Capítulo 45: História
Os eventos que se desenrolavam, vistos de diferentes perspectivas, eram verdadeiramente cativantes — o Banido vagando sem rumo pelo vasto e misterioso oceano. Sua trajetória era curiosamente guiada pela conversa incessante de uma cabeça de bode, que atuava como um navegador incomum. Em outra parte do navio, uma boneca misteriosamente amaldiçoada, conhecida como Alice, começava sua exploração pela intrincada rede de cabines a bordo.
No leme do navio estava o Capitão Duncan, um homem envolto em uma aura de mistério, comandando uma embarcação lendária por seus encontros com desastres marítimos. No entanto, contrastando de maneira surpreendente com sua vida de aventuras no mar, Duncan se encontrava no ambiente sereno de uma loja de antiguidades, apreciando um café da manhã tranquilo com Nina, uma jovem garota que se dizia ser sua sobrinha humana.
Enquanto Nina comia feliz uma fatia de bolo, observava o olhar pensativo de Duncan e perguntou curiosa: “Tio Duncan, você não vai comer nada?”
Duncan olhou para o prato dela e perguntou: “Isso é suficiente para você?”
Nina rapidamente o tranquilizou: “Sim, é melhor não comer muitos doces.”
Duncan assentiu concordando e deu uma mordida em seu bolo, saboreando a doçura do mel e a textura macia e cremosa do bolo. No entanto, o que realmente o surpreendeu não foi o sabor, mas a revelação de que seu corpo atual, que ele havia revivido através de suas habilidades espirituais, podia saborear e digerir comida. Este corpo, que um dia pertenceu a Ron, cuja alma já havia partido, agora funcionava quase como o de qualquer ser humano vivo, capaz de respirar, sangrar e comer.
No entanto, Duncan lutava com um pensamento inquietante. Ele sabia que este corpo havia sofrido de uma doença grave e não identificada, um fato que ele descobriu por meio de sua posse espiritual. A presença de bebidas fortes e analgésicos nas gavetas serviam como lembranças sombrias dessa condição grave.
Ele se perguntava se sua intervenção mística poderia ter curado a doença ou se o corpo havia se recuperado naturalmente após a revivificação por sua essência espiritual. Ou seria possível que a saúde do corpo ainda estivesse em declínio, e ele simplesmente não estivesse ciente devido ao seu distanciamento espiritual?
Perdido nesses pensamentos, Duncan de repente perguntou: “Você não tem escola hoje?”
Nina morava nos distritos econômicos mais desfavorecidos da cidade, mas tinha o privilégio de receber educação financiada pela Igreja da Tempestade e pela Prefeitura da cidade-estado de Pland. Ela estava estudando uma especialização desafiadora em motores a vapor e engenharia.
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Duncan, que se comprometera a financiar parcialmente a educação de Nina, com o restante coberto por bolsas de estudo da cidade, lembrava-se de seu desempenho acadêmico promissor.
“Eu não tenho aula esta manhã”, Nina esclareceu. “Eu só tenho história à tarde. Além disso, preciso avisar a Sra. White que não vou ficar no dormitório nos próximos dias…”
Enquanto Duncan fazia uma pausa para servir a sopa, ele encarou Nina com uma expressão preocupada. “Você acha que cuidar de alguém com meus problemas de saúde pode interferir em diferentes aspectos da sua vida? Não seria melhor para seus estudos se você ficasse na escola?” ele sugeriu pensativamente.
Nina, pega de surpresa pela preocupação de Duncan, rapidamente sentiu uma onda de irritação. “Você não deveria levar sua condição tão na brincadeira! Você não está com uma doença terminal. Basta seguir os conselhos do médico e tomar os medicamentos conforme a prescrição. Lembre-se, meus pais confiaram você aos meus cuidados…”
Duncan a corrigiu: “Na verdade, foi o contrário; eles confiaram você aos meus cuidados quando você tinha apenas seis anos.”
“Mas agora eu tenho dezessete”, Nina retrucou firmemente, seu rosto se tornando uma careta enquanto espetava enfaticamente o último pedaço de bolo com o garfo. “E você é muito pior em cuidar de si mesmo do que eu. Se eu me mudasse, aposto que não demoraria três dias para este lugar virar uma bagunça. Além disso, eu posso ajudar na loja. As janelas e o chão estão sujos; você mal consegue ver através do vidro…”
Ouvindo a resposta apaixonada de Nina, Duncan ficou inicialmente surpreso, mas eventualmente riu de sua réplica animada.
Nina exalava uma calorosa vitalidade, semelhante a um suave banhar-se ao sol.
“Tá bom, tá bom. Era só uma sugestão”, Duncan cedeu com um aceno, voltando a mexer sua sopa. “Você tem aula de história à tarde, certo? Como está sendo essa matéria?”
“Tio Duncan, você tem certeza de que está se sentindo bem?” Nina olhou para ele, surpresa. “Nunca te ouvi demonstrar interesse pelo meu trabalho escolar antes.”
