Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Nina jamais esperaria que essa cena acontecesse. Ela imaginou que, depois que o Senhor Morris tocasse a cortina de luz, poderiam ocorrer algumas mudanças, como algo saindo da cortina de luz, ou o ambiente ao redor virando de cabeça para baixo. Ela até imaginou um estrondo alto, com o Tio Duncan e todo o Banido caindo do céu. Mas a única coisa que ela não esperava era isso.

    Esta cortina de luz, suspeita de ser a “Muralha do Silêncio”, se desfez silenciosamente como uma bolha de sabão.

    A magnífica parede de luz que constituía a barreira se despedaçou instantaneamente, e a estrutura que uma vez sustentou o céu e a terra se dissipou em poeira de luz em um piscar de olhos.

    No instante em que a barreira se desfez e desapareceu, toda a floresta pareceu entrar em um breve estado de estagnação. Um segundo depois, a névoa que permeava a floresta começou a fluir novamente. Nina finalmente reagiu e correu para o lado de seu professor.

    “Senhor Morris!” ela exclamou. “O senhor está bem? Como isso de repente…”

    “Eu não sei…” Morris estava claramente um pouco atordoado. O velho erudito, que geralmente parecia calmo, confiável e elegante, parecia um tanto desamparado. Seus lábios tremeram, e em sua mente, inexplicavelmente, ele se lembrou das sete regras da arqueologia que seu professor Luen lhe ensinou muitos anos atrás, quando estudava na Academia da Verdade:

    Primeira, não toque em nada; segunda, manuseie o ambiente com cautela; terceira, não toque em nada; quarta, não tire conclusões precipitadas; quinta, não toque em nada; sexta, respeite os vestígios da civilização; sétima, NÃO TOQUE NA PORRA DE NADA…

    O velho senhor baixou a cabeça, olhando para sua mão um tanto perplexo. Depois de tantos anos, ele finalmente teve novamente aquela sensação de “isso não pode chegar aos ouvidos do professor de jeito nenhum”.

    Mas logo, esses pensamentos confusos em sua mente foram interrompidos por um grito baixo e súbito de Nina ao seu lado.

    “Ah!” Nina soltou um pequeno grito contido. Na fronteira da cortina de luz desfeita, na névoa que fluía e se espalhava da floresta, ela arregalou os olhos, olhando para longe — para o lugar que antes era envolto pela “Muralha do Silêncio”.

    Morris ergueu a cabeça instintivamente, seguindo o olhar de Nina.

    Era a luz fraca do céu, um firmamento turvo, uma névoa caótica envolvendo todas as coisas. Era o fim da floresta, onde vastas cadeias de montanhas e colinas se estendiam. Na névoa sem fim, uma coisa enorme gradualmente revelou seu contorno.

    No início, Morris pensou que era uma montanha, uma montanha de formato estranho, irregular e distorcida.

    Depois, ele descobriu que era uma árvore, uma árvore quase despedaçada, cujos destroços cobriam a terra em uma postura distorcida e entrelaçada, tornando quase impossível imaginar sua forma original… uma árvore gigante.

    A copa que um dia foi suficiente para cobrir toda a planície havia desmoronado e caído, o tronco também estava quebrado e destruído. O verde exuberante há muito havia desaparecido dela, como se tivesse sido consumido pelo fogo, restando apenas galhos distorcidos como ossos sinistros, apontando de forma irregular e bizarra para o céu.

    Ali, galhos gigantes eram como torres, raízes remanescentes como cidades. Os destroços aterrorizantes formavam uma paisagem apocalíptica, e cinzas e poeira semelhantes a ossos preenchiam cada centímetro das ravinas da terra, espalhando uma palidez selvagem ao redor da árvore gigante. Morris e Nina estavam na fronteira deste reino extinto, como se estivessem na fronteira do fim do mundo, contemplando um antigo dia da destruição.

