Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 585: O Transe do Insonhador
No final, a boneca Luni também foi puxada por Alice para receber a marca de fogo concedida pelo capitão.
Assim, com exceção dos homens de lata e bonecos de madeira mais “simples” e sem mente completa, todos nesta “residência da bruxa” receberam a marca do fogo espiritual antes de entrar no sonho.
A hora do jantar chegou. As luzes elétricas brilhantes e as lâmpadas a gás nas paredes iluminavam a espaçosa sala de jantar. Os membros da Frota do Banido se reuniram em volta da longa mesa de jantar, compartilhando peixe, pão e vinho, preparando-se para enfrentar a noite que se aproximava, mais profunda e insondável.
Pequenas chamas esverdeadas saltavam nas profundezas de seus olhos, fazendo com que seus olhares parecessem fixos simultaneamente em duas dimensões, a real e a ilusória. Suas conversas foram temporariamente misturadas com um pouco do poder do capitão, causando uma vibração baixa e zumbida no ar. Chamas esverdeadas também tingiram as lâmpadas a gás nas paredes, fazendo com que todas as chamas emitissem um leve brilho verde, e dando às paredes e ao chão de toda a sala de jantar uma textura bizarra, como se fossem espectrais, sob a luz do fogo.
Se uma pessoa comum e desavisada entrasse nesta sala de jantar neste momento, provavelmente seria imediatamente imersa na atmosfera e no poder bizarros que a preenchiam — manter a razão e o eu seria uma tarefa muito difícil.
A boneca de corda Luni acendeu os castiçais decorativos. A luz das velas tremeluzia sobre a mesa de jantar, e as chamas amarelo-claras refletiam nos copos e pratos de prata e cerâmica, emitindo um brilho quente e fascinante.
Morris e Lucretia discutiam em voz baixa as lendas antigas relacionadas à sociedade élfica. Suas discussões eram cheias de termos profissionais, difíceis para uma pessoa comum entender. Shirley estava devorando a comida; ela sempre era a primeira a encher o estômago na mesa de jantar. Vanna estava fazendo a oração antes da refeição; ela ainda era a mais devota, realizando o sacramento à deusa meticulosamente em qualquer situação. Nina, depois de comer alguns bocados, ergueu a cabeça discretamente, seus olhos se voltaram e ela olhou para o vinho colocado não muito longe à sua frente.
“Eu quero beber suco de uva fermentado…”
O fragmento do sol antigo fez um pedido ao Usurpador do Fogo.jpg.
Duncan olhou para a garota e ergueu as sobrancelhas: “Por que não diz que quer beber suco de trigo?”
Os olhos de Nina brilharam imediatamente, e ela estendeu a mão para a cerveja do outro lado: “Pode mesmo?”
Duncan olhou para ela com uma expressão vazia: “O que você acha?”
“Oh…”, Nina resmungou e, obedientemente, pegou a limonada do outro lado, parecendo desapontada.
O relógio de pêndulo mecânico no canto funcionava com um tique-taque, seus ponteiros avançando lentamente.
Quando o jantar estava chegando ao fim, Duncan quebrou o silêncio de repente: “Na verdade, eu estava pensando em uma coisa.”
“No que o senhor estava pensando?” Vanna, do outro lado da mesa, largou os talheres e perguntou, curiosa.
“Como o Senhor das Profundezas realmente vê seus seguidores?” Duncan disse com muita seriedade. “Ele me sugeriu capturar alguns Aniquiladores para estabelecer uma conexão com as Profundezas Abissais. Parece que ele não se importa nem um pouco com eles. Mas, ao mesmo tempo, ele mantém sua razão e parece se preocupar com este mundo. Vocês não acham isso estranho?”
“Eu acho isso muito razoável”, disse Morris, limpando o canto da boca e falando sem pressa. “Especialmente com a premissa de que o Senhor das Profundezas possui razão, a sugestão que ele lhe fez é ainda mais razoável.”
Duncan ergueu as sobrancelhas ao ouvir isso: “Oh?”
