Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 488: Viagem de Retorno
O fogo se espalhou mais rápido e com mais violência do que Duncan imaginara.
Ele apenas acendeu uma pequena chama na borda do gigantesco “pilar” e se preparou para esperar sua lenta propagação, mas não esperava que aquela pequena chama se transformasse instantaneamente em um fogo colossal que iluminou as profundezas do mar. Sob a pressão de bilhões de toneladas de água, a estranheza daquelas chamas violentas era ainda mais acentuada.
Matéria sobrenatural era o melhor combustível para as chamas espirituais, e o tentáculo do deus antigo naturalmente se enquadrava como “sobrenatural”, mas mesmo assim, o fogo queimava com uma ferocidade e rapidez excessivas.
Era como se alguma força estivesse agindo como catalisador, intensificando o poder do fogo espiritual.
Seria devido ao ambiente peculiar do mar profundo? Ou o tentáculo do deus antigo estava “cooperando” ativamente?
Duncan franziu ligeiramente a testa, sentindo a vasta quantidade de informações que as chamas lhe transmitiam. Eram fragmentadas, misturadas com uma grande quantidade de ruídos distorcidos e fragmentos de luz e sombra sem sentido, que pareciam ser resíduos liberados descontroladamente durante o colapso do “tentáculo”.
Para um ser humano comum, até mesmo um único sussurro daquelas “coisas” poderia ser suficiente para levar à loucura, mas Duncan apenas as achava triviais e confusas. Ele se esforçou para discernir informações úteis em meio àquele ruído caótico e, um instante antes de todo o barulho cessar, ele finalmente “ouviu” algumas “vozes” que pôde compreender.
Na água do mar, ele arregalou os olhos abruptamente, com um toque de espanto, encarando o tentáculo do deus antigo que desmoronava rapidamente nas chamas espirituais.
‘LH-01? Líder do Horizonte Um?!’
No vácuo, um estrondo pareceu ecoar das profundezas. A cópia defeituosa do deus antigo finalmente se desintegrou por completo. Todos os ruídos desapareceram, e nenhuma voz respondeu à pergunta momentânea de Duncan. No silêncio súbito, que parecia preenchido por um vazio infinito, apenas um pensamento nebuloso, como um fantasma na névoa, flutuou silenciosamente por sua mente:
‘Obrigado, Usurpador do Fogo.’
Duncan piscou, a mente repleta de pensamentos complexos e inúmeras conjecturas e associações surpreendentes. Depois de um tempo indeterminado, justo quando começava a ponderar se deveria continuar explorando aquele lugar ou mergulhar ainda mais fundo, um brilho de fogo piscou na periferia de sua visão.
Ele se virou bruscamente e viu Ai, que antes voava ao seu redor, começar a piscar intensamente, como uma projeção com mau contato. As chamas por todo o corpo da pomba oscilavam, e ela começou a bater as asas rapidamente, emitindo um grito agudo e intermitente: “Qualidade de… sinal ruim, por favor, verifique… sua conexão de hardware… servidor remoto… aguardando…”
O olhar de Duncan se aguçou instantaneamente, e ele acenou, teleportando Ai de volta. No segundo seguinte ao retorno de Ai ao Banido, ele notou que o “receptáculo temporário” que estava usando desmoronava rapidamente.
Rachaduras, grandes e pequenas, cobriram todo o corpo daquele “esboço bruto” em um piscar de olhos, e as chamas esverdeadas que saltavam das fissuras se dissipavam rapidamente.
Na água circundante, as “figuras humanoides” que flutuavam por toda parte também começaram a mostrar os mesmos sinais de desintegração. Inúmeras carcaças humanoides se transformavam rapidamente em detritos negros, afundando em direção à “Ilha Flutuante de Geada” nas profundezas.
