Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    No mar aberto, além de Porto Brisa, na borda onde o brilho do “corpo geométrico de luz” podia alcançar, a névoa se condensava sobre a superfície do mar. O navio fantasma de proporções colossais se escondia na névoa, patrulhando lentamente o oceano.

    Uma chama esverdeada brilhou e desapareceu na névoa densa.

    Um portal de chamas se abriu ruidosamente no convés do Banido, e as figuras de Duncan e Alice saíram dele.

    O convés familiar, os mastros familiares, as velas espectrais familiares. Embora tivesse se ausentado por pouco tempo, Duncan não pôde deixar de sentir uma sensação de alívio ao retornar ao Banido. Olhando para as cenas familiares no navio e sentindo o cheiro salgado trazido pela brisa do mar que soprava pelo convés, ele expirou lentamente, sentindo sua mente se acalmar gradualmente.

    Ao mesmo tempo, ele se lembrou instintivamente da “ilusão” que viu na noite anterior ao sondar a videira gigante, lembrando-se daquele bizarro Banido navegando na névoa escura e densa.

    A cena em sua memória se sobrepôs naturalmente à cena diante de seus olhos, como se fossem indistinguíveis.

    “…É realmente idêntico…”, ele não pôde deixar de murmurar em voz baixa.

    “Hã?” A voz de Alice soou imediatamente ao seu lado. “O que é idêntico?”

    Duncan balançou a cabeça e olhou para a boneca boba que, embora não soubesse o que fazer, insistia em segui-lo. Um sorriso apareceu em seu rosto.

    “Vou para a cabine do capitão para conversar com o ‘Imediato’. Você pode ir fazer suas coisas.”

    “Ah, tudo bem!” Alice assentiu imediatamente. “Então vou para a cozinha cuidar do peixe curado e da carne seca que deixei marinando. Shirley e Nina disseram que queriam comer~~”

    Dizendo isso, a senhorita boneca acenou para Duncan e caminhou alegremente em direção à cozinha — obviamente, seu humor melhorou instantaneamente ao retornar ao Banido.

    Mas, por outro lado, ela parecia estar sempre feliz. Feliz no navio, feliz na cidade — a cabeça de Alice parecia ter apenas duas emoções: “feliz” e “mais feliz”?

    Observando a figura ágil da senhorita boneca, os cantos da boca de Duncan também se curvaram levemente. Ele balançou a cabeça, recompôs sua expressão e só então se virou em direção ao convés da popa.

    A porta da cabine do capitão apareceu diante dele. Duncan parou em frente à porta e ergueu a cabeça para olhar o batente.

    As palavras “Porta do Banido” surgiram em sua visão, antigas e poderosas, com entalhes profundos que pareciam exalar a aura de eras imemoriais.

    Duncan observou silenciosamente as palavras no batente da porta — a única diferença entre aquele “bizarro Banido” navegando na névoa escura e o navio sob seus pés parecia ser essa inscrição na porta da cabine do capitão.

    Claro, poderia haver outras diferenças entre os dois navios, e essas diferenças poderiam conter mais pistas, mas devido à pressa do último contato, ele não teve tempo de descobrir essas distinções. A única coisa que podia confirmar agora era que a “Porta do Banido” se apresentava com detalhes diferentes nos dois navios.

    A “Porta do Banido” era extremamente especial — mesmo a bordo do Banido, um lugar cheio de anomalias e coisas sinistras, essa porta era excepcionalmente especial.

    Era o único “caminho” para Duncan retornar ao seu apartamento e também um ponto de verificação que o navio usava para validar a “autoridade do capitão”. As palavras em seu batente não pertenciam a nenhum idioma conhecido, mas qualquer um que as visse podia entender seu significado, mesmo Alice, que era analfabeta na época, ou um nativo de uma cidade-estado remota que só conhecia uma escrita obscura.