    Uma brisa soprava sobre a terra de cinzas, levantando uma fina camada de poeira pálida, que se misturava com a névoa fina que emanava da floresta, girando em espiral ao redor de Morris e Nina.

    No vento desordenado, Nina pareceu ouvir alguém sussurrando ao seu lado. A voz soava um pouco familiar:

    “… porque ela soube desde o início que a Muralha do Silêncio não poderia salvar ninguém. Ela era apenas uma pequena muda. Quando aquele dia chegasse, tudo o que ela poderia lhes dar era uma bela bolha…”

    Nina arregalou ligeiramente os olhos e instantaneamente olhou na direção de onde vinha a voz.

    Mas não havia ninguém lá, apenas uma pequena árvore.

    Uma pequena árvore frágil, enraizada silenciosamente entre a poeira e as cinzas. Seu tronco e galhos cresciam para cima de forma sinuosa, mas os galhos mais externos pendiam, balançando de um lado para o outro na brisa. Parecia… como a árvore em que Shirley mencionou que Shireen se transformou no final.

    Qualquer árvore no Sonho do Inominado era mais alta e mais robusta do que ela.

    Nina se aproximou lentamente desta pequena árvore. Depois de hesitar por um bom tempo, ela deu um passo à frente, colocou a mão em seu tronco e perguntou, hesitante: “Shireen?”

    A pequena árvore não falou, apenas os galhos que pendiam da borda da copa balançavam ao vento.

    O sussurro que ela ouviu momentos antes parecia ser apenas uma alucinação, e o que sentia na ponta dos dedos era apenas a textura áspera e dura da casca da árvore.

    No entanto, Nina não pôde deixar de imaginar como a garota elfa, que a levou junto com o Senhor Morris por um longo caminho e finalmente voltou para casa com entusiasmo na névoa da Muralha do Silêncio, atravessou a fronteira da floresta densa, atravessou aquela tumba de luz, e então chegou à beira desta terra de cinzas, transformando-se silenciosamente em uma árvore neste lugar com vista para os destroços de Silantis.

    “Nina, olhe para cá.”

    A voz de Morris veio de repente de não muito longe, interrompendo seus devaneios.

    Nina despertou imediatamente, foi para o lado de Morris e olhou na direção que o dedo de seu professor apontava.

    Mais pequenas árvores apareceram em sua visão. Na beira dos destroços da árvore gigante, na linha divisória entre a terra de cinzas e poeira e a floresta, nesta fronteira do apocalipse, uma após a outra, pequenas árvores estavam alinhadas, como se guardassem aquela terra de cinzas e destroços.

    Ou talvez guardando, para além dos destroços, a floresta exuberante desenhada pelo sonho.

    Ao redor de toda a ruína, havia inúmeras dessas pequenas árvores sem nome.

    Uma brisa soprou, e as pequenas árvores balançaram seus galhos, emitindo um som muito sutil, impossível de distinguir se era o som do vento ou das árvores.

    Nina olhou para esta cena, atônita. Depois de um tempo que pareceu uma eternidade, ela não pôde deixar de murmurar para si mesma: “Tantas… todas elas são Shireen…”

    Morris, por outro lado, não falou. O velho erudito apenas observou em silêncio as pequenas árvores alinhadas ao redor dos destroços de Silantis. Depois, como se pensasse em algo, ele subiu em uma colina próxima e olhou na direção de onde ele e Nina vieram, para a vasta e densa floresta ao longe.

    A névoa emanava da floresta densa, misturando-se com as cinzas e a poeira sobre a planície, delineando uma “fronteira” nebulosa.

    Ele desceu da colina e se aproximou de Nina com uma expressão pensativa no rosto.

    Nina notou a expressão no rosto de seu professor: “Senhor Morris, o senhor descobriu alguma coisa?”

    “…Eu tenho uma conjectura ousada: ‘Shireen’ é a Muralha do Silêncio”, disse Morris com voz grave.

    Nina ficou um pouco atônita.

