Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Foi a primeira vez desde o “reencontro” que Lucretia viu no rosto de seu “pai” uma expressão tão complexa, tão pesada e, ao mesmo tempo, tão calorosa.

    Antes disso, seu pai havia sorrido para ela e demonstrado muitos gestos humanos, mas, por alguma razão, ela sentia que havia uma vaga sensação de estranheza por trás daqueles sorrisos e palavras, como se fosse uma “aparência amigável” que seu pai se esforçava para fingir depois de perder a memória no Subespaço. Essa sensação de estranheza a deixava constantemente inquieta.

    No entanto, naquele momento, ela finalmente viu no rosto dele uma emoção genuína — um pedido de desculpas e um pesar que outros dificilmente poderiam entender.

    Mas ela não sabia se aquele pedido de desculpas era para ela.

    “Ainda não sei o suficiente”, a senhorita bruxa suspirou suavemente. “Pensei que, de alguma forma, já tinha alcançado seus passos.”

    “… O Banido acabou caindo no Subespaço. Você não o alcançou, e isso é bom”, Duncan balançou a cabeça, depois deu um último olhar para a “Lua” flutuando silenciosamente e se virou para a ponte de conexão que levava para fora da plataforma. “Vamos voltar primeiro, Lucy.”

    Lucretia ficou um pouco surpresa: “Você não vai estudá-la por mais um tempo?”

    “Não sou um acadêmico, nem tenho métodos ou equipamentos de pesquisa profissionais”, Duncan acenou com a mão. “Vim apenas para vê-la com meus próprios olhos. Mas como desvendar seus segredos ainda depende dos acadêmicos profissionais.”

    Ao dizer isso, ele fez uma pausa e acrescentou: “Ficarei no Porto Brisa por um tempo. Acompanharei de perto o progresso de vocês na ‘Lua’. Além disso, se algo semelhante ao que aconteceu com Taran-El acontecer com outros elfos, me avise imediatamente.”

    “Entendido”, Lucretia assentiu imediatamente. Em seguida, hesitou por um momento e perguntou: “Sobre a sua chegada… posso contar ao Governador Salar Maier? Claro, não vou revelar a mais ninguém casualmente…”

    “Como quiser”, Duncan assentiu. “Pode contar a quem quiser — a reação deles não tem nada a ver comigo.”

    Lucretia abaixou levemente a cabeça: “Sim.”

    Momentos depois, no Banido, que estava parado em algum ponto do mar fora do corpo geométrico de luz, um portal de chamas giratórias apareceu de repente no convés de proa.

    O portal se abriu com o crepitar das chamas, e a figura de Duncan saiu de dentro dele. Alice, que estava ao lado segurando um grande esfregão e esfregando o convés com vários outros, correu alegremente: “O Capitão voltou!”

    Duncan acenou para dispersar as chamas atrás de si e olhou para a boneca gótica à sua frente, que segurava um esfregão e tinha um sorriso feliz no rosto, assentindo brevemente: “Sim, voltei.”

    “Correu tudo bem?” Alice jogou o esfregão de lado e olhou para o Capitão com alegria. “Você demorou muito, muito tempo. Conversou muito com a senhorita Lucretia? Você foi até aquela tal de ‘esfera’? Como ela é… ah!”

    O esfregão que Alice havia jogado de lado de repente saltou e bateu com força na cabeça da boneca exultante com o cabo de madeira, antes de pular pelo convés para se enxaguar em um balde.

    Alice segurou a cabeça, olhando para Duncan, confusa e magoada: “Por que ele me bateu?! Quase me derrubou…”

    Duncan olhou para a boneca de emoções simples e claras, para seu sorriso de antes e sua perplexidade de agora, e sem perceber, a sensação de aborrecimento e perda que se acumulara em seu coração se dissipou um pouco.

    Mas Alice ainda estava magoada.

    “… É melhor você verificar se esse é o esfregão de limpar o convés. Talvez ele ‘trabalhe’ na cozinha”, Duncan riu, estendendo a mão e afagando a cabeça de Alice. Em seguida, perguntou com curiosidade: “Aliás, eu sempre quis te perguntar — os esfregões e baldes deste navio podem fazer a limpeza sozinhos, por que você insiste em lavar o convés?”

    “Eu ajudo!” Alice estufou o peito, cheia de razão. “É tão cansativo para eles limparem sozinhos!”

    O canto do olho de Duncan tremeu. Ele desviou o olhar em silêncio, observando os esfregões e baldes que limpavam o convés rapidamente, como se temessem ser pegos por uma certa boneca para “ajudar” se fossem um passo mais lentos. Após um momento de silêncio, ele balançou a cabeça: “Desde que você… vocês estejam felizes.”

    Alice assentiu confusamente e então viu Duncan se virar, parecendo pronto para voltar para a cabine do capitão. Ela não pôde deixar de dizer: “Capitão, você vai voltar para descansar?”

    “… Sim, estou um pouco cansado.”

    “Capitão…”, Alice ainda parecia um pouco preocupada. Ela se aproximou e puxou a manga de Duncan. “Você está bem?”

    “Por que pergunta?” Duncan parou, intrigado, e se virou para olhar a boneca não muito inteligente.

    “Porque você tem suspirado muito nos últimos dois dias e passa mais tempo na cabine do capitão do que fora — até a senhorita Nina acha que você está preocupado, mas ela não tem coragem de perguntar”, respondeu Alice honestamente. “Além disso, quando você voltou agora, seu rosto estava muito pálido, como se… muitas coisas estivessem presas em seu coração. Mas agora seu rosto está melhor do que antes.”

    Duncan olhou para a boneca à sua frente com alguma surpresa.

