Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 548: “Costumes Alimentares”
Nina, que esperava ansiosamente pela viagem à Porto Brisa e pelas iguarias da cidade-estado élfica, finalmente enfrentou a dura realidade.
Agora ela estava sentada à mesa com o olhar vazio, encarando a pilha de matéria escura de cheiro indescritível sobre a mesa — panquecas queimadas cobertas com feijões fermentados até formarem fios e bolhas. O sabor resultante podia ser imaginado sem mesmo provar, de tão chocante que era. Isso já ultrapassava a compreensão de Nina sobre “comida”, parecendo mais uma obra de arte abstrata.
A situação de Shirley, do outro lado da mesa, obviamente não era muito melhor. À sua frente havia uma pilha de crepes doces na “versão élfica modificada”. O cheiro do queijo fermentado deixava seu rosto um pouco esverdeado.
Depois de um longo tempo, Shirley levantou a cabeça, olhou para Nina à sua frente e apontou para a comida na mesa: “Eles disseram que isso é crepe doce…”
“Como eles podem insultar os crepes doces assim…”, Nina parecia prestes a chorar. “Esta é a minha comida favorita desde a infância…”
“Mas este é de fato o crepe doce de Porto Brisa”, Taran-El sentou-se do outro lado da mesa. Este grande erudito, bastante renomado na Academia da Verdade, parecia um pouco nervoso e inquieto no momento, sem saber se era por “ter negligenciado os servos do Capitão Duncan” ou simplesmente por não conseguir encarar os olhares quase ressentidos das duas meninas. “Pelo que sei, muitos forasteiros realmente não se adaptam… mas também há quem goste muito depois de se acostumar…”
Nina parecia horrorizada: “Mas este feijão está podre! Não só está podre, como até forma fios! O muco está até borbulhando!”
“Mas o sabor é muito bom, de verdade”, Taran-El se esforçou para explicar com sinceridade. “E não há absolutamente nenhum problema de saúde — pelo contrário, é muito benéfico para o sistema digestivo…”
Nina e Shirley ouviam a explicação do grande erudito, ambas com uma expressão de quem teve a alma arrancada do corpo, como se suas mentes já não conseguissem acompanhar a lógica do mundo real.
Quando Duncan chegou, foi essa a cena que ele encontrou, como esperado.
Isso o fez rir. Ele se aproximou e afagou o cabelo de Nina: “Eu não te disse que você poderia não se adaptar à comida de Porto Brisa? Os elfos fizeram muitos ajustes nesses pratos típicos de vários lugares de acordo com o gosto deles.”
Nina murmurou para si mesma: “Mas eu não imaginei que tipo de ajustes eles fariam…”
“Desculpe, fui imprudente — deveria ter recomendado alguns pratos menos ‘típicos locais’ primeiro”, Taran-El ficou instintivamente nervoso no momento em que viu Duncan aparecer, mas, afinal, já havia se adaptado ao longo do caminho e rapidamente se recompôs, dizendo com pesar às duas meninas desapontadas: “O pão e os rolinhos de bacon de Porto Brisa não são diferentes dos de outros lugares. Vamos nos livrar dessas coisas.”
Mas, para surpresa de todos, ao ouvir as palavras de Taran-El, Shirley de repente franziu os lábios e pegou o “crepe” de cheiro estranho à sua frente.
Lucretia, que originalmente observava a cena ao lado, ficou um pouco surpresa: “Shirley?”
“Isso é comida”, Shirley apenas murmurou e, em seguida, como se tomasse uma grande decisão, fechou os olhos e enfiou o crepe na boca, mastigando com força enquanto emitia sons abafados. “Não é tão ruim…”
Nina olhou espantada para sua amiga do outro lado da mesa, que se esforçava para engolir a comida. Após um momento, ela pareceu pensar em algo e, em seguida, pegou a comida do prato sem dizer uma palavra.
As duas meninas praticamente devoraram a comida que Taran-El havia comprado.
Então, quase ao mesmo tempo, limparam a boca, levantaram a cabeça para se olhar e sorriram.