A cópia defeituosa do deus antigo foi consumida pelas chamas, e os esboços brutos de corpos humanos que cercavam a ilha flutuante colapsaram em seguida. Com exceção da própria ilha flutuante, que poderia ser o “projeto original” e permaneceu inalterada, tudo nas profundezas do mar se desintegrava e se dissipava rapidamente, retornando ao… “estado normal projetado inicialmente”.
Duncan rapidamente entendeu a relação de causa e efeito por trás dessas mudanças. No instante seguinte, sentiu sua consciência ser “ejetada” à força daquele receptáculo que não conseguia mais se manter.
Antes que sua percepção fosse interrompida, apenas um pensamento lhe ocorreu:
‘Que desperdício deste receptáculo adaptado ao ambiente do fundo do mar. Pensei que duraria muito tempo, mas acabou sendo descartável de novo…’
O zumbido baixo do tanque de lastro expelindo água ecoava dentro do submersível e, com uma leve vibração, a máquina inteira começou a acelerar sua subida.
Duncan, em frente ao console de controle, suspirou com pesar, lamentando a perda de mais um “receptáculo temporário”, enquanto verificava o estado da máquina.
A turbulência nas profundezas, causada pelo colapso do gigantesco “pilar”, atingiu o submersível que subia lentamente, mas, felizmente, não causou nenhum dano.
A voz aterrorizada de Agatha veio do lado: “O que… o que foi aquilo?!”
Ela apontou para fora da vigia, para as profundezas escuras que rapidamente voltavam à penumbra. No entanto, na escuridão sem fim, alguns brilhos verdes residuais ainda explodiam de vez em quando. Um fluxo esverdeado em grande escala parecia queimar violentamente ao longo de destroços gigantescos, e uma série de explosões parecia estar ocorrendo naquela escuridão.
Fora do submersível, a correnteza estava caótica, e o ruído da máquina em funcionamento, juntamente com os estranhos baques que vinham do casco, eram enervantes.
Sem dúvida, algo grandioso havia acontecido lá embaixo.
“… Eu encontrei a origem da crise de Geada. No centro de uma ilha flutuante no mar profundo, que se suspeita ser um ‘projeto original da criação’, havia um tentáculo de um deus antigo de escala impressionante. Era uma cópia defeituosa do Senhor das Profundezas. Sua existência afetava toda esta área do mar”, Duncan virou-se ligeiramente, olhando para Agatha, que claramente esperava uma explicação. “Nos últimos cinquenta anos, a alma da Rainha de Geada esteve apaziguando essa cópia defeituosa. Ela resistiu por tempo demais.”
Agatha lentamente abriu a boca.
Ela não esperava que o Capitão Duncan, apenas com um rápido olhar usando seu “avatar”, pudesse trazer de volta uma informação tão chocante!
Ela ficou paralisada de espanto por um longo tempo antes de finalmente voltar a si, perguntando instintivamente: “E… e então? O que aconteceu depois?”
“Queimei”, disse Duncan, sucinto.
Agatha demorou um pouco para processar: “… Queimou?”
“Queimei”, repetiu Duncan, apontando para fora da vigia. “Não viu? Fui eu que acendi o fogo.”
“Não, não é que eu não tenha entendido suas palavras, eu entendi… não, eu não entendi, não entendi mesmo”, Agatha ficou um pouco incoerente. Nem mesmo quando enfrentou centenas de cultistas naquele local de ritual bizarro e maligno ela se sentiu tão perdida. Mas diante do Capitão Duncan, que parecia nunca agir de acordo com a lógica, sua sanidade sempre parecia insuficiente. “O senhor simplesmente… queimou? Um deus antigo… mesmo que fosse apenas uma cópia defeituosa de um deus antigo… o senhor simplesmente o queimou?”
Duncan, claro, sabia que Agatha reagiria assim, mas ele também não sabia como explicar a imensa quantidade de detalhes. Depois de pensar por um bom tempo, ele deu de ombros, impotente: “Sinceramente, também fiquei surpreso. Ele era mais inflamável do que eu pensava.”
