Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    A atitude do guardião da tumba estava mais educada do que da última vez — quase beirando a reverência.

    Vanna podia sentir claramente a mudança na atmosfera ao redor e os olhares inquisitivos de seus colegas. No entanto, ela mesma não sabia como explicar essa estranha mudança. Mesmo que alguns palpites surgissem em sua mente, ela não podia expressá-los.

    Ela só pôde baixar a cabeça e olhar para o pergaminho que o guardião gigante lhe entregava. Hesitou por dois segundos antes de estendê-lo e pegá-lo, respirando fundo.

    “Eu volto logo”, disse ela rapidamente ao Bispo Valentine antes de seguir o gigante guardião da tumba em direção à construção pálida não muito longe.

    O pesado portão de pedra se fechou lentamente atrás dela, e a antiga e misteriosa tumba foi selada mais uma vez. O guardião da tumba não desapareceu; em vez disso, como um guia competente, ele acompanhou Vanna, levando-a em direção às câmaras mais profundas. No corredor longo e profundo, o som monótono dos passos apenas acentuava o silêncio ao redor.

    Vanna recitava mentalmente os vários tabus a serem observados ao entrar no Fenômeno 004, ao mesmo tempo em que observava cuidadosamente as ações do guardião da tumba. Ela se lembrava do comportamento do guardião antes de sua última entrada na câmara, e os pensamentos em sua mente não paravam de fervilhar.

    Devido às restrições do Fenômeno 004, ela não conseguia se lembrar do que aconteceu depois que entrou na câmara da última vez, mas ainda se lembrava que, antes de sua entrada anterior, a atitude do guardião já havia sofrido uma mudança sutil. Na época, ela não pensou muito sobre isso, mas desta vez, várias associações se espalharam incontrolavelmente em sua mente.

    E enquanto os pensamentos de Vanna flutuavam, uma voz baixa e rouca de repente soou em seus ouvidos — o gigante guardião havia quebrado o silêncio.

    “A senhora tem alguma pergunta?”

    Vanna ficou surpresa. Aquele guardião silencioso e aterrorizante estava tomando a iniciativa de conversar com a “ouvinte” que entrava na tumba?

    Ela rapidamente revisou as informações sobre o Fenômeno 004 em sua mente, verificando como lidar com a situação atual em meio aos vários tabus. Depois, esforçou-se para se acalmar e, escolhendo as palavras com cuidado, perguntou: “Sua atitude para comigo é muito amigável. Por quê?”

    “Porque a senhora é uma emissária”, o guardião da tumba respondeu quase que imediatamente. “Emissários são seres que transcenderam a ascensão e devem ser tratados com cortesia.”

    “Emissária?”, Vanna ficou confusa, parecendo não entender. “O que essa frase significa? Quer dizer que sou uma Santa da Deusa da Tempestade, Gomona? Mas todos lá fora na praça são…”

    “A Rainha Leviatã não tem emissários. Seus emissários morreram todos antes da Primeira Longa Noite”, o guardião interrompeu Vanna. Sua voz quase não tinha flutuação emocional, sem reverência nem medo, mesmo ao falar dos deuses. “A senhora é a emissária do Usurpador do Fogo.”

    Seu coração se apertou violentamente, sua mente zumbiu e sua respiração parou instintivamente. Vanna parou de andar, chocada. A resposta a uma pergunta casual superou em muito sua imaginação. Ela sentiu como se uma tempestade tivesse varrido sua mente e, por onde a tempestade passou, sua consciência foi inundada por uma onda avassaladora de suposições, compreensão e conhecimento sobrepostos!

    Rainha Leviatã, ela se lembrava desse nome — não muito tempo atrás, o Capitão Duncan havia mencionado esse título na frente dela e de Morris!

    Longa Noite — ela também se lembrava desse termo. O Sr. Morris, após ler o Livro da Blasfêmia, mencionou que ele usava “Longa Noite” várias vezes para descrever as múltiplas tentativas dos “Reis” da antiguidade de criar o mundo. Ela ainda se lembrava que, nessas descrições heréticas, havia três Longas Noites, e a criação do mundo também ocorreu três vezes!

