Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 553: Levando Duas Pessoas
Acompanhá-los?
Nina primeiro ficou atônita, depois entendeu o que estava acontecendo.
Pensando em todo o ocorrido, pensando em suas ações e nas de Shirley antes e depois do aparecimento daquela coisa bizarra que parecia “aço vivo”, ela sentiu que era normal que esses Guardas do Conhecimento ficassem alertas — qualquer incidente envolvendo uma invasão sobrenatural exigia que todas as pessoas e objetos possivelmente contaminados fossem incluídos na investigação, essa era a regra de ferro dos guardas.
No navio, Vanna frequentemente mencionava seu trabalho diário como Inquisidora, que também incluía muitas das regras dos guardas. E, de acordo com o que o Tio Duncan costumava dizer — eram precisamente essas “regras” rigorosas, quase severas, que garantiam a sobrevivência das cidades-estado nesta era do mar profundo, garantindo que a maioria das pessoas comuns ainda pudesse viver dias relativamente pacíficos neste mundo perigoso.
Então, ela assentiu e, discretamente, puxou o braço de Shirley ao seu lado para evitar que esta última soltasse alguma grosseria. Em seguida, olhou para o Guarda do Conhecimento à sua frente: “Tudo bem… mas se não voltarmos, nossa família ficará preocupada.”
“É apenas para confirmar se vocês sofreram contaminação mental ou sugestão subconsciente”, o Guarda do Conhecimento pareceu soltar um suspiro de alívio e explicou com muita paciência. “Este é um procedimento de investigação e proteção necessário. Se não houver contaminação, vocês serão liberadas em breve.”
Em seguida, ele fez uma pausa e acrescentou: “Depois de nos acompanharem até a academia, primeiro registraremos suas informações básicas. Haverá uma pessoa designada para contatar suas famílias, não se preocupem com isso.”
“Oh, então vamos”, Nina sorriu e se virou para Shirley. “Sem problemas, certo?”
“Que problema poderia haver”, Shirley murmurou. “Estou até um pouco ansiosa…”
Nina percebeu no tom da outra um certo prazer em ver o circo pegar fogo, até mesmo um pouco de schadenfreude. Ela sabia o que a outra estava esperando, mas não disse muito. Em vez disso, voltou seu olhar para a “massa” que já havia quase parado de se mover e não pôde deixar de perguntar com curiosidade novamente: “Vocês sabem o que é esta coisa?”
“Um indivíduo anômalo que invadiu o mundo real, mas os detalhes não podem ser divulgados”, o Guarda do Conhecimento disse em tom oficial. “Se, após avaliação, for confirmado como um incidente que pode ser tornado público, a academia o anunciará.”
“Oh…”, Nina disse “oh” com a voz arrastada, virando-se para sair com os guardas. Mas, antes de partir, ela não pôde deixar de parar e olhar para trás, para aquela pilha de “massa” de formato estranho.
Esta última já havia parado gradualmente, e até mesmo os últimos espasmos e tremores haviam cessado. Na casca cinza-ferro completamente solidificada, uma textura semelhante a rocha se espalhava lentamente.
Rua da Coroa, 99. Dentro da “mansão misteriosa” com telhados altos e pontiagudos e jardins exuberantes, Duncan e Lucretia conversavam sobre os muitos acontecimentos recentes em Geada. Morris, não muito longe, conversava curiosamente com a boneca de corda Luni, parecendo interessado em seu mecanismo de acionamento. Vanna não estava na sala de estar — era sua hora de oração diurna, e Lucretia havia preparado especialmente uma “sala de oração” para a devota Santa da Tempestade.
“… Quando parti, a ordem já havia sido restaurada na cidade de Geada, mas ainda levaria muito esforço para limpar a contaminação deixada pelos ‘Primal'”, Duncan contava a Lucretia sobre a situação no norte. “Dizem que a agenda de horas extras de Tyrian já está marcada até o próximo trimestre…”
“Depois de meio século de pirataria no Mar Gélido, agora ele finalmente tem que pagar a dívida de seus tempos de ociosidade”, disse Lucretia com emoção. “A propósito, você já esteve nas águas congeladas mais ao norte de Geada?”
