Capítulo 416: O Paradeiro do Governador

A jazida mais profunda da mina de Geada se esgotou há décadas, o “sangue” do qual esta cidade-estado dependia para viver era muito provavelmente apenas o resultado de alguma distorção, um grande portão deixado pela primeira geração da Prefeitura estava enterrado nas profundezas do fundo da Mina de Ouro Fervente, e a Prefeitura e o Governador atuais poderiam ser participantes e mantenedores deste segredo—

Mesmo os guardas, bem treinados, disciplinados e acostumados a lidar com todo tipo de coisas perigosas e bizarras, não puderam deixar de cair em silêncio e espanto ao ouvir essas notícias.

E, além do espanto, eles também entenderam por que esta operação foi classificada como secreta, e por que a Guardiã do Portão só anunciou a situação específica depois que todos desceram ao poço.

Uma notícia como esta, mesmo sem considerar a ameaça representada pela visão anômala por trás dela, apenas a verdade do “esgotamento da jazida” em si, era suficiente para desencadear uma tempestade na cidade-estado!

“Agora, ainda não podemos confirmar se todos os túneis da mina se esgotaram há décadas, muito menos o que exatamente tem sido transportado desta mina, dado o esgotamento da jazida. A única coisa que podemos confirmar é que, se tudo isso for realmente produto de algum tipo de ‘contaminação’, e se os fenômenos anormais atuais na cidade-estado também estiverem relacionados a essa contaminação, então estamos agora no ponto de origem e no ponto mais profundo da contaminação.”

O olhar de Agatha varreu seus subordinados, seu tom tão calmo e firme como de costume.

“Eu acredito que todos sabem da situação na superfície agora. Também sei que vocês tiveram dúvidas, dúvidas sobre por que, em um momento tão crítico, o esquadrão mais de elite foi enviado aqui para investigar um túnel de mina. Eu, como vocês, estou preocupada com nossos compatriotas que lutam contra os monstros na névoa, preocupada com a batalha nas águas circundantes.

“Mas, neste momento, também estamos em um campo de batalha. Investigar a fundo a situação nesta mina é a maior ajuda que podemos dar aos nossos companheiros em outros lugares. Encontrar a fonte da crise na raiz é melhor do que um desgaste sem fim contra aqueles monstros na névoa.

“É isso. Alguém mais tem perguntas?”

Ela olhou ao redor e o que viu foi a expressão calma e determinada de seus subordinados, como sempre. Ela assentiu levemente.

“Certo, então vamos começar a operação. O alvo é a camada de extração mais profunda. Ao longo do caminho, observem o ambiente escuro e verifiquem a condição dos equipamentos de ventilação e iluminação a qualquer momento. Todos receberam um kit de autorresgate da mina ao descer. Agora, coloquem as máscaras, abram a válvula de circulação externa. Todos se lembram de como usar, certo? Se houver uma situação, girem a válvula no sentido horário para a circulação interna e puxem o pino do autorresgate, retirando-se rapidamente para a galeria principal, priorizando a autopreservação.”

Os guardas, sacerdotes e freiras executaram a ordem imediatamente, colocando as máscaras de respiração sobre a boca e o nariz, verificando o estado dos tubos de conexão e das válvulas de circulação, e fixando as lanternas especiais de poço nos ganchos do peito para não atrapalhar a movimentação.

Agatha, no entanto, não usou máscara. Como Guardiã do Portão do deus da morte, sua constituição já era diferente da de um humano comum, especialmente no que diz respeito à “respiração”. Gases tóxicos comuns e ambientes sufocantes não afetariam suas ações.

E enquanto seus subordinados se preparavam para partir, um leve silvo de repente chegou aos ouvidos de Agatha.

No início, ela pensou que era o som das válvulas de circulação quando seus subordinados respiravam através das máscaras. Mas logo, ela percebeu que o silvo vinha de um lugar mais distante — fora do grupo, nas sombras onde a luz não alcançava.

“Atenção!”, Agatha reagiu instantaneamente, alertando em voz alta. E no segundo seguinte, vários outros soldados guardas também notaram o som de uma válvula vazando na escuridão. Vários feixes de luz foram direcionados simultaneamente para aquela direção.

Na penumbra onde a luz e a névoa se entrelaçavam, Agatha viu uma figura humana emergir no canto escuro — uma figura vestindo um casaco preto e grosso, com uma máscara de gás, e que parecia estar carregando uma arma.

A figura estava caída no meio de um monte de destroços, respirando com dificuldade. O silvo vinha de sua máscara de gás.

‘Por que uma pessoa apareceria de repente aqui? Os guardas verificaram todo o ponto de transporte antes, é impossível que tenham deixado passar uma figura tão óbvia!’

A dúvida surgiu instantaneamente no coração de Agatha, mas suas ações não hesitaram. Em poucos passos, ela chegou ao lado da figura que parecia estar morrendo, com os guardas logo atrás dela.

“…É um soldado da cidade-estado”, um guarda reconheceu instantaneamente o equipamento do homem caído. “A guarda pessoal do Governador.”

Agatha examinou rapidamente o soldado e viu que, por fora de seu casaco preto e grosso, ele usava uma couraça de metal. Os canos de força que conectavam a couraça e os protetores de braço já estavam quebrados. A máscara de respiração militar cobria quase todo o seu rosto, e só pela constituição era possível determinar que era um soldado do sexo masculino. E seu ferimento fatal estava perto do peito, parecendo ter danificado gravemente os órgãos internos.

