Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Nas águas próximas à Porto Brisa, em uma área longe das principais rotas de navegação e coberta por uma fina névoa, a imponente e majestosa silhueta do Banido patrulhava lentamente.

    Então, uma ondulação etérea surgiu de repente na superfície do mar. O reflexo do navio fantasma balançou com as ondas naquela ondulação e, por um instante extremamente breve, o reflexo pareceu prestes a se materializar a partir da água, mas no momento seguinte, tudo voltou ao normal.

    Dentro da cabine do capitão, o Cabeça de Bode esculpido em madeira na borda da mesa de navegação virou a cabeça de repente, um tanto confuso. Com um leve rangido vindo de sua base, ele olhou ao redor e, após um longo tempo, murmurou uma pergunta intrigada: “Por que senti algo estranho agora há pouco…”

    Na parede, em um canto da cabine, o antigo espelho oval já flutuava com camadas de névoa negra. A figura de Agatha estava no espelho, observando silenciosamente o Cabeça de Bode sobre a mesa.

    O Cabeça de Bode finalmente notou o olhar vindo de lado. Ele virou a cabeça imediatamente e, ao ver Agatha, exclamou: “Ei… você me assustou! Por que está me encarando tão cedo?”

    Enquanto falava, ele balançou a cabeça novamente, como se de repente se lembrasse de algo: “Ah, sim, senhora Agatha, onde você esteve ontem à noite? Sinto que sua presença não estava no navio… você não costuma patrulhar pelos espelhos à noite?”

    Agatha não respondeu imediatamente à pergunta do Cabeça de Bode. Em vez disso, continuou a observar silenciosamente cada movimento do “primeiro-imediato” e, após um longo tempo, quebrou o silêncio: “Você não sentiu nada ontem à noite? Quando eu saí, você também não notou nada de anormal?”

    “Não”, o Cabeça de Bode hesitou, começando a entender. “Espere, o que você quer dizer com isso… aconteceu alguma coisa ontem à noite de novo?”

    “Sim, o Capitão deve vir procurá-lo em breve”, Agatha assentiu, franzindo a testa, e depois perguntou: “Você disse que sentiu algo estranho agora há pouco? O que foi?”

    O Cabeça de Bode levou um momento para processar, percebendo que ela se referia ao seu murmúrio anterior. Embora não soubesse por que a atitude da “antiga guardiã do portão”, geralmente calma e serena, estava tão estranha esta manhã, ele respondeu: “Eu também não sei como descrever, foi como… um sobressalto? Como se eu estivesse distraído e alguém de repente batesse no meu ombro…”

    Agatha olhou para o Cabeça de Bode com desconfiança: “… Você tem ombros?”

    “Então foi um tapa na cabeça. É uma metáfora, você entende metáforas, certo?” disse o Cabeça de Bode, balançando a cabeça. “Eu devo ter me distraído um pouco enquanto estava no leme. O mar ficou um pouco agitado agora há pouco e me despertou…”

    “O mar não ficou agitado, esteve sempre calmo. Apenas o mundo dos sonhos ondulou”, Agatha balançou a cabeça. “Você estava sonhando.”

    O Cabeça de Bode ficou paralisado e, após vários segundos, conseguiu dizer: “… Hã?”


    Observando as ruas da cidade, que haviam voltado ao normal sob a luz da manhã, Duncan franziu ligeiramente a testa, com uma expressão pensativa.

    As duas bonecas estavam paradas silenciosamente atrás dele.

    Depois de pensar por um tempo indeterminado, Duncan murmurou de repente em voz baixa: “Parece que não importa quanto tempo eu passe ‘lá’, não importa como o Sonho do Inominado termine, o tempo no mundo real, ao ‘despertar’, é sempre de manhã cedo…”

    Alice virou a cabeça para olhar para Luni, depois de volta para o Capitão, e coçou a cabeça, confusa: “Ah… o senhor ficou muito tempo ‘lá’ desta vez?”

    “Pela sensação, o tempo que passei naquele espaço de névoa escura foi quase o dobro da última vez — até o sonho ser despertado novamente”, Duncan assentiu lentamente. “E parece que o ponto no tempo no mundo real ainda é o mesmo de antes, logo quando o sol da manhã acaba de nascer. Isso… está um pouco de acordo com as regras dos sonhos.”

    Ele fez uma pausa, organizando as palavras enquanto explicava a Alice: “A passagem do tempo percebida em um sonho é caótica. Um segundo e mil anos de tempo subjetivo podem, na realidade, ter sido apenas um instante, e tudo é calibrado no momento do despertar.”

    Alice pensou um pouco e balançou a cabeça, um tanto confusa: “Não entendi…”

    “Não importa, não é importante”, Duncan riu, afastando temporariamente os pensamentos confusos de sua mente, e se aproximou para afagar o cabelo de Alice. “Vamos voltar primeiro. Esta exploração… rendeu muitos frutos.”

    Com as duas bonecas, Duncan retornou rapidamente à “Mansão da Bruxa” na Rua da Coroa, 99. Seus tripulantes já haviam retornado do mundo dos sonhos e estavam reunidos na sala de estar.

    Quando Duncan entrou na sala, Vanna, Morris e os outros já discutiam suas respectivas experiências no Sonho do Inominado.

    Diferente da última vez, quando todos caíram no sonho sem aviso, desta vez a “entrada no sonho” foi preparada. A “marca temporária” que Duncan deixou em todos com suas chamas garantiu que a tripulação pudesse trocar informações básicas no Sonho do Inominado. Portanto, após despertar desta vez, não precisaram gastar tempo extra explicando suas experiências, podendo concentrar suas energias na discussão das várias pistas.