    E em diferentes “versões” do “Banido”, essa porta também se apresentaria em vários estados diferentes — no mundo real, ela podia levar ao “apartamento”; no Subespaço, atrás dela havia um espaço escuro e bizarro; na névoa, as palavras na porta foram reescritas para “Que Ele vagueie nos sonhos” — e um “Cabeça de Bode” familiar, porém estranho, dormia dentro daquela porta.

    … O que diabos era essa tal “Porta do Banido”?

    Com dúvidas e pensamentos em mente, Duncan estendeu a mão e abriu a porta da cabine do capitão.

    Sob a luz oscilante, estavam a familiar mesa de navegação e as prateleiras. O Cabeça de Bode na beirada da mesa se movia com rangidos, virando a cabeça em sua direção. Ao ver a figura de Duncan, seus olhos esculpidos em obsidiana pareceram brilhar, e uma voz alegre e barulhenta chegou aos ouvidos de Duncan: “Oh! O grande capitão retornou ao seu leal Banido! Seu leal etc. e tal o saúda! Não esperava que você voltasse tão cedo. Gostou da sua estadia na cidade? Estava preocupado com as coisas no navio, ou voltou para…”

    “Tenho algo para discutir com você”, disse Duncan, caminhando em direção à mesa de navegação com um tom muito solene.

    Uma frase tão séria do capitão fez com que a tagarelice do Cabeça de Bode cessasse instantaneamente. A bizarra escultura de madeira emitiu um rangido, endireitando o pescoço como uma pessoa se pondo em sentido, parecendo se esforçar para parecer séria e compenetrada. Sua voz não pôde deixar de carregar um traço de nervosismo: “Capitão, o que aconteceu? Aconteceu alguma coisa em Porto Brisa também?”

    Duncan sentou-se à mesa de navegação. Seu olhar pousou primeiro na carta náutica sobre a mesa, vendo as névoas e rotas familiares. Em seguida, ele ouviu as palavras do Cabeça de Bode e franziu a testa: “Por que ‘também’?”

    “Antes, Pland e Geada também tiveram problemas…”

    Duncan encarou os olhos do Cabeça de Bode: “Você está falando como se eu fosse um desastre ambulante.”

    O Cabeça de Bode pareceu um pouco perplexo: “… Não é?”

    “Tenho me dedicado a melhorar a imagem oficial do Banido no Mar Infinito, e obtive grande sucesso em Pland e Geada. Os líderes de ambas as cidades-estado são muito amigáveis comigo, e até agora não recebi nenhuma queixa ou reclamação de nenhuma delas. Como meu imediato, espero que você possa ver nossos empreendimentos com uma perspectiva de desenvolvimento”, disse Duncan, acenando com a mão. “Claro, não estou aqui para falar sobre isso hoje. Quero saber o que você estava fazendo ontem à noite.”

    “Ontem à noite?” O Cabeça de Bode ficou surpreso, sem entender por que o assunto mudou tão de repente, mas respondeu rapidamente: “Ontem à noite, eu estava cuidando deste navio conforme suas instruções. Estivemos navegando em águas longe das rotas oficiais e tomando cuidado para nos escondermos na névoa, para não assustar aqueles sujeitos espalhafatosos…”

    Duncan não se surpreendeu com a resposta.

    Pela sua interação com o “Cabeça de Bode bizarro” na noite anterior, ficou claro que o outro não o reconhecia. Os dois Cabeças de Bode obviamente não eram o mesmo.

    Mas certamente havia alguma outra conexão entre eles.

    Após um momento de reflexão, ele quebrou o silêncio novamente: “Quero saber mais sobre você — sua origem, seu passado e sua… essência.”

    Seu tom era extremamente sério, sua expressão anormalmente grave, e seu corpo ligeiramente inclinado para a frente parecia liberar uma pressão silenciosa.

    Ele escolheu discutir o assunto com seu “Imediato” da maneira mais direta possível, sem recorrer a investigações secretas ou interrogatórios indiretos.

