Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    O submersível já havia passado pelo “fundo” da cidade-estado. Uma massa de água escura e sem limites substituiu a “falésia” vertical e áspera de antes. Os feixes de luz dos holofotes de alta potência se estendiam infinitamente na água do mar, sem que nada pudesse ser visto em seu alcance.

    Apenas alguns pequenos flashes apareciam ocasionalmente dentro dos feixes, eram bolhas flutuantes ou alguns “detritos” que caíam da camada superior, refletindo a luz na água.

    Duncan girou uma manivela no console. O som de injeção de água vindo da direção do tanque de lastro se transformou em um rugido baixo. Ele diminuiu a velocidade de descida do submersível e o inclinou cuidadosamente para cima.

    Depois de cruzar aquela fronteira, ele queria “olhar para trás” para observar a forma da base da cidade-estado.

    O feixe de luz varreu lentamente a escuridão, e algo tão vasto que era sufocante emergiu na água sem limites. Uma sensação indescritível de opressão veio com aquela “formação rochosa” invertida. Mesmo sem a contaminação espiritual de fatores sobrenaturais, essa cena era suficiente para fazer a maioria das pessoas comuns sentir uma forte pressão psicológica, e até mesmo sofrer um trauma mental.

    A “base” da Cidade-Estado de Geada apareceu do lado de fora da vigia, como se a terra estivesse suspensa de cabeça para baixo. Sob a perspectiva esmagadora, podiam-se ver inúmeras estruturas irregulares, como um bosque de estalactites ou uma floresta de pináculos. Entre as muitas estruturas salientes de diferentes alturas, de dezenas a centenas de metros, havia também algo como uma substância adesiva que se estendia entre as “estalactites”.

    No entanto, em meio ao choque e à opressão avassaladores, o que surgiu no coração de Duncan foi mais uma curiosidade irreprimível. Ele manobrou cuidadosamente a humilde máquina de mergulho, dirigindo-se em direção àquela “selva” invertida, irregular e bizarra.

    Ao mesmo tempo, no Banido, Duncan já havia chegado à frente da cabine do capitão e empurrado a “Porta do Banido”.

    Zhou Ming entrou em seu apartamento e, sem surpresa, viu sobre a mesa a nova peça de sua coleção, já totalmente formada e emitindo um leve brilho: o requintado “modelo” da Cidade-Estado de Geada.

    Ele se aproximou da mesa, pegou o modelo realista da cidade-estado com as duas mãos, observou cada detalhe cuidadosamente e depois o virou para examinar sua estrutura inferior.

    Aquelas protuberâncias densas e complexas pareciam… tentáculos, degenerados e desordenadamente arranjados, ou, para ser mais ousado, como algum tipo de membro.

    Em comparação com o uso exclusivo do fogo para perceber a estrutura inferior da cidade-estado, este “mergulho profundo” trouxe a Zhou Ming muito mais detalhes.

    Ele fechou os olhos lentamente, sentindo as informações vindas de outro mundo, a vibração do submersível e a “paisagem” magnífica e chocante que se movia lentamente do lado de fora da vigia.

    Este discreto dispositivo de aço estava passando entre duas “estalactites” estimadas em cem ou duzentos metros de comprimento. Os feixes de luz dos holofotes varriam as estruturas salientes e irregulares à distância, permitindo que Duncan encontrasse um caminho relativamente seguro.

    Esta era uma cena não mencionada nos dados do Projeto Abismo. Nem as informações fornecidas por Tyrian, nem os arquivos deixados pela Prefeitura mencionavam a passagem de um submersível pela “selva invertida” na base da cidade-estado.

    Talvez os exploradores pioneiros tivessem concentrado toda a sua atenção no mar profundo e não tivessem feito algo tão supérfluo. Talvez essa visão invertida, sinistra e aterrorizante parecesse perigosa demais na escuridão, a ponto de os poucos submersíveis da época não terem se aventurado a ir fundo. Ou talvez…

    Alguém já tivesse feito isso, mas ninguém conseguiu trazer a verdade que viu para a superfície.