“Antes de o senhor conseguir estabelecer uma conexão com aquele deus antigo, nunca houve comunicação entre o Senhor das Profundezas e o mundo real. Em outras palavras, os chamados Aniquiladores estavam na verdade apenas acreditando unilateralmente em seu ‘Senhor’, e eles usavam essa fé unilateral para extrair poder, convocando constantemente demônios das Profundezas Abissais para seu próprio uso”, Morris deu de ombros. “Pense por outro ângulo: se o senhor fosse o Senhor das Profundezas, e de repente um grupo de mortais barulhentos aparecesse do nada, eles se autodenominassem seus descendentes, entrassem em seu quintal, roubassem seus frutos, arrancassem suas árvores frutíferas, enganassem seus servos e, finalmente, quisessem arrombar sua porta para morar em seu quarto…”
Duncan pensou por um momento e sentiu sua pressão arterial subir.
“Tudo bem, acho que entendi…”, ele suspirou. “Isso é muito razoável.”
O relógio de pêndulo mecânico no canto da sala de jantar de repente soou alto, marcando a hora. O som de “dong, dong, dong” interrompeu a conversa na mesa de jantar, ecoando vazio e abrupto nesta enorme residência.
Duncan ouviu o sino tocar, contando silenciosamente cada badalada, e disse em voz baixa: “Nove horas.”
Ninguém lhe respondeu.
Dos dois lados da mesa de jantar, restavam apenas algumas cadeiras vazias, como se, desde o início, não houvesse ninguém ali.
Duncan franziu lentamente as sobrancelhas, olhando para a sala de jantar que de repente se tornara vazia. Embora essa transformação anômala tenha ocorrido bem debaixo de seus olhos, ele ainda não conseguiu confirmar o “processo” específico de tudo aquilo.
Tudo aconteceu de repente, como se o mundo inteiro tivesse completado uma “troca” em um instante extremamente curto, como uma carta de baralho virada instantaneamente, o número na face se tornando o padrão no verso. Nina, Morris e os outros haviam entrado em outra dimensão com a virada da carta, enquanto Duncan permanecia ao lado da mesa de jogo.
Junto com Duncan, “ao lado da mesa de jogo”, também estava Alice.
A senhorita boneca arregalou os olhos instantaneamente, parecendo muito assustada: “Uau!”
“A influência do Sonho do Inominado realmente apareceu de novo…”, Duncan se levantou lentamente da cadeira. “Até aquele coelho de pelúcia desapareceu.”
Assim que ele terminou de falar, uma voz um tanto nervosa veio de lado: “Velho mestre, eu… eu ainda estou aqui.”
Duncan e Alice se viraram ao mesmo tempo, olhando na direção de onde vinha a voz.
A boneca de corda Luni estava parada não muito longe atrás deles — durante o jantar, ela estava ali.
Agora, esta boneca de corda havia sido deixada “deste lado” do mundo real.
Alice olhou para ela, surpresa: “Luni! Por que você também foi deixada deste lado?!”
“Eu não sei”, a boneca de corda abriu as mãos e balançou a cabeça. Em seguida, olhou para o outro lado da mesa de jantar vazia, com um tom de preocupação. “A senhora… ela está bem?”
“Eles já chegaram ao outro lado do sonho”, disse Duncan, enquanto não podia deixar de olhar Luni de cima a baixo, suas sobrancelhas se franzindo gradualmente.
Luni foi deixada “deste lado”… por quê?
Quando o Sonho do Inominado acontecia, ele e Alice eram deixados do lado do mundo real. Agora, Luni também foi deixada deste lado, e em estado de consciência… qual era o mecanismo por trás disso?
Seria porque… “boneca”?
“Luni, você sonha?” Duncan perguntou de repente, em meio a seus pensamentos.
“Eu… não sei”, Luni ficou surpresa por um momento e respondeu honestamente. “Ocasionalmente, quando a senhora está fazendo a manutenção do meu corpo, eu entro em um estado de transe e me lembro de algumas coisas do passado. Mas a senhora diz que isso não é sonhar, são apenas memórias transbordando do recipiente da alma… Talvez, eu não sonhe? Eu não sei como é para os humanos sonharem.”
“E Rabi? Aquele coelho chamado Rabi realmente sonha?” Duncan perguntou novamente.