    Quanto ao Usurpador do Fogo…

    “Usurpador do Fogo… refere-se ao Capitão Duncan?”, pensou Vanna, e falou instintivamente.

    Dentro do Fenômeno 004, não se podia falar casualmente sobre o mestre da tumba ou seus segredos internos, mas os tabus não mencionavam se era permitido falar sobre o mundo exterior. Vanna reuniu coragem e perguntou ao guardião da tumba à sua frente. Uma intuição inexplicável lhe dizia que não haveria perigo em fazer mais algumas perguntas ao guardião.

    No entanto, desta vez o guardião não respondeu imediatamente. Após alguns segundos de silêncio, ele lentamente virou a cabeça e olhou nos olhos de Vanna.

    “A senhora ainda esquecerá os segredos que aprender aqui depois de partir. Fazer muitas perguntas não tem sentido.”

    Vanna ficou surpresa, sua curiosidade ardente foi como se tivesse recebido um balde de água fria.

    ‘É verdade. A maior parte das informações dentro do Fenômeno 004 não pode ser levada para fora. Mesmo que eu aprenda muito aqui, esquecerei tudo quando sair.’

    ‘Mesmo que seja escrito no pergaminho, o que não deve ser revelado será arrancado no final.’

    Ela não se atreveu a perguntar ao guardião qual era o “mecanismo de esquecimento” do Fenômeno 004, pois isso já seria uma pergunta direcionada à própria tumba, e perguntar causaria problemas.

    Ela só pôde suspirar e, com pesar, continuar caminhando em direção à câmara mais profunda. Mas, naquele momento, ouviu a voz do guardião novamente em seus ouvidos—

    “O nome do Usurpador do Fogo não é Duncan.”

    Vanna arregalou os olhos. Ela não se importou em se perguntar por que o guardião da tumba de repente estava disposto a responder à sua pergunta anterior, mas sim falou instintivamente: “E a Rainha Leviatã? Pelo que você disse, essa é a Deusa da Tempestade…”

    O guardião da tumba parou de repente e, com uma voz baixa, interrompeu a pergunta de Vanna: “Chegamos.”

    Vanna ergueu a cabeça e viu que o corredor longo e profundo havia chegado ao fim sem que ela percebesse. A porta para a câmara central estava abruptamente diante dela. Chamas pálidas tremeluziam na câmara, como se a apressassem para entrar.

    No segundo seguinte, ela entendeu: não podia mais fazer perguntas.

    Mesmo com o status estranho e inexplicável de “emissária”, a “cortesia” que o guardião da tumba podia lhe oferecer era limitada — ou melhor, as perguntas que o próprio guardião podia responder eram limitadas.

    Ela só não sabia se essa “limitação” era no número de perguntas ou no escopo das respostas. Infelizmente, depois que ela deixasse o Fenômeno 004, todas as suas memórias seriam apagadas, e provavelmente ela não teria a chance de verificar essa questão com testes repetidos no futuro.

    Vários pensamentos confusos passaram pela mente de Vanna, mas finalmente ela soltou um leve suspiro e agradeceu ao guardião em voz baixa: “Obrigada por sua paciência.”

    “Por favor, entre. Eu a acompanharei para fora mais tarde — embora a senhora não se lembre.”

    Vanna assentiu e entrou na câmara. No momento em que cruzou a porta, o guardião envolto em bandagens, que pairava entre a vida e a morte, desapareceu silenciosamente no corredor.

    No antigo e solene trono, o Rei Sem Nome e sem cabeça sentava-se em silêncio, como se estivesse ali desde tempos imemoriais. Braseiros pálidos queimavam calmamente nos cantos da câmara, e o ar estava impregnado de uma atmosfera solene e silenciosa.

    Vanna aproximou-se do trono e viu que no lugar reservado para a “ouvinte” havia uma cadeira de espaldar que parecia muito confortável, com uma mesa à sua frente.

    Na mesa, havia uma fruteira, petiscos e até uma xícara de chá preto — ainda fumegante.

    Vanna: “…”

    Ela controlou a mudança em sua expressão e sentou-se na cadeira com calma forçada.

    Embora a ouvinte não pudesse levar as memórias de dentro da tumba para fora, ela tinha certeza de que, em circunstâncias normais, quem entrasse nesta câmara definitivamente não teria esse tratamento!