    “Silantis criou a Muralha do Silêncio e lhe deu a missão de proteger os elfos, mas essa era uma tarefa impossível, e parece que desde o início Silantis, a ‘criadora’, sabia disso. Mas a Muralha do Silêncio continuou a executar essa ordem”, disse Morris com uma expressão séria. “Eu observei a cena na beira da floresta e confirmei que todas as ‘pequenas árvores sem nome’ estão alinhadas ao longo da linha divisória entre a floresta e as ruínas, e há um padrão sutil em sua disposição, como uma espécie de… formação, em vez de uma distribuição natural aleatória. São vestígios de um projeto cuidadoso.”

    “Então…” Nina hesitou por um momento e não pôde deixar de perguntar, “mas nós não somos elfos…”

    “Mas aqui também não é a verdadeira Silantis e o ‘Sonho Primordial’”, Morris balançou a cabeça. “Não se esqueça, aqui é apenas o ‘Sonho do Inominado’.”

    Nina ficou surpresa ao ouvir isso e imediatamente entendeu o profundo significado das palavras de seu professor.

    Aqui é apenas o Sonho do Inominado.

    A era descrita na antiga mitologia élfica, o Grande Deus Demônio “Sasroka” que criou o mundo em um sonho, e a árvore do mundo “Silantis” que protegeu os elfos no sonho, a era em que eles realmente estiveram ativos, foi muito antes da Era do Mar Profundo.

    Aquela era já havia terminado — terminou na Grande Aniquilação.

    O que apareceu agora em Porto Brisa foi apenas um fenômeno em grande escala causada por uma falha no sol e a aproximação do “Crepúsculo”, um “eco” que suspeitava-se ter permanecido na memória da raça élfica.

    A Silantis e a Muralha do Silêncio no “eco” considerariam cada indivíduo que entrasse nesta floresta com boas intenções como um “elfo”.

    Porque elas morreram muitos, muitos anos atrás — antes que qualquer outra raça inteligente além dos elfos aparecesse neste mundo.

    “Então, o que faremos a seguir?” perguntou Nina.

    Morris não respondeu imediatamente. Em vez disso, ele se acalmou e se comunicou com o capitão nas profundezas de sua mente, relatando tudo o que aconteceu ali, e depois esperou pacientemente.


    Duncan estava um pouco atordoado.

    Ele ainda estava com Agatha no fundo do “Banido dos Sonhos”, estudando a enorme espinha dorsal do deus antigo, na esperança de encontrar mais informações úteis sobre o “Grande Deus Demônio Sasroka”, ou descobrir mais segredos do próprio Banido.

    Ele não esperava que, enquanto não estava prestando atenção, a equipe de Morris e Nina tivesse conseguido algo tão grandioso.

    Eles romperam a Muralha do Silêncio, viram a verdade dentro dela e até… viram a Silantis em ruínas.

    Duncan sentiu uma sensação de irrealidade.

    O grupo da “Bruxa” e dos analfabetos ainda estava andando em círculos na floresta, a atleta ainda estava comendo poeira sozinha no deserto, mas o historiador já havia levado sua aluna ao meio do mapa e desenterrado o túmulo do deus antigo.

    Era uma sensação estimulante, como enviar dois investigadores no início e, três rodadas depois, descobrir que Cthulhu já estava morto na porta.

    Duncan balançou a cabeça, afastando temporariamente os pensamentos aleatórios que surgiram em sua mente.

    Morris ainda estava esperando por suas instruções do outro lado.

    Ele ergueu a cabeça, olhando para o espaço escuro e enevoado ao seu redor.

    A espinha dorsal de Sasroka se estendia sob seus pés. O deus antigo despedaçado parecia estar lhe transmitindo algumas informações dessa maneira. Até mesmo o Banido, construído sobre esta espinha dorsal de deus antigo… também parecia estar fazendo o seu melhor para exibir sua “memória”.

    Duncan soltou um leve suspiro.

    “Aproximem-se daquela ‘ruína'”, disse ele em sua mente. “Investiguem Silantis.”

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