Capítulo 464: O Futuro do Carvalho Branco

Aos olhos de Duncan, a sombra escura, complexa e caótica já havia “colapsado” de volta àquela aventureira de aparência arrojada. Nas profundezas do espelho, as silhuetas sobrepostas não mais tremiam desordenadamente.

Duncan observou esta cena em silêncio, sem falar por um longo tempo.

Masha no espelho, após se recondensar, primeiro ficou imóvel por um tempo — como um travamento antes do início de um filme. Apenas dois ou três segundos depois, o brilho vívido de uma pessoa viva voltou ao seu rosto. Ela olhou para si mesma, confusa, e só então ergueu a cabeça tardiamente: “O senhor… o que fez?”

Duncan encerrou temporariamente sua reflexão e balançou a cabeça suavemente: “Nada, apenas boas-vindas.”

Ele então fez uma pausa e, depois de organizar um pouco seus pensamentos, falou: “Se você for ‘Masha’ para sempre, ainda pretende contar a verdade a Lawrence?”

“Ele talvez… já saiba”, Masha hesitou por um momento e falou lentamente. “Eu já lhe disse algumas coisas de forma indireta. Eu lhe disse que sou uma personalidade formada principalmente por Masha, mas também montada a partir de suas memórias. E com a perspicácia de Lawrence e sua experiência no campo transcendental, além das muitas informações desnecessárias que revelei, não deve ser difícil para ele deduzir que… se ‘Masha’ pode conter uma memória, então pode conter inúmeras. Afinal…”

A aventureira fez uma pausa, com um sorriso um tanto complexo no rosto: “Afinal, naquela cidade espelhada, eu parecia saber demais.”

“Qual foi a reação dele?”

“Ele… não se importa”, Masha balançou a cabeça. “Mas não sei se ele não se importará para sempre.”

Duncan a observou em silêncio por um tempo e, de repente, riu.

“Você se preocupar com isso me diz que realmente não preciso me preocupar”, disse ele com um tom leve. “Então, vamos deixar isso de lado, senhora. Neste vasto mar, há inúmeras coisas escuras e bizarras. Portanto, qualquer pingo de calor é ainda mais precioso. Lawrence entende isso muito bem.”

No espelho, a aventureira mostrou uma expressão pensativa. Duncan, do lado de fora do espelho, fez uma pequena pausa e continuou: “Sobre o mar profundo sob Geada, o que mais você sabe?”

“O mar profundo…”, Masha franziu a testa. Ela imediatamente conteve seus pensamentos e, enquanto organizava suas vastas memórias, falou lentamente. “Eu realmente tenho algumas… ‘memórias’ sobre o mar profundo, mas a maioria é escura e vaga, misturada com o medo constante de afundar e alucinações absurdas produzidas no frio sufocante. Essas coisas provavelmente não podem ser usadas como referência concreta, mas…”

Duncan ergueu as sobrancelhas: “Mas?”

Masha no espelho pensou um pouco e abriu as mãos.

Sua figura se dissipou abruptamente no espelho, como uma mancha de tinta que se espalha em um instante. Marcas pretas se espalharam rapidamente pela superfície do espelho e, em seguida, algo indistinto surgiu daquela escuridão.

Uma sombra enorme, como se flutuasse em um vazio infinito, como uma ilha solitária, como um aglomerado de bordas irregulares. Ao redor da sombra, podiam-se ver inúmeros objetos pequenos e fragmentados, como “detritos” que se desprenderam da superfície do aglomerado irregular, flutuando e girando ao redor da ilha solitária.

E no centro da “ilha” flutuante, podia-se ver algo como um pilar gigante, estendendo-se infinitamente para cima e para baixo na escuridão, como se perfurasse a sombra e, em seguida, todo o vazio.

A voz de Masha veio das profundezas do espelho:

“Eu percorri todas as memórias que apontam para o mar profundo. O imenso medo experimentado por inúmeras mentes devoradas durante o processo de afundamento se sobrepôs para formar esta cena. Não sei como interpretar esta cena. Parece um grande objeto flutuante no mar profundo, perfurado por um ‘pilar’ gigante. Mas por falta de referência, não sei o quão grande é o objeto, nem o quão grande é o pilar.”

Duncan observou por muito tempo a cena apresentada no espelho, sem dizer uma palavra por um bom tempo.

E o que surgiu em sua mente foram inúmeras informações relacionadas ao Projeto Abismo — o submersível que nunca mais voltou, a equipe de vanguarda do mergulho profundo que enlouqueceu, as descrições delirantes sobre o abismo marinho e… a enorme cavidade nas profundezas da Mina de Ouro Fervente, e aquele tentáculo do Deus Antigo que cruzou a fronteira entre o virtual e o real, perfurando profundamente a cidade-estado de Geada.

No mar profundo, realmente havia uma entidade física.

A ilusão no espelho se dissipou, e a figura de Masha reapareceu diante de Duncan: “Isso é tudo o que sei. Embora eu guarde muitas memórias, poucas apontam para o mar profundo de forma relativamente lúcida. O senhor…”

“Não se preocupe, senhora”, Duncan falou em voz baixa, interrompendo a aventureira. “Eu mesmo irei ver.”

No convés, Alice e o Marinheiro já haviam encontrado um segundo inseto e continuavam a cutucá-lo.

Mas esse tipo de jogo obviamente não era tão interessante quanto brigar com as panelas e pratos da cozinha.

“Estou começando a ficar entediada”, Alice jogou fora o graveto e ergueu a cabeça para olhar este convés, que ainda era bastante estranho para ela. “Por que o capitão ainda não voltou…”

O Marinheiro, ao ouvir a senhorita boneca mencionar as palavras “capitão”, tremeu visivelmente. Ele ergueu a cabeça, abriu a boca, hesitou por um bom tempo e finalmente falou: “Você fica com ele normalmente… e não tem medo?”

