Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 566: O Corpo Estranho e o Limpador
Era um pequeno saco de lixo — um saco preto, com a boca amarrada em um nó cego. Na lateral, via-se um pequeno rasgo, através do qual se podia ver um copo de papel amassado.
Duncan olhou atônito para aquele saco de lixo familiar, e por um momento sua mente se encheu apenas de confusão e perguntas intermináveis. Ele de fato havia especulado que o “grande buraco” dentro da Mansão de Alice poderia um dia mudar, e ao ouvir o mordomo sem cabeça mencionar uma “invasão de corpo estranho”, também imaginou que tipo de coisa bizarra e inominável poderia ter entrado na mansão. Mas esta cena… ele realmente não esperava.
Aquele saco de lixo fora jogado por ele — não muito tempo atrás, quando vagamente percebeu que a barreira entre ele e sua terra natal poderia ser um abismo intransponível, e depois de limpar cuidadosamente seu apartamento, ele juntou aquele saco de lixo e o jogou na névoa negra do lado de fora da porta.
Agora, ele aparecia dentro do “grande buraco” da Mansão de Alice, na forma de um “corpo estranho invasor”.
Com um humor complexo e sutil, Duncan deu um passo à frente, em direção ao “item invasor”.
O enorme buraco no final do corredor, deixado pelo desaparecimento do quarto, parecia um abismo estranho e aterrorizante. As bordas do chão e das paredes estavam estilhaçadas, como dentes afiados e retorcidos. O saco preto estava no final do chão quebrado e, para ser sincero… Duncan até achou a cena um tanto cômica.
No entanto, os servos da mansão estavam extremamente tensos. O aterrorizante mordomo sem cabeça, ao ver Duncan avançar, até soltou um grito de alarme, perdendo a compostura: “Convidado! Por favor, não se aproxime! É muito perigoso!”
“Perigoso?” Duncan não sabia que expressão fazer. Ele olhou para o mordomo, o canto da boca se contraindo. “Isto é apenas um monte de… resíduos silenciosos.”
Contudo, o mordomo e os servos permaneciam em alerta máximo, a pelo menos dez metros de distância. Seus sussurros zumbidos estavam repletos de pânico e medo. Embora não tivessem cabeça, Duncan parecia sentir seus olhares confusos e caóticos, querendo espiar, mas recuando constantemente por medo.
Era como se… o que eles viam não fosse um inofensivo saco preto, mas algo muito mais aterrorizante e inominável.
“Con… Convidado…” o mordomo sem cabeça falou de repente, sua voz baixa e trêmula. “Não se deixe enganar pelas aparências. Afaste-se lentamente, mova-se em minha direção. Cuidado, não desperte essa sombra crescente…”
‘Sombra crescente?’
Duncan franziu a testa levemente, parecendo confirmar a “suposição” que havia passado por sua mente um instante antes. O que esses servos estavam vendo era outra coisa?
Ele se virou, olhando para o saco preto na beira do chão quebrado.
Por um instante, ele viu o saco plástico preto de repente… “piscar”.
Era como a imagem de um monitor com mau contato, ou como se uma camada de gaze tivesse coberto o objeto. Duncan viu a coisa piscar momentaneamente e, na brevíssima mudança de luz e sombra, pareceu… se transformar em outra coisa.
Duncan observou-o em silêncio, como se esperasse que mais mudanças ocorressem. Então, o segundo piscar aconteceu.
Desta vez, ele capturou a imagem fugaz.
Ele viu uma sombra pulsante cobrindo o chão não muito longe. As bordas da sombra tremiam e vibravam como inúmeros espinhos afiados se espalhando, e uma substância negra surgia e se difundia do centro da sombra, onde também se escondiam inúmeros olhos e inúmeras línguas.
No entanto, assim que ele focava o olhar, a coisa imediatamente voltava a ser um monte de “resíduos” comuns, e a imagem bizarra que vira em transe parecia apenas uma ilusão superficial em seu cérebro.
Duncan observou a cena em silêncio, gradualmente guardando suas muitas suposições. Depois de um tempo indeterminado, ele de repente se virou para o “mordomo” e disse: “Já houve ‘invasões de corpos estranhos’ aqui antes?”
Sua voz estava estranhamente rouca.
“Ocasionalmente”, o mordomo respondeu apressadamente. “A mansão é fechada, mas por algum motivo, coisas ‘externas’ sempre se conectam aqui. Elas… geralmente trazem grandes problemas.”
“Trazem grandes problemas?” Duncan franziu a testa.
“Sim… corpos estranhos não pertencem à mansão. Para este lugar, eles são como doenças. A matéria invasora faz com que algumas partes da mansão apodreçam ou se distorçam, e muitas vezes leva muito tempo para se recuperar…”
Duncan ouviu em silêncio e, após um momento de reflexão, perguntou: “Então, como vocês lidam com esses corpos estranhos?”
“A mansão os ‘digerirá’ por conta própria”, respondeu o mordomo. “O senhor só precisa esperar pacientemente ao lado. O limpador deve aparecer em breve e será capaz de lidar adequadamente com o corpo estranho invasor.”
“Limpador?” O tom de Duncan era de dúvida.
“Ele é uma parte da mansão, a parte mais antiga. É responsável por remover ‘entidades’ destrutivas da mansão, e depois a mansão retornará lentamente ao estado anterior à invasão… Ah, ele apareceu, convidado, olhe!”
O mordomo de repente levantou o braço, apontando para o chão não muito longe.
