Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Naquele instante, uma percepção estranha e caótica invadiu subitamente a consciência de Duncan. Assim como em suas “caminhadas pelo Plano Espiritual” anteriores, ele sentiu sua “perspectiva” se dividir em duas, e um novo corpo se tornou sua nova “extremidade” para perceber o mundo. Mas… era diferente das sensações anteriores.

    A nova “perspectiva” estava repleta de um fluxo de luz agitado, como uma interferência. Sombras e luzes, como algum tipo de linha de varredura, permeavam a água. Ele viu a “terra primordial” envolta em escuridão à distância, e também os inúmeros seres humanoides flutuando ao redor dela. Ao mesmo tempo, ele viu o discreto submersível – suspenso obliquamente acima da ilha flutuante do mar profundo, mantendo um ângulo inclinado para a frente, com uma luz pálida se estendendo de sua proa e se dissipando lentamente na água.

    Tudo isso era cercado por luzes e sombras flutuantes, entre o real e o irreal. Mesmo onde os holofotes do submersível não alcançavam, ele podia “ver” um brilho fraco e contornos – era uma perspectiva completamente nova.

    Do lado de fora da vigia, no mar profundo, o corpo que de repente começou a se mover lentamente levantou o braço, tocando sua cabeça sem feições.

    Naturalmente, Duncan não sentiu seus próprios olhos – o corpo que ele acabara de ocupar não possuía tal órgão. Na verdade, este corpo nem sequer tinha mãos e pés formados. A extremidade lisa do membro tocou o rosto liso e polido, transmitindo uma sensação tátil estranha, áspera e entorpecida.

    Mas, de repente, Duncan teve uma sensação… Ele seguiu essa sensação e manipulou seu novo corpo, estendendo ambos os braços e pressionando com força o “rosto” deste corpo.

    O rosto, escuro como lama e de superfície lisa, começou a se contorcer. Em poucos segundos, a parte frontal do rosto se diferenciou, formando dois olhos.

    A visão ficou muito mais clara.

    Duncan, um tanto sem prática, controlou este corpo de “esboço”, nadando lentamente até a frente do submersível e observando o interior com os olhos recém-formados.

    Ele se encarou, uma sensação nova e bizarra.

    Dentro do submersível, Agatha não pôde deixar de soltar um grito tardio de espanto: “Ah!”

    Só então ela se deu conta e virou a cabeça bruscamente para Duncan, que estava de pé no console de controle: “O senhor… realmente me assustou um pouco.”

    “Você deveria aprender a se acostumar”, disse Duncan de dentro do submersível, sem virar a cabeça, enquanto monitorava o estado da máquina. “As pessoas ao meu redor sempre se assustam com pouca coisa.”

    Mas o medo de Agatha ainda não havia passado. Ela permaneceu tensa, seu “olhar” varrendo rapidamente entre Duncan e o “humanoide” do lado de fora da cabine várias vezes, com apenas um pensamento em sua mente –

    ‘Havia uma boa razão para o mundo temer tanto o Capitão Duncan. Este seu gesto casual, mesmo neste mar profundo e infinito, é excessivamente sinistro e aterrorizante.’

    Mas, depois de hesitar por um longo tempo, ela não se atreveu a expressar os pensamentos em sua mente e só conseguiu mudar de assunto de forma abrupta: “…O que o senhor vai fazer a seguir?”

    “Este corpo temporário pode enxergar no escuro. Vou continuar a verificar a situação à frente”, disse Duncan casualmente, enquanto já começava a puxar uma série de alavancas e manivelas no console. Com seus movimentos, a casa de máquinas do submersível emitiu novamente um ruído difícil, como se estivesse no limite. “Quanto a este lado… precisamos subir um pouco. Esta máquina está quase no seu limite, não pode permanecer na profundidade máxima por muito tempo.”

    Em meio ao rugido baixo e difícil do tanque de lastro drenando a água, o submersível começou a subir lentamente. Agatha, no entanto, não pôde deixar de olhar para fora da vigia, para o “humanoide” que se afastava gradualmente na luz.

    Um brilho de fogo fantasmagórico apareceu de repente na água. O corpo que carregava a vontade do Capitão Duncan acenou para este lado, depois se virou e, acompanhado pelas chamas espirituais flutuantes, afundou gradualmente nas profundezas escuras.

    Frio, escuridão, solidão, silêncio.

    A consciência de Duncan se adaptou gradualmente a este corpo temporário de estado bizarro. Ele controlou este corpo para se virar, nadar, avançar na escuridão e se aproximar continuamente da “ilha original de Geada” que flutuava no mar profundo.

    A luz do submersível já estava distante, e a escuridão mais uma vez dominava este mar profundo. No entanto, as chamas espirituais esverdeadas se espalhavam lentamente na água. Esta luz fraca, juntamente com a capacidade de percepção peculiar deste corpo, permitia que Duncan distinguisse o ambiente ao seu redor e a direção a seguir.

    Ao seu redor, inúmeros objetos humanoides flutuavam na água gelada.

    Como uma reunião extremamente bizarra, os esboços de “pessoas” se reuniam em todas as direções, próximos ou distantes, estagnados e cegos, ondulando levemente com a correnteza. E o único com olhos atravessava essa “multidão” silenciosa e estranha.

    Duncan tentou ao máximo não tocar nos “humanoides” que flutuavam perto dele, mas ainda era inevitável passar muito perto deles.

    Toda vez que passava por eles, ele não podia deixar de ter algumas associações estranhas e aterrorizantes – como se houvesse inúmeros pares de olhos, inúmeras almas esperando para despertar, observando curiosamente este intruso, e até mesmo prontas para estender a mão a qualquer momento.

    Mas, no final, nada aconteceu.

