Capítulo 601: O Sonho do Inominado em Crescimento

Foi como se Taran-El só percebesse a incongruência no ambiente depois que Lucretia o alertou. Ele se virou abruptamente para a janela e, ao ver a árvore exuberante que bloqueava a maior parte da luz do sol, ficou atônito por um longo tempo antes de sua expressão mudar. Ele caminhou rapidamente até a janela.

Parado ali, ele olhou para fora, para a grande árvore, com uma expressão de dúvida no rosto, como se ainda não tivesse certeza se sua memória ou a realidade diante de seus olhos estava errada. Apenas um momento depois ele finalmente reagiu e balançou a cabeça imediatamente: “Não, esta árvore não estava aqui.”

O erudito continuou, apontando para o telhado do outro lado da rua: “Lembra-se da vez em que o sol se apagou? Eu pulei desta janela para o telhado oposto. Naquela época, definitivamente não havia esta árvore bloqueando o caminho.”

Lucretia também se aproximou da janela e olhou para baixo da árvore. Ela viu que estava enraizada em um canto do pátio, uma posição que parecia particularmente deslocada. No entanto, parte de suas raízes emergia do solo e se fundia com os degraus e o chão próximos, como se estivesse enraizada ali há muito tempo.

Ela se virou e viu a expressão séria no rosto de Taran-El.

“O Sonho do Inominado ainda está crescendo, senhora”, o erudito quebrou o silêncio, seu tom sério e grave. “Algumas de suas partes… já conseguem se espalhar para o mundo real durante o dia.”

“Não está apenas se espalhando, mestre”, lembrou Lucretia. “Se eu não o tivesse alertado, você nem teria notado a anormalidade desta árvore até agora. E mesmo eu só percebi que algo estava errado depois de tanto tempo. Lembra-se? Quando entrei nesta sala, ela já estava do lado de fora da janela.”

Taran-El não disse nada, apenas olhou para fora com uma expressão séria, para a grande árvore sem nome que já havia se enraizado no mundo real, para as ruas e telhados distantes, para toda a cidade-estado até onde a vista alcançava.

“É difícil para uma pessoa em um sonho perceber as bizarrices do próprio sonho… o subconsciente racionaliza todas as coisas estranhas e fantásticas para evitar que morramos de susto com nossos próprios sonhos”, disse o erudito, virando-se finalmente após um longo silêncio. “A fronteira entre a realidade e o sonho ficou turva, senhora. Talvez, em breve, toda a cidade de Porto Brisa não acorde mais. Ninguém sabe se a cidade-estado ainda existirá então, ou em que forma existirá… Precisamos impedir que o Sonho do Inominado continue a crescer.”

“Leve seus dados e sua mente clara, organize suas ideias e procure o Governador Salar Maier. Ele precisa de ajuda agora”, disse Lucretia. “É melhor ver também o Tad. Aquele Guardião dos Segredos da Verdade provavelmente está com a corda no pescoço.”

“Partirei imediatamente”, disse Taran-El na mesma hora, mas não pôde deixar de olhar para Lucretia. “…E você?”

A “bruxa” não era de Porto Brisa, mas era óbvio que ela já estava envolvida no assunto. Pelo que Taran-El conhecia de Lucretia, ela certamente não ficaria de braços cruzados em um momento crucial.

“Tenho tanto a fazer quanto você”, Lucretia acenou com a mão, as bordas de sua figura já começando a desfocar. “O Sonho do Inominado certamente aparecerá novamente. Preciso me preparar para esta noite. E mais, meu olhar não está apenas em Porto Brisa.”

Assim que suas palavras terminaram, e antes que Taran-El pudesse reagir, a figura da senhorita bruxa se desfez em uma explosão de papéis coloridos, que dançaram e voaram para fora da sala em um redemoinho repentino.

Na área do porto, a bordo do Brilho Estelar atracado, os papéis coloridos entraram girando na cabine e se reuniram novamente na forma da Bruxa do Mar.

Um marinheiro de lata, montado com pedaços de sucata, parafusos e canos, aproximou-se imediatamente. Com passos rangentes, ele se curvou em saudação à sua capitã: “Senhora, o senhor Tyrian a procurou. A chamada veio há uma hora.”

“Eu sei, eu senti”, disse Lucretia rapidamente. “Encontre alguns ajudantes, levem os equipamentos de fotografia e filmagem do armazém para o convés, apontem para o cais do Porto Brisa, ajustem os temporizadores e, depois das nove desta noite, registrem as mudanças em Porto Brisa. Vá.”

O marinheiro de lata curvou-se imediatamente: “Sim, senhora.”

O marinheiro enferrujado partiu, e o som de seus passos rangentes foi se distanciando. Lucretia franziu a testa ao olhar para as costas dele e murmurou: “Precisa de óleo…”

Ela balançou a cabeça e caminhou até a bola de cristal, acendendo-a com um aceno de mão.

Após um momento de espera paciente, a figura de Tyrian apareceu na bola de cristal.

“Parece que você também está ocupada por aí”, disse Tyrian assim que se viram. “A situação em Porto Brisa continua a piorar?”