“Não, não estive”, Duncan balançou a cabeça. “Só ouvi dizer que há planícies de gelo sem fim lá, e que o gelo sólido se estende até as profundezas da névoa da fronteira. Tenho um pouco de curiosidade sobre lá, mas o que aconteceu em Porto Brisa me interessa mais.”
“Dizem que, nas águas congeladas ao norte de Geada, algumas camadas de gelo ainda contêm relíquias deixadas por exploradores da era das trevas e da era das antigas cidades-estado. Alguém tentou atravessar essas camadas de gelo para explorar a névoa, mas acabou sendo engolido por um frio extremo que desceu de repente… Em comparação, acho que as águas quentes do sul são mais adequadas como ponto de partida para desafiar a ‘fronteira’…”
“Se houver uma oportunidade, eu realmente gostaria de ver aquela fronteira… Fique tranquila, sei do perigo daquela névoa, só estou curioso…”
“Contanto que você não se aventure naquela névoa de novo, está tudo bem.”
O “pai e filha” recém-reunidos conversavam casualmente, falando sobre os acontecimentos recentes, sobre os muitos fenômenos incríveis do Mar Infinito, sobre a névoa da fronteira e sobre as áreas perigosas longe do mundo civilizado.
A conversa nem sempre continuava, e Lucretia não era uma pessoa boa de papo, mas, incrivelmente, eles já estavam conversando assim há muito tempo.
Mas, de repente, Duncan parou.
Ele pareceu “ouvir” algo, franziu ligeiramente a testa e, após um breve momento de concentração, voltou seu olhar para uma certa direção fora da janela.
Lucretia notou imediatamente a estranheza de seu pai: “O que aconteceu?”
“Nina está me chamando”, Duncan virou a cabeça com uma expressão um pouco estranha e olhou para Lucretia. “… Como se chega à academia do bairro?”
“Academia do bairro?” Lucretia ficou atônita por um momento. “O que você vai fazer na academia do bairro?”
“Buscar gente.”
Lucretia: “…?”
“Nome?”
“Nina.” Nina hesitou por um momento, sem dizer seu “sobrenome” atual.
O registrador do outro lado da mesa não se importou muito com isso, apenas continuou a registrar rotineiramente: “Idade?”
“17 anos.”
“Profissão?”
“Ainda estou no ensino médio…”
“É nativa de Porto Brisa?”
“Sou de Pland, vim À Porto Brisa a turismo, estou hospedada temporariamente na casa de… parentes.”
O registrador anotava essas informações básicas uma por uma. Ouvindo a série de respostas honestas da menina à sua frente, ele levantou a cabeça com um sorriso e a tranquilizou com um tom gentil: “Não fique nervosa, moça. É apenas um registro de rotina. Você não fez nada de errado, apenas foi acidentalmente envolvida em um evento sobrenatural. Este registro é para sua proteção — não tenha medo.”
“Eu não tenho medo”, Nina disse docilmente, depois olhou para o senhor registrador à sua frente com um pouco de vergonha. “Só espero que você não tenha medo depois.”
“Eu? Por que eu teria medo?” O registrador ficou atônito, acenando com a mão, sem saber se ria ou chorava, pensando que era apenas uma jovem inexperiente falando bobagens por nervosismo, e não levou a sério. “Ah, se sua companheira fosse tão bem-educada.”
Nina ficou aturdida, aguçou os ouvidos para ouvir o barulho do quarto ao lado e, como esperado, ouviu algumas grosserias características de Shirley.
Mas não parecia ser um xingamento, apenas alguns palavrões para se expressar, semelhantes a adicionar algumas palavras com alto teor de “mãe” ao conversar com as pessoas — nas palavras da própria Shirley, eram “partículas modais”.
Então, Nina relaxou um pouco e sorriu com uma expressão constrangida: “Esta já é uma situação relativamente contida para ela.”