Um de seus braços estava quebrado, e a outra mão ainda segurava firmemente um fuzil.

Parecia que a luz que apareceu de repente o havia estimulado. Depois que Agatha se aproximou, o soldado com a máscara de respiração se moveu de repente, como se tentasse levantar a cabeça com esforço.

Os guardas ao redor se assustaram instantaneamente e, por instinto, levantaram suas armas. Agatha, no entanto, acenou com a mão, deu um passo à frente e inclinou-se ligeiramente.

“Quem é você?”, ela perguntou.

“Guarda do Governador… Martin… Breyer… sargento…”

“Sargento Breyer, por que você está aqui?”

“O Governador… Winston…”, o soldado da guarda, que se autodenominava Sargento Breyer, falou com voz rouca. A voz sob a máscara de respiração tornava-se cada vez mais difícil. Ele mencionou o nome do Governador e, lutando, levantou o braço, parecendo querer apontar para algum lugar. “O senhor Winston… entrou em uma sala secreta… precisamos… de apoio…”

Ele não conseguiu terminar. O braço de repente perdeu a força, e de baixo da máscara de respiração veio um último silvo que enfraqueceu rapidamente.

Ele morreu. E no segundo seguinte à partida da vida, Agatha viu uma lama preta e suja vazar lentamente de suas feridas e de baixo da máscara. Este corpo se desintegrou rapidamente como se estivesse derretendo, emitindo um som de contorção pegajosa de arrepiar.

“Cópia!”

Os guardas ao redor reagiram imediatamente, recuando rapidamente. O sacerdote que os acompanhava deu um passo à frente abruptamente e, ao mesmo tempo, jogou um punhado de um pó misto, já preparado, sobre o corpo que se desintegrava, e lançou uma bola de fogo pálida sobre o corpo.

Com um estrondo, as chamas pálidas se ergueram. O corpo da cópia foi consumido pelas chamas em um piscar de olhos. Após uma queima rápida e breve, restou apenas uma pilha de lama preta já seca e que parara de se contorcer, e o calor que pairava no ar.

Agatha observou a cena com uma expressão calma. Quando a figura apareceu, ela já havia percebido que o outro poderia ser uma réplica que surgiu desta névoa densa. E agora, ela se virou, pensativa, e olhou para o lugar que o “Sargento Breyer” apontou antes de morrer.

“Nesta direção…”, ela resmungou em voz baixa.

“Senhora Guardiã do Portão, isso é apenas o engodo de uma cópia”, o sacerdote ao lado ouviu o resmungo e não pôde deixar de se adiantar para lembrar. “Pode ser uma armadilha do inimigo.”

“Mas parece que ele não sabia que era uma cópia”, Agatha, no entanto, balançou a cabeça levemente. “Ainda se lembra da informação que obtivemos antes? Essas ‘cópias’ parecem ter três tipos: umas são confusas e atacam todos os seres vivos; outras parecem estar sob controle e destroem a cidade de forma organizada; e ainda há um terceiro tipo, que parece reter a memória e as emoções do original, e nem mesmo percebe que é falso…”

O sacerdote hesitou por um momento, seu tom um tanto incerto: “A senhora quer dizer…”

O olhar de Agatha pareceu um tanto complexo por um instante, mas ninguém notou sua hesitação momentânea. Após uma breve reflexão, ela disse com um tom calmo: “Esta ‘cópia’ foi replicada não muito tempo atrás. Ele pode reter memórias de algumas horas atrás ou até menos. Por outro lado, quando descemos ao poço, as notícias da Prefeitura foram todas transmitidas pelo secretário principal. O Governador Winston parecia estar em paradeiro desconhecido.”

O sacerdote reagiu rapidamente, entendendo o que Agatha queria dizer.

“A ‘cópia’ é falsa, mas sua memória é real”, ele disse rapidamente. “O Governador Winston pode realmente ter vindo aqui com uma equipe de soldados não muito tempo atrás, e entre eles havia um sargento chamado Martin Breyer que morreu em batalha no túnel da mina. Esta névoa densa replicou o sargento recém-morto e sua memória!”

“Talvez essa seja a verdade.”

Agatha assentiu levemente e, em seguida, virou-se para o túnel da mina iluminado pela luz tênue.

Ninguém sabia da situação nas profundezas da camada de extração, mas o Governador Winston obviamente dominava algumas verdades que os outros não sabiam. Agora que ele, em um momento crucial em que toda a cidade caía em um fenômeno anômalo, trouxera uma equipe de soldados para as profundezas desta mina, não havia dúvida de que a maior pista poderia estar nesta direção.

“Obrigada por indicar o caminho.”

Agatha virou a cabeça e, em direção à pilha de lama seca que já não tinha mais contornos humanos, assentiu solenemente. Em seguida, ela acenou para os subordinados ao redor: “Sigam-me! Vamos procurar o paradeiro do Governador!”

Ao mesmo tempo, no vasto oceano coberto por um céu caótico e escuro, os navios fantasmas gêmeos e de sombras duplas cruzavam as ondas como o vento, passando por inúmeras silhuetas de navios, etéreas e reais.

Lawrence estava na proa do Carvalho Branco, olhando para a superfície do mar que subia e descia abaixo.

Entre as ondas que subiam e desciam, ele já podia ver o… reflexo da cidade-estado distante.