Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan sentou-se no sofá da sala de estar, lendo o jornal que comprara na rua naquela manhã, satisfeito. Ocasionalmente, virava a cabeça para olhar Shirley, que estava debruçada sobre a mesinha de centro, escrevendo com uma expressão de sofrimento, e Cão, que estava ao lado dela, absorto em um exemplar do “Compêndio da História Moderna das Cidades-Estado”. Ele sentiu uma sensação de tranquilidade.

    Neste mundo estranho e bizarro, ele finalmente recuperou um pouco do ritmo familiar de sua vida.

    Por outro lado, trazer Cão, Shirley e Nina para cá também realizava um desejo que ele vinha ponderando há muito tempo: a pequena classe do Capitão Duncan finalmente estava de volta às aulas.

    Ele virou a cabeça e olhou para o outro lado da mesinha de centro. Nina estava sentada em um pequeno banco, escrevendo seriamente sua lição de casa de férias de inverno. Morris a supervisionava ao lado, ajudando ocasionalmente sua aluna a corrigir alguns pequenos erros.

    “Você é um bom e dedicado professor”, disse Duncan a Morris. “Nina tem sorte.”

    “Ela é uma criança esforçada, não quero atrasar sua vida”, Morris sorriu e depois olhou para o caderno de tarefas aberto na frente de Shirley, sua expressão um tanto sutil. “Mas eu não esperava que o senhor também fosse tão bom em… ensinar os outros.”

    Duncan ergueu uma sobrancelha: “Oh?”

    “O plano de estudos que o senhor elaborou para Shirley, Alice e Cão é muito razoável, e até… tem um certo profissionalismo”, o tom de Morris era um pouco hesitante. “Eu vi as provas que o senhor preparou para eles antes, também muito profissionais. Isso foi um pouco… inesperado para mim.”

    O velho senhor escolheu as palavras com muito cuidado. Ele realmente estava intrigado com este assunto. Quando soube pela primeira vez que Duncan estava entusiasmado para alfabetizar os três analfabetos a bordo, o que lhe veio à mente não foram cartões de vocabulário, cadernos de palavras e tabuadas. A primeira imagem que lhe surgiu foi de “seguidores de um deus maligno reunidos em um local de ritual para entrar em contato com conhecimento proibido”. Mas, em vez disso, ele viu o temível Capitão Duncan tirando uma pilha de cartões de alfabetização…

    Como dizer… embora ele já estivesse um pouco acostumado com a natureza pacífica e amigável de Duncan em particular, a ideia de uma sombra do subespaço como ele dando aulas a sério (e aulas de alfabetização, ainda por cima) ainda o deixava desconfortável.

    Duncan, é claro, sabia o que o velho erudito queria dizer, mas não podia explicar. Então, apenas sorriu e acenou com a mão: “Talvez eu tivesse o sonho de ser professor?”

    Morris não soube o que dizer por um momento. Duncan, por sua vez, inclinou-se para olhar a caligrafia de Shirley, que era de dar nos nervos, e não pôde deixar de suspirar: “É uma pena que o progresso de aprendizado desses três ‘alunos’ seja tão díspar. É realmente uma dor de cabeça.”

    Morris pensou um pouco e assentiu: “De fato. Acho que Cão já poderia se enfurnar em uma biblioteca e estudar sozinho até se formar na universidade, mas Shirley ainda está lutando com palavras de uso comum, e Alice… Alice, ela…”

    Duncan suspirou novamente: “Aih, Alice se esforça muito, mas ela é a Alice.”

    O progresso de aprendizado dos três analfabetos a bordo não era nada como ele esperava. Ele pensara que Shirley, com sua mente mais ágil, aprenderia mais rápido, mas ela ainda era semi-analfabeta. Seu espírito inabalável de procrastinação e sua atitude de aprendizado desesperadora eram as principais razões. Alice, por outro lado, se esforçava mais do que ninguém, mas a cabeça da senhorita boneca não parecia ser feita para ler e escrever. No final, o mais proficiente dos três analfabetos acabou sendo um cachorro. Com uma diligência e uma aptidão surpreendentes, Cão agora não só conseguia ler obras literárias sozinho, como até resolvia equações de segundo grau com três variáveis…

    ‘Existem milhares de Cães de Caça Abissais perseguindo o conhecimento, mas parece que só o Cão conseguiu alcançá-lo.’