“Não se preocupe, nesta posição já vimos todo tipo de pessoa. Especialmente aquelas que tiveram contato com poderes sobrenaturais, é normal que sejam mentalmente instáveis ou até mesmo quebrem tudo. Já estamos acostumados”, o registrador acenou com a mão, despreocupado. “Só é um pouco surpreendente, afinal, ela parece uma menina tão dócil…”
Nina lembrou-se de Shirley na frente do Tio Duncan e pensou que a primeira impressão deste registrador, de certo modo, não estava errada…
Depois de um tempo, ela perguntou curiosa: “Quando podemos voltar?”
O registrador, vestindo a túnica de um clérigo da Academia da Verdade, virou a cabeça e olhou para o incenso e a vela que queimavam silenciosamente na mesa ao lado.
“Teremos que esperar até que o incenso queime e a chama da vela se apague naturalmente. Se nenhum dos catalisadores reagir, vocês poderão sair.”
“Oh”, Nina assentiu e, depois de ficar em silêncio por alguns minutos, perguntou novamente: “E aquela ‘coisa’ que apareceu no mercado antes? Já foi capturada?”
“Desculpe, sem comentários”, o registrador balançou a cabeça e a lembrou. “Sugiro que você não continue a prestar atenção nela e tente evitar se lembrar dela, porque alguns ‘corpos estranhos’ que invadem o mundo real podem produzir um efeito parasitário na mente das testemunhas. Embora ainda não tenhamos encontrado você e sua companheira contaminadas por isso, lembranças frequentes e curiosidade excessiva ainda podem levar a consequências ruins.”
“Oh.” Nina assentiu novamente e finalmente ficou em silêncio, parecendo esperar pacientemente pelo momento em que o incenso queimasse e a “inspeção” terminasse.
O jovem registrador sentado à sua frente soltou um leve suspiro de alívio sem que ela percebesse. Enquanto organizava os formulários que acabara de preencher, ele aproveitou para ajustar sua postura e tirar a mão de um compartimento secreto sob a mesa.
Em sua mão havia um pequeno dispositivo semelhante a um relógio de bolso.
Protegido pela mesa, ele pressionou a tampa do dispositivo. Após a “tampa do relógio” se abrir com um clique suave, o que foi revelado não foram ponteiros e um mostrador, mas uma superfície semelhante a mercúrio — aquela camada de “mercúrio” ondulava levemente, como se fosse uma criatura viva.
Ele inclinou cuidadosamente aquela camada de “mercúrio” em direção à menina do outro lado da mesa, observando atentamente as mudanças na superfície do líquido prateado.
Esta menina chamada Nina parecia mentalmente sã, falava com clareza e era até muito bem-educada, mas isso não dissipava as preocupações de um clérigo profissional — porque, em muitas ocasiões, pessoas que já sofreram contaminação mental também podem manter essa aparência de “lucidez” por um curto período. Se não for cuidadosamente investigado, é fácil que a contaminação vaze secretamente.
De acordo com o relatório da equipe de campo, esta menina e sua companheira haviam se aproximado proativamente de um Guarda do Conhecimento em patrulha alguns segundos antes do aparecimento daquele “objeto invasor”, e durante o incidente, tiveram muitas ações irracionais. Essas anormalidades eram, sem dúvida, algo que precisava ser cuidadosamente verificado.
No entanto, a superfície do mercúrio não refletia nenhuma sombra de anormalidade.
O “registrador” franziu a testa, aproximou o dispositivo de seus olhos e examinou cuidadosamente as pequenas mudanças na ondulação da superfície do líquido.
De repente, ele pareceu realmente ver algo na superfície do mercúrio que ondulava levemente —
Eram fios de brilho dourado.
Era fogo se reunindo.
Era algum tipo de poder misterioso e vasto, conhecimento antigo e perdido, luz e calor eternos e grandiosos, todas as coisas do mundo…
Um rugido ecoou em sua mente, um conhecimento tempestuoso rompendo as fronteiras da razão. O desejo pela verdade parecia agarrar sua mente, e a alma mortal ansiava pela gravidade do sol. Ele arregalou os olhos de repente, encarando o que estava prestes a vir em sua direção —
Uma mão de repente se estendeu do lado, bloqueando sua visão.
“Não olhe para o que não deve”, uma voz baixa e imponente soou em seu ouvido. “Você já sentiu que algo estava errado e ainda assim olhou. Por que vocês todos da Academia da Verdade têm esse problema?”
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