Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 586: Deserto
A boneca de corda Luni olhou com um pouco de preocupação para Duncan, que de repente começou a divagar. Após alguns segundos, ela não pôde deixar de se virar para Alice ao seu lado: “O que aconteceu com o velho mestre?”
Alice, no entanto, tinha uma expressão de “isso é normal” e consolou sua nova amiga: “Não é nada, ele só está divagando. O Capitão divaga com frequência…”
Luni ficou surpresa por um momento: “É mesmo?”
A conversa das duas bonecas chegou aos ouvidos de Duncan. Ele finalmente piscou, retornando gradualmente da lembrança para a realidade.
Após um momento de silêncio, Duncan ergueu a mão e massageou lentamente o espaço entre as sobrancelhas, escondendo a agitação de seus pensamentos sob as pálpebras semicerradas. Pensamentos confusos ainda giravam em sua mente. Ele ainda estava relembrando o passado, desejando poder desenterrar cada dia de que conseguia se lembrar, desde os momentos mais remotos de sua infância, e espalhá-los diante de si.
Ele finalmente havia percebido seu passado sem sonhos, percebido aquele canto de seu subconsciente que sempre ignorara. No entanto, ele teve que se libertar dessas lembranças e pensamentos confusos para concentrar sua atenção na “realidade” à sua frente.
Ele ergueu a cabeça e olhou para Alice, que o encarava fixamente, e para a boneca de corda ao lado, que ainda parecia um pouco nervosa.
“Estou bem”, disse Duncan em voz baixa. “Apenas me lembrei de algumas coisas de repente…”
Ele fez uma pausa e perguntou, olhando nos olhos de Alice: “Onde estávamos?”
“Estávamos falando sobre como Luni e eu talvez tenhamos sido deixadas do ‘lado de fora’ do Sonho do Inominado porque ‘bonecas não sonham’”, respondeu Alice imediatamente. “E então estávamos discutindo por que o senhor também foi deixado deste lado…”
“‘Não sonhar’ pode ser apenas um fator. O mecanismo do Sonho do Inominado não seria tão simples, e é muito provável que esteja em constante mudança…”
Duncan disse lentamente, enquanto se lembrava do sonho em que o erudito Taran-El havia caído.
Sem dúvida, Taran-El também havia caído no “Sonho do Inominado”, mas aquilo deveria ter sido a “camada superficial” de todo o sonho, e o próprio Sonho do Inominado deveria estar em um estágio inicial naquela época. Naquele tempo, ele ainda conseguia entrar no interior daquele sonho com relativa facilidade, usando a marca que deixou em Heidi, ao contrário de agora, quando estava bloqueado do lado do mundo real.
Isso indicava que as “regras” do Sonho do Inominado estavam mudando. Com o passar do tempo, sua área de influência e seu poder se expandiram, e ao mesmo tempo, um mecanismo de “filtragem” para entrada no sonho foi estabelecido, como algum tipo de autoproteção.
E o que viria a seguir? Este enorme “sonho” continuaria a crescer? Sua área de cobertura se expandiria novamente? E que tipo de mudanças seu mecanismo de autoproteção sofreria?
Enquanto pensava, a voz de Alice soou de repente ao seu lado, chegando aos seus ouvidos: “Capitão, como estão os outros? O senhor consegue sentir daqui?”
Duncan suprimiu temporariamente seus pensamentos confusos, respirou fundo e concentrou seu espírito, sentindo as “marcas” que deixara nos outros.
Chamas saltitantes cruzaram a fronteira entre o virtual e o real, atravessaram a antiga e secreta cortina do sonho. Em outra dimensão distante, em um ponto de intersecção de tempo e espaço que a razão dificilmente poderia descrever com precisão, Duncan “viu” aquelas luzes de fogo pulsantes.
A marca de fogo deixada com antecedência funcionou. Embora apenas tenha fortalecido um pouco a conexão, Duncan agora podia de fato perceber o estado de Vanna e dos outros com mais clareza, e deveria até ser capaz de estabelecer comunicação com eles.
“Eles não estão em perigo”, disse Duncan, assentindo para Alice e Luni.
Alice soltou um suspiro de alívio: “Ah, que bom… Então, o que vamos fazer agora?”
Duncan ergueu a cabeça, seu olhar atravessando a janela próxima e pousando na rua envolta pela noite caótica lá fora.
Aquela “cena espetacular” havia reaparecido do lado de fora da janela. Com a influência do Sonho do Inominado invadindo a realidade, a vegetação exuberante da floresta cobriu mais uma vez a cidade-estado. As copas contínuas das árvores imponentes obscureciam o céu, e os bairros sob as árvores gigantes eram sombrios e indistintos, uma mistura do real e do ilusório.
Porto Brisa já havia se acalmado. O mundo após entrar no sonho substituiu a realidade, exatamente como Duncan previu. Os preparativos apressados das autoridades da cidade-estado e dos guardiões da academia não surtiram efeito. Agora, os únicos despertos nesta cidade eram novamente ele e Alice.
Ah, e desta vez, havia uma boneca de corda a mais.
“Vamos para o lugar onde aquela videira apareceu antes”, disse Duncan com indiferença, virando-se em direção à porta da mansão. “Ver se ela ainda aparece no mesmo lugar.”
“Certo!” Alice concordou imediatamente e, em seguida, estendeu a mão para puxar Luni, que estava um pouco atordoada ao lado. “Vamos, vamos, vamos explorar com o Capitão!”
“Explorar?” Luni seguiu instintivamente Alice e Duncan, mas sua mente obviamente ainda não estava no mesmo ritmo. “O que vamos fazer?”
“Vamos procurar outro Banido”, disse Duncan, diminuindo o passo e virando-se ligeiramente para trás.
O Sonho do Inominado reapareceu no mundo real, e desta vez Duncan queria verificar muitas de suas suposições. A “marca temporária fortalecida” deixada em Vanna, Morris e os outros era apenas uma de suas muitas ideias, visando apenas fortalecer a conexão entre ele e seus seguidores. O que mais o preocupava era se aquele Banido que navegava na escuridão e na névoa apareceria novamente.
Não importava como o Sonho do Inominado continuasse a crescer, Duncan precisava encontrar uma maneira de contornar seu “mecanismo de autoproteção” para intervir ainda mais neste enorme sonho. E a intuição lhe dizia que aquele bizarro Banido que navegava na névoa era a brecha mais provável para romper o “mecanismo de autoproteção” do Sonho do Inominado.
Porque a “carta náutica” daquele navio indicava que era muito provável que ele estivesse, na verdade, navegando sobre a floresta do Sonho do Inominado.
Sob o céu noturno caótico tecido pela “luz do sol” e pela Criação do Mundo, as ruas da cidade-estado estavam tão estranhamente silenciosas quanto da última vez. Duncan e as duas bonecas deixaram a residência da bruxa, que já havia mergulhado em silêncio, e entraram na noite onde a cidade e a floresta se entrelaçavam.
E ao entrar na noite, Duncan também começou a se comunicar cautelosamente com as marcas temporárias que já estavam do “outro lado” do sonho, tentando chamar seus seguidores.
Desta vez, ele precisava ser extremamente cuidadoso, aprender com a lição da última vez naquele espaço de névoa escura e usar o poder do fogo com prudência para evitar… despertar Silantis no sonho.
Uma fenda bizarra de cor vermelho-escura cobria o céu. As bordas da luz vermelha sinistra estavam envoltas em nuvens e névoa distorcidas e nebulosas. Sob a luz do céu, até onde a vista alcançava, havia apenas areia amarela e rochas gigantes.
Dunas de areia ondulantes preenchiam a visão. Rochas irregulares e sinistras se erguiam sob o céu como os esqueletos de inúmeras bestas gigantes contorcidas e em luta. A areia amarela enterrava a base das rochas gigantes, e suas arestas afiadas se estendiam para cima como espadas. Em meio a essa vasta e desesperadora extensão de areia amarela, o “homem” parecia menor do que nunca.
Vanna ergueu a cabeça, seus longos cabelos prateados soprados pelo vento. O vento seco, misturado com poeira e areia, soprava incessantemente sobre a terra, fazendo-a semicerrar os olhos instintivamente.
Ela havia chegado a este deserto novamente — esta terra infinita, morta e ressequida.
Observando as silhuetas nebulosas das rochas gigantes à distância, Vanna suspirou levemente e estendeu a mão para o vento. Uma névoa de vapor de água se condensou do vento seco e arenoso de uma maneira que desafiava o bom senso, solidificando-se em sua mão em uma espada gigante que emitia um frio cortante.
Sentindo o peso substancial da espada gigante, Vanna assentiu com satisfação.
Este deserto infinito no sonho era seco e escaldante, um ambiente nada confortável para uma seguidora da Deusa da Tempestade. Mas, felizmente, seu poder como santa da Igreja do Mar Profundo ainda funcionava aqui. O sonho não podia bloquear o poder concedido pelos deuses, o que tornava sua jornada aqui um pouco mais fácil.
Extraindo o frescor da espada gigante, Vanna entrou no vento e na areia, caminhando em direção a um certo ponto.
Ela, claro, não estava andando sem rumo. Seu objetivo era a sombra irregular à distância, aquelas coisas que pareciam rochas irregulares, mas também ruínas de uma cidade.
Enquanto caminhava, Vanna de repente sentiu um movimento em seu coração.
Ela parou instintivamente e se concentrou para ouvir a voz que aparecera de repente nas profundezas de sua consciência. Momentos depois, ela ouviu a voz se tornar clara — era o Capitão.
A voz calma e poderosa do Capitão ecoou em sua mente: “Vanna, consegue me ouvir?”
“Consigo”, Vanna respondeu imediatamente em sua mente, e sem perceber, soltou um suspiro de alívio. “Ótimo, parece que seu plano funcionou.”
“Sim, como esperado”, a voz de Duncan continuou. “Preciso contatar vocês com cautela agora, não posso transmitir muito poder precipitadamente. Com base no que aprendi da última vez, Silantis, que dorme nas profundezas do Sonho do Inominado, parece não gostar muito do meu fogo.”
“Entendido”, disse Vanna, retomando a caminhada e continuando em frente enquanto respondia. “Como estão os outros?”
“Os outros estão espalhados pelas profundezas daquela floresta, a composição dos grupos é basicamente a mesma da última vez. Shirley e Cão estão juntos, Nina e Morris estão juntos”, Duncan informou a Vanna sobre a situação dos outros. “Além disso, Lucy encontrou o coelho Rabi com sucesso após entrar no sonho — elas quase ‘caíram’ no mesmo lugar.”
“A senhorita Lucretia encontrou aquele coelho esquisito? Seus ‘pontos de queda’ foram juntos? E a ‘combinação’ dos outros também foi a mesma da última vez?” Vanna parou por um momento, pensativa. “Parece que… nosso processo de entrar neste sonho realmente segue um padrão…”
“Sim, pelo que parece, a localização deles na floresta também é semelhante à da última vez”, disse Duncan, perguntando sobre a situação de Vanna. “E como está aí?”
Vanna parou e ergueu a cabeça, olhando para a areia interminável à sua frente.
Alguns segundos depois, a santa da tempestade suspirou.
“Areia, pedras, tempo seco e quente. Parece que a ‘localização’ de cada um ao entrar no Sonho do Inominado não mudou muito. Eu ainda estou neste deserto. Para ser sincera, não gosto muito deste lugar…”
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