    A chegada de Duncan interrompeu a conversa entre os tripulantes. Morris e os outros se levantaram para saudar o Capitão. Nina correu rapidamente em sua direção, parecendo especialmente feliz: “Tio Duncan!”

    Duncan abraçou Nina gentilmente e depois seu olhar varreu as figuras na sala. Ele viu Lucretia sentada no sofá do outro lado da mesa de centro, com uma expressão um tanto estranha, e abriu os braços com um sorriso: “Quer um abraço também?”

    A “Bruxa do Mar” pensou um pouco e balançou a cabeça: “Não.”

    Duncan sorriu, sentou-se em seu lugar e sua expressão rapidamente ficou séria: “Certo, então vamos ao que interessa. Podemos pular a troca básica de informações. O foco agora é discutir o surgimento de duas novas situações.”

    “A primeira é a ‘Shireen’ que apareceu para Shirley, e também para Morris e Nina.”

    “A segunda é o ‘gigante’ que Vanna encontrou, que se dizia um deus.”

    Ele ergueu a cabeça e seu olhar pousou em Morris.

    “Quero ouvir sua opinião primeiro, Morris.”

    “A aparição de múltiplas ‘Shireen’ no sonho significa que nossa avaliação anterior sobre ‘Shireen’ precisa ser ajustada”, disse Morris, tirando seu monóculo e limpando-o. “Antes, julgávamos que ‘Shireen’ era apenas uma entidade mental no Sonho do Inominado, equivalente a uma ‘residente nativa’, e que suas ações não estavam intimamente ligadas ao funcionamento do sonho. Mas agora parece que não é o caso…”

    “Quando nossas atividades no sonho excedem um certo escopo e duração, uma ‘Shireen’ aparece ao nosso redor e tenta nos guiar para aquele lugar chamado ‘Muralha do Silêncio’. Essa ‘orientação’ talvez seja um mecanismo do próprio Sonho do Inominado.”

    “Em outras palavras, a elfa chamada ‘Shireen’ talvez seja a ‘personificação’ de alguma lei no Sonho do Inominado. Ela não é uma entidade mental, mas um mecanismo. Quando as condições são adequadas, ela é acionada, e quando as condições mudam, ela também pode desaparecer.”

    Enquanto Morris falava, seu olhar pousou em Shirley.

    O “desaparecimento” mencionado pelo velho estudioso referia-se claramente à “Shireen” que estava com Shirley antes — aquela “Shireen” que no final se tornou uma árvore.

    “Quanto às regras específicas para esse ‘acionamento’ e ‘desaparecimento’, talvez precisemos de mais alguns testes para resumir, ou talvez nunca consigamos”, Morris colocou seu monóculo de volta e continuou. “Mas uma coisa é certa: a aparição de ‘Shireen’ é benévola para nós, os ‘visitantes’, e malévola para os cultistas que invadiram o sonho. Ela chama os invasores de ‘imundo’, o que deve representar o ‘julgamento’ ou a ‘posição’ do Sonho do Inominado. Isso é uma boa notícia para nós.”

    Duncan ouviu a análise do velho senhor e assentiu silenciosamente, depois seu olhar pousou em Vanna.

    “Então, sobre aquele ‘gigante’, Vanna, você tem alguma opinião?”

    “Não tenho nenhuma pista”, Vanna pensou um pouco e balançou a cabeça honestamente. “Relembrei tudo o que o ‘gigante’ me contou, mas não consigo encontrar nenhuma correspondência com mitos, lendas ou registros históricos do mundo real. Mesmo na cultura élfica, que tem uma herança relativamente completa, não há menção alguma sobre aquele gigante ou sobre a ‘cidade das colinas e planícies’ que ele descreveu…”

    “Mesmo a ‘herança’ dos elfos é apenas relativamente completa. Se aquele gigante veio de uma era anterior à Grande Aniquilação, é normal não encontrarmos pistas correspondentes nos registros modernos”, Lucretia balançou a cabeça. “A questão principal é: qual é a relação entre aquele gigante, o deserto sob seus pés e os ‘elfos’?”

    A “bruxa” ergueu a cabeça e olhou nos olhos de Vanna.

    “Senhorita Vanna, você não viu nenhuma sombra de floresta naquele deserto, e não ouviu do gigante nenhuma informação relacionada aos elfos, correto?”

    “Sim, absolutamente nenhuma”, respondeu Vanna com certeza.

    “A elfa chamada ‘Shireen’ também não sabe o que é um deserto, e a única coisa que poderia ter alguma ligação com o ‘gigante’ é a descrição do criador Sasroka. Ela disse que Sasroka era um deus sem forma fixa, que podia se transformar em cervo, cabra e gigante, mas essa conexão me parece muito forçada”, disse Lucretia, pensativa. “Então, a situação atual é que Vanna e o resto de nós parecemos ter sido divididos em dois ‘espaços-tempos’, enfrentando ambientes, pessoas e informações completamente diferentes. Mas esses dois ‘espaços-tempos’ definitivamente estão conectados…”

    “Sim, no mínimo, ambos os ‘espaços-tempos’ são certamente parte do Sonho do Inominado”, Morris assentiu imediatamente. O velho estudioso tinha uma expressão pensativa e, após refletir por um momento, falou lentamente: “Então, precisamos entender uma coisa: o que causa a enorme divergência entre esses dois espaços-tempos? É uma descontinuidade espacial ou uma descontinuidade temporal?”

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