Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 476: A Submersão
No subsolo do Porto Sul, a sala de controle do submersível estava totalmente iluminada.
A luz das lâmpadas a gás e elétricas tornava todo o salão claro como o dia. O imenso equipamento de mergulho oval estava suspenso por cabos de aço no topo da rampa que levava ao mar. Engenheiros Mortos-Vivos trabalhavam atarefadamente por toda parte, realizando as verificações e ajustes finais para a entrada do submersível na água.
Ao lado da plataforma de aço que fixava o submersível, Duncan estava sentado em uma cadeira, observando tudo calmamente, esperando que os subordinados de Tyrian preparassem tudo.
Aqueles Mortos-Vivos, de aparência estranha, feia e até quase assustadora, pareciam entusiasmados, com um toque sutil de alegria e excitação.
Um homem careca e robusto, com uma expressão nervosa e apreensiva, aproximou-se de longe e curvou-se, inquieto, diante de Duncan: “Err… Velho Capitão, é um prazer vê-lo…”
Duncan ergueu o olhar para o homem robusto, que vestia uma camisa de marinheiro, tinha a cabeça brilhando e a pele pálida como a de um morto. Ele comparou a figura com as informações que havia recebido anteriormente e assentiu levemente: “Você é Aiden, um dos que seguiram Tyrian desde os tempos da Frota do Banido.”
“Sou eu”, Aiden abriu um largo sorriso. “O senhor ainda se lembra de mim?”
“Não me lembro”, Duncan balançou a cabeça. “Desculpe, não me lembro da maioria das coisas. O Subespaço danificou minha memória. Ouvi sobre você e os outros ‘marinheiros da primeira fase’ da Frota do Névoa do Mar através de outras pessoas.”
“Não se desculpe, por favor, não se desculpe”, Aiden pareceu ainda mais inquieto, balançando a cabeça enquanto falava. “É bom que o senhor… tenha voltado. Todos nós sentimos muito a sua falta.”
“Deveriam estar com muito medo, não?”, Duncan sorriu e olhou para os vários cantos do salão. Muitos olhares se desviaram com temor sob seu escrutínio. “Ainda bem que estou usando apenas um Avatar. Se meu corpo principal viesse aqui, temo que a maioria dos marinheiros não conseguiria trabalhar em paz.”
“Mais da metade aqui é da ‘segunda fase’, eles realmente têm muito medo do senhor”, disse Aiden, embaraçado, mexendo nos botões de sua camisa. “Afinal, o primeiro contato deles com o senhor…”
“Eu sei, a batalha de Geada, meio século atrás”, Duncan suspirou levemente e disse de forma casual. Assim que terminou de falar, Tyrian aproximou-se a passos rápidos.
“O submersível está pronto, pai.”
“Oh, parece que chegou a hora de partir.”
Um sorriso apareceu no rosto de Duncan. Ele se levantou da cadeira e caminhou com Tyrian em direção à plataforma que segurava o submersível. O equipamento, fruto da sabedoria e do trabalho árduo de inúmeras pessoas, já esperava em silêncio.
Sua escotilha lateral circular estava aberta. Do outro lado do espesso compartimento estanque, a iluminação revelava a estrutura interna da esfera. O interior não parecia espaçoso; além de uma variedade estonteante de tubos, válvulas e consoles de controle, o espaço para atividade humana parecia capaz de acomodar no máximo três ou quatro pessoas.
Duncan observou a condição do submersível e deu um passo à frente.
Mas no instante seguinte, ele parou de repente, como se sentisse algo, e olhou em uma certa direção.
Um vento cinzento e giratório invadiu o salão, movendo-se em espiral até a plataforma do submersível e se materializando na frente de Duncan, Tyrian e os outros.
A figura de Agatha emergiu do vento cinzento – ainda com o mesmo vestido preto longo e a aparência de uma sacerdotisa cega de cabelos soltos.
“Eu quero ir com o senhor.”
