Voltem para casa, arrumem suas coisas e aguardem instruções. Este local precisa ser evacuado temporariamente. Fiquem tranquilos, resolveremos o problema aqui o mais rápido possível, e vocês poderão voltar para casa em breve.”

    Depois de dizer isso, Agatha não se importou com a reação dos moradores e desceu a escada, caminhando em direção à saída do primeiro andar.

    Ela não usou o “Vento Cinzento” para se locomover, embora geralmente gostasse de fazê-lo. Mas hoje seus pensamentos estavam confusos, e os assuntos turbulentos se enredavam em sua mente. Ela sentia que precisava organizar suas ideias, e caminhar lentamente ajudaria a pensar.

    Ao mesmo tempo, ela também queria sentir a aura remanescente em todo o prédio, para ver se conseguia observar contaminação de “Primal” em outros lugares.

    Assim, pensativa, ela desceu a velha escadaria até a saída e chegou ao espaço aberto fora do prédio residencial.

    O cheiro de mofo desapareceu de repente, e o ar fresco e frio revigorou o espírito de Agatha. Isso até lhe deu uma breve ilusão, como se tivesse saído de uma caverna escura e úmida e chegado à luz do sol.

    A multidão que se reunira do lado de fora do prédio já havia se dispersado, restando apenas alguns poucos transeuntes curiosos parados a uma distância segura, apontando. E após a aparição de Agatha, esses transeuntes também foram embora rapidamente.

    Não, ainda havia alguém aqui.

    Agatha franziu a testa. Ela viu uma jovem de véu, cabelos loiros compridos e segurando um grande saco, ainda parada no espaço aberto em frente ao prédio residencial, parecendo estar distraída.

    “Este local está interditado, por favor, não permaneça”, Agatha se aproximou, advertindo com um tom um tanto sério. “Você é moradora daqui?”

    A mulher loira de véu pareceu se assustar e despertou com um sobressalto. Ela se virou para olhar para Agatha e apontou para si mesma, confusa: “Você está falando comigo?”

    “Claro, quem mais está aqui?”, Agatha franziu a testa. Por alguma razão, ela se sentia um tanto intrigada com essa estranha à sua frente. Embora tivesse certeza de que não a conhecia, sentia que o contorno de suas sobrancelhas e olhos era um pouco familiar, como se a tivesse visto recentemente. “Você mora aqui?”

    “Ah, não, não”, Alice acenou apressadamente com a mão, apontando para longe. “Eu moro para lá, é bem longe. O que aconteceu aqui? Ouvi dizer que alguém morreu?”

    “Os guardas estão cuidando do assunto”, disse Agatha casualmente, enquanto se sentia um pouco confusa. A reação da mulher loira à sua frente era um tanto estranha. Será que ela não a reconheceu como a Guardiã do Portão da cidade?

    Alice, no entanto, não notou nenhuma mudança no olhar da mulher de preto e com bandagens à sua frente. Ela apenas achou a roupa dela muito interessante.

    ‘Parece muito com a do capitão agora.’

    Mas o capitão havia dito para não comentar sobre a aparência dos outros e não falar muito sobre si mesma com estranhos. O primeiro era falta de educação, o segundo, falta de prudência.

    Alice ainda não conseguia soletrar muito bem essas duas palavras, mas sentia que o que o capitão dizia estava certamente correto.

    Era hora de se despedir.

    Então, ela acenou para Agatha e disse com um tom alegre: “Então eu já vou! Obrigada por responder minha pergunta!”

    A mulher loira de véu partiu assim, parecendo radiante. Mas Agatha, observando suas costas, sentia-se apenas estranha.

    ‘Essa pessoa… o que ela veio fazer aqui?’

    Ela viveu nesta cidade-estado por mais de vinte anos, mas nunca vira alguém assim — exalando uma aura indescritível de simplicidade e alegria, falando com um tom desprovido de cautela e sorrindo sem nenhuma sombra.

    Agatha franziu a testa e, em seguida, ficou atônita, como se só depois que a outra partiu, ela tivesse notado algo estranho.

    “Sem respiração e sem batimentos cardíacos…?!”

    A jovem Guardiã do Portão ergueu a cabeça abruptamente, olhando na direção para onde a mulher loira havia ido. Inconscientemente, ela estava prestes a persegui-la, mas assim que ia dar um passo, o som de passos apressados a interrompeu.

    Um guarda de preto correu, segurando um relatório, com uma expressão bastante ansiosa.