“Hoje eu vi uma árvore do lado de fora do laboratório de Taran-El, uma árvore que ‘cresceu’ do sonho para o mundo real”, disse Lucretia calmamente. “Esta cidade está gradualmente caindo no Sonho do Inominado, ou o Sonho do Inominado está lentamente ‘emergindo’ do mundo real. De qualquer forma, o problema aqui está de fato se agravando. Mas vamos falar de você primeiro. Mandar notícias tão cedo… parece que o que eu temia aconteceu.”

“Três casos de ‘doença do sono’ foram relatados no assentamento élfico perto do Cemitério Nº 2”, disse Tyrian sem rodeios. “Três elfos estão em um sono profundo, mas nenhuma outra doença pode ser encontrada. A situação é muito semelhante ao caso de sono que você mencionou anteriormente na cidade-estado de Pland, mas a diferença é que, desta vez, os métodos de hipnose e intervenção em sonhos dos psiquiatras são ineficazes.”

“Hipnose e intervenção em sonhos ineficazes…”

“Sim, de acordo com o relatório do psiquiatra, a condição dos três elfos é muito parecida com a de um ‘insonhador’ — você deve conhecer esse ‘defeito congênito’ especial entre os elfos”, Tyrian assentiu. “O psiquiatra não conseguiu encontrar a entrada para os sonhos dos três ‘pacientes’. Suas mentes parecem ter caído em um vazio infinito, já desapareceram do mundo real… Se todos os métodos de despertar falharem, só podemos manter seus sinais vitais com infusão de nutrientes por enquanto.”

A testa de Lucretia se franziu gradualmente, e ela permaneceu em silêncio, pensativa.

A voz de Tyrian continuou: “Não estou preocupado com a situação atual. Três pacientes em coma não sobrecarregarão a cidade-estado. Mas me preocupo com o desenrolar da situação. Geada está na fronteira norte, e os elfos sempre gostaram da fronteira. Esta cidade-estado tem milhares de elfos registrados, distribuídos por todos os distritos. Se esse ‘sono’ se espalhar rapidamente, a ordem que Geada mal conseguiu estabilizar poderá enfrentar outro choque.”

“Eu sei, mas é melhor você se preparar psicologicamente”, Lucretia finalmente falou. “Papai está tentando encontrar a origem do Sonho do Inominado, mas isso leva tempo. A julgar pela situação que você mencionou, o alcance de influência deste sonho não se limita à Porto Brisa, mas age diretamente sobre a raça ‘elfo’… Há pistas que indicam que ele aponta para a fé primordial dos elfos, envolvendo divindades. Você deve saber como isso é problemático.”

O canto da boca de Tyrian tremeu visivelmente. Após vários segundos de silêncio, ele falou com cautela: “Se, e estou dizendo se, no pior dos casos, vocês aí realmente tiverem que enfrentar um deus antigo fora de controle, não uma Prole do Sol, nem uma Cópia das profundezas, mas uma divindade presa na memória de uma raça… você acha que o pai…”

Lucretia sabia o que seu irmão queria dizer.

Fazia muitos anos que os irmãos não se preocupavam com o pai — ou melhor, eles se preocupavam antes, mas a preocupação era em uma direção completamente diferente.

Agora, ambos estavam um pouco desacostumados a discutir o assunto.

Depois de vários segundos, Lucretia finalmente soltou um suspiro leve: “Eu vou torcer por ele e assistir de longe.”

Tyrian: “…”

“O que mais?” Lucretia olhou para o irmão na bola de cristal. “Fazer como você, correr para cima e levar uma surra do papai? Quantos cogumelos venenosos eu teria que comer para me meter em uma batalha desse nível?”

A expressão de Tyrian era muito sutil: “… Eu sei, mas você pode parar de mencionar que eu levei uma surra do pai…”

“Então tem aquela vez que o papai te pegou assistindo a uma dança sensual.”

“… Vamos mudar de assunto.”

Lucretia encerrou a comunicação com um gesto.

A Bruxa do Mar tinha uma expressão satisfeita no rosto.

Seu irmão parecia estar de bom humor, o que era ótimo.

Ela ficou sentada em frente à bola de cristal por um tempo, organizando seus pensamentos, depois ergueu a mão e bateu novamente na superfície da esfera.

“Rabi, eu sei que você está ouvindo.”

Um leve brilho tremulou nas profundezas da bola de cristal. Um momento depois, a voz fêminina e infantil de Rabi veio de dentro da esfera: “Senhora~ Shh~ Rabi está em uma operação secreta…”

“Parece que você já encontrou o esconderijo deles”, disse Lucretia com indiferença. “Pode confirmar em que cidade-estado é?”

“Não parece ser uma cidade-estado,” o brilho na bola de cristal pulsava lentamente. A voz de Rabi soava bastante presunçosa. “Pelo que vi em suas memórias, parece que é um navio…”

“Um navio?”

“Sim~ Esse grupo de cultistas construiu um navio,” disse Rabi, toda orgulhosa, arrastando as palavras deliberadamente em um ritmo irritante e presunçoso. “Aqui, por to~da parte, tem cheiro de sangue~~!”

Lucretia ficou surpresa por um momento. Ela não deu atenção ao tom deliberadamente irritante de Rabi, mas seu rosto gradualmente se iluminou com uma expressão de alegria inesperada.

Rabi encontrou uma base marítima daqueles cultistas?!