Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    No caminho de volta para a Grande Catedral, Agatha estava com o coração pesado.

    Ter confirmado que a exploração da “Segunda Via Fluvial” era a direção correta era, para ela, uma boa notícia. No entanto, a identidade daquela existência misteriosa ainda estava envolta em mistério, o que a deixava inquieta, não importava o que fizesse. Claro, agora podia-se confirmar que a atitude daquela existência em relação à cidade-estado de Geada era amigável, mas como líder dos guardiões desta cidade-estado, ela precisava pensar a longo prazo.

    A atenção de qualquer ser transcendente superior ao mundo mortal nunca é sem motivo. De certa forma, sua própria “atenção” é uma perturbação com impacto substancial. Por quanto tempo aquele misterioso “visitante” continuaria a observar este lugar? Que impacto a longo prazo sua permanência aqui teria sobre Geada? As pessoas que vivem na cidade-estado mudariam sob essa influência? A própria existência sabia dessa influência? Ou… ela não se importava?

    O pequeno núcleo a vapor emitia um rugido baixo e poderoso. O veículo movido a maquinário mecânico passava pelas ruas antigas da cidade-estado. As paisagens ao lado da estrada recuavam gradualmente no canto da visão. O carro passou por mais um cruzamento e diminuiu um pouco a velocidade.

    A voz do subordinado veio do banco do motorista: “Senhora, vamos voltar diretamente para a Grande Catedral?”

    Agatha ergueu a cabeça e olhou pela janela, na direção da Grande Catedral.

    A Catedral da Serenidade, como sempre, observava silenciosamente toda a cidade-estado.

    O centro de Geada era uma montanha, uma montanha aproximadamente em forma de cone. Ela se erguia no coração da cidade-estado, e abaixo dela ficava a Mina de Ouro Fervente, que trazia riquezas infinitas para a cidade. A Catedral da Serenidade e a prefeitura estavam localizadas no topo daquela montanha — os dois grandes edifícios ficavam lado a lado no ponto mais alto da cidade-estado, e não importava em que canto da cidade se estivesse, era possível ver suas silhuetas.

    Pelo menos a de um deles.

    A catedral era imponente e solene, parecendo bastante sagrada contra o fundo do céu. A prefeitura em frente a ela também era um edifício bastante magnífico — na era da Rainha, meio século atrás, era na verdade um palácio. De acordo com os registros oficiais, seu nome era “Corte de Inverno”, mas a maioria das pessoas a chamava diretamente de palácio da Rainha.

    Naquela era agora considerada tabu, a Corte de Inverno e a Catedral da Serenidade, como um par de gêmeos, observavam a cidade-estado. As histórias clássicas e fantásticas as descreviam como duas forças guardiãs simbólicas — a igreja protegia a noite da cidade, e a realeza protegia o dia da cidade, ambas se apoiando e se sustentando mutuamente.

    Mas, na verdade, a situação atual era bastante semelhante. A força secular representada pela prefeitura ainda guardava esta cidade — apenas a era da Rainha havia terminado.

    Agatha estava um pouco distraída. Ela olhava inconscientemente para aquela montanha, a montanha que já vira inúmeras vezes, e para os dois edifícios em forma de coroa no topo. Ela os via como duas feras gigantes no cume da montanha, e as casas e fábricas de vários tamanhos dispostas ao longo do corpo da montanha eram como o sangue que transbordava do corpo da fera, fluindo sinuosamente pela encosta.

    Ela sentiu uma picada nos olhos.

    “Guardiã do Portão, vamos voltar para a Grande Catedral?”

    A voz do subordinado veio novamente do banco da frente, e Agatha despertou abruptamente de sua distração. Ela piscou, sentindo como se ainda houvesse um leve zumbido em seus ouvidos, mas no segundo seguinte, esse zumbido residual desapareceu silenciosamente junto com a memória momentânea.

    “Não, primeiro vamos para a estação de tratamento de esgoto”, Agatha balançou a cabeça. “Aquela ‘cópia’ que desapareceu no banheiro é realmente preocupante. Preciso confirmar com meus próprios olhos.”

    “Sim.”

    O núcleo a vapor soou alegremente mais uma vez. O carro fez uma bela curva no cruzamento e pegou a estrada para a estação de tratamento de esgoto.


    O céu estava coberto por uma espessa camada de nuvens. A luz fraca do dia flutuava impotente entre as nuvens, parecendo caótica e indistinta. À distância, havia um mar sem fim e uma leve névoa flutuando na superfície.

    Lawrence estava na proa do Carvalho Branco, com a testa franzida, observando a paisagem distante — esta paisagem não mudara por muito tempo.

    Ele se virou e viu que o mar na outra direção também era apenas um oceano sem fim, sem outros navios, e muito menos a silhueta de alguma cidade-estado.

    O vento frio e cortante soprava pelo convés, agitando a bainha de suas roupas e os cabelos brancos em suas têmporas. A testa de Lawrence não se desfranziu por muito tempo.

    “Há quanto tempo deixamos Geada?”, ele se virou de repente e perguntou ao primeiro-imediato ao seu lado.

    “Um dia e uma noite, capitão”, disse o primeiro-imediato imediatamente. “Mantivemos a velocidade máxima o tempo todo.”

    “Não está certo… por que sinto que ainda estamos andando em círculos…”, a expressão de Lawrence era grave. Ele ergueu a cabeça e olhou para a luz caótica do céu, e então, como se de repente se lembrasse de algo: “O telégrafo sem fio consegue receber sinais de cidades-estado ou portos próximos?”