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Antes que Duncan pudesse responder, Nina continuou: “Nós temos estudado história antiga recentemente. O Sr. Morris tem nos ensinado sobre o período após a Grande Aniquilação… Está sendo realmente fascinante. As histórias dos tempos antigos são cativantes, muito mais interessantes do que a história recente.”
Duncan refletiu sobre o entusiasmo dela e então perguntou: “Então, você está gostando dos seus estudos? O que você aprendeu sobre a Grande Aniquilação?”
Apesar do comportamento incomum de Duncan, Nina escolheu não se aprofundar muito nisso, simplesmente feliz por vê-lo mais animado do que o normal.
Nina começou a compartilhar com orgulho: “Acredita-se que a Grande Aniquilação tenha ocorrido há cerca de 10.000 anos. Apesar de algumas variações nos registros históricos entre as diferentes raças, como os Elfos 1, Sen’jins 2, e Gyplos 3, devido aos diferentes calendários, a maioria dos arqueólogos concorda que isso marcou o fim do que era conhecido como a Era da Ordem, exatamente há dez mil anos…”
Duncan ouviu atentamente, sua mente girando com perguntas.
Elfos? Sen’jins? Gyplos? O que exatamente está acontecendo? Existem múltiplas espécies inteligentes nesta terra? E os elfos — são parecidos com os que eu conheço? Poderia ter existido uma outra civilização florescendo em uma era dominada pelo vapor industrial?
Enquanto ponderava essas perguntas, imagens de seres exóticos e fantásticos começaram a se formar em sua mente, criando uma tapeçaria vívida de possibilidades fantásticas. Esse devaneio foi interrompido pela voz de Nina:
“…A Grande Aniquilação é descrita de maneiras diferentes entre as várias cidades-estado, mas todas compartilham uma narrativa comum: a era que precedeu a Grande Aniquilação, conhecida como a Era da Ordem, foi um período de prosperidade, estabilidade e segurança incomparáveis, ao contrário dos tempos atuais. Naquela época, os continentes cobriam vastas áreas do mundo, com muito menos cobertura oceânica do que hoje. Não havia ‘fronteiras da realidade’ — fronteiras artificiais que distinguiam terra de mar…
“A era que seguiu a Grande Aniquilação é chamada de ‘Era do Mar Profundo’, e persiste até hoje, sem um fim aparente à vista. A característica predominante da Era do Mar Profundo é o domínio esmagador dos oceanos, que agora engolfam quase todo o planeta, deixando menos de 10% da terra da era anterior. Cada cidade-estado sobrevivente agora está situada em ilhas isoladas, com embarcações sendo o principal meio de comunicação entre esses assentamentos.
“Nos primeiros anos da Era do Mar Profundo, os remanescentes do antigo mundo sofreram severa devastação, com civilizações inteiras à beira da extinção. Entre os poderes que emergiram durante esse tempo, o ‘Antigo Reino de Creta’ é notavelmente mencionado nos relatos históricos como o primeiro e mais influente. Embora tenha durado apenas um século antes de cair em ruínas, seu legado continua a influenciar as gerações futuras. Os esforços iniciais para categorizar as anomalias do mundo durante aquela era lançaram as bases para nossos sistemas de classificação mais sofisticados usados hoje.”
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- Em inglês, o termo usado é “Elves”, o que é correto, pois o equivalente em chinês é 精灵 (Jīnglíng), que é como se refere aos elfos nos filmes, livros e outras mídias.⤶
- Aqui, em inglês, é usado “Dwarves” (anões), mas isso não faz sentido, já que o termo chinês é 森金人 (Sēn jīn rén), que se traduz como “Pessoas da floresta dourada” ou “Pessoas das florestas profundas”. “Dwarves” em chinês é traduzido como 矮人 (ǎi rén), que significa literalmente “pessoa baixa”. Portanto, ao usar “Anões”, a ideia não corresponderia ao significado real dessa raça. Por isso, utilizarei “Sen’jin”, que remete a uma vila de trolls da selva e a um importante personagem no universo de World of Warcraft e Hearthstone, o que creio que foi a inspiração para esta raça.⤶
- Em inglês, a palavra usada é “Orcs”, mas o termo chinês para Orcs é 兽人 (shòu rén), e aqui é utilizado 吉普洛人 (Jípǔluò rén), que tem um significado completamente diferente. Não encontrei referência a esse termo, o que me leva a crer que foi inventado pelo autor. A tradução aproximada seria algo como “povo da cidade/rio da fortuna universal”, sem relação com os Orcs que conhecemos. Dado isso, utilizarei uma romanização simples: Gyplo. Curiosamente, 吉普 (Jípǔ) é como a marca Jeep é chamada na China. Uma possível conexão seria com o termo “Jíbaro”, que em espanhol significa “povo da montanha”. Esse nome aparece também em um episódio de Love, Death & Robots, em que uma sereia misteriosa cheia de ouro/joias aparece, o que de certa forma se conecta ao significado dos caracteres. Então, 吉普洛 (Jípǔluò) pode ser uma transliteração de “Jíbaro”, mas só saberemos com certeza quando a raça for mais explorada.⤶
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