Capítulo 380: A Ilha na Névoa

A ilha se aproximava cada vez mais, e a névoa densa na ilha, bem como as silhuetas nela, tornavam-se cada vez mais claras. Lawrence estava na proa do Carvalho Branco, as mãos agarrando firmemente o parapeito à sua frente, os nós dos dedos brancos de tanto apertar.

Qualquer um ficaria nervoso, até mesmo um velho capitão que navegara no Mar Infinito por metade da vida. O que haveria naquela ilha? O que eram as sombras naquela névoa densa? Por que aquela ilha aparecia ao redor do Carvalho Branco como se tivesse consciência? E o mais importante… que lugar era aquele, esta área do mar envolta em fenômenos bizarros?

Lawrence respirou fundo. O ar frio encheu seus pulmões, forçando seus pensamentos turbulentos a se acalmarem. Ele se esforçou para não pensar em outras coisas anormais, como Masha aparecendo diante de seus olhos, e o fato bizarro de que outras pessoas além dele também podiam ver Masha. Ele sabia que precisava cortar esses pensamentos, porque tudo isso estava obviamente relacionado ao seu estado mental em deterioração. Se continuasse a pensar nisso, Masha poderia realmente não ser mais apenas uma ilusão.

Ele não tinha mais remédio, e mesmo que tivesse, o remédio obviamente perdeu seu efeito.

O núcleo a vapor funcionava de forma estável. O Carvalho Branco se aproximava gradualmente da pequena ilha com sua costa sinuosa. Este belo navio branco navegava pela superfície do mar, deixando um longo rastro para trás. Nas ondas que se espalhavam, um leve brilho verde-espectral passou piscando.

No entanto, ninguém notou a situação na popa do navio — a atenção de todos a bordo estava agora concentrada naquela ilha bizarra.

A borda da ilha era íngreme, com rochas disformes, sem um lugar adequado para atracar. O timoneiro experiente não se aproximou diretamente, mas manobrou o Carvalho Branco para começar a circunavegar a ilha.

Quando o navio contornou cerca de um terço da ilha, o marinheiro no posto de observação fez uma descoberta repentina.

“Há um porto!”, gritou o marinheiro da plataforma alta.

Um momento depois, um pequeno cais apareceu no campo de visão de Lawrence. As instalações no fundo do cais estavam envoltas em névoa e não podiam ser vistas claramente, mas a parte que se estendia para o mar ainda podia ser vista. A estrutura estava intacta, sem sinais de danos.

Haver instalações portuárias completas significava que o Carvalho Branco poderia atracar inteiro, sem a necessidade de usar pequenos barcos para desembarcar, o que sem dúvida aumentava a segurança da exploração na ilha. Além da conveniência de reabastecimento e retirada, os poucos canhões de pequeno calibre a bordo do Carvalho Branco também poderiam fornecer cobertura para as operações de exploração ao longo da costa.

Lawrence voltou para a ponte de comando. Sob seu comando, o Carvalho Branco começou a se aproximar cautelosamente do cais deserto. Como não havia ajuda de pessoal de orientação em terra, todo o processo de atracação foi extremamente lento, mas finalmente foi concluído em segurança.

Lawrence olhou para o outro lado do cais e viu que a ilha estava coberta de névoa. Até mesmo as instalações portuárias próximas pareciam turvas por causa da névoa. Não sabia se era uma ilusão, mas sentia que a névoa na ilha era ainda mais densa do que observara antes.

“Não vi ninguém”, o primeiro-imediato se aproximou de Lawrence, observando a situação na ilha enquanto falava. “Mas posso ver algumas luzes vagamente… parecem vir dos edifícios do porto.”

“O rádio respondeu?”

“Não. Depois de nos aproximarmos desta ilha, até mesmo o sinal de Geada, que sempre recebíamos, não pode mais ser recebido”, o primeiro-imediato balançou a cabeça. “O sinal de luz também não recebeu resposta.”

Lawrence ponderou por um momento: “Vá e escolha doze marinheiros astutos e cautelosos, leve armas e explore a ilha comigo.”

“O senhor vai pessoalmente para a ilha?”, o primeiro-imediato ficou chocado. “Esta ilha parece muito bizarra. Se o senhor fizer isso, temo que haverá…”

“Risco? O risco de ficar no navio provavelmente é o mesmo”, Lawrence balançou a cabeça. “O bizarro não é esta ilha, é toda esta área do mar. Estamos presos em um grande fenômeno anômalo. Dentro do alcance do fenômeno, o perigo está em toda parte. Explorar a ilha pelo menos pode nos dar a chance de encontrar informações úteis.”

O primeiro-imediato abriu a boca, mas teve que admitir que a experiência e o julgamento do capitão eram úteis.

“Certo, vou me preparar agora mesmo.”

Após um tempo, o primeiro-imediato selecionou doze marinheiros que atendiam aos requisitos. Eram todos marinheiros experientes com muitos anos de serviço, e eram pessoas de vontade firme e fé devota. Somando-se o próprio primeiro-imediato, um total de treze pessoas se prepararam para desembarcar na ilha com Lawrence.

Os assuntos de permanência a bordo do Carvalho Branco foram temporariamente entregues ao segundo imediato.

A escada de corda se estendia até o cais. Lawrence liderou sua pequena força de exploração e pisou na misteriosa ilha envolta em névoa.

A sensação de pisar em terra firme diminuiu um pouco a inquietação da equipe de exploração. Lawrence parou no cais, bateu o pé com força no chão, virou-se e resmungou: “Pelo menos este chão de cimento é real.”