“Rabi sonha. Na verdade, ele é muito poderoso nos sonhos. Muitos anos atrás, a senhora foi atormentada por pesadelos por um tempo, e isso chegou a atrapalhar seu trabalho de pesquisa. Então, a senhora fez alguns preparativos e se induziu a entrar em um sonho para enfrentar diretamente as sombras que invadiam seu mundo espiritual. Ela venceu e capturou uma sombra das profundezas de seus pesadelos. Aquela sombra veio do Plano Espiritual. A senhora disse que era uma criatura do medo, e então ela espancou aquela sombra repetidamente e, finalmente, a costurou dentro de um boneco de pano. Esse é o Rabi…”
Duncan ouviu a boneca de corda à sua frente narrar calmamente esses eventos passados. Momentos depois, o canto de sua boca tremeu um pouco: “Parece que Lucretia também passou por muitas coisas maravilhosas ao longo dos anos… Tudo bem, acho que entendi o que está acontecendo.”
Alice coçou a cabeça: “Hã?”
“O Sonho do Inominado parece afetar apenas as criaturas que podem sonhar”, Duncan olhou para as duas bonecas à sua frente. “E vocês, como bonecas, na verdade não sonham — ou melhor, mesmo que ‘sonhem’, seus sonhos não são ‘compatíveis’ com os dos humanos comuns.”
Duncan fez algumas adições rigorosas ao final de sua fala, porque de repente se lembrou de que Alice já lhe descrevera algumas experiências durante seu sono que pareciam “sonhos”. Portanto, de certo ângulo, Alice também sonhava — mas, assim como Luni, seus sonhos não eram os mesmos dos humanos comuns. Se fosse para dizer… era mais como o “transe de uma boneca”.
Esse “transe” obviamente não atendia ao “padrão” para entrar no Sonho do Inominado.
Alice ouvia, meio que entendendo. Em seguida, sua mente não muito brilhante de repente brilhou. Ela pareceu pensar em algo, arregalou os olhos e olhou para Duncan: “Então, Capitão, por que o senhor também ficou ‘deste lado’ como nós? O senhor também não sonha?”
“Eu, claro…”, Duncan começou a falar instintivamente, mas logo parou, com uma expressão estranha e atônita.
Ele… depois de vir para este mundo, ele realmente já havia sonhado?
No sentido normal, pertencente aos mortais, entrelaçado entre a realidade e as memórias… um sonho.
Como se um interruptor há muito ignorado tivesse sido pressionado de repente, um canto caótico do subconsciente que nunca havia sido notado de repente revelou sua existência. Duncan notou esse problema pela primeira vez. Ele se lembrou rapidamente, lembrando-se de cada vez que dormiu neste mundo depois de passar por aquela porta, e… do “sonho”.
Ele se lembrou, ele havia sonhado — ele havia entrado no Subespaço em seus sonhos, e também previsto desastres futuros em seus sonhos. Ele viu o sol se apagar em seus sonhos, um vazio moribundo pairando no céu, corpos luminosos bizarros caindo do céu…
E além disso, ele não se lembrava de ter sonhado com mais nada, porque seu corpo atual não precisava muito de sono. Manter o hábito de deitar na cama todos os dias era, em muitos casos, apenas um meio de manter sua “humanidade”…
Sim, ele sonhava, embora raramente…
Duncan de repente ergueu a mão e apertou com força o espaço entre as sobrancelhas.
Não, os sonhos não deveriam ser assim, não deveriam ser apenas assim. E os sonhos comuns? As cenas vividas durante o dia e refletidas nos sonhos durante o sono? As coisas que poderiam ser chamadas de bons sonhos, os sonhos banais, os sonhos interessantes, os sonhos cheios de memórias, os… sonhos pertencentes às pessoas comuns?
Duncan se esforçou para se lembrar, mas de repente descobriu que todos os seus sonhos ou apontavam para o Subespaço, ou para algumas “ilusões” semelhantes a profecias que pareciam cruzar o tempo e o espaço. Além desses dois casos, cada vez que ele dormia… havia apenas um vazio.
E não apenas neste mundo.
Ele se lembrou.
Zhou Ming se lembrou.
Ele se lembrou dos dias antes de abrir a porta do apartamento, dos dias antes de ficar preso naquela névoa, de muito, muito tempo atrás — tão longe que parecia outra vida — os dias em que tudo ainda era normal, em que o mundo inteiro não havia mergulhado na névoa.
Zhou Ming ergueu a cabeça, confuso.
Ele… realmente já havia sonhado, como uma pessoa comum?
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