    Sinceramente, esta era a maior mancha na carreira de professor de Duncan — ou melhor, de Zhou Ming.

    Enquanto ele lamentava isso em seu coração, Alice, que saíra para comprar mantimentos, finalmente voltou — quase vinte minutos mais tarde do que o esperado.

    “Voltei!”

    A senhorita boneca abriu a porta e entrou. Enquanto colocava as coisas que carregava no chão, ela esticou a cabeça e cumprimentou a sala de estar. Em seguida, viu de relance a superdotada, a aluna relapsa e o cachorro estudioso fazendo lição de casa na mesinha de centro, e seu rosto imediatamente se iluminou de alegria: “Nina! Shirley! Cão! Vocês vieram?”

    “Chegamos de manhã, e já estamos fazendo essa merd… já estamos fazendo lição de casa há um tempão…”, Shirley ergueu a cabeça, com os olhos marejados. “O capitão disse para eu reescrever todo o conteúdo do caderno de vocabulário a partir da página dezesseis…”

    “Três vezes”, disse Duncan calmamente ao lado. “Não diminua sua tarefa em dois terços sem que ninguém perceba.”

    Em seguida, ele ignorou a reação de Shirley e olhou para Alice: “Por que voltou tão tarde? Encontrou algum problema?”

    “Ah, não, não!”, Alice acenou apressadamente com a mão. “Só encontrei uma confusão… eu não fiquei olhando a confusão! Foi uma ocorrência, eu estava investigando…”

    Esta boneca realmente não sabia mentir, nem era boa em dar desculpas. Em poucas palavras, ela revelou que se atrasara no caminho para casa porque estava assistindo a uma confusão.

    “Investigando?”, Duncan olhou para Alice com uma leve surpresa. Ele não pensou em repreendê-la por “assistir à confusão”. Embora a tivesse advertido para não vagar pela rua, era um assunto menor. O que o intrigava mais era… que a geralmente desajeitada Alice pudesse dizer a palavra “investigar” com uma expressão tão séria.

    Mesmo que fosse uma desculpa que ela inventou na hora, ele estava muito curioso sobre o que a boneca havia investigado.

    “Na rua ali perto, em uma casa, disseram que alguém morreu, e até o pessoal da igreja foi”, Alice começou imediatamente a contar a Duncan o que vira e ouvira no caminho. “Uma mulher, dizendo que matou o próprio marido, e os curiosos também disseram que o dono da casa tinha saído antes ou algo assim… Ah, é mesmo, eu também vi uma mulher, ela se vestia como o senhor! Também estava com bandagens…”

    Duncan ouvia, atônito, o relato confuso e sem foco da boneca, entendendo a muito custo o que havia acontecido. Em seguida, ele notou a “mulher de bandagens” que ela mencionou no final. Ele franziu ligeiramente a testa e, quando estava prestes a pedir alguns detalhes, viu Vanna, que estava sentada à mesa de jantar alimentando uma pomba, levantar-se de repente.

    “Estranho se aproximando”, disse Vanna rapidamente. “É um clérigo.”

    Duncan imediatamente fez um gesto com a mão, fazendo Alice ficar em silêncio e colocar o véu novamente. Cão, que estava agachado ao lado do sofá, recuou para as sombras em um piscar de olhos. Ai bateu as asas e se escondeu em um armário próximo. Morris levantou-se do sofá e foi até a porta.

    “Não fiquem nervosos, é apenas uma visita”, Duncan estava bastante calmo. Ele acenou para Vanna e Morris, que estavam um pouco tensos, e foi calmamente até a porta, abrindo-a casualmente.