Ela não fez rodeios, falando diretamente ao chegar diante de Duncan.
“Você também quer submergir?”, Duncan olhou para Agatha, um pouco surpreso. “Por quê?”
“Porque quero ‘ver’ com meus próprios olhos o que há sob Geada”, Agatha disse com calma e firmeza. “Como protetora desta cidade, não posso ficar na segurança da grande catedral esperando pelos seus resultados, e além disso…”
Ela parou de repente. Após alguns segundos de silêncio, ela ergueu a cabeça e, através da espessa faixa preta, “fitou” os olhos de Duncan.
“Além disso, esta é a cidade do povo de Geada, um assunto do povo de Geada. No submersível que construímos, deve haver pelo menos uma pessoa de Geada. Considere que… estou indo para dar uma olhada em nome do Governador Winston e de todos os governadores anteriores de Geada.”
“É uma razão válida, e você já deve estar ciente dos riscos. Já que tem essa determinação, não vou tentar dissuadi-la”, Duncan assentiu e virou-se para Tyrian.
Este reagiu rapidamente, dizendo: “O submersível foi projetado para acomodar até quatro pessoas, então duas pessoas não são problema, mas…”
“Não se preocupe, eu também não preciso respirar”, Agatha falou em voz baixa, interrompendo Tyrian.
Tyrian ficou perplexo por um momento e recuou: “Bem, então não há problema.”
Duncan sorriu, caminhou até a escotilha do submersível, virou-se e estendeu a mão para Agatha: “Ótimo, vamos partir.”
Ele e Agatha entraram no submersível, e a pesada escotilha circular se fechou lentamente.
Dois fortes marinheiros Mortos-Vivos subiram na plataforma e apertaram o mecanismo de travamento da escotilha pelo lado de fora.
O aço pesado isolou o interior do submersível do exterior. A estreita cabine da tripulação ficou silenciosa, ouvindo-se apenas o zumbido ocasional de algumas máquinas e tubulações.
Não havia onde sentar na cabine, então Duncan e Agatha ficaram em pé diante do console de controle, segurando os tubos de ferro que serviam como corrimãos. Através da vigia de vidro extremamente espessa e resistente embutida na parede da cabine, eles podiam ver os marinheiros Mortos-Vivos ao redor da plataforma soltando os cabos de aço que fixavam o submersível e liberando os pinos de segurança em ambos os lados da estrutura de aço.
A voz de Tyrian veio de um pequeno dispositivo no canto do console do submersível: “Pai, Senhora Agatha, conseguem me ouvir?”
Duncan aproximou-se do console: “Sim, muito claramente.”
“Ótimo. Não vou me estender sobre os controles do submersível, suas funções são bastante simples, o senhor não deve se confundir. Agora vou falar sobre o que acontece após a submersão.”
“A energia do submersível é fornecida por um pequeno núcleo a vapor e um gerador conectado a ele. Teoricamente, é suficiente para operar até a conclusão de todas as missões de mergulho profundo. Mas se o núcleo a vapor ou o gerador falharem, há duas baterias no fundo do casco que podem manter o submersível funcionando por cerca de duas horas…”
“A iluminação externa possui três conjuntos de holofotes de alta potência, mas seu efeito é limitado em ambientes de mar profundo, então, por favor, opere com cuidado. Além disso, a resistência no fundo do mar é muito grande, e a potência do sistema de propulsão só permite que o submersível se mova lentamente, isso também requer atenção…”
“O dispositivo de comunicação no submersível tem um alcance efetivo de apenas trezentos metros. Portanto, após ultrapassar essa profundidade, não poderemos mais conversar assim, mas seu poder ou a ressonância psíquica da Senhora Agatha não devem ser afetados.”