    “Consegue”, o primeiro-imediato assentiu, sua expressão também parecendo bastante séria. “Mas apenas e somente o sinal de Geada.”

    Lawrence respirou fundo: “E o conteúdo?”

    “Mensagem de boas-vindas”, disse o primeiro-imediato lentamente. “‘Porto aberto, bem-vindo a Geada’, recebemos esta mensagem repetidamente.”

    Lawrence franziu a testa, em silêncio. O primeiro-imediato, após um momento de silêncio, resmungou em voz baixa: “É como se… ainda estivéssemos circulando Geada.”

    “Obviamente, estamos presos nesta área do mar”, disse Lawrence com a voz baixa. “Como está o clima a bordo agora?”

    “Todos já perceberam que algo está errado, mas todos ainda estão muito calmos”, o primeiro-imediato olhou para trás, na direção do convés, onde se podiam ver marinheiros ocupados em seus postos. “São todos bons homens. Não é como se nunca tivéssemos passado por ‘coisas estranhas’ no Mar Infinito, mas todos acreditam que o senhor conseguirá tirar todos daqui, então ninguém veio perturbar.”

    Lawrence não falou, apenas ergueu a cabeça e olhou mais uma vez para aquele céu caótico e indistinto.

    O primeiro-imediato notou o gesto um tanto estranho do capitão e não pôde deixar de perguntar: “O que o senhor está olhando?”

    “Eu…”, Lawrence esfregou a testa, sentindo-se um pouco confuso, como se tivesse esquecido algo muito importante. “Estou pensando sobre o curso.”

    “O curso?”

    “Sim, o curso”, Lawrence fechou os olhos com força e os abriu novamente, enquanto pensava no que havia esquecido e falava como se para si mesmo. “Você não acha… que esquecemos algo? Nosso curso atual… não deveríamos calibrá-lo?”

    O primeiro-imediato ficou atônito por um momento e inconscientemente falou: “Calibrar o curso? O senhor está falando da sala de observação? O navegador…”

    “Espere, não, não é a sala de observação”, Lawrence interrompeu o primeiro-imediato de repente. Ele parecia estar despertando lentamente de um longo sonho. “A sala de observação é usada para calibrar a rota em circunstâncias especiais, porque tem contaminação e não pode ser usada com frequência. Deveria haver um método mais simples, mais universal e mais seguro, durante o dia, para confirmar a direção do navio. Deveria haver um método assim…”

    Enquanto Lawrence falava, sua velocidade aumentava. Em seguida, como se tivesse pensado em algo, ele se virou de repente e correu em direção à cabine do capitão.

    O primeiro-imediato estava confuso, mas instintivamente seguiu os passos do capitão. Ele seguiu Lawrence de volta à cabine do capitão e, ao vê-lo revirar o quarto, finalmente não pôde deixar de perguntar: “O que o senhor está procurando?”

    “Algum tipo de instrumento, usado durante o dia, para calibrar o curso…”, Lawrence disse rapidamente enquanto revirava seu quarto. E uma forte impressão ressurgia pouco a pouco em sua mente. Ele sentia que estava prestes a se lembrar, prestes a saber o que estava procurando… De repente, seu olhar pousou na mesa não muito longe.

    Um pequeno instrumento estava lá, composto por um tubo de luneta e algumas escalas estranhas.

    Lawrence se aproximou lentamente, pegou o pequeno instrumento com alguma confusão e tentou se lembrar de sua função.

    Após um momento, ele saiu do quarto com o pequeno instrumento, pensativo, e foi para o convés lá fora. Sob o olhar perplexo do primeiro-imediato, ele ergueu o instrumento, colocou-o diante dos olhos e apontou para o céu.

    “Capitão, o que o senhor está fazendo?”, perguntou o primeiro-imediato, curioso.

    Lawrence abaixou lentamente o instrumento.

    Um leve brilho verde-espectral pareceu piscar em seus olhos, mas nem ele mesmo percebeu, nem o primeiro-imediato à sua frente.

    O rosto do velho capitão estava apenas confuso e chocado. Ele encarou o primeiro-imediato por alguns segundos e só então falou lentamente com a voz rouca: “Você se lembra… que no céu existe algo que brilha e emite calor, que flutua precisa e pontualmente sobre nossas cabeças, e que pode ser usado para ajudar os navios a calibrar o curso durante o dia…”

    O primeiro-imediato arregalou os olhos lentamente, como se algumas memórias ou impressões também estivessem despertando em sua mente.

    Lawrence se virou novamente, olhando para as nuvens caóticas e para a luz turva e indistinta por trás delas, sem uma fonte aparente. A luz parecia se espalhar uniformemente, sem nenhum sinal de um corpo luminoso claro e forte nas nuvens.

    Ele desviou o olhar, encarando seu primeiro-imediato fixamente: “Para onde foi o sol?”

    O primeiro-imediato, no entanto, só conseguiu repetir as palavras do capitão, confuso: “… Para onde foi o sol?”

    “Não é estar perdido, não é um labirinto, não é um fenômeno cíclico…”, Lawrence resmungou em voz baixa. “O Carvalho Branco como um todo entrou em um espaço anômalo…”

    O primeiro-imediato ergueu lentamente a cabeça, olhando para o vasto mar do lado de fora do costado, com um olhar de confusão e medo.

    Mas, de repente, ele pareceu ter descoberto algo.

    Uma porção de terra apareceu no mar.

    Era uma pequena ilha.

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