Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan olhou silenciosamente para Alice, e Alice olhou para Duncan com a mesma confiança inabalável.

    Momentos depois, Duncan massageou a testa, sentindo uma emoção estranha surgir e uma sensação de incongruência que teimava em não se dissipar.

    ‘Como pode o mesmo rosto expressar temperamentos tão drasticamente diferentes?’

    “Capitão”, Alice piscou curiosa ao ver a reação de Duncan e se aproximou para perguntar. “Por que o senhor não está dizendo nada? Eu disse algo errado?”

    “… Não, o problema não é com você”, Duncan balançou a cabeça, livrando-se dos pensamentos caóticos. Em seguida, ergueu os olhos de repente, olhando para a boneca à sua frente com uma expressão solene e séria. “Alice, você… já teve curiosidade sobre a sua conexão com a Rainha de Geada?”

    Alice ficou momentaneamente surpresa, coçou a cabeça e, depois de parecer ponderar seriamente por um tempo, disse, incerta: “Eu… já tive curiosidade, sim. Mas depois pensei um pouco e concluí que não parecia ser algo muito importante, então parei de pensar nisso.”

    Duncan ficou um pouco surpreso: “Não é importante?”

    “A Rainha de Geada é a Rainha de Geada, e eu sou eu. Não importa o quão grandiosa ela seja, isso é problema dela, e eu não entendo nada disso”, disse Alice com seriedade. “Eu tenho as coisas em que sou boa e gosto muito dos meus dias como são agora, e isso é ótimo. Além disso, ouvi do Sr. Morris que toda pessoa neste mundo pode encontrar outra pessoa que se parece quase exatamente com ela. Então, vou apenas considerar que a Rainha de Geada é essa pessoa que se parece comigo. Embora eu seja, na verdade, uma boneca…”

    Duncan ouviu em silêncio as palavras da boneca, observando o brilho natural e satisfeito em seus olhos ao falar sobre sua vida atual, e sentiu-se subitamente comovido.

    Talvez… ela fosse apenas uma cópia defeituosa especial criada pelo deus antigo nas profundezas do mar. Talvez, ela fosse realmente apenas o resultado da bizarra fusão entre Ray Nora, que caiu nas profundezas, e aquela guilhotina. Ou talvez, houvesse ainda mais segredos escondidos nela, segredos que nem mesmo Ray Nora poderia imaginar… mas, como a própria Alice disse, isso não era muito importante.

    Ela não era inteligente, mas era feliz. Havia muitas coisas que ela não entendia, mas nunca se sentiu nervosa ou com medo por causa dessas complexidades. Ela nasceu e viveu em um mundo cheio de bizarrices, um mundo bizarro que, para ela, era a coisa mais comum e “normal” que existia. E assim, ela explorava este mundo cheio de novidades e incógnitas para ela, curiosa, ansiosa por tudo, incluindo o amanhã, assim como…

    Uma criança abrindo os olhos sob o sol.

    Os seres mortais eram incontáveis, mas nem mesmo os guerreiros mais corajosos, os sábios mais eruditos ou os crentes mais devotos conseguiam ver o mundo com a mesma perspectiva de Alice.

    Duncan teve uma sensação súbita: neste mundo bizarro, onde todos viviam com medo e tudo se distorcia, Alice, a “boneca”, parecia mais “humana” do que qualquer outra pessoa.

    Assim como os seres humanos comuns que ele via em outro mundo, um mundo sem Anomalias ou Fenômenos, sem deuses ou bizarrices, caminhando tranquilamente sob a luz do sol.

    “Capitão?”, a voz curiosa de Alice soou novamente. “Por que o senhor está distraído de novo?”

    “Não é nada”, Duncan balançou a cabeça. “Só pensei de repente que… você também tem uma grande sabedoria.”

    Ao ouvir o elogio do capitão, Alice ficou um pouco surpresa, e um sorriso feliz gradualmente se espalhou por seu rosto: “Hehe…”

    Ela não sabia por que o capitão a elogiava de repente por ter “sabedoria”, nem sequer pensava que possuía alguma. Mas, já que o capitão a elogiou, era certamente motivo para se alegrar.

    Duncan, depois de fazer o elogio, pensou por um breve momento e, em seguida, estendeu a mão lentamente para o lado. Uma sensação fria veio da ponta de seus dedos: era a chave de latão.

    No mar profundo, o submersível subia lentamente. Ainda levaria algum tempo para ser “recuperado”.

    A Rainha de Geada, Ray Nora, havia lhe revelado uma grande quantidade de informações, mas ainda havia muitas lacunas e pontos obscuros que precisavam ser confirmados por ele mesmo.

    A chave de latão… Um Pregador do Fim com sanidade a entregou a Ray Nora e, mesmo com as habilidades dela, ela não conseguiu entender a verdadeira “essência” da chave. Ao mesmo tempo, em Alice, uma cópia defeituosa que parecia ter surgido por pura “coincidência”, havia um buraco de chave correspondente… A essa altura, ainda seria uma coincidência?

    Aquele Pregador do Fim previu tudo o que aconteceria hoje? Ou foi o tentáculo do deus antigo, adormecido nas profundezas do mar, que vasculhou as memórias de Ray Nora ao criar “Alice” e deixou o “buraco da chave” nela?

    Talvez… estivesse na hora de tentar.

    “Alice”, Duncan ergueu a cabeça de repente, olhando seriamente para a boneca à sua frente. “Venha comigo.”

    “Ah?”, Alice se assustou por um momento, mas reagiu rapidamente, levantando-se para segui-lo. “Oh, claro!”