    Ele não esperava que Alice, que geralmente parecia despreocupada e confusa, observasse e notasse essas coisas, e muito menos que ela o segurasse assim e dissesse tudo isso.

    ‘Será que é porque ela geralmente não pensa em muitas coisas que não sabe hesitar ou vacilar?’

    Associações desconexas surgiram na mente de Duncan, mas olhando para a boneca ainda preocupada e confusa à sua frente, ele não sabia o que dizer.

    Afinal, mesmo diante da erudita Lucretia, havia muitas coisas que ele não conseguia explicar claramente.

    “Você não entenderia”, Duncan balançou a cabeça após um momento de silêncio. “É complicado, tão complicado que é impossível de explicar a alguém. Nem você, nem mesmo Morris provavelmente entenderia.”

    Alice apenas piscou os olhos e disse sem hesitar: “Então você pode me contar mesmo assim.”

    Duncan não sabia se ria ou chorava: “Eu não acabei de dizer que você não entenderia…”

    “Mas eu já não entendo muitas coisas que você diz normalmente”, Alice disse com uma expressão de quem acha óbvio. “Eu não entendo muitas coisas, mas você ainda me conta — sou muito boa em ouvir as pessoas falarem, entendendo ou não, eu vou ouvir…”

    A expressão de Duncan de repente ficou um pouco estranha. Ouvindo a lógica mágica tão direta e até um pouco “orgulhosa” daquela boneca ingênua, ele por um momento não encontrou um argumento para refutar.

    Alice, por sua vez, continuou a olhar fixamente para o “Capitão” à sua frente. Ela não sentia que era vergonhoso não entender muitas coisas, nem sentia que havia algo de errado com o que estava dizendo — ela pensou, ficou curiosa, e então disse.

    Se algo está em seu coração, apenas diga — no mundo descomplicado de Alice, tudo funcionava assim.

    Ela de repente correu para longe, pegou um grande barril de madeira que tinha metade da sua altura, colocou-o no convés perto da amurada e depois pegou outro, colocando-o ao lado do primeiro.

    Com agilidade, ela subiu no barril e acenou para Duncan com um sorriso: “Capitão, sente-se também — a senhorita Vanna disse que sentir o vento e olhar o mar melhora o humor.”

    Duncan hesitou por um momento e de repente riu.

    Aquela boneca estava se esforçando, usando seu conhecimento e experiência limitados para tentar fazer o “Capitão” se sentir um pouco melhor.

    Duncan se aproximou e sentou-se no barril ao lado de Alice.

    Seu humor não mudou por causa da brisa do mar — mas de fato melhorou um pouco.

    “Alice.”

    “Sim?”

    “Vou te fazer uma pergunta”, Duncan ponderou. Inicialmente, ele se esforçou para pensar em como fazer Alice entender os conceitos de “lua” e “céu estrelado”, mas agora de repente percebeu que não precisava explicar essas coisas complicadas para ela. “Suponha que você viva em um lugar, e há algo que é único desse lugar — é absolutamente impossível que venha de outro lugar, e absolutamente impossível que pertença a outro lugar. Contanto que você veja essa coisa, você sabe que ela vem de lá…”

    Alice pensou por um momento e perguntou curiosa: “Como eu moro no Banido agora, e você é o único capitão do Banido?”

    Duncan ficou atônito por um momento e disse hesitante: “Sua analogia não está certa… mas pode ser entendida mais ou menos assim.”

    “Oh, e então?”

    “… Então, você saiu de lá e não pode mais voltar”, o tom de Duncan de repente ficou um pouco baixo. “Você foi para um lugar muito distante e estranho, onde tudo é diferente de casa. Você viveu lá por um tempo, tentando encontrar o caminho de volta, mas de repente, você viu aquela ‘coisa’ — aquela coisa que, teoricamente, só poderia aparecer em sua terra natal, e que de forma alguma deveria ser vista em uma terra estranha…”

    As palavras de Duncan cessaram, mas Alice ainda estava pensando, aturdida. Depois de um tempo, ela de repente riu.

    “Então eu com certeza voltei para o Banido!”

    “Voltou para o Banido?”

    “Você disse que podia ser entendido assim — você é o único capitão do Banido. Um dia, fui enviada para um lugar muito longe do Banido e não consegui encontrar o caminho de volta para o navio, mas de repente você apareceu na minha frente — então eu com certeza voltei para casa! Afinal, onde você está, é o Banido.”

    A boneca sorriu feliz, olhando para Duncan com um rosto confiante.

    “Você disse, aquela coisa só pode aparecer na ‘terra natal’, e agora ela apareceu na sua frente, isso significa que você está em casa agora!”

    Alice completou sua teoria, depois se virou no grande barril de madeira, apoiou o queixo nas mãos, inclinou o corpo para a frente e disse com um sorriso radiante:

    “Capitão, isso é uma charada?”

    Duncan ficou um pouco atordoado.

    Ele olhou fixamente para a senhorita boneca no barril em frente. Quando a brisa do mar soprou, os cabelos prateados de Alice esvoaçaram, como seu humor sempre brilhante e saltitante.

    Então ele riu.

    “Sim, é uma charada — e agora todos nós entendemos”, ele pulou do barril e disse a Alice com um sorriso. “E mais uma coisa.”

    “Sim?”

    “Essa sua postura é instável.”

    Alice, que ainda estava inclinada para a frente com o queixo apoiado nas mãos, ficou atônita ao ouvir isso: “Hã?”

    No segundo seguinte, ela ouviu um leve estalo vindo de seu pescoço.

    Ploc!

    Com dois baques surdos, Alice caiu no chão em duas partes. Em seguida, ouviu-se do convés sua característica gagueira:

    “Capitão, aju, aju… ajude…”

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