    Os humanoides silenciosos permaneceram apenas silenciosos. Eles não tinham coração nem alma, como bonecos vazios feitos de lodo.

    Duncan atravessou essas cascas vazias e chegou a uma falésia na borda da “ilha flutuante do mar profundo”.

    Ele parou, observando o terreno à sua frente.

    Esta deveria ser a costa sudeste de “Geada”. No mundo acima da superfície do mar, esta costa tinha portos, armazéns e um escritório da alfândega. Uma pequena e bela capela se erguia no penhasco, e o caminho que levava à capela era ladeado por árvores resistentes ao frio, perenes no inverno.

    No entanto, aqui, na costa acidentada, havia apenas pedras nuas, com um brilho escuro e estranho, como um modelo grosseiro e sem pintura.

    Duncan ergueu a cabeça, olhando na direção do centro da ilha flutuante.

    Na intersecção da escuridão e da luz fraca, ele podia ver vagamente algum tipo de estrutura maciça, como um pico de montanha ou um pilar gigante que atravessava a ilha.

    Ele se lembrou da cena que Masha lhe mostrou durante a conversa anterior –

    Inúmeras mentes que caíram no mar lançaram um olhar para aquele abismo escuro antes de se dissiparem. A impressão comum que eles formaram em seu terror foi a de um pilar gigante, atravessando uma enorme entidade flutuando no mar profundo.

    Agora, parecia que a enorme entidade apresentada naquela visão era o “projeto original” de Geada diante de seus olhos. E o pilar gigante que atravessava a ilha? Era o Senhor das Profundezas “invadindo” o mundo real? Ou… as chamadas Cópias?

    Duncan pensou um pouco, levantou-se e nadou em direção àquele “pilar”, mas parou depois de uma curta distância, sentindo-se um pouco frustrado.

    Era muito longe. Era a distância de atravessar metade de uma cidade-estado.

    ‘Olhar para a montanha faz o cavalo correr até a morte’ – ainda mais neste mar profundo onde era difícil se mover.

    Mesmo que este corpo não fosse afetado pela imensa pressão do mar profundo, nadar todo o caminho seria uma tarefa demorada e cansativa.

    Duncan ponderou, e uma ideia surgiu gradualmente.

    Ele hesitou por alguns segundos, depois, com uma atitude de “tentar para ver”, levantou lentamente um braço na água e o balançou suavemente.

    Chamas esverdeadas se espalharam com seu movimento e, em um piscar de olhos, convergiram para formar um portal giratório. Depois que o portal se abriu, uma ave esquelética envolta em chamas furiosas saiu correndo e circulou Duncan, grasnando alto:

    “Quem está chamando a frota! Teleporte bem-sucedido! Teleporte bem-sucedido! Abram a porta, é o entregador!”

    Duncan arregalou os olhos, atônito.

    Ai batia as asas ao seu lado. Neste mar profundo com a pressão de bilhões de toneladas de água, ela ainda era tão ágil e leve quanto voar no céu. E sua voz feminina aguda e única, como algum tipo de som sintetizado e distorcido, era tão barulhenta como sempre, tão clara que parecia perfurar diretamente o cérebro.

    O ambiente do mar profundo, para Ai, parecia não existir!

    Duncan originalmente estava apenas tentando, para ver se Ai poderia ser de alguma utilidade. Afinal, a capacidade de “teleporte” desta pomba já havia demonstrado uma eficácia incrível várias vezes. Mas, afinal, este era o mar profundo, completamente diferente da superfície. Ele já estava preparado para teleportar Ai de volta ao navio instantaneamente se ela não conseguisse se adaptar ao ambiente. Mas o que aconteceu diante de seus olhos… estava completamente além de suas expectativas.

    Ele apenas observou, boquiaberto, enquanto a pomba voava ao seu redor como se estivesse no ar, fazendo barulho, observando-a atravessar a água como uma projeção não afetada pelo ambiente. Ele ficou atordoado por um bom tempo antes de estender a mão e interceptar a ave.

    Ai pousou obedientemente no braço de Duncan, inclinando a cabeça curiosamente: “O que foi, o que foi, o que foi?”

    Duncan estava prestes a falar, mas de repente percebeu que este corpo parecia não ter boca e, mesmo que tivesse, ele não sabia como falar diretamente neste mar profundo. Então, ele se concentrou, tentando transmitir seus pensamentos para esta pomba espiritual –

    ‘Estamos no mar profundo, você sente algum desconforto?’

    Ele olhou nos olhos de Ai, imaginando se ela entenderia o que ele queria dizer, esperando por sua resposta.

    Ai inclinou a cabeça novamente.

    “GG, você também veio surfar!”, a ave de repente bateu as asas com entusiasmo, e pontos de fogo esverdeado caíram de suas asas de osso. “Asas Celestiais 3G, tão rápido! Asas Celestiais 3G, tão rápido!”

    O olhar de Duncan mudou ligeiramente. Ele ouviu pensativamente o barulho da pomba espiritual, sem falar por um longo tempo.

    Até que Ai gradualmente se acalmou e bicou seu braço curiosamente: “O aplicativo não está respondendo?”

    Só então Duncan despertou de seus pensamentos, e sua mente rapidamente voltou ao assunto em questão.

    Ainda havia trabalho a ser feito.

    Ele ergueu a cabeça, olhando para a escuridão distante e caótica, e mais uma vez se concentrou, tentando transmitir seu comando para a pomba espiritual ao seu lado –

    ‘Leve-me àquele lugar.’

    “Comando recebido! Comando recebido!”, Ai reagiu rapidamente, como de costume. Ela bateu as asas com entusiasmo, fazendo as chamas furiosas subirem ao redor. “Missão dada é missão cumprida!”

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