A sala de estar ficou um pouco silenciosa.
Duncan sorriu, deu um tapinha no ombro de Nina e depois foi limpar o “molho” que havia sujado o rosto de Shirley.
Taran-El, por sua vez, reagiu após alguns segundos de espanto e quebrou o silêncio com um pouco de constrangimento: “Raramente os forasteiros se adaptam tão rapidamente… Ah, a propósito, se vocês não estão acostumadas com esses alimentos processados por fermentação de Porto Brisa, na verdade também temos muitos pratos que mantêm o sabor original. Além do pão e dos rolinhos de bacon que mencionei, também temos ensopado cremoso no estilo do mar central, ensopado de carne com erva-de-lança, ensopado de cogumelos da culinária do norte e pudim de ovo com beterraba…”
Ao ouvir isso, os olhos de Nina se arregalaram, e um brilho de expectativa pareceu retornar ao fundo de seus olhos: “Então vocês também têm comida com sabor normal?! Por que não disse antes!”
Taran-El abriu as mãos: “Porque agora não é hora de sobremesa…”
A expressão de Nina, que acabara de se iluminar, ficou um pouco vazia novamente: “…Sobremesa?”
“Sim”, Taran-El assentiu. “Tudo o que eu disse agora são sobremesas — geralmente as transformamos em purê e as usamos como molho para bolo de mel.”
Desta vez, não apenas Nina, mas até Duncan ficou chocado.
Shirley, do outro lado da mesa, abraçou a cabeça e soltou um murmúrio fraco: “Puta que pariu, quero voltar para o navio… Que porra de campo de tortura do Subespaço é este, caralho…”
Duncan pensou um pouco e disse para si mesmo que ninguém comia isso no Subespaço — mas, na frente de Taran-El, um nativo elfo, ele finalmente não teve coragem de dizer em voz alta.
E, neste momento, o som de uma campainha elétrica vindo da direção da porta da frente interrompeu de repente a conversa de todos na sala de estar.
Lucretia franziu a testa imperceptivelmente. Um “mordomo” vestido de garçom saiu rapidamente da sala de estar com passos mecanicamente rígidos. Momentos depois, o mordomo voltou do hall de entrada, aproximou-se de sua senhora e se curvou levemente: “Um visitante da Prefeitura. O Governador Salar Maier convida você para uma reunião.”
Lucretia franziu a testa com impaciência: “Diga ao mensageiro que não vou — estou recebendo um convidado mais importante, não tenho tempo.”
“Mas o mensageiro disse que o assunto que o Governador Salar Maier quer discutir está relacionado ao seu ‘convidado de honra'”, o mordomo continuou com sua voz mecânica e monótona. “E este assunto tem o testemunho dos Quatro Deuses.”
A expressão de Lucretia finalmente mudou um pouco. Ela subconscientemente levantou a cabeça e olhou para Duncan.
Duncan, é claro, ouviu a conversa entre ela e o mordomo, mas sua expressão era indiferente. Ele apenas acenou com a mão despreocupadamente: “É normal. Eu entrei na cidade abertamente com você — outras cidades-estado podem não se importar, mas em uma cidade-estado élfica, eu, um ‘aventureiro’ que ainda estava ativo há um século, provavelmente não sou um rosto desconhecido.”
“Então ele deveria ter vindo pessoalmente”, o tom de Lucretia era um pouco insatisfeito. “Enviar alguém casualmente não é uma etiqueta adequada.”
“Pense na agenda atual de Tyrian — o governador de uma cidade-estado não é tão ocioso”, Duncan riu. Ele olhou para a “Bruxa do Mar”, que parecia fria e arrogante, mas na verdade se recusava a sair por preguiça e medo de problemas, e disse casualmente: “É melhor sair um pouco, ouvir o que aquele governador tem a dizer. Acontece que também estou curioso sobre como ele conseguiu o ‘testemunho dos Quatro Deuses’ — ou eu vou com você?”
“Ah, eu posso ir sozinha!” Lucretia disse apressadamente. Em seguida, ela suspirou, acenou em despedida para os outros na sala de estar e se preparou para sair.
