Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Salar Maier já não se importava com seu café da manhã.

    Este ex-aventureiro lendário, que havia experimentado inúmeras bizarrices no Mar Infinito, enfrentado os desafios da corrupção e da morte, e estabelecido uma cidade-estado no fim da tempestade, raramente mostrava uma expressão de inquietação. Ele franziu a testa em sua cadeira, e uma sombra de ansiedade há muito esquecida se espalhava em seu coração.

    Ele conhecia bem essa sensação de inquietação — era o aviso que sua intuição lhe dava quando um perigo bizarro, imenso e além da compreensão e resistência humana se aproximava gradualmente.

    Ele não duvidou da narrativa de Lucretia.

    Porque não era a primeira vez que ele lidava com esta “Bruxa do Mar”. Embora inúmeros capitães de longo curso e exploradores de fronteira considerassem essa bruxa uma das sombras do Mar Infinito, temendo seu temperamento peculiar e poder perigoso, Salar Maier sabia muito bem que a “Bruxa do Mar” estava, no fim das contas, do lado dos mortais.

    A sala de jantar ficou em silêncio por um longo tempo. Salar Maier finalmente terminou sua reflexão e ergueu a cabeça: “Até agora, ninguém relatou a anormalidade da noite passada — nem os residentes elfos locais, nem os viajantes de outras raças. Ninguém percebeu o sonho que você mencionou.”

    “De acordo com o que meu pai viu, a anomalia que apareceu nos bairros era muito óbvia e de grande escala. Se realmente houvesse partes da cidade que permanecessem em estado normal, seria impossível para os residentes desses bairros ‘normais’ não notarem a situação anormal nos bairros vizinhos. Portanto, a única explicação é que, na noite passada… toda a Porto Brisa entrou no sonho.”

    A última frase de Lucretia fez Salar Maier sentir um frio indescritível, mas a racionalidade ainda o fez pensar instintivamente sobre as inconsistências lógicas de tudo aquilo: “Você mencionou que os edifícios da cidade no mundo real foram cobertos ou até mesmo parasitados por ‘entidades erosivas’ que se espalharam do sonho, com plantas enormes perfurando edifícios e estradas? Isso não deixou nenhum vestígio?”

    “Não deixou vestígios. Antes do nascer do sol, o mundo real voltou ao seu estado original.”

    Salar Maier ouvia, franzindo a testa em silêncio, parecendo mergulhar novamente em pensamentos.

    “No que você está pensando?” perguntou Lucretia, curiosa, ao seu lado.

    “… Talvez eu devesse mandar alguém verificar os medidores de gás e eletricidade de toda a cidade, e a operação das fábricas noturnas”, disse Salar Maier, pensativo. “A cidade-estado não para à noite. Há muitas funções que funcionam dia e noite para garantir a operação da cidade, como os três pilares: gás, eletricidade e vapor. Eles têm pessoal de monitoramento e patrulha noturna correspondente…

    “Então, surge um problema: quando aquele sonho desceu, para onde foram essas pessoas? E em que estado estavam as máquinas que deveriam ser operadas por elas? Além disso, há os eruditos de vigília noturna de várias academias, muitos dos quais precisam registrar periodicamente o estado de seu trabalho…”

    Salar Maier parou de falar por um momento, pensou e continuou: “Além disso, preciso encontrar uma maneira de determinar o quão grande é a área de cobertura desse fenômeno anormal. Se está limitado à ilha principal de Porto Brisa, ou se se estendeu à frota de patrulha costeira, ou mesmo ao local do ‘objeto caído’…”

    Enquanto falava, o governador se levantou de trás da mesa e começou a andar de um lado para o outro ao lado da mesa de jantar, parando de vez em quando para pensar com gravidade.

    Ele parecia ter se esquecido completamente da presença da “Bruxa do Mar”.

    Lucretia, por outro lado, já estava acostumada com isso. Ela sabia que este governador, antes de se tornar o governante da cidade-estado, fora primeiro um aventureiro excepcional (embora não se comparasse a seu pai), e um aventureiro excepcional sabe como lidar com todos os tipos de fenômenos transcendentais.

    A capacidade de Porto Brisa de prosperar até hoje, tão perto das águas da fronteira, era prova inquestionável da habilidade deste governador.

    A tarefa que seu pai lhe dera estava cumprida. Lucretia se levantou, sem perturbar o senhor governador que já estava imerso em pensamentos. Seu olhar varreu a mesa de jantar à sua frente, e ela pegou de passagem uma garrafa de vinho de especiarias ainda fechada. Em seguida, sua figura se desfez em uma nuvem de papeis coloridos, que giraram pelo teto e desapareceram do local.

    Um pouco depois, Salar Maier de repente voltou a si e, virando-se, disse apressadamente: “Ah, desculpe, eu me distraí. Senhora Lucretia, gostaria de ficar para comer algo…”

    Ele olhou, atônito, para a cadeira agora vazia do outro lado da mesa e para o lugar onde antes estava sua preciosa garrafa de vinho — que agora também estava vazio.

    “…De novo?!”


    “A quantidade de barris mudou?” Na cabine do capitão, depois de ouvir o relatório apressado de Alice, Duncan não pôde deixar de confirmar novamente, surpreso.

    “Sim, sim!” Alice assentiu repetidamente. “Eu contei várias vezes! Com certeza não errei a conta! E com certeza não me enganei, fui eu mesma que levei todos aqueles barris para lá.”

    Alice certamente não mentiria. Quanto a errar a contagem… ela provavelmente não cometeria um erro em algo tão simples.

    Após uma breve reflexão, Duncan se levantou de trás da mesa de navegação: “Leve-me para ver.”

