Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 571: As Profundezas da Difusão
A frase que o homem alto, magro e sombrio do outro lado murmurou para si mesmo fez Shirley controlar instantaneamente o impulso de arremessar o cachorro nele.
Ela reagiu no mesmo instante. A habilidade de ler expressões e de se disfarçar, aprendida desde a infância, tornou sua expressão impecável. Enquanto olhava para o homem, ela afrouxou um pouco a corrente de Cão, adotando uma aparência confusa e um pouco nervosa: “Qual é o problema?”
O homem sombrio do outro lado relaxou a testa ao ouvir isso e acenou para Shirley: “Não se preocupe, irmã. Ainda não entendemos todas as regras do Sonho do Inominado. É normal haver alguns desvios ao entrar no sonho, só que…”
Nesse ponto, ele fez uma pausa, e um traço de dúvida surgiu gradualmente em seu olhar para Shirley: “Não esperava que uma irmã tão jovem pudesse aparecer aqui. Você realmente não tem problemas para entrar no Sonho do Inominado com essa aparência?”
“A conexão com o Abismo não tem nada a ver com a idade”, Shirley balançou imediatamente a corrente preta e sólida em sua mão, e Cão, ao lado, cooperou emitindo um rosnado baixo e submisso. “Eu sou uma invocadora experiente, não se deixe enganar pela minha aparência.”
“…Certo, fui indelicado”, o Aniquilador do outro lado pareceu dissipar suas dúvidas, e um sorriso forçado apareceu em seu rosto sombrio. Ele então levantou a cabeça, olhou ao redor e seu olhar logo pousou na “linha divisória” não muito longe, com uma expressão pensativa. “A fronteira da erosão… que sorte. Parece que não estamos longe daquela ‘muralha’.”
Vendo que a atenção do outro se desviara, Shirley suspirou de alívio. Em seguida, notou as palavras estranhas que ele mencionara sem querer, “fronteira da erosão” e “muralha”. Ela controlou sua expressão, memorizando silenciosamente essas palavras, e então, enquanto continuava a usar suas habilidades de atuação há muito não utilizadas, mas ainda afiadas, mencionou casualmente: “Aquela fronteira estava se expandindo loucamente agora há pouco, foi bem assustador, para ser sincera.”
“Você pegou a expansão da zona de erosão?” O homem sombrio ergueu as sobrancelhas. “Ah, parece mesmo azar — mas com o desenvolvimento contínuo do Sonho do Inominado, esse tipo de situação se tornará cada vez mais comum. Segundo aquele grupo de ‘pregadores’, a corrupção e o colapso deste sonho estão destinados a acontecer, por isso precisamos encontrar aquela Muralha do Silêncio o mais rápido possível… Não vamos perder tempo.”
Enquanto falava, este Aniquilador ergueu ligeiramente a mão direita, e uma corrente negra apareceu no ar ao seu lado. A poeira no final da corrente se condensou em uma “Ave da Morte”, que parecia meio apodrecida, montada a partir de ossos e sombras.
Assim que este demônio abissal apareceu, ele soltou um grito agudo e desagradável e, em seguida, bateu suas asas de osso esfarrapadas e voou para o ar, parecendo sentir algum fluxo de aura no sonho. Um momento depois, ele pousou no ombro de seu mestre. Ninguém sabia como este demônio caótico e de pouca inteligência se comunicou com seu “mestre”, mas este último logo determinou uma direção geral e olhou para as profundezas da floresta: “Vamos por aqui primeiro.”
Shirley não disse nada e, com Cão, seguiu honestamente o cultista alto, magro e sombrio em direção às profundezas da floresta.
Mas, sob sua aparência calma, seu cérebro já começara a girar rapidamente — ela pensava no objetivo do outro, em como obter informações sem levantar suspeitas, em como se comportar mais como uma Aniquiladora normal e, ao mesmo tempo, em que posição deveria usar para acabar com aquele sujeito no primeiro instante, caso seu disfarce falhasse.
Ela sentiu sua mente ficar rapidamente mais ágil — como se, finalmente livre de pensar naquelas letras e números sonolentos, todo tipo de ideias voltasse à sua cabeça.
Ela controlava cuidadosamente a distância entre ela e o cultista —
Não podia ficar perto demais, pois isso levantaria suspeitas e desconfiança.
E muito menos longe demais, pois se estivesse longe, não conseguiria acertá-lo com um golpe de cachorro — era preciso garantir que o outro estivesse ao alcance de seu arremesso de cachorro.
“Meu nome é Sarah, qual é o seu?” Após alguns segundos de silêncio, Shirley inventou um nome para si mesma e perguntou.
Tendo crescido enganando e trapaceando na favela, ela era mestre em pequenas mentiras como essa.
“Richard”, disse o cultista à frente, sem virar a cabeça. “O Senhor nos deu um atalho para a ‘essência’, nomes não são importantes, jovem irmã.”
“Oh… você tem razão, só perguntei por perguntar”, Shirley assentiu apressadamente, e então perguntou como quem não quer nada: “Muitas pessoas ‘entraram’ desta vez?”
“Há mais uma dúzia de irmãos e irmãs da igreja agindo conosco, eles vêm de diferentes cidades-estado — mas não sei os detalhes. Os Santos acima organizam tudo, e eu, assim como você, apenas executo as ordens transmitidas pelo Emissário.”
“…Ai, eles me veem como jovem e não me contam nada, só me mandam entrar para investigar”, Shirley murmurou para si mesma, o tom de queixa soando genuíno. “E ainda por cima, logo que entrei, peguei a expansão da zona de erosão, que azar o de hoje — felizmente, o Senhor nos protege.”