    O feixe de luz do holofote varreu outra área na escuridão.

    Algo apareceu no campo de visão de Duncan.

    No segundo seguinte, ele puxou bruscamente uma alavanca no console. O impacto da reversão súbita da hélice fez com que o interior do submersível emitisse um ruído estridente. O frágil casco esférico de aço tremeu nas profundezas, acompanhado pelo som terrível da estrutura mecânica sob carga, e finalmente parou em uma posição onde quase colidiu com uma “estalactite” próxima.

    “O que aconteceu?”, Agatha perguntou apressadamente.

    Ela ergueu a cabeça, olhando na direção da vigia, mas só viu do lado de fora muitas luzes fracas suspensas e invertidas, e entre elas, um corpo de luz maior, emitindo um brilho nebuloso e indistinto, cujos detalhes internos não podiam ser discernidos.

    Duncan não respondeu por um momento. Ele apenas encarou fixamente o lado de fora da vigia, encarando o que acabara de emergir da escuridão…

    Um olho enorme e pálido.

    Um olho, arregalado, localizado entre as estruturas salientes e escuras que se assemelhavam a tentáculos. Seu diâmetro poderia chegar a cem metros, fazendo com que o pequeno submersível parecesse uma pedra insignificante diante dele.

    Este olho não tinha vida, como se tivesse morrido há milhares de anos, ou até mesmo em eras mais antigas. Estava pálido e vazio, incrustado no fundo da cidade-estado, suspenso de cabeça para baixo do lado de fora da vigia, como se, no momento da morte, ainda observasse calmamente o escuro e profundo leito do mar abaixo. E o submersível, naquele momento, flutuava diante de sua pupila morta, recebendo o olhar de uma decadência milenar.

    “É um olho”, Duncan finalmente quebrou o silêncio, falando em voz baixa.

    Ele se virou novamente e, através da vigia do outro lado, observou as outras direções.

    A luz residual do holofote iluminou os arredores, revelando as “estalactites” negras suspensas na água. Agora, ele finalmente podia ter certeza: essas coisas eram, de fato, membros.

    Eram tentáculos que haviam sofrido mutação, degenerado e perdido a vida.

    Esses tentáculos pendiam na água do mar, como trepadeiras murchas penduradas no teto de uma caverna.

    Agatha agarrou o corrimão com força. Embora seu coração já tivesse parado de bater, ela sentiu como se algo estivesse prestes a explodir em seu peito. Ao perceber o que tinha ouvido, ao perceber a verdadeira natureza daquelas luzes fracas diante de seus olhos, ela sentiu uma sensação de sufocamento que não sentia há muito tempo: “O senhor… o que o senhor quer dizer…”

    “A cidade-estado foi construída sobre algum tipo de criatura gigante”, disse Duncan lentamente. Ele também estava chocado com a cena, mas ainda se esforçava para se acalmar e organizar seus pensamentos. “Pelo menos… ainda restam algumas características biológicas.”

    Agatha não conseguiu falar por um longo tempo. Depois de muito tempo, em meio a um extremo espanto e confusão, ela conseguiu formular as palavras: “Ela… está morta?”

    Ela baixou a voz inconscientemente, como se temesse que um som muito alto pudesse despertar aquela “criatura” inimaginável e incompreensível.