Dois ou três pedaços de papel colorido voaram de seu lado, mas no segundo seguinte, todos voltaram para dentro de seu corpo — Lucretia parou de repente, virou-se para olhar para Duncan com uma expressão um pouco estranha, deu um sorriso forçado e saiu da sala de estar.
Duncan permaneceu impassível o tempo todo.
Depois que Lucretia saiu, Taran-El coçou a cabeça, confuso, e olhou para os outros na sala de estar: “Ela não costuma usar magia para se locomover quando sai sozinha? Por que de repente ela quis andar hoje…”
Duncan cruzou os braços, como se não tivesse nada a ver com ele: “Como eu vou saber.”
Salar Maier olhou com alguma surpresa para a “Bruxa do Mar” que entrava em seu escritório — ele não estava surpreso por ela ter chegado na hora, mas porque a senhorita bruxa hoje entrou na Prefeitura pela porta da frente, pegou o elevador, caminhou pelo corredor até a porta de seu escritório e entrou.
“Eu já abri a janela para você”, o idoso governador elfo levantou a mão e apontou para a janela aberta ao lado. “Pensei que você voaria para dentro como de costume.”
“O vidro não pode parar uma ilusão. Eu posso entrar mesmo que você não abra a janela”, Lucretia olhou para ele com o rosto sério, seu tom um pouco artificial. “Mas hoje… eu só queria dar uma caminhada.”
“Oh, de fato, exercício moderado é bom para o corpo, especialmente para uma estudiosa dedicada à pesquisa como você”, disse Salar Maier. Por alguma razão, ele sentia que a atitude e a maneira de falar da senhorita “bruxa” hoje estavam um pouco estranhas, e até mesmo a aura que ela emitia havia mudado em comparação com o passado. No entanto, ele logo deixou essa estranheza de lado. “Por favor, sente-se e dê uma olhada na carta que coloquei na mesa.”
Lucretia já havia notado a carta aberta com o emblema conspícuo da Igreja dos Quatro Deuses. Ela assentiu, sentou-se em frente a Salar Maier, pegou a carta casualmente e percorreu o conteúdo com o olhar.
Logo, a “bruxa” ergueu as sobrancelhas. Obviamente, o conteúdo da carta a surpreendeu, e havia um traço de sutil “interesse” na surpresa.
Ela levantou a cabeça e acenou com a carta na mão: “Esta carta foi enviada para todas as cidades-estado do Mar Infinito?”
“Sim, os governadores de todas as cidades-estado devem recebê-la em breve”, Salar Maier assentiu. “Embora eu esteja muito interessado em suas reações na hora, antes disso, gostaria de ouvir sua opinião primeiro — como filha do Capitão Duncan, e uma filha que acabou de restabelecer contato com ele, como você vê a atitude da Igreja dos Quatro Deuses neste assunto?”
Lucretia pensou um pouco: “… A igreja, eles são mais dedicados e ‘esclarecidos’ do que eu imaginava.”
“Estritamente falando, a atitude das quatro Arcas de Peregrinação é muito esclarecida”, disse Salar Maier. “Muitas pessoas têm uma impressão preconcebida sobre isso, sempre pensando que os vários papas e seus ‘conselhos de bispos peregrinos’ são os representantes mais rígidos e teimosos da lei canônica neste mundo, mas, na verdade, a situação muitas vezes é o contrário do senso comum.”
Lucretia: “Você parece não estar preso por esse ‘senso comum’?”
“Afinal, quem vive o suficiente, aprende mais”, Salar Maier deu de ombros. “Quando recebi esta carta, também fiquei um pouco surpreso, mas pensando no que aconteceu recentemente e nas atividades recentes da Igreja dos Quatro Deuses, não fiquei surpreso com o conteúdo da carta.”
Lucretia franziu ligeiramente a testa: “As atividades recentes da Igreja dos Quatro Deuses?”
Salar Maier não respondeu diretamente, mas de repente fez uma pergunta: “… Quando foi a última vez que você encontrou a frota de patrulha da igreja na fronteira?”
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