O cultista que se autodenominava Richard olhou para ela por um instante, parecendo não ter nenhuma suspeita.
Afinal, o Cão de Caça Abissal que andava com a garota era a “prova de identidade” mais forte — neste mundo, apenas os Aniquiladores podiam ter simbiose com demônios abissais, e enquanto essa identidade estivesse clara, ela era sem dúvida uma “irmã”.
No máximo, uma irmã inexperiente que fazia muitas perguntas.
E ao perceber isso, a própria coragem de Shirley aumentou um pouco.
Ela começou a usar sua imagem de “jovem e inexperiente” para, de vez em quando, fazer perguntas indiretas.
A voz um tanto perplexa de Cão soou em sua mente: ‘Shirley, por que sinto que você está bem animada?’
‘Bobagem, como não ficar animada por uma chance de mérito!’, Shirley manteve uma expressão neutra enquanto conversava casualmente com o cultista à frente, mas em sua mente, ela cochichava com Cão. ‘Se eu conseguir mais algumas informações úteis, o capitão com certeza vai me recompensar — talvez eu nem precise decorar vocabulário por uns dias… Cão, Cão, se eu capturar um vivo, será que dá para trocar pela lição de matemática?’
‘Como você vai capturar alguém e levar de volta do sonho?’
‘Ah… certo, esqueci disso.’
Nas profundezas do bairro, videiras e árvores gigantes, que pareciam ter brotado e se espalhado do mundo dos sonhos, envolviam e cobriam todos os edifícios à vista, transformando todo o bairro em uma floresta silenciosa, sombria e bizarra.
Videiras de cor escura subiam pelos muros altos próximos, pequenos espinhos se enroscavam nos postes de luz, árvores imponentes bloqueavam as entradas das vielas, copas cobriam os telhados dos prédios, e galhos que se entrecruzavam entre as árvores passavam diretamente através dos edifícios mergulhados em silêncio mortal, como se se fundissem diretamente com as sólidas paredes de cimento, apresentando uma cena bizarra de fusão e simbiose distorcida com o complexo de edifícios da cidade.
E nesta cena bizarra e silenciosa, os passos de Duncan e Alice soavam extraordinariamente abruptos, até mesmo… como um ruído dissonante e rasgante neste “sonho difuso”, ecoando pelas ruas desertas.
Duncan franziu a testa com força, seu olhar varrendo a rua sem vida à sua frente.
As copas das árvores gigantes bloqueavam o céu. Tanto a “luz do sol” que vinha do mar fora da cidade-estado quanto o brilho frio da Criação do Mundo que aparecia vagamente na noite eram bloqueados pelas plantas exuberantes acima do bairro, lançando uma atmosfera sombria e inquietante sobre as ruas. E nesta penumbra, ele e Alice não tinham visto uma única pessoa.
Isso, é claro, não era normal.
A cidade tinha um toque de recolher à noite, mas mesmo nas ruas sob toque de recolher, deveria haver guardas da igreja patrulhando.
Mas não havia ninguém — não apenas nas ruas, mas ao passar por algumas casas à beira da rua, Duncan e Alice também não viram ninguém dentro delas.
Mesmo que as luzes daquelas casas estivessem acesas e, pela decoração, parecesse que alguém estava ativo na sala de estar um momento antes.
“Não se vê ninguém nos bairros cobertos pela ‘floresta’, nem nas ruas nem nos edifícios”, Duncan virou a cabeça e disse para a cabeça de boneca que Alice segurava. “Parece que todos desapareceram, assim como vocês.”
“Como nós?”, a voz de Lucretia veio da boca da boneca, soando um pouco distorcida. “Será que… todas as pessoas da cidade foram transferidas para este ‘sonho’?”
“É difícil dizer, mas pelo menos nos lugares por onde Alice e eu passamos, as pessoas desapareceram”, Duncan balançou a cabeça. “Você não encontrou outras pessoas que entraram no sonho do mundo real por aí?”
“Não”, respondeu Lucretia imediatamente. “Ainda estou com essa elfa que se autodenomina ‘Shireen’. Não encontrei mais ninguém pelo caminho.”
Duncan ouviu em silêncio e depois se virou para Alice: “Você consegue ver algum ‘fio’ por aqui?”
“Não”, Alice balançou a cabeça. “Não vi nenhum o caminho todo.”
Duncan assentiu com uma expressão séria.
Os fios da alma não podiam escapar dos olhos de Alice. Mesmo a técnica de ocultação mais habilidosa, enquanto a “pessoa” ainda estivesse no mundo real, Alice veria os “fios” flutuando no ar. E agora que até mesmo esta boneca dizia não ter visto nada… isso só podia significar que, pelo menos dentro do alcance dessas ruas que sofreram mutações, as “pessoas” realmente haviam desaparecido.
Isso era diferente do que acontecera com Taran-El ou com a jovem elfa de Pland.
Embora, no momento, parecesse que este incidente ainda estava relacionado ao “Sonho do Inominado”, era evidente que… desta vez, a escala e o poder deste sonho haviam se desenvolvido a um nível inacreditável.
Duncan ergueu a cabeça e olhou para o centro deste bairro mutante na penumbra.
De repente, uma sombra na penumbra atraiu seu olhar.
Era uma estrutura que serpenteava e ondulava entre os edifícios, como uma videira gigante ou parte de um sistema de raízes exposto.
Ela se escondia silenciosamente na escuridão, tão silenciosa quanto tudo ao redor, mas por algum motivo…
Duncan sentia que aquela “videira” gigante era um pouco diferente.
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