    Uma jovem mulher, vestindo um longo casaco preto, com bandagens pelo corpo, um chapéu coco preto e segurando uma bengala, estava do lado de fora, na posição de quem ia bater à porta.

    Ela parecia ter congelado ali.

    Duncan olhou a jovem de cima a baixo, depois olhou para si mesmo.

    “Ah, estamos usando a mesma roupa”, ele disse casualmente.

    “É ela, é ela”, Alice estava atrás de Duncan e, ao ver claramente a pessoa na porta, aproximou-se alegremente. “A mulher de preto de quem eu lhe falei, vi no caminho de volta das compras…”

    A voz de Alice despertou Agatha de seu estado de torpor. Os músculos de seu rosto tremeram levemente, e ela se esforçou muito para desviar o olhar da figura alta e imponente à sua frente e olhar na direção de onde vinha a voz.

    A mulher loira que ela vira há pouco, sem respiração e sem batimentos cardíacos, estava dentro da casa, olhando para cá com um olhar curioso e feliz.

    Ela estava mesmo aqui.

    Agatha respirou fundo várias vezes, tentando acalmar o coração. O leve zumbido em sua mente foi diminuindo gradualmente, e a visão escura e dupla causada por olhar diretamente para a “verdade” finalmente se dissipou de seus olhos. Ela finalmente soltou um suspiro de alívio, e em sua mente confusa, lembrou-se do motivo de sua vinda.

    Um sorriso um tanto rígido apareceu em seu rosto: “Eu… não quero incomodar, só vim ver a situação, o senhor…”

    “Entre”, Duncan assentiu com um tom calmo, abrindo caminho. “Está frio, não vamos conversar na porta.”

    Agatha ficou atônita por um momento, sem reagir.

    Vendo a cena, Vanna, que estava ao lado sem dizer nada, não pôde deixar de franzir a testa. Ela se aproximou e olhou para a outra: “Você veio até aqui sabendo o que era este lugar, e nem pensou no que aconteceria depois de abrir a porta?”

    “Seja compreensiva”, disse Morris apressadamente ao lado. “Depois de ver o capitão pela primeira vez, a cabeça com certeza fica confusa. Quanto maior a visão espiritual, pior. Esta moça está claramente confusa.”

    Vanna ouviu e imediatamente se lembrou de sua própria experiência de recrutamento no Banido, e achou que o velho senhor estava certo.

    Agatha, enquanto Vanna e Morris conversavam, finalmente reagiu. Seu cérebro ainda estava um pouco confuso, mas a razão já havia retomado o controle. Como Duncan estava conscientemente contendo seu poder, sua mente não foi muito afetada. Assim que se recuperou, ela assentiu apressadamente: “Desculpe, eu me distraí um pouco.”

    Em seguida, ela olhou para o caminho que Duncan havia aberto e, após uma breve hesitação, finalmente deu um passo.

    Ela sabia que lugar era este.

    Ela sabia que a figura imponente era, em essência, um ser inominável, com um status provavelmente semelhante ao de um deus antigo, que havia descido à cidade-estado.

    Ela sabia que estava entrando em um “local de descida”.

    Mas, a partir do momento em que a porta se abriu, não havia mais como voltar atrás.

    Atrás de Duncan, Morris observava a jovem tensa entrar na casa e virou a cabeça ligeiramente para dizer em voz baixa a Vanna: “Melhor do que você da primeira vez.”

    Vanna resmungou em voz baixa: “Não foi minha culpa, a primeira ‘entrada em sonho’ do capitão foi muito assustadora.”

    Morris assentiu: “Isso é verdade…”

    Vanna acrescentou: “Mas na segunda vez eu já estava muito mais calma.”

    Duncan ouviu os dois cochichando atrás dele e finalmente não pôde deixar de se virar: “Você não foi muito melhor na segunda vez. Fiquem quietos, temos visita.”

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