Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Para onde este gigante a estava levando?

    Vanna, curiosa e confusa, seguiu os passos do gigante, adentrando o deserto de areia infinita. A poeira levantada pelo vento formava uma barreira nebulosa à distância, como se borrasse a fronteira entre o céu e a terra. Em algum momento, a cidade em ruínas, formada por um amontoado de rochas negras e irregulares, já havia desaparecido nas profundezas daquela tempestade de areia. Quando Vanna tentou olhar para trás, não conseguiu ver mais nada.

    A luz do dia gradualmente se tornava mais clara, e o calor no deserto aumentava pouco a pouco.

    Vanna invocou sua espada gigante condensada de gelo, usando a bênção da Deusa da Tempestade para combater o desconforto do deserto, enquanto olhava para o céu.

    A imensa fenda que emitia uma luz vermelha sinistra ainda cobria o mundo inteiro. Talvez fosse uma ilusão, mas os filetes de sangue que se espalhavam pelas bordas da fenda pareciam ter se expandido um pouco desde a primeira vez que os vira.

    O sol não era visível em lugar algum, mas todo o céu continuava a clarear. Isso deu a Vanna a sensação de que o conceito de “luz solar” havia sido gravado em algum tipo de “ciclo” entre o céu e a terra; mesmo que o sol tivesse desaparecido, a luz e o calor que ele deixara para trás ainda apareceriam “pontualmente” neste mundo.

    O gigante, por sua vez, teve seu olhar atraído pela espada de gelo na mão de Vanna.

    Ele já tinha visto a espada gigante nas mãos dela antes, mas não tinha visto o processo de Vanna a invocando — ele parecia achar aquele poder muito curioso.

    “Sua espada foi moldada com um poder que não pertence a este mundo. É uma força incrível, capaz de invocar milagres na areia amarela. Faz muito tempo que eu não via ‘gelo’.

    “Esta é uma habilidade concedida pela deusa em que acredito”, disse Vanna imediatamente. “Ela é a Soberana da Tempestade e do Oceano, e o gelo é uma extensão de seu domínio.”

    “Uma deusa que governa os mares?” o gigante murmurou, pensativo, “Tempestade e oceano… Aqui estamos muito, muito longe da costa, e o chamado grande mar já secou. Mas eu ainda me lembro. Eles construíram uma cidade magnífica à beira-mar, uma cidade com muros externos de um branco puro e inúmeros telhados azuis. Eles a nomearam com o nome de uma gema e, na cidade, construíram o primeiro navio capaz de cruzar o oceano…”

    Vanna ouvia em silêncio o gigante lhe contar aquelas antigas histórias esquecidas, enquanto retransmitia as informações que ouvia para os outros que agiam no sonho. O calor ao redor continuava a aumentar, então ela levou a espada gigante à boca e deu uma mordida, mastigando o gelo enquanto perguntava com curiosidade: “E então?”

    “Então, a cidade desapareceu em bolhas. Quando a erosão aconteceu, muitas coisas mudaram de maneiras que eu não conseguia entender”, disse o gigante, que não pôde deixar de baixar o olhar para Vanna novamente, observando a espada de gelo com uma marca de mordida. “… Então é assim que se usa?”

    “Está um pouco quente aqui”, disse Vanna, um tanto embaraçada, “Eu… não lido bem com o calor.”

    “Não lidar bem com o calor, isso é bom. Sentir desconforto com o ambiente é uma prova de que se está vivo”, disse o gigante, e então parou de andar, “Chegamos, Viajante.”

    Vanna parou e, seguindo o olhar do gigante, sua expressão de repente ficou atônita.

    À frente havia uma enorme… cratera, incrustada na terra como uma cicatriz impressionante. Ela e o gigante, sem que percebessem, haviam chegado à beira do grande buraco, a apenas alguns passos da parede da cratera.

    Após um breve momento de espanto, ela deu um passo à frente com cautela para observar a situação dentro da cratera. Viu que as paredes do buraco eram como vidro, as rochas escuras apresentando o mesmo estado de fusão e solidificação das ruínas da cidade anterior. Viu também que a areia amarela ao redor da cratera recuava, expondo um solo com rachaduras aterrorizantes. A escala da cratera era imensa, como se pudesse abrigar uma cidade-estado tão grande quanto Pland…

    No centro da cratera, podia-se ver vagamente algo se erguendo. Parecia uma torre de escala impressionante, mas agora só restava uma aparência distorcida e sinistra. Ao redor da “torre”, era possível distinguir vagamente estradas derretidas e… pedras espalhadas em diferentes alturas.

    “O que é aquilo?” perguntou Vanna, surpresa, apontando para a torre.

    O gigante, porém, não respondeu diretamente. Em vez disso, aproximou-se lentamente da beira da cratera, sentou-se no chão, colocou seu enorme cajado ao lado e mergulhou em um silêncio pensativo.

    Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, ele quebrou o silêncio.

    “Não me lembro de muitas coisas, mas me lembro deste lugar… Depois que perceberam que o mundo inteiro estava gradualmente entrando em colapso e que a força humana não poderia salvá-lo, eles construíram aqui um enorme arquivo. Este grande buraco que você vê são as ruínas do arquivo. Eles tentaram deixar as provas de sua existência neste mundo em um único edifício.

    “Tudo o que você pode imaginar: cultura, arte, história, incontáveis pergaminhos e artefatos, além de um banco de sementes e esculturas gigantescas, tudo foi empilhado em armazéns sólidos e rigorosamente protegidos. Eles também fizeram enormes placas de pedra, usando os materiais mais estáveis, e gravaram nelas uma simples introdução sobre o mundo e a civilização.