Agatha: “…”
Após um momento de silêncio, o pensamento da senhorita Guardiã do Portão finalmente se reconectou: “E… a alma da Rainha de Geada? O senhor a ‘queimou’ junto?”
“Ela foi libertada, mas não sei para onde irá. Talvez nos encontremos novamente”, cada palavra de Duncan era a pura verdade. “Conversei muito com ela, sobre suas experiências de vida, os segredos do mar profundo e algumas… verdades sobre o nosso mundo. A maior parte do conteúdo é profundamente transformadora.”
“Profundamente transformadora?”, Agatha parecia ainda não ter se recuperado do choque do “queimou”, e seu raciocínio estava visivelmente lento. Ouvindo as palavras de Duncan, ela apenas perguntou por instinto: “Que tipo de transformação?”
“O tipo que exige queimar incenso, fazer uma prece, escrever um testamento antes de ouvir, e depois requer observação em isolamento e uma avaliação psiquiátrica”, Duncan olhou para ela de soslaio. “Eu lhe contarei, quando voltarmos para a terra firme e segura, e depois de confirmar que você está preparada.”
Mesmo sendo uma Guardiã do Portão que passara por inúmeras provações, com uma força de vontade e espírito extremamente resilientes, Agatha sentiu seus nervos se tensionarem instintivamente ao ouvir as palavras de Duncan.
Este “Capitão”, que podia retornar até mesmo do subespaço, estava usando um tom tão solene e sério… Que tipo de segredo ele teria descoberto naquela escuridão fria e sem fim?
Ao mesmo tempo, a bordo do Banido, Duncan retornara do “apartamento” envolto em névoa densa para sua cabine de capitão.
Na borda da mesa de mapa, a cabeça de bode escura e pesada girou o pescoço com um rangido, seus olhos de obsidiana fixos no capitão.
“Nome?”, perguntou, formalmente.
“Duncan Abnomar”, Duncan acenou com a mão, sentando-se à mesa, e depois olhou para o Cabeça de Bode. “Eu me ausentei por muito tempo?”
“O senhor foi para muito longe”, o Cabeça de Bode pareceu suspirar de alívio, e seu tom imediatamente voltou ao normal. “Senti que uma lasca de sua vontade viajou para um lugar muito, muito distante, tão longe que até mesmo o Banido teve dificuldade em rastrear. Por favor, não se zangue, eu estava apenas preocupado com a sua segurança. Afinal, um navio tão grande depende inteiramente da liderança do nosso sábio capitão…”
“Chega, já sei da sua lealdade, confiabilidade, diligência e consideração. Fique tranquilo, foi apenas uma viagem distante, mas breve, sem grandes consequências. O que Alice está fazendo?”
“Senhorita Alice?”, o Cabeça de Bode fez uma pausa e depois respondeu. “Ela estava descansando em sua cabine… Ah, ela está vindo em direção à cabine do capitão, parece estar com pressa.”
Assim que o Cabeça de Bode terminou de falar, o som de passos apressados veio do convés do lado de fora, e a aura familiar de Alice apareceu do outro lado da porta.
No momento em que a batida na porta ia soar, Duncan falou primeiro: “Pode entrar.”
No segundo seguinte, duas batidas ainda soaram, e só então a boneca, com um atraso, disse um “Oh” do lado de fora antes de abrir a porta e entrar na cabine.
“Capitão! Capitão, Capitão!”, assim que entrou, Alice correu apressadamente até Duncan e, sem esperar que ele falasse, disparou: “Aconteceu uma coisa! Eu sonhei! Acabei de ter um sonho!”
Duncan tinha muito a dizer para Alice, mas não esperava que ela estivesse ainda mais ansiosa e apressada do que ele. Isso o fez franzir a testa: “Você teve um sonho? Com o que sonhou?”
“Não me lembro dos detalhes!”, disse Alice com uma confiança inabalável. “Só senti que no sonho eu era… meio incrível? Como naquela sensação que o senhor descreveu uma vez… Parecia que eu tinha ganhado um cérebro?”
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