    “Mantenha o leme firme”, ordenou Duncan ao Cabeça de Bode ao se levantar de trás da mesa de mapas. Ele respirou fundo e se virou, caminhando em direção aos seus aposentos.

    Alice seguiu Duncan sem entender, entrando com ele pela porta do quarto. Em seguida, sob as instruções dele, virou-se para fechar a porta e olhou para Duncan com curiosidade.

    “Capitão? O que vamos fazer agora?”

    Duncan segurou a chave em silêncio, olhando para a boneca: “Eu quero testar esta chave.”

    Alice, ao ouvir isso, ficou um pouco surpresa: “Ah? Mas o senhor não disse que essa chave poderia ser muito perigosa? Que a alma da Rainha de Geada poderia estar alojada nela ou algo assim…”

    “O perigo oculto foi eliminado”, disse Duncan calmamente. “Eu mesmo o eliminei agora há pouco.”

    “Oh!”, disse Alice imediatamente, virando-se para procurar o zíper em suas costas, sem hesitar. “Então eu vou tirar a roupa primeiro…”

    “Só precisa expor o buraco da chave”, embora já estivesse acostumado com a cabeça oca da boneca, Duncan ficou um pouco constrangido com a ação decidida dela. Ele a lembrou instintivamente, e em seguida ficou um pouco surpreso. “Você não tem medo?”

    “O capitão disse que não há mais perigo”, disse Alice, virando a cabeça. “E o senhor vai me dar corda pessoalmente. Se algo acontecer, o senhor com certeza vai me proteger, não é?”

    “…Sim, eu vou proteger você”, após um silêncio de dois ou três segundos, Duncan assentiu lentamente, e então apontou para um banquinho redondo ao lado da cama. “Sente-se aqui. Não tenho certeza do que acontecerá depois que eu der corda, é melhor não ficar de pé.”

    “Oh!”, Alice concordou e obedientemente foi até o banquinho, sentando-se de costas para Duncan.

    A roupa nas costas da boneca já estava aberta.

    Duncan finalmente viu a aparência do “buraco da chave”. Bem no centro das costas de Alice, lisas como porcelana branca, o buraco da chave estava incrustado ali, com um círculo de padrões finos e belos, com uma textura que parecia de ouro estampado, envolvendo-o.

    Duncan abaixou a cabeça e olhou para a chave de latão em sua mão.

    ‘…O tamanho e a forma correspondem perfeitamente.’

    Uma sensação estranha surgiu em seu coração, misturada com um pouco de nervosismo. Duncan respirou fundo, controlando essa sensação, e aproximou lentamente a chave do orifício redondo.

    “Alice.”

    “Hmm?”

    “Não tenha medo.”

    “Pode deixar!”

    A chave de corda entrou no buraco sem qualquer resistência. Em seguida, Duncan ouviu um “clique” nítido e claro, como se soasse diretamente em sua mente.

    Algo havia sido ativado, mas não era um mecanismo de corda comum.

    Uma leve força emanou da ponta de seus dedos. Duncan percebeu instantaneamente que a chave de corda estava girando sozinha. Ela girou lentamente para a posição horizontal e, em seguida, outro clique soou.

    No segundo seguinte, tudo à sua frente começou a mudar rapidamente.

    Luz e sombra desmoronavam e se reorganizavam, os sentidos passavam por uma transição e reinicialização. Era aquela tontura leve e familiar novamente, aquela sensação de “transferência” semelhante a “caminhar no plano espiritual”.

    Antes que pudesse lamentar mentalmente um ‘de novo não’, Duncan descobriu que tudo ao seu redor já havia se estabilizado.

    Ele estava em uma mansão antiga, magnífica, mas também sombria e bizarra.

    O amplo e solene salão clássico estava vazio, com altas colunas alinhadas em ambos os lados, sustentando um teto sombrio que parecia um aglomerado de nuvens de tempestade. Janelas estreitas e altas estavam incrustadas nas paredes cobertas de padrões e relevos. Do lado de fora das janelas, pareciam rastejar espinhos negros, e luzes e sombras caóticas flutuavam além dos espinheiros.

    E nesta mansão sombria e bizarra, vozes humanas podiam ser ouvidas de tempos em tempos: sussurros, conversas intermitentes, o som de passos no chão e até mesmo… uma música estranha e abafada, como se um baile estivesse acontecendo em algum lugar.

    Duncan franziu a testa, seus olhos varrendo a sombria e antiga mansão.

    Algo brilhou no canto do seu olho.

    Duncan olhou rapidamente naquela direção, mas só viu um canto de parede vazio.

    Mas ele tinha certeza de que viu algo. Uma silhueta… parecia uma criada em um vestido preto e branco.

    A figura não tinha cabeça; no lugar do colarinho da blusa, havia apenas um pescoço nu.

    Duncan parou por um momento no salão vazio, observando cuidadosamente o ambiente, sentindo a aura bizarra e inquieta que pairava no ar. Em seguida, deu um passo, caminhando em direção à escada em espiral no final do salão.

    Ele precisava descobrir que lugar era esse. Por que, depois de “dar corda” em Alice, ele foi trazido para cá?

    Ele subiu a escada em espiral, e os degraus, que pareciam abandonados por incontáveis anos, rangiam estranhamente sob seus pés. Enquanto caminhava, uma sensação de familiaridade surgiu de repente em sua mente.

    Ele parou bruscamente, olhando para os vários móveis e o estilo da mansão com os olhos arregalados.

    Ele sabia de onde vinha aquela sensação de familiaridade.

    Era do quarto onde a Rainha de Geada, Ray Nora, dormia!

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