    Alice respondeu sem hesitar: “Certo!”

    O Cabeça de Bode na beirada da mesa de navegação se moveu, virando a cabeça na direção de Duncan, com um tom um tanto hesitante: “Capitão, e eu…”

    “Você continua no timão”, disse Duncan imediatamente. Ele fez uma pausa e acrescentou: “Não se preocupe com outras coisas. Como eu disse antes, deixe que eu cuido disso.”

    “Sim, Capitão.”

    Liderado por Alice, Duncan logo chegou ao local onde o peixe curado era armazenado.

    Claro, o lugar já havia voltado ao normal. Doze barris de madeira estavam alinhados ordenadamente contra a parede, nem mais, nem menos.

    Duncan, no entanto, manteve uma expressão séria, seu olhar varrendo todo o compartimento.

    Por onde seu olhar passava, fios de chamas esverdeadas tremeluziam no ar como fantasmas, deslizando silenciosamente pelas frestas do chão e das paredes. Todo o cômodo parecia envolto em uma névoa ilusória tecida por chamas espirituais, alternando-se na fenda entre o Plano Espiritual e a realidade.

    Ele estava investigando se havia algum “vestígio” remanescente, se algo que não pertencia ao Banido havia entrado ali.

    A situação relatada por Alice não parecia grande coisa. Em um navio fantasma cheio de objetos bizarros, um barril que não estava na “lista” obviamente não merecia tanto alarde, mas Duncan não relaxou nem um pouco.

    Porque no Mar Infinito, a menor anormalidade deve ser enfrentada com cautela — especialmente a bordo do Banido, e especialmente neste momento.

    Duncan já havia sentido um cheiro de algo errado nos eventos da noite anterior, e a conversa de hoje com o Cabeça de Bode e o relatório de Agatha o fizeram perceber ainda mais uma coisa:

    Este navio, seu estado parecia um pouco estranho.

    Ele não estava fora de seu controle, mas Duncan sentia que estavam aparecendo alguns “detalhes” no navio com os quais ele não estava familiarizado, que ele não entendia.

    Ou alguns segredos ocultos do Banido estavam gradualmente se revelando a ele, ou algumas partes do navio estavam realmente saindo gradualmente do controle de seu “capitão”.

    Sob a infiltração das chamas espirituais que se espalhavam, Duncan sentiu sua conexão com o Banido se fortalecer gradualmente, e cada detalhe do navio começou a se refletir em sua mente — o convés, os mastros, as velas, os complexos guinchos e cabos, os compartimentos sob o convés e a parte nebulosa e caótica imersa no Mar Infinito.

    Não era a primeira vez que ele fazia isso, então a sensação não lhe era estranha. Após uma rápida adaptação sensorial, ele permitiu que sua percepção se fundisse com o navio e continuou a se espalhar pelas profundezas do Banido.

    O compartimento da cozinha não apresentava anormalidades, e os compartimentos próximos e as áreas mais profundas também estavam normais.

    Fios de brilho se infiltravam nas profundezas do Banido, fluindo como um tipo de sinal por todo o navio. Eles finalmente convergiam para a cabine do capitão, para um “ponto focal” proeminente.

    Era a localização do Cabeça de Bode, o centro de controle atual do navio.

    O “olhar” de Duncan permaneceu naquele ponto focal por um longo tempo.

    Tudo parecia normal também.

    Duncan lentamente retraiu seu “olhar” — mas deixou um pouco de chama para trás, nas profundezas da escuridão.

    Ao mesmo tempo, no processo de retirar sua “observação” de todo o navio, ele continuamente deixou “sementes de fogo”, permitindo que permanecessem em vários pontos do Banido.

    Alice, com um pouco de preocupação, observava o Capitão sem piscar. Depois de um longo tempo, ela viu o olhar de Duncan se mover e se aproximou apressadamente: “Capitão, Capitão, e então? Você descobriu alguma coisa?”

    “Não há nada de anormal no navio — não se preocupe”, Duncan lentamente abriu um sorriso e estendeu a mão para afagar o cabelo de Alice. “Provavelmente são alguns ‘pequenos problemas’ como deslocamento espacial ou distorção de luz e sombra. Eu vou cuidar disso.”

    Alice não entendeu direito, mas ainda assim assentiu, meio que compreendendo: “Ah… oh.”

    Duncan, depois de consolar brevemente a senhorita boneca, voltou seu olhar para um ponto não muito longe.

    Em um pilar a dois metros de distância, havia um lampião a óleo com um globo de vidro. Agora, na superfície de seu globo, sombras e névoa se entrelaçavam, e a figura de Agatha apareceu no vidro.

    “Fique atenta ao reflexo no Plano Espiritual”, Duncan acenou para ela. “Se algo ‘cruzar a fronteira’, não lide com isso por conta própria. Avise-me imediatamente, e eu voltarei na mesma hora.”

    Agatha baixou a cabeça: “Eu entendo, Capitão.”

    O olhar de Alice alternava entre Duncan e Agatha. Depois de olhar algumas vezes, ela finalmente não conseguiu mais se conter e quebrou o silêncio: “Então, ainda vamos para a cidade?”

    “A influência do Sonho do Inominado está se espalhando por Porto Brisa. Estimo que, para resolver o problema, ainda teremos que procurar pistas na cidade-estado”, Duncan assentiu. “E ainda tenho muitas perguntas que quero verificar na cidade… Você quer ficar no navio? Ou vir comigo?”

    Alice pensou por um momento, olhou para trás, para seus “amigos” familiares na cozinha e, após uma breve hesitação, virou-se com um sorriso radiante.

    “Vamos juntos para a cidade-estado!”

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