    Ele não precisava desses métodos — pelo menos não neste navio. Ele já conhecia as regras de funcionamento do Banido e havia estabelecido suas próprias “diretrizes” de comportamento aqui. Na verdade, ele já sabia há muito tempo que, contanto que não desse um passo perigoso demais, tanto o Cabeça de Bode quanto o Banido permaneceriam em um estado de “estabilidade”, assim como… algum tipo de “contenção”.

    Fenômenos não podiam ser “contidos” como anomalias, mas sempre existiam anomalias e fenômenos que extrapolavam as “regras” neste mundo: o Fenômeno 005 — Banido já estava, na verdade, em algum estado de contenção — o próprio Duncan era a condição de contenção deste navio.

    O Cabeça de Bode pareceu assustado.

    Ele estava acostumado com a gentileza e amizade habituais do capitão. Sabia que, embora o capitão tivesse um lado extremamente aterrorizante, ele sempre era uma pessoa confiável e amável com sua própria gente a bordo. A atitude que Duncan mostrava agora e as perguntas que fazia o deixavam com uma certa… inquietação.

    “… Por que você está perguntando isso de repente?” ele perguntou instintivamente.

    “Eu não perguntei antes porque não havia necessidade de saber”, disse Duncan lentamente. “Mas agora algo aconteceu. Em Porto Brisa, um fenômeno bizarro relacionado a você apareceu, e eu tive que vir perguntar.”

    O pescoço do Cabeça de Bode balançou levemente para os lados, como se para aliviar a tensão.

    Duncan continuou a encará-lo nos olhos, enquanto lentamente pousava a mão sobre a mesa de navegação.

    Fios de chamas esverdeadas se espalharam de sua palma, infiltrando-se no chão e nas paredes da cabine do capitão, em cada fenda do navio. Um rangido baixo veio das profundezas do casco, como se a “atmosfera” de todo o navio… estivesse mudando silenciosamente.

    “Eu sou Duncan Abnomar, o capitão deste navio”, disse Duncan, sua voz baixa, como se tivesse voltado ao dia em que assumiu o timão pela primeira vez, enfatizando sua identidade para todo o navio. “Eu comando este navio, fazendo-o navegar no Mar Infinito. Eu, como capitão, pergunto ao meu imediato. É apenas uma conversa casual — este navio não afundará de volta no Subespaço por causa disso, nem sofrerá outras mudanças durante esta conversa, porque — eu sou Duncan Abnomar, o capitão deste navio.”

    Chamas esverdeadas e crepitantes emanaram de todo o corpo de Duncan, transformando-o em um corpo espiritual ilusório e aterrorizante. Sua voz parecia ecoar por todo o navio:

    “Meu imediato, de onde você veio?”

    O Cabeça de Bode ergueu a cabeça, encontrando o olhar de Duncan com calma: “Eu vim do Subespaço.”

    “E mais especificamente? Subespaço é um conceito muito vago, você sabe que não é isso que estou perguntando.”

    “Subespaço é um conceito vago, e também o único conceito. O Subespaço não se divide em ‘lugares’, Capitão. E os seres no Subespaço não têm passado nem futuro”, respondeu o Cabeça de Bode. De repente, ele parecia não ter mais hesitação, sua resposta não continha mais receio ou medo. “Eu não sei minha origem, nem o que aconteceu no passado. Você quer saber minha ‘essência’ — mas nem eu mesmo sei qual é a minha ‘essência’. Eu… não me lembro mais.”

    “Então do que você se lembra?”

    O Cabeça de Bode ficou em silêncio de repente. Sob o olhar de Duncan, ele ficou imóvel como uma verdadeira escultura de madeira. Depois de um tempo indeterminado, ele de repente voltou a se mover, e uma voz rouca e sombria saiu de sua garganta: “‘Lembre-se deles’.”

    “Lembre-se deles?” Duncan ficou subitamente surpreso, franzindo a testa. “O que isso significa?”

    O Cabeça de Bode balançou a cabeça levemente: “Eu não sei, mas é a única frase de que me lembro. Eu tenho que me lembrar deles, preciso me lembrar deles, mas… eu não sei quem eles são. Eu realmente… não me lembro.”

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