Capítulo 572: Desestabilização

Com uma sensação inexplicável de interesse, Duncan levou Alice rapidamente até a “videira” gigante que se escondia silenciosamente entre as sombras dos edifícios.

Sua escala era maior do que Duncan imaginara.

Mesmo na sua extremidade, o diâmetro desta “videira” excedia a altura de uma pessoa, e sua “origem” mais grossa se estendia de uma encosta nas profundezas da rua, parecendo fundir-se diretamente com a noite, desaparecendo naquela penumbra profunda. Só se podia ver uma estrutura enorme e indistinta se erguendo e se entrelaçando nas sombras dos edifícios, como se ali existisse um “corpo principal” ainda maior e mais completo.

No entanto, aquela “entidade principal” de escala impressionante estava envolta em uma sensação de neblina. Não importava como se olhasse, não era possível ver com clareza. Mesmo a “luz do sol” que se derramava pelas frestas das copas das árvores no alto parecia incapaz de penetrar naquela textura nebulosa.

Alice ficou boquiaberta com aquilo que nunca tinha visto. Segurando a cabeça da boneca empregada, ela arregalou os olhos, tentando ver claramente a “origem” da videira que se espalhava pela rua. Depois de um longo tempo, ela finalmente falou, atônita: “Capitão… isso também é uma ‘planta’?”

Duncan não respondeu. Ele ainda observava a videira gigante que quase bloqueava a rua à frente. Depois de muito tempo, ele se aproximou da extremidade da videira, agachou-se em sua “ponta” e estendeu cautelosamente os dedos para tocar sua superfície áspera e dura.

A voz de Lucretia veio da cabeça de boneca nos braços de Alice: “Pai, vocês descobriram alguma coisa? Encontraram o ‘sonhador’?”

“Não encontramos o sonhador, mas encontramos uma… videira de escala impressionante”, disse Duncan sem levantar a cabeça. “Ela parece diferente das outras plantas na rua, é muito grande, mas parece ser apenas parte de uma ‘planta’ ainda maior. Por alguma razão, sinto que esta videira está… viva, ou melhor, ativa.”

Ele ergueu a cabeça, seu olhar varrendo as sombras das árvores imponentes ao redor da rua.

Plantas exuberantes enchiam todo o bairro, mas essas plantas lhe davam uma sensação de morte, como se fossem meras ilusões sem vida. Apenas a videira gigante no centro da rua lhe dava a sensação de uma criatura viva.

Após hesitar por alguns segundos, Duncan respirou fundo e decidiu tentar estabelecer uma conexão com esta “videira” peculiar.

Um fio de chama verde-espectral envolveu seus dedos como água corrente e, em seguida, penetrou silenciosamente na videira, a luz do fogo piscando e desaparecendo na penumbra.

Controlando habilmente este fio de chama para se espalhar dentro do “objeto estranho”, e ao mesmo tempo instruindo Alice a prestar atenção aos arredores, Duncan fechou levemente os olhos e começou a sentir a informação que a chama lhe transmitia, tentando se comunicar e entender esta “videira” que parecia se estender de um vasto sonho…

Na escuridão, algo parecia subir e descer, condensar-se e dissipar-se.

Duncan “abriu” os olhos na escuridão. Nesta conexão fraca e turva, ele tentou ao máximo ver claramente os contornos que se condensavam e se dissipavam na escuridão —

Uma névoa se ergueu da escuridão e, nas profundezas da névoa, algo estava emergindo.

‘Realmente há algo aqui!’

O coração de Duncan se moveu, e ele imediatamente se aproximou da coisa cujo contorno estava vagamente visível. Ele sentiu que havia se transformado em um vento rápido ou uma sombra, movendo-se rapidamente por esta névoa escura. E à medida que se aproximava, a sombra nebulosa se expandia rapidamente em seu campo de visão, começando a revelar mais detalhes.

Duncan não pôde deixar de acelerar sua “travessia”, e os detalhes borrados rapidamente se tornaram claros em seus olhos. Gradualmente, ele começou a distinguir algumas coisas —

A proa alta e majestosa, o casco de cor escura, as tampas das portinholas dos canhões alinhadas sob a amurada, os mastros e cordames de estrutura complexa, as velas com uma textura semitransparente no alto…

Duncan parou, atônito.

Ele ergueu a cabeça na escuridão, olhando boquiaberto para a cena familiar que aparecia no final da névoa, para o seu… Banido.

Nina, que caminhava cautelosamente por uma trilha acidentada na floresta, parou de repente, franziu a testa e escutou os sons vindos das profundezas da mata.

Um momento depois, ela se virou: “Senhor Morris, o senhor ouviu algum som?”

“É o vento, começou a ventar de repente, e a direção do vento está caótica… um movimento anormal”, o rosto de Morris gradualmente ficou sério. Ele olhou para Nina ao seu lado. “Suba e dê uma olhada na situação à distância. Não fique no céu por muito tempo, tome cuidado.”

“Certo!”

Nina concordou imediatamente e, em seguida, transformou-se abruptamente em um arco de fogo saltitante, disparando direto para o céu. O arco de chama brilhante circulou rapidamente sobre a floresta e, quase ao mesmo tempo, esta floresta condensada de um sonho reagiu. As árvores iluminadas pelo arco de chama começaram a crescer descontroladamente, emitindo rangidos enquanto se estendiam para o céu. As nuvens no alto também começaram a se reunir na direção de Nina, formando gradualmente um anel de cerco…

Mas Nina só circulou no céu por alguns segundos. Antes que a reação da floresta se tornasse mais intensa e perigosa, ela desceu rapidamente para o lado de Morris.