    “O que aconteceu?”, Agatha franziu a testa, perguntando seriamente antes que o outro pudesse falar, enquanto pensava consigo mesma: ‘Já está tudo uma bagunça, que não aconteça mais nada.’

    “Despacho urgente do Cemitério Nº 3”, o guarda de preto endireitou-se, falando rapidamente. “Pista sobre o ‘visitante misterioso’. O original está aqui.”

    A respiração de Agatha parou visivelmente por um instante. Em seguida, ela arrancou o papel da mão do outro e, desdobrando-o rapidamente, seus olhos varreram as frases.

    A jovem Guardiã do Portão ficou em silêncio, parada como se estivesse congelada, sem se mover por um longo tempo.

    O guarda de preto olhou para sua superior com preocupação e, após alguns segundos, não pôde deixar de falar: “… Guardiã do Portão, este assunto…”

    Agatha virou a cabeça lentamente, olhando nos olhos de seu subordinado: “Se alguém de repente te dissesse que uma existência semelhante a um deus antigo desceu à cidade-estado em forma física, e que sua maneira de caminhar no mundo mortal é alugar uma casa de dois andares com terraço no centro de ajuda ao cidadão… qual seria sua reação?”

    “… Eu procuraria a igreja mais próxima para aconselhamento psicológico, ou consultaria um psiquiatra de renome”, disse o guarda de preto, honestamente.

    “Você está certo, mas infelizmente eu já sou a representante da igreja de mais alto nível da cidade-estado, e um psiquiatra não pode resolver o problema da descida de um deus antigo”, Agatha suspirou, guardando lentamente o papel. “Cada assunto é importante, a prioridade de cada assunto tem que ser a mais alta… aih.”

    Ela ergueu a cabeça e olhou para o local mencionado no relatório — a Rua do Carvalho.

    Era exatamente a direção para onde a estranha mulher loira sem respiração e sem batimentos cardíacos havia ido.


    Nina corria animadamente pela casa, depois entrou na cozinha, examinando os utensílios que eram visivelmente melhores do que os da sua casa em Pland.

    Shirley e Cão passeavam pela sala de estar e de jantar do primeiro andar, “inspecionando” o lugar com um ar pretensioso, parando ocasionalmente para comentar sobre a mobília ao redor.

    As duas ficaram tanto tempo no Banido que já estavam entediadas.

    Ai, por sua vez, pousou em uma mesa de jantar não muito longe, com o corpo todo enterrado em uma montanha de batatas fritas. Hoje era seu dia de banquete.

    Duncan sentou-se no sofá da sala, observando a cena com um sorriso — embora todo o seu sorriso estivesse coberto por grossas bandagens, Vanna, que estava ao seu lado, teve a estranha sensação de que… naquele momento, o olhar do Capitão Duncan era como o de um pai idoso e bondoso.

    Vanna balançou a cabeça apressadamente, afastando a associação um tanto absurda, e olhou para as duas meninas (e o cachorro) que corriam pela casa.

    “Há um quarto vazio no andar de cima, reservado para vocês. Já foram ver?”

    “Vimos, vimos!”, Nina correu, assentindo repetidamente. “É ótimo, é ainda maior que o meu quarto em Pland!”

    “Este lugar não é nada mau”, Shirley também correu, com um sorriso especialmente radiante no rosto. “Se eu soubesse que vocês estavam tão bem instalados na cidade-estado, teria vindo há dois dias. O navio é tão chato! Não há nada para fazer todos os dias…”

    Duncan virou a cabeça lentamente: “A lição de casa que deixo para você todos os dias é suficiente para três horas. Por que não haveria nada para fazer?”

    Shirley percebeu que falara demais e instantaneamente encolheu o pescoço.

    “Você fez por ela?”, Duncan baixou um pouco a cabeça, olhando para Cão, que tentava se esconder na sombra.

    A cabeça de Cão quase se encolheu no pescoço: “Eu… eu estava praticando mais para mim mesmo, para não desapontar sua diligente educação…”

    Duncan riu — ele riu alto, parecendo muito feliz.

    “Relaxem, eu os trouxe aqui para se divertirem, não para criticá-los”, ele acenou com a mão e olhou para o relógio na parede. “Alice deve voltar em breve. Falta pelo menos uma hora para o jantar. Shirley… vá fazer a lição de casa, comece pela página dezesseis do caderno de vocabulário.”

    O lamento de Shirley, há muito não ouvido, ecoou nos ouvidos de Vanna e Morris.

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