    Porque as informações que ocasionalmente saíam com o pergaminho descreviam o processo de “escuta”, e nenhuma delas mencionava fruteiras e petiscos!

    No entanto, após um breve momento de espanto e vontade de reclamar, Vanna rapidamente se acalmou, e seu olhar tornou-se sério. Ela olhou ao redor.

    Dentro do Fenômeno 004, havia apenas pedras pálidas e frias. Teoricamente, não havia lugar para armazenar comida, nem poderia haver instalações como uma cozinha. O guardião da tumba talvez soubesse fazer chá, mas ela realmente não conseguia imaginar a cena daquele gigante assando bolos.

    Ela observou os itens na mesa.

    As frutas eram frescas, o chá estava fumegante, e o prato com os petiscos era um belo prato de madeira com incrustações de prata, cujo padrão… tinha um vago estilo das cidades-estado do sul, muito parecido com os produtos especiais das cidades élficas como Porto Brisa ou Porto Sul.

    Vanna pegou um biscoito, sentindo o calor residual.

    ‘Talvez uma hora atrás, isso estivesse no forno de alguma confeitaria em alguma cidade-estado.

    ‘Então… essas coisas foram trazidas diretamente pelo guardião da tumba de alguma cidade-estado do sul? Ele pode entrar no mundo real em forma física? Ou… ele tem adoradores secretos no mundo real que recebem suas ordens e fazem “sacrifícios” ao Fenômeno 004?

    ‘As frutas e o prato de petiscos parecem ser especialidades do sul, que é o território dos Elfos. Os Elfos… essa raça misteriosa e longeva de fato preserva muitos costumes de crença únicos, alguns dos quais são completamente diferentes das atuais igrejas dos Quatro Deuses, e até formam seus próprios sistemas…

    ‘Será que os antigos textos dos Elfos contêm explicações sobre o Fenômeno 004?’

    Os pensamentos de Vanna flutuavam, e seu hábito profissional a fez começar a investigar a fundo o que via de “incomum”. Mas sua reflexão não durou muito.

    Um leve som de atrito soou abruptamente na câmara, interrompendo os pensamentos de Vanna.

    Ela olhou na direção do som e viu o rei sem cabeça lentamente levantar o braço, como se fosse se levantar do trono—

    Vanna abriu os olhos.

    As colunas antigas e solenes do Local da Assembleia entraram em seu campo de visão. Fluxos de luz caótica e escura passavam pelo céu da praça. As projeções das almas dos Santos se reuniam à distância e, no canto de seu olho, a misteriosa construção pálida afundava lentamente no chão com um estrondo.

    ‘Eu já completei a tarefa?’

    Vanna estava um pouco confusa. Ela balançou a cabeça, sentindo que sua memória ainda estava presa no momento em que entrou no grande portão com o educado guardião da tumba. Essa sensação de interrupção de memória não era estranha, afinal, não era a primeira vez que ela entrava no Fenômeno 004 como “ouvinte”. Mas, por alguma razão… desta vez ela sentia que sua memória tinha um toque de estranheza, como se…

    Certas impressões incongruentes tivessem deixado traços tênues em sua memória apagada.

    Mas logo, ela não teve tempo de investigar a sensação de incongruência em sua mente.

    Seus irmãos de fé já haviam se reunido. A projeção do Bispo Valentine estava entre eles e, não muito longe, podia-se ver a Papisa Helena, que chegara atrasada, parada na beira da praça, parecendo observar em silêncio.

    “Vanna”, Valentine foi o primeiro a falar. “Como você se sente? Esta é a terceira vez que entra na tumba. Você foi afetada de alguma forma?”

    “Eu…”, Vanna franziu a testa, como se quisesse confirmar seu estado mental, mas antes que pudesse sentir algo em detalhes, não pôde deixar de arrotar: “Hic—”

    No Local da Assembleia, os Santos que se reuniam com preocupação de repente ficaram em silêncio.

    Até o Bispo Valentine ficou pasmo. O velho sacerdote, que vira Vanna crescer, ficou atônito por um longo tempo antes de finalmente dizer: “Você comeu pedras lá dentro?”

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