“Assustador… este lugar realmente não me dá as boas-vindas…”, ela disse, dando tapinhas no peito com um pouco de medo.

“Talvez o seu brilho seja muito intenso para este ‘domínio anômalo’. A maioria dos domínios anômalos instintivamente repele ‘forças invasoras’ que possam representar uma ameaça para eles”, disse Morris. “Havia alguma coisa à distância?”

“Uma área nas profundezas da floresta, não sei o que aconteceu, parecia toda escura, as árvores e o chão pareciam apodrecidos, mas está muito longe de nós. Em outra direção, vi sombras muito altas e contínuas, pareciam semitransparentes, como uma cortina de luz. Fora isso, não vi mais nada…”

Nina descreveu rapidamente o que viu nos poucos segundos em que circulou no alto, gesticulando para indicar a localização aproximada do que viu. Mas, no meio de sua fala, outro som de vento uivante veio das profundezas da mata, e o vento caótico que soprava pela floresta, junto com o ruído estridente das árvores, interrompeu seus movimentos.

O vento uivante e caótico parecia misturado com inúmeros ruídos de rugidos indistintos, e uma sensação estranha de tensão e repulsa instantaneamente tomou conta de Nina e Morris.

Era como se esta floresta moldada por um sonho estivesse sofrendo um enorme impacto externo, como se tudo aqui de repente começasse a vacilar.

Os dois se entreolharam instintivamente e, em seguida, viram as árvores gigantes à distância começarem a balançar e desmoronar como ilusões. O céu rapidamente se encheu de finas rachaduras, e a luz e a sombra do mundo real pareciam estar se infiltrando pelas frestas. Uma sensação de estar prestes a despertar bruscamente de um sonho tomou conta deles.

Ao mesmo tempo, em outro canto das profundezas da floresta, Shirley também ouviu os ruídos uivantes que se aproximavam rapidamente de longe. Em seguida, o Aniquilador que caminhava à sua frente parou de repente.

O coração de Shirley disparou, mas ela rapidamente controlou sua expressão: “Ah? O que aconteceu?”

“A estabilidade do sonho está diminuindo. A operação terminou. Todos devem sair do Sonho do Inominado”, Richard se virou e, enquanto falava, uma expressão de dúvida finalmente apareceu em seu rosto. “Você não recebeu a mensagem?”

Shirley ficou atônita por um momento e rapidamente ajustou sua expressão, com um ar inocente e confuso: “Eu não sabia… talvez eu tenha esquecido por descuido…”

“Descuido?” O Aniquilador que se autodenominava Richard encarou os olhos de Shirley. Ele parecia finalmente ter percebido a sensação de incongruência que essa “jovem irmã” lhe transmitia ao longo do caminho. Traços de alerta e dúvida surgiram em seus olhos. “Irmã, acho que esqueci de perguntar… em qual cidade-estado do mundo real você atua?”

Shirley notou imediatamente a mudança sutil no olhar do outro — ela era extremamente sensível à menor malícia vinda de estranhos, mas ainda manteve uma expressão inofensiva: “Eu estou na cidade-estado de Mok, há muitos elfos por aqui…”

“‘Irmã'”, Richard interrompeu Shirley de repente. Sua voz mudou, como se sílabas ocultas tivessem se misturado à sua fala. Ele encarou os olhos de Shirley, e enquanto sua boca se movia, um poder sedutor parecia se espalhar. “É proibido revelar nossa localização real no mundo real durante as operações, mesmo que encontremos ‘um dos nossos’. Que pena…”

Um poder mágico maligno já se reunia silenciosamente em sua boca. O poder da Ave da Morte foi transmitido ao corpo do cultista pela corrente de simbiose. Ele sentiu que o feitiço já havia travado na entidade mental da garota à sua frente, e a outra parte parecia não ter reagido até agora, apenas parada ali, atônita.

Vendo esta cena, ele finalmente confirmou ainda mais seu julgamento —

‘Totalmente ignorante do poder dos feitiços, esta não pode ser uma verdadeira filha do Senhor das Profundezas.’

Embora não soubesse sua origem, nem como ela conseguira um disfarce tão convincente, nem o que era aquele “Cão de Caça Abissal” aparentemente impecável, não havia dúvida de que esta “irmã” era falsa — felizmente, ele descobrira a tempo, e a outra parte parecia não ter experiência de combate.

Era hora de dizer adeus. Ninguém podia sobreviver à maldição da Ave da Morte…

Tudo aconteceu em um instante — o julgamento e o lamento fugazes na mente de Richard, e o sorriso brilhante e feliz que Shirley de repente exibiu.

Richard ficou atônito ao ver a garota à sua frente de repente lhe dar um sorriso radiante, e ele só teve tempo de ficar atônito por um momento — sem tempo para reagir, nem para ver o que estava acontecendo, ele viu a garota que se autodenominava “Sarah” levantar o braço bruscamente em sua direção e, em seguida, uma sombra negra e sinistra veio voando em sua direção!

Shirley levantou Cão e o derrubou, e no assobio da corrente, um cachorro se espatifou na cabeça do cultista do outro lado —

“Adeus, otário!”