Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    O aglomerado de sombras no Plano Espiritual recuou, e o ruído caótico e a malícia avassaladora que permeavam todo o espaço também se dissiparam rapidamente.

    Agatha ergueu a mão esquerda e “observou” silenciosamente o herege magro caído na beira da área triangular. Este se contorcia de dor no chão, as correntes negras que se estendiam de seu corpo já estilhaçadas. Fumaça subia das correntes quebradas, que se desfaziam em pó, elo por elo.

    Após a morte do demônio abissal em simbiose, a vida deste herege também chegaria ao fim em breve — mas, pelo menos por enquanto, ele ainda podia responder a algumas perguntas.

    Embora Agatha não esperasse que este herege obstinado realmente cooperasse, ela se aproximou lentamente e parou na beira do triângulo, olhando de cima para o cultista moribundo.

    “Vocês conseguiram corroer e substituir completamente uma infraestrutura sob os olhos da igreja, e até mesmo substituir todos os padres… Isso me surpreende muito”, ela disse lentamente, sua voz misturada com um eco baixo e ressonante, como se viesse de uma tumba. Este som estonteante podia enfraquecer as defesas da vontade da maioria das pessoas. “Como vocês fizeram isso?”

    O herege moribundo lutou para erguer a cabeça, mas apenas mostrou um sorriso zombeteiro. Seu rosto magro não tinha mais medo: “Adivinha?”

    Agatha, impassível: “O ninho de vocês fica dentro da cidade de Geada, certo?”

    “Hoh…”, a cabeça do cultista tremeu. Ele se apoiou com força e deitou-se de costas no chão pálido, para encarar o olhar superior de Agatha. “Não perca seu tempo. E daí que é em Geada… vocês não vão encontrar… Quando encontrarem o Santuário, será o dia do nosso sucesso, sua clériga tola…”

    Agatha, com uma expressão impassível, apenas ergueu sua bengala e apontou a ponta para o peito do cultista: “O que vocês querem exatamente? Contaminar a cidade-estado com o chamado ‘Primal’? Ou sonham em substituir os vivos da cidade-estado com aquelas ‘cópias’ que nem conseguem se manter estáveis? Que ligação vocês têm com as forças do mar profundo? Tem a ver com o Projeto Abismo?”

    Uma chama pálida se acendeu na ponta da bengala. A chama queimava a carne e a alma, e a dor imensa fez o cultista se contorcer e convulsionar. No entanto, este herege, já mergulhado no fanatismo, apenas cerrou os dentes e olhou com fúria para a Guardiã do Portão à sua frente. Entre seus dentes que rangiam, saía apenas uma risada assustadora e bizarra: “Heh… heh… o prometido… está para chegar… ninguém… ninguém vai escapar…”

    Agatha finalmente franziu a testa. Ela ergueu lentamente o braço, e o cultista foi erguido no ar pela ponta de sua bengala. A chama pálida queimava seu corpo, já distorcido pela longa simbiose com o demônio abissal, fazendo-o parecer um trapo esvoaçante no fogo.

    Sua voz era fria, como se fluísse em uma tumba: “Última pergunta. Por que vocês, hereges… conseguem pronunciar o nome do deus da morte?”

    Nas chamas pálidas, um sorriso se abriu lentamente no rosto do cultista magro como um esqueleto. Ele parecia particularmente feliz. Ao ver a Guardiã do Portão da igreja confusa com essa pergunta, até metade da dor da “cremação” pareceu se dissipar.

    “O Senhor das Profundezas trouxe a revelação… a direção de todas as fés no mundo não tem diferença… Nós, que recebemos a revelação, já cruzamos as chamadas fronteiras… Guardiã do Portão, você acha que o seu deus e o Senhor das Profundezas realmente têm alguma diferença?”

    A expressão de Agatha mudou instantaneamente. O cultista à sua frente comparou o Senhor das Profundezas ao deus da morte. Tais palavras blasfemas a encheram de raiva. No entanto, o cultista, em meio às chamas que consumiam seu corpo, exibiu um último sorriso de libertação, não lhe dando chance de continuar o interrogatório. Com seu último suspiro, os poucos restos de seu corpo se transformaram rapidamente em cinzas.

    “…Palavras de um louco, confusas e desordenadas.”

    Agatha, com o rosto sombrio, abaixou lentamente a bengala. A raiva em seu coração ainda persistia, mas essas emoções não interferiram em seu julgamento racional. Após controlar suas emoções, ela começou a pensar imediatamente.

    Deixando de lado a declaração final do outro, que comparava o Senhor das Profundezas ao deus da morte, este cultista, obstinado até o fim, na verdade revelou muitas informações que poderiam ser usadas para especulação.

    ‘Eles realmente têm um “ninho” na cidade de Geada, e chamam esse ninho de “Santuário”, o que significa que é de fato um lugar para realizar rituais, o que corresponde às informações conhecidas. O Santuário também está “escondido” por um método especial, tornando-o extremamente difícil de encontrar. E ele mencionou agora que, quando o Santuário for encontrado, será o momento de seu sucesso… Portanto, o método de ocultação daquele lugar provavelmente está relacionado ao progresso de seu “ritual”. Quanto mais perto da conclusão do ritual, mais óbvia se torna sua ocultação…

    ‘É porque a realização do ritual inevitavelmente vaza alguma aura? Ou porque expor o Santuário é um passo indispensável para a conclusão do ritual?

    ‘O cultista também mencionou a frase “o prometido está para chegar”, o que talvez corresponda à “profecia” final em seu sistema de crenças, ou seja, que o poder do Senhor das Profundezas subverterá o mundo real, e o Mar Profundo, originalmente localizado nas profundezas do mundo, se tornará a nova “realidade”. Aqueles Aniquiladores loucos sempre consideraram o Mar Profundo como sua terra prometida, e sobre isso não deve haver dúvidas.

    ‘Mas como esse processo será realizado? Apenas despejando “Primal” constantemente na cidade-estado? Isso obviamente não é suficiente… Aquelas “cópias” mal conseguem manter sua própria estabilidade a longo prazo, como poderiam contaminar toda uma cidade-estado?

    ‘A menos que… aqueles Aniquiladores tenham uma maneira de estabilizar as “cópias” por um longo tempo. Eles poderiam criar um ambiente assim, ou… transformar Geada em um ambiente assim…’

    Agatha franziu a testa, encerrando rapidamente seu pensamento e erguendo a cabeça para olhar ao redor.

    Ela ainda estava no Plano Espiritual. As coisas ao redor eram iluminadas pelo brilho pálido que entrava pelas fendas no teto, parecendo silhuetas. Um leve ruído vinha vagamente de todas as direções. As sombras insaciáveis do Plano Espiritual estavam se agitando novamente — um banquete não as manteria quietas por muito tempo.

    A jovem Guardiã do Portão balançou a cabeça, ergueu a mão esquerda e colocou seu globo ocular de volta na órbita.

    O ruído vago ao redor desapareceu instantaneamente. As silhuetas e o espaço em preto, branco e cinza recuperaram suas cores em um piscar de olhos, e a aura do mundo real a atingiu.

    Agatha soltou um leve suspiro, tirou um colírio de suas roupas, mas de repente, seus movimentos congelaram.

    O ambiente estava mortalmente silencioso, vazio.

    Agatha ergueu a cabeça e olhou ao redor. Não viu os guardas de preto que trouxera, nem o administrador do centro de tratamento de esgoto que fugira, muito menos os restos de cinzas dos três cultistas e da dúzia de “cópias”.

    Em teoria, ela havia eliminado os cultistas e as “cópias” no Plano Espiritual, e seus restos deveriam aparecer simultaneamente no mundo real.

    O silêncio ao redor era bizarramente estranho. Ela não conseguia nem mesmo sentir a presença de qualquer ser vivo por perto.

    Agatha franziu a testa com força. Ela girou os olhos, aliviando o ressecamento enquanto observava cuidadosamente o ambiente, e então caminhou lentamente em direção ao grande portão não muito longe.

    O portão de metal levemente enferrujado estava entreaberto, como se alguém o tivesse deixado mal fechado ao sair apressadamente.

    Com um som de rangido, o portão de metal foi sendo aberto pouco a pouco.

    Atrás do portão, havia um longo corredor. As lamparinas a gás no corredor queimavam calmamente, brilhantes, mas sem transmitir a sensação de calor e segurança que a luz deveria trazer.

    Tac… tac… tac

    O som da bengala e dos saltos batendo no chão ecoava de forma nítida e vazia no corredor. Agatha caminhava lentamente pelo corredor.

    Todo o centro de tratamento de esgoto estava vazio.

    Mas também não havia nenhum inimigo à vista.

    Ela atravessou diretamente a área da fábrica e chegou ao espaço aberto do lado de fora.

    O céu estava escuro e sombrio. Nuvens caóticas e pesadas cobriam a cidade-estado. Apenas uma luz fraca e sem força se difundia entre as nuvens, mal permitindo perceber que era dia. Todos os edifícios à vista estavam envoltos nesta luz sombria, exalando uma atmosfera fria, silenciosa e bizarra.

    Agatha lembrava-se claramente de que, quando chegou ao centro de tratamento de esgoto, o tempo lá fora estava bom e ensolarado — o sol estava alto no céu, e a cidade-estado estava sem nuvens.

    ‘O sol?’

    Uma ponta de dúvida surgiu no coração de Agatha. Em seguida, essa leve dúvida se expandiu para uma clara sensação de ruptura em sua cognição. Ela percebeu algo abruptamente e ergueu a cabeça novamente para observar o céu com atenção.

    O céu tinha apenas um brilho caótico de origem desconhecida, sem nenhum corpo celeste que pudesse ser chamado de “sol”.

    Agatha se esforçou para se lembrar da aparência do “sol”, do conceito de “sol”.

    Ela não conseguia se lembrar, como se uma cortina pesada cobrisse sua razão, impedindo-a de se lembrar como era o “sol” em sua memória. Mas um ponto era muito claro: neste mundo, deveria existir algo chamado “sol”, algo que naturalmente pairava no céu, capaz de emitir luz e calor para iluminar todas as coisas!

    “…Interferência cognitiva, capaz de afetar a Guardiã do Portão… de uma intensidade surpreendente e cobrindo todo o ambiente…”, Agatha murmurou para si mesma. Após um breve momento de choque, ela já havia se acalmado rapidamente e observou novamente os arredores.

    “É um Domínio Anômalo.”

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