Uma massa semelhante a lodo apareceu do nada, rastejando e se espalhando lentamente.
Aquele “lodo” era de cor escura, mas tinha uma textura metálica. Sua superfície parecia misturada com inúmeras partículas de cristal que, com seu movimento lento, refletiam pontos de luz finos como estrelas. Ele rastejava, se espalhava e, como se tivesse consciência, aproximava-se lentamente do “corpo estranho” invasor.
Uma parte de sua borda se deformou, formando uma extensão semelhante a um tentáculo. Usou essa estrutura para tocar e sondar ativamente à frente, e então lentamente se “cobriu” sobre aquela “sombra crescente”.
Duncan não interrompeu o processo; ele apenas encarava a cena, sem perder nenhum detalhe.
O monte de “resíduos” em si não tinha valor para ele. O motivo pelo qual os resíduos apareceram aqui, o fenômeno bizarro que acabara de observar e os segredos ocultos da mansão eram a chave.
Para ele, no momento em que viu aquele pequeno saco de lixo aparecer na mansão, a informação crucial já havia sido obtida.
A devoração foi silenciosa. A “criatura de corpo mole” chamada de “Limpador” logo cobriu completamente o pequeno saco de lixo. Na percepção de Duncan, ele podia sentir vagamente… que algo havia desaparecido dentro daquela “criatura de corpo mole” com textura metálica e pontos de luz finos.
Os servos ao redor pareceram finalmente soltar um suspiro de alívio.
No entanto, no segundo seguinte, Duncan viu a “criatura de corpo mole” que havia completado a devoração se virar lentamente. Suas bordas pulsavam e uma protuberância que parecia uma cabeça agora apontava firmemente em sua direção.
O corredor mergulhou instantaneamente em tensão e silêncio mortal. Todos os servos ficaram tensos e quietos.
O “Limpador” rastejou em sua direção. Sob o olhar de Duncan, ele se aproximava como uma massa de lodo vivo, parecendo lento, mas na verdade rápido.
Não se sentia nem benevolência nem hostilidade.
Duncan gradualmente ficou tenso. Chamas verde-espectrais já fluíam vagamente entre seus dedos. Ele estava alerta a essa coisa chamada “Limpador” e já estava pensando rapidamente em como resolver o problema daquele “lodo” sem destruir a “Mansão de Alice” e sair daquele lugar, caso a outra parte atacasse.
No entanto, o Limpador apenas parou a cerca de dois metros dele.
A massa de “lodo” parou na frente de Duncan, e a estrutura de corpo mole que se espalhara ao redor foi se recolhendo pouco a pouco. Parecia estar observando algo com cautela, e não sabia se era impressão sua…
Duncan até sentiu que via uma emoção de perplexidade na “massa de lodo” parecida com um slime.
Tinha inteligência. Estava tentando observar e entender o intruso à sua frente — mas não conseguia entender.
Era como se a existência do intruso estivesse além de alguma “lógica” interna da mansão.
Após um momento, o Limpador pareceu terminar algum tipo de “loop infinito”. Ele abruptamente desviou sua atenção de Duncan e, como se nada tivesse acontecido, virou-se e rastejou lentamente em direção a um canto escuro não muito longe.
Duncan piscou, olhando confuso para a cena. Muito tempo depois, ele se virou para o mordomo: “O que isso significa? Este ‘Limpador’ não me dá as boas-vindas?”
“Isso… eu nunca vi isso antes”, a voz do mordomo também soava bastante confusa. “É a primeira vez que vejo o Limpador ter essas atividades extras depois de terminar uma limpeza. Em circunstâncias normais, ele nunca fica mais tempo depois de concluir seu trabalho…”
Duncan franziu a testa, não fez mais perguntas, mas se virou e caminhou até a beira do corredor quebrado, até o local onde o Limpador havia executado a “tarefa de limpeza”.
O pequeno saco de “lixo” havia desaparecido completamente. Depois de passar por uma transformação bizarra e misteriosa, foi decomposto e devorado por uma força igualmente bizarra e misteriosa, sem deixar vestígios.
Mas como ele chegou aqui?
Duncan ficou em um ladrilho quebrado na beira do corredor, esticando a cabeça para olhar a vasta e infinita escuridão lá fora.
Por um instante, ele até sentiu que estava prestes a ver sua “pequena casa” naquela escuridão — talvez estivesse flutuando não muito longe, envolta em uma névoa, assim como… os inúmeros outros fragmentos do Velho Mundo neste mundo.
No entanto, ele não viu nada. No final do corredor, havia apenas uma escuridão sem fim. O grande buraco dentro da Mansão de Alice não parecia levar a lugar nenhum.
Um impulso emocional quase o fez dar um passo para fora, para buscar as supostas respostas naquela escuridão, mas no último momento, a força da razão o puxou de volta.
Ele instintivamente sentiu o risco daquela escuridão infinita, e sua intuição lhe dizia que ainda não era a hora; ele ainda não conseguiria retornar em segurança daquela escuridão.
“Convidado?”
A voz do mordomo sem cabeça veio de trás, interrompendo os devaneios de Duncan.
Duncan suspirou levemente, deu um passo para trás e voltou para a segurança relativa do corredor.
“Eu devo ir”, disse ele em voz baixa. “Leve-me de volta ao jardim.”
No mundo real, Duncan piscou de repente — seus sentidos retornaram rapidamente, e em dois segundos ele estava completamente desperto.
Alice ainda estava sentada obedientemente à sua frente.
No mundo real, apenas um instante havia se passado.
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