“A luz está naquela direção”, o primeiro-imediato segurava um rifle de grosso calibre e ergueu a cabeça para olhar à distância. “Ainda podemos ver daqui, mas ainda não há sinal de atividade humana.”

“Não se separem, não toquem em nada que não conheçam. Se ouvirem uma voz falando com vocês, não respondam antes de confirmar a fonte da voz e a posição de seus companheiros de equipe”, Lawrence instruiu com uma expressão séria. “Se virem qualquer coisa suspeita na névoa, avisem a todos imediatamente. Não podem atirar por conta própria ou se afastar da equipe para explorar.”

Ele fez uma pausa e olhou ao redor para a equipe que trouxera.

Doze marinheiros, um primeiro-imediato e ele mesmo.

“Por fim, lembrem-se, nós somos e só somos quatorze pessoas. Antes de voltarmos para o navio, o número de pessoas pode diminuir, mas nunca aumentar.”

Os marinheiros responderam imediatamente: “Sim, capitão!”

Lawrence assentiu e liderou a equipe em direção àquela névoa densa.

Eles atravessaram o cais e chegaram a um local aberto, que parecia ser uma área de empilhamento para distribuição temporária de mercadorias. Ainda era possível ver algumas instalações de empilhamento remanescentes e pequenos mecanismos de elevação, mas, além dessas instalações, ainda não se via nenhuma “pessoa”.

“Isto não parece abandonado há muito tempo”, o primeiro-imediato observou o ambiente, resmungando. “Parece que era um cais movimentado há apenas alguns dias.”

Lawrence, no entanto, não disse nada. Ele observou cuidadosamente as instalações portuárias próximas e, de repente, seu olhar pousou em uma placa de identificação.

“Suprimentos do Porto da Ilha Adaga.”

Ilha Adaga, era o nome desta ilha.

“Isto é a Ilha Adaga?”, o primeiro-imediato se aproximou, olhando para as palavras na placa, com um pouco de surpresa nos olhos. “Eu já ouvi falar deste lugar… é uma pequena ilha perto da cidade-estado de Geada, que antes produzia Ouro Fervente, mas dizem que se tornou uma instalação militar há muitos anos… Isto é realmente a Ilha Adaga?”

“Nada aqui é confiável. Nós até atracamos brevemente em um lugar que parecia muito com ‘Geada’ antes”, Lawrence balançou a cabeça. “Continue andando. O lugar com a luz remanescente pode ser o escritório do porto, talvez haja algo lá que possa responder às nossas perguntas.”

A equipe de exploração deixou a área de empilhamento do cais e começou a subir uma rampa em direção à luz que brilhava na névoa. Todos estavam com os nervos à flor da pele, atentos aos movimentos na névoa.

Um vento muito fraco soprava desordenadamente na ilha, fazendo a névoa cinza-esbranquiçada se mover lentamente. As silhuetas estranhas vagamente visíveis à distância pareciam se mover junto, como algum tipo de ser vivo balançando levemente seu corpo. E nesta névoa escura e caótica, a luz tornava-se cada vez mais evidente, aproximando-se pouco a pouco no campo de visão de todos.

O primeiro-imediato, que ia na frente da equipe, parou de repente.

“O que é isto?”, o primeiro-imediato baixou a cabeça, franzindo a testa ao observar uma pilha de coisas estranhas na beira da estrada.

Lawrence, segurando um revólver em uma mão e uma lamparina na outra, aproximou-se do primeiro-imediato e viu a pilha de coisas.

Parecia uma pilha de lama preta-acinzentada — já seca, com bordas rachadas, mas ainda era possível ver sua ondulação no último momento.

Como se uma massa de lama fervente e borbulhante um segundo antes tivesse sido drenada de toda a sua umidade no instante seguinte.

“Lodo?”, Lawrence franziu a testa, sem tocar precipitadamente na coisa bizarra. “Por que haveria lodo aqui?”

“Eu acho que vi um pouco de lama preta parecida perto do cais antes”, um marinheiro da equipe disse de repente, um tanto incerto. “Mas na hora a coisa estava misturada com um monte de tralha, pensei que fosse só lixo…”

Lawrence assentiu, e logo em seguida outro marinheiro gritou de repente: “Aqui tem outra pilha!”

Lawrence olhou na direção do som e viu outra pilha de lama preta no chão do outro lado da estrada.

‘Esta ilha está cheia dessa coisa?’

Uma sensação de inquietação se espalhou em seu coração, mas ninguém podia responder o que era aquela lama. Lawrence reuniu a equipe com cautela, fazendo com que todos evitassem o contato com o “lodo” estranho, e depois continuou a caminhar para as profundezas da névoa.

Após mais um tempo, eles finalmente chegaram ao final da rampa. Como Lawrence julgou anteriormente, era a localização do escritório do porto.

Um pequeno edifício construído com concreto armado estava ali. Uma luz amarelada saía das janelas, e de dentro não se ouvia nenhum som.

A porta principal do edifício estava ligeiramente entreaberta. Na porta, havia uma placa com as palavras “Escritório Geral do Porto”.

Lawrence se aproximou da porta, encostou o ouvido para confirmar se havia algum som lá dentro e depois se preparou para empurrar a porta.

Mas, de repente, seus movimentos pararam.

Na parede ao lado da porta, uma linha de arranhões, como se gravada apressadamente com uma adaga, apareceu em sua visão. Era, inconfundivelmente, uma frase:

“Humanos têm e só têm dois olhos!”