“Além disso… embora eu possa estar me preocupando demais, mesmo o senhor, por favor, tenha cuidado com os perigos do mar profundo. Se a situação parecer errada, suba imediatamente. A alavanca no canto superior esquerdo do console é para subida de emergência. Puxá-la ejetará diretamente a estrutura de lastro no fundo do submersível e abrirá as esferas de flutuação em ambos os lados do casco… No pior dos casos, abandone o submersível. Com o seu poder, trazer a Senhora Agatha de volta por teletransporte também é possível. A máquina pode ser reconstruída…”
Duncan ouviu atentamente a todos os avisos de Tyrian.
Para ser honesto, este “ex-grande pirata do Mar Gélido” era de fato um pouco prolixo. Muitas de suas advertências pareciam desnecessárias para Duncan.
Mas Duncan ainda ouviu pacientemente cada palavra de Tyrian. Só quando ele terminou de falar, Duncan disse em voz profunda: “Entendido. Vamos começar.”
Fora do submersível, no posto de comando no final do salão, Tyrian respirou fundo e depois assentiu para seus subordinados.
“Abram a válvula de mar!”
“Inundem o canal!”
“Desconectem o cabo de energia externo do submersível, preparem-se para liberar os ganchos de travamento!”
Um rugido baixo penetrou o casco de aço do submersível, ecoando fracamente na cabine esférica. Uma leve vibração veio de baixo dos pés, acompanhada pelo som de atrito do casco rangendo do lado de fora.
A válvula de mar se abriu. No túnel que levava diretamente ao mar sob a instalação, a água subia rapidamente, atingindo gradualmente o nível predeterminado. Os dois últimos cabos de aço acima do submersível começaram a ranger e a descer lentamente.
Duncan e Agatha primeiro sentiram um balanço, depois uma queda – após uma breve sensação de ausência de peso, o submersível entrou na água. Eles começaram a descer pelo túnel inclinado, movendo-se rapidamente em direção a uma abertura para o mar na borda do Porto Sul, guiados por uma série de rampas.
Do lado de fora da vigia, a água subiu e depois mergulhou gradualmente na escuridão. Na escuridão, apenas luzes piscando podiam ser vistas ocasionalmente. Essas luzes piscavam cada vez mais rápido, e a vibração do submersível se tornava mais intensa – e, finalmente, toda a vibração se acalmou.
Fora da vigia, restava apenas um azul profundo e infinito que se desvanecia gradualmente.
A luz do sol penetrava pela água acima, projetando colunas de luz que se moviam constantemente, alternando entre claro e escuro. Na água que escurecia, bolhas subiam do lado de fora do casco, refletidas pelo brilho remanescente do sol, como se fossem alguma criatura marinha envolta em cores psicodélicas.
Agatha parecia atraída pela “paisagem” do lado de fora da vigia.
Ela se afastou lentamente do console de controle, segurando-se no corrimão, e se aproximou da vigia. Curiosa, ela se inclinou, e através da espessa faixa preta, seus olhos, agora vazios, “contemplavam” em transe o azul profundo que rapidamente mergulhava na escuridão.
“O que você consegue ver?”
Duncan, enquanto se familiarizava com as alavancas e botões não tão complicados do console, virou a cabeça e perguntou casualmente.
“Luz, todos os tipos de luzes fracas”, Agatha disse em voz baixa, como se falasse consigo mesma ou estivesse imersa em um transe psicodélico. “Elas fluem como rios, formando uma circulação vasta, complexa, mas ordenada… Mas, na verdade, lá fora já está escuro, não é?”
“Ainda há um pouco de luz solar remanescente, mas logo ficará completamente escuro”, Duncan manobrou o submersível para girar lentamente. “E agora?”
“Uma ‘cortina de luz’ imensamente grande, fraca, mas que preenche todo o meu campo de visão”, disse Agatha, com um tom de assombro. “O que é aquilo?”
“É Geada”, disse Duncan calmamente. Seu olhar atravessou a vigia. Sob a luz do sol cada vez mais fraca e os holofotes de alta potência do submersível, uma “falésia” imensamente larga, áspera e manchada permanecia silenciosamente na água. “É a ‘base’ da cidade-estado.”
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