“Não tenho medo”, Alice se virou, olhando para a múmia feia com uma expressão de total confusão. “Eu gosto de ficar com o capitão, por que teria medo dele?”

“Aquilo é o Subespaço! Você entende o que é o Subespaço?!”, a múmia tinha uma expressão de horror. “Eu olho para ele e sinto minha sanidade ‘cair’. Você se atreve a ficar grudada nele o dia todo! Acho que você é que deveria ser a número 077, você é muito mais sinistra do que eu.”

Alice coçou o cabelo, ignorou a múmia e, em vez disso, ergueu a cabeça e olhou curiosamente para Lawrence, não muito longe.

Lawrence estava com seu primeira-imediato, Gus.

“De repente, as chamas em todos nós se tornaram controláveis”, o imediato Gus abriu a palma da mão, mostrando ao seu capitão uma pequena chama que dançava silenciosamente em sua palma. No ponto de contato entre a chama e a palma, podia-se ver vagamente a textura translúcida da carne se transformando em um corpo espiritual. Fora do alcance da chama, era carne e osso normais. “O senhor tem alguma ideia?”

“Eu também não sei”, Lawrence franziu ligeiramente a testa. Ele estalou os dedos, observando o fogo espiritual dançar na ponta de seus dedos e, em seguida, acenou com a mão, e a chama se dissipou silenciosamente. “A mudança ocorreu pouco depois que o Capitão Duncan subiu a bordo… Pode haver alguma conexão?”

“Talvez… mas de qualquer forma, é uma coisa boa”, disse o primeiro-imediato Gus. “Antes, as chamas em todos nós apareciam de repente, como se tivéssemos sido estimulados por algo, mas nunca conseguíamos encontrar a causa. Sinceramente, era muito estressante. Alguns até se preocupavam que nunca mais poderíamos desembarcar normalmente, afinal, nem toda cidade é tão ‘experiente’ quanto Geada e Pland…”

“O futuro, hein…”, o tom de Lawrence carregava um toque de admiração e reflexão. Ele inconscientemente fechou e abriu o punho, sentindo o poder do fogo circular calmamente em seu corpo, enquanto pensava em seu futuro e no de toda a tripulação do Carvalho Branco. “É hora de pensar no futuro…”

Ele baixou a cabeça, esfregou os dedos, e o fogo espiritual fluiu como água entre eles.

Uma voz grave e imponente veio de trás dele: “Divertido?”

Lawrence e Gus estremeceram simultaneamente, e chamas de dois a três metros de altura saltaram de seus corpos…

No segundo seguinte, Lawrence rapidamente suprimiu as chamas em seu corpo e se virou para a direção do som. Duncan estava lá, olhando para cá com uma expressão sutil.

Duncan suspirou silenciosamente.

‘Assim que saí, vi a Anomalia 077 e a Anomalia 099 agachadas no convés, cutucando um inseto. Depois, vi o capitão e o primeiro-imediato do meu novo navio brincando com fogo na porta. Quem conhece, sabe que esta é a Frota do Banido. Quem não conhece, pensaria que este navio está indo para um jardim de infância… Que tipo de gente eu juntei ao meu redor?’

“Ca… Capitão Duncan!”, Gus endireitou o corpo instantaneamente, apagando a última faísca na bainha de sua roupa enquanto falava apressadamente. “Nós… estávamos estudando como controlar o poder do fogo, para evitar que uma situação como a da cidade-estado de Geada aconteça novamente…”

“A mesma situação? Você se refere ao capitão levando todo um esquadrão de fuzileiros para ser preso pelo oficial de segurança local, e no final, meu emissário ter que ir à delegacia para resgatá-los?”, Duncan apertou as têmporas e acenou com a mão. “Esquece, contanto que vocês estejam felizes…”

Enquanto ele falava, Alice já havia corrido, gritando e segurando seu braço, balançando-o com força: “Capitão! Você finalmente voltou! Já terminou?”

“Terminei, terminei. Não balance, não vá arrancar alguma articulação sua”, disse Duncan, enquanto usava a mão para segurar a senhorita boneca, um pouco animada demais. Ele então voltou seu olhar para Lawrence e assentiu levemente. “Não se preocupe, a situação de Masha é muito boa. Eu a aceitei oficialmente como membro da Frota do Banido.”

Lawrence ficou atônito e, em seguida, percebeu a solenidade e o significado profundo nas palavras de Duncan.

“O senhor… percebeu que ela na verdade…”

“Você não quer se importar, ela não precisa se importar, e quanto a mim… eu não me importo”, os olhos de Duncan pareciam ter um leve sorriso, e ele disse calmamente. “O Mar Infinito é grande, e a Frota do Banido sempre lidou com todo tipo de coisas estranhas e bizarras. Mais um navio fantasma inofensivo não faz grande diferença.”

Lawrence abriu a boca, mas não disse nada. No final, ele apenas respirou fundo e curvou-se profundamente diante de Duncan.

“Em suma, bem-vindo à minha frota”, Duncan riu e deu um tapinha no ombro de Lawrence. “Falando nisso, acho que ouvi vocês falando sobre… o futuro? Você tem algum plano?”

“O futuro…”, Lawrence hesitou, com uma expressão complexa. “Eu realmente estava considerando isso. O senhor acha que… ainda podemos voltar aos portos normais como antes?”

Ouvindo as palavras hesitantes e conflitantes de Lawrence, Duncan suspirou levemente.

O futuro do Carvalho Branco… era de fato um problema.