    “Deve estar morta”, disse Duncan, enquanto já começava a manobrar cuidadosamente o submersível para se afastar daquele olho enorme e pálido. Seus movimentos eram muito cautelosos. Embora estivesse quase certo de que a criatura gigante estava morta, ele não pôde deixar de ter algumas associações assustadoras, como se um movimento brusco do submersível fizesse aquele olho se virar de repente. “E, teoricamente, não deveria ter essa aparência. Isso não está de acordo com as leis biológicas… Parece mais um cadáver distorcido, ou algo construído usando um cadáver como matéria-prima…”

    Agatha não falou. Ela não sabia se deveria se maravilhar com a capacidade do Capitão Duncan de analisar calmamente em tal situação, ou se deveria se maravilhar se uma criatura capaz de carregar uma cidade-estado precisava “estar de acordo com as leis biológicas”. Uma enorme confusão e espanto enchiam sua mente, a ponto de ela não conseguir pensar nessas questões como faria normalmente.

    A visão de mundo que ela construiu ao longo de muito tempo estava sendo testada.

    A verdadeira aparência sob a cidade-estado era tão aterrorizante e bizarra. O único refúgio seguro dos mortais no mar infinito era construído sobre uma criatura inominável. Sob os pés de todos, no fundo de rochas e solo a milhares de metros de profundidade, tentáculos murchos pendiam no mar profundo, pupilas pálidas contemplavam o abismo, e todos… não sabiam de nada.

    Depois de ficar atordoada por um tempo indeterminado, Agatha finalmente despertou. Ela se virou para Duncan e disse, hesitante: “Apenas Geada é assim?”

    Ela não sabia por que estava fazendo essa pergunta ao Capitão Duncan. Ela nem mesmo pensou em que tipo de resposta receberia. Apenas uma enorme confusão a impelia a falar, mesmo que a pergunta estivesse destinada a não ter conclusão.

    Mas o capitão respondeu.

    “Talvez todas as cidades-estado sejam assim”, disse Duncan lentamente. Ele se lembrou de sua “percepção” anterior sob Pland e, de outra perspectiva, examinou a “coleção” na prateleira de seu apartamento. “Abaixo da Cidade-Estado de Pland também há uma estrutura semelhante a esta, mas sem olhos. Na posição correspondente, há apenas um amontoado de massas deformadas e inchadas.”

    Agatha falou inconscientemente, em meio ao espanto: “O senhor já mergulhou sob Pland?”

    Duncan balançou a cabeça: “Não, esta é a primeira vez que mergulho pessoalmente no mar profundo, mas tenho outros meios para perceber grosseiramente a aparência sob as cidades-estado.”

    Enquanto falava, ele ergueu a cabeça, olhando para a “selva” invertida na escuridão do lado de fora da vigia.

    A percepção grosseira tinha seus limites. Se ele não tivesse descido pessoalmente para dar uma olhada, temia que nunca teria imaginado que as estruturas irregulares e bizarras sob a cidade-estado… eram os restos mortais de algo inominável.

    O enorme globo ocular pálido se afastava lentamente em seu campo de visão. O feixe de luz do holofote passava pelos tentáculos ao redor dele. No entanto, mesmo que o olho desaparecesse gradualmente na escuridão, a sensação de ser observado por muito tempo ainda assombrava sua mente, como se inúmeros tentáculos invisíveis estivessem se enrolando no casco do submersível de todas as direções.

    Até mesmo o funcionamento do núcleo a vapor parecia ter se tornado pesado e lento.

    Mas tudo isso era uma ilusão. O submersível ainda se afastava firmemente daquela “floresta” e daquele olho, sem encontrar nenhum obstáculo substancial.

    “Precisamos continuar descendo”, Duncan se virou e disse a Agatha. “A verdade sobre a ‘base’ da cidade-estado é apenas o começo. Estamos entrando no ponto cego da visão do mundo civilizado. Qualquer coisa pode acontecer a seguir. Você ainda tem coragem?”

    Agatha também se virou. Através da faixa de tecido preto, ela encontrou o olhar de Duncan com franqueza.

    “Estou preparada”, disse a guardiã da cidade-estado em tom calmo. “Vamos continuar a descida.”

    Caso queira me apoiar de alguma forma, considere fazer uma doação

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (4 votos)

    Nota