    “Livros apodrecem rapidamente, dispositivos de gravação avançados são propensos a falhas, meios de armazenamento sofisticados não podem ser lidos diretamente, mas as palavras gravadas na pedra podem durar milhares, dezenas de milhares de anos, ou até mais. Por isso, essas pedras foram colocadas no centro do arquivo, consideradas o ‘coração’ daqui.

    “Eles não conseguiram encontrar um método de registro mais seguro e duradouro do que este.

    “E… e então?” Vanna não pôde deixar de perguntar, embora já soubesse a resposta antes mesmo de abrir a boca.

    “As pedras se transformaram em bolhas.” O gigante baixou a cabeça e olhou nos olhos de Vanna. “Em um segundo.”

    Vanna de repente sentiu uma sensação de sufocamento.

    “As obras de arte derreteram, fluindo como água e se infiltrando em todas as frestas. Os pergaminhos se tornaram sombras, gravados nas paredes. As esculturas sublimaram no ar, transformando-se em uma névoa pálida. Então, todo o edifício começou a afundar, a se despedaçar, e toda a terra cedeu com ele.” O gigante ergueu a mão, apontando para a cratera profunda. “As pessoas se reuniram ali, os últimos sobreviventes. Eles queriam lamentar sua civilização e estavam preparados para morrer com dignidade, mas a verdade é que lamentar e morrer com dignidade também era um luxo.

    “Diante deles, tudo o que haviam registrado se transformou… em algo inominável.

    “Esta é a realidade: quando o próprio mundo caminha para a destruição, nada que esteja registrado ‘no mundo’ pode ser preservado.”

    “Então…” Vanna abriu a boca, e só depois de um longo tempo, ergueu a mão hesitantemente e perguntou novamente, “aquela torre…”

    “Quando todo o edifício começou a desmoronar, aquele era o último lugar seguro”, disse o gigante em voz baixa. “Eles correram para lá, assim como muitos e muitos anos antes, quando o primeiro grande incêndio se espalhou pelo assentamento na floresta, eles desceram das árvores e correram para a segurança da planície aberta. Só que desta vez, o ‘grande incêndio’ não ia queimar apenas a floresta…

    “No final, apenas uma pessoa chegou lá. Não me lembro de sua aparência, nem se era homem, mulher, velho ou criança.

    “Ele parou ali e morreu de pé.

    “No último minuto de sua morte, ele cresceu rapidamente como uma montanha, quase como se fosse tocar o céu. Aquela cena… era como se… a escala estivesse errada, porque a ‘ciência’ deles me dizia que a estrutura do corpo mortal não poderia suportar um corpo daquele tamanho…”

    O gigante ergueu a cabeça, olhando para a “torre” no centro da cratera, como se, mesmo depois de tanto tempo, aquela antiga confusão ainda persistisse em sua mente.

    Vanna finalmente entendeu o que era aquilo.

    Era a última pessoa deste mundo.

    Ela arregalou os olhos lentamente e, em choque, encarou o centro da “cratera”.

    Mesmo a uma distância tão grande, ela podia ver a escala impressionante daquela “torre”. Era mais alta que a torre mais alta da cidade de Pland, ainda mais grandiosa que a catedral da cidade-estado. Como… poderia ser uma pessoa?

    No entanto, gradualmente, Vanna finalmente começou a distinguir os detalhes arrepiantes na aparência bizarra e sinistra da “torre” distante. Ela viu a estrutura derretida e deformada, erguida como um braço, e o tronco torcido e espiralado. Por um instante, ela até pensou ter visto, incrustado em alguma parte da torre, um… rosto assustador.

    Mas ela sabia que era uma ilusão. A uma distância tão grande, mesmo que a torre realmente tivesse tais detalhes, ela não conseguiria vê-los com clareza.

    Além disso, a figura estava tão distorcida que era impossível reconhecer sua forma original.

    Vanna mal conseguia descrever o que sentia naquele momento. Sabia apenas que seu coração estava abalado e que uma enorme dúvida quase inundava sua mente. Ela olhou por um longo tempo para a “torre” negra, para a última lápide deixada pela última pessoa de uma antiga civilização destruída, e então lentamente ergueu a cabeça, olhando por um longo tempo para o céu coberto pela fenda vermelha, onde não se via o sol.

    Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, talvez para aliviar a sensação pesada em seu coração, ela perguntou de repente: “O sol… o sol também desapareceu naquela época?”

    “O sol?”

    Vanna ergueu a mão, apontando para o céu: “Originalmente não deveria ser assim. E o sol que iluminava este mundo?”

    “Ah, sim, o sol. Eu quase me esqueci, é o sol…”

    O gigante murmurou baixinho, com um tom de melancolia que Vanna não conseguiu entender. Então, ele ergueu a mão e vasculhou seu manto esfarrapado por um tempo, parecendo finalmente encontrar algo nas profundezas de suas roupas. Ele pegou o objeto e o colocou na frente de Vanna.

    “O sol está aqui”, disse o gigante, gentilmente.

    Vanna olhou para ele, boquiaberta, olhando para o que ele lhe mostrava, para o que repousava silenciosamente na palma da mão do gigante, algo que parecia ser do tamanho do seu próprio punho…

    Uma esfera brilhante.

    Ela emitia um brilho intenso e um pouco de calor. Parecia flutuar ali, em uma dimensão paralela à realidade.

    Tão… pequena e serena.

    “Ele caiu”, disse o gigante, olhando calmamente para Vanna. “Eu o peguei.”

    Caso queira me apoiar de alguma forma, considere fazer uma doação

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota