Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 622: Sombra Uivante
Na área dos destroços da Árvore do Mundo, coberta por cinzas e escória negra, Morris, Nina e Taran-El haviam encontrado com sucesso vários Guardas do Conhecimento que despertaram da ilusão.
Como Morris havia previsto, esses Guardas do Conhecimento, que estavam essencialmente “entrando no sonho pela primeira vez”, foram espalhados por locais aleatórios na área dos destroços de Silantis. Felizmente, a maioria deles não se dispersou muito longe e, como a bola de fogo de Nina foi bastante chamativa ao subir ao céu, esses Guardas do Conhecimento dispersos vieram, um após o outro, verificar a situação, o que os reuniu rapidamente.
Exceto pela última pessoa.
“Ainda não encontramos nenhum vestígio do honorável Tad Riel”, disse um Guarda do Conhecimento de túnica curta, segurando um pergaminho e um revólver, ao retornar ao ponto de encontro temporário para se reportar a Taran-El e Morris. “Não vi a marca combinada e não houve resposta ao chamado psíquico.”
“Será que ele ainda não ‘acordou’? — Taran-El franziu a testa instintivamente. “Não deveria… a dose que demos a ele foi bem grande. Mesmo para a constituição de um Guardião dos Segredos da Verdade, deveria ter sido suficiente para fazer efeito…”
Nina olhou para o Guarda do Conhecimento ligeiramente inquieto à sua frente, depois para Taran-El, que franzia a testa em pensamento. Ela hesitou por um momento, mas não pôde deixar de falar:
“Então, não poderia ser que a dose foi grande demais…”
Taran-El ficou pasmo por um instante e, ao se dar conta, acenou com as mãos repetidamente:
“Impossível, impossível. Eu sou um acadêmico rigoroso, como poderia cometer um erro de dosagem como esse? Além do mais, o honorável Tad Riel é um especialista em farmacologia, ele tem controle sobre a ingestão de poções…”
Sua voz foi ficando cada vez mais baixa, e ele finalmente acrescentou, hesitante:
“… Provavelmente.”
Nina e Morris:
“…?”
“Quanta poção Corvo de Sangue você preparou para Tad Riel, afinal?” Morris não pôde deixar de perguntar.
Taran-El pensou por um momento e gesticulou com as mãos: “Uma garrafa mais ou menos desta altura…”
Morris ficou boquiaberto.
“… Você fez ele virar uma garrafa de cerveja da poção?! Pessoas normais usam isso com um conta-gotas!”
“Por favor, estamos falando do Guardião dos Segredos da Verdade”, disse Taran-El, abrindo as mãos. “É extremamente difícil fazê-lo entrar em uma “morte aparente” ao nível da dissociação mental. Uma dose que seria suficiente para matar uma pessoa comum dez vezes, para ele, o maior efeito é matar a sede. O que eu poderia fazer? O honorável Tad Riel até mesmo purificou a poção uma vez, senão ele realmente não conseguiria beber tanto…”
Morris ouvia, atônito. Depois de um bom tempo, ele murmurou com uma expressão estranha: “Eu lembro que, quando eu estava na academia, esse Guardião dos Segredos da Verdade não era tão exagerado…”
“Foi por dar aula para as turmas de formandos”, disse Taran-El, acenando com a mão. “No começo, ele bebia para afogar as mágoas. Depois, passou a usar neurotoxinas para afogar as mágoas. Agora, eu nem me atrevo a pensar no que ele coloca no copo depois das aulas… De qualquer forma, não é um problema de “dosagem” da poção Corvo de Sangue.”
“Talvez o honorável Tad Riel esteja preso em uma parte mais profunda deste sonho, um lugar que nem mesmo o chamado psíquico pode alcançar”, disse um Guarda do Conhecimento ao lado, vendo que o assunto estava se desviando cada vez mais e aproveitando a oportunidade para falar. “Este lugar transmite uma sensação muito estranha. Agora há pouco, quando nos dividimos em grupos para explorar as ruínas próximas, descobrimos que, ao nos movermos além de uma certa distância, experimentamos confusão mental, brancos na mente e até perda de memória temporária. A conexão psíquica entre nós também se tornava intermitente…”
“É verdade”, concordou outro Guarda do Conhecimento imediatamente. “Serani até disse que, por alguns segundos, esqueceu completamente quem era, esqueceu das coisas do mundo real, e sentiu como se tivesse nascido aqui e quisesse ficar para sempre…”
Nina olhou para os dois Guardas do Conhecimento que falaram, pensou um pouco e disse:
“Tem certeza de que não foi porque a dose era muito grande?”
“A dose que eu dei estava absolutamente correta!” Antes que os dois guardas pudessem falar, Taran-El foi o primeiro a não se conter. “Senhorita, por favor, confie no valor de uma licença de farmacêutico de primeiro nível — ainda mais que sou o inventor do ‘Método da Morte Súbita’, ninguém entende disso melhor do que eu…”
“Só pelo fato de você ter inventado esse tal de ‘Método da Morte Súbita’, a Academia da Verdade já deveria revogar sua licença de farmacêutico”, Morris murmurou para si mesmo, mas depois balançou a cabeça, pensando seriamente. “Não deve ter relação com os efeitos colaterais da poção. A situação que os dois Guardas do Conhecimento mencionaram parece mais com o próprio ‘Sonho do Inominado’ os afetando.”
Nina piscou os olhos ao ouvir.
“Mas nós dois já estamos agindo aqui há tanto tempo e nunca sentimos isso…”
Morris pensou um pouco, ergueu a cabeça e olhou para a magnífica copa dos destroços da árvore ao longe, e para as ilusões que vagavam, perdidas, entre os destroços.
“Talvez… porque, no fim das contas, não somos elfos.”
Nina entendeu instantaneamente o que seu mestre queria dizer. Taran-El e os guardas élficos ao redor também mostraram uma expressão pensativa.
Após um breve silêncio, Taran-El levantou-se lentamente, foi até uma grande rocha próxima e olhou para longe com uma expressão complexa.
Os destroços carbonizados se estendiam e ondulavam em seu campo de visão. A magnífica copa da árvore havia desabado e ruído, transformando-se em montanhas e vales na terra. Cinzas cobriam o solo, e galhos secos se entrelaçavam nas cinzas.
Era como se uma cidade gigante tivesse caído do céu, com muralhas e paredes desmoronando. Memórias desoladoras ainda pairavam sobre esta terra após a destruição, dissolvendo-se no vento e na poeira.
Taran-El se esforçou ao máximo para imaginar como aquele lugar fora um dia.
Houve uma floresta ali, uma floresta exuberante sob a sombra da Árvore do Mundo. Os vales e colinas daqui já foram cheios de vida, as raízes da árvore gigante ondulavam sobre a terra, riachos cristalinos corriam pelos vales e muitas criaturas viviam ali — pássaros, feras, elfos.
Eram seus “ancestrais”, que ele nunca havia visto, vivendo em outra era.
A exuberância e a vitalidade daquela era superavam em muito a imaginação das pessoas de hoje, mas talvez mais difícil de imaginar do que essa vitalidade fosse a ordem e a paz.
Dizia-se que as distantes Pland e Geada já haviam alcançado essa paz — mas aquele “Capitão Duncan” também disse que mesmo a “paz” atual de Pland e Geada não se comparava ao mundo antes da Grande Aniquilação.
Taran-El descobriu que sua imaginação havia atingido um gargalo.
Ele percebeu que, não importava o quanto tentasse imaginar, o que surgia em sua mente não eram imagens vívidas — palavras frias dos pergaminhos que lera uma vez invadiam sua memória, esboçando em sua mente apenas impressões vagas e superficiais. Ele finalmente soube, através do sonho, como era uma “floresta”, mas não conseguia imaginar como pássaros e feras poderiam viver naquele oceano verde sem fim, e como os elfos poderiam coexistir com tal “floresta”…
Todos diziam que os antigos pergaminhos e histórias transmitidas oralmente pelos elfos continham a herança mais completa. Se um dia os arqueólogos conseguissem realmente restaurar a aparência do mundo antes da Grande Aniquilação, essa aparência certamente estaria adormecida nas bibliotecas de Porto Brisa e Mok.
Mas agora Taran-El percebia — essa aparência já não existia mais.
Em um dia, muito, muito tempo atrás, quando o mar engoliu este mundo, ela já havia desaparecido com o murchar de Silantis.
Mas… o que exatamente destruiu Silantis? O que exatamente causou a Grande Aniquilação?
Um vento abrasador soprou de repente de um lugar desconhecido, carregando um ruído agudo e perturbador — não era a brisa desordenada e intermitente das ruínas, mas um uivo mais feroz, como se estivesse cheio de pânico e destruição, capaz de varrer diretamente a mente.
Taran-El despertou abruptamente de sua meditação.
Esse vento uivante e feroz quase o varreu do chão. Ele se firmou com dificuldade no vento, apenas para descobrir que o ambiente ao redor havia mergulhado em uma escuridão caótica. Era como se a luz do dia do mundo inteiro tivesse se recolhido em um instante. As ruínas da árvore gigante em seu campo de visão se transformaram em sombras altas e distorcidas, e uma fumaça enorme se ergueu acima dessas sombras, como se a Árvore do Mundo tivesse começado a queimar mais uma vez. Os outros Guardas do Conhecimento, que estavam reunidos naquele ponto de encontro, assim como Morris e Nina, haviam desaparecido de sua vista.
O vento começou a uivar, e uma poeira escura varreu a Árvore do Mundo em chamas. Taran-El caiu desajeitadamente da grande rocha, rolando várias vezes antes de parar ao colidir com um enorme “galho” — um galho gigante, ligeiramente curvado como uma espinha dorsal. Ele colidiu em sua base e, instintivamente, olhou para o céu.
O céu estava “afundando”.
No caos, Taran-El viu uma cena inimaginável.
Uma luz vermelha e difusa penetrava as nuvens. O céu escuro estava desmoronando para baixo, como se estivesse sendo esmagado por algo. As nuvens se contorciam, e a luz dentro delas até se curvava, como se um objeto enorme e aterrorizante estivesse gradualmente pressionando para baixo, prestes a “achatar” o mundo inteiro. A pressão imensa e aterrorizante dessa cena o sufocou instantaneamente, congelando até mesmo seus pensamentos. E, em meio a esse sufocamento e medo, ele viu uma luz branca e flutuante.
Pontos de luz branca e fraca emanaram dos destroços em chamas de Silantis, reunindo-se gradualmente no ar em correntes de luz. A luz fraca fluía entre os enormes galhos e a terra queimada e, como se sentisse algo, começou a se reunir na frente de Taran-El.
Taran-El arregalou os olhos. Ele sentiu uma força cálida naquela corrente de luz, mas, por alguma razão, um enorme pânico e inquietação tomaram conta de seu coração ao mesmo tempo. Ele encarou a luz até que ela se reuniu diante dele em um aglomerado de luz difuso.
O aglomerado de luz não tinha forma, mas parecia ter inteligência. Ele girava lentamente ao redor de Taran-El, como se observasse algo com curiosidade.
Então, parou de repente.
Taran-El ouviu um uivo agudo — um uivo que parecia querer perfurar diretamente sua mente, abrir um buraco em seu cérebro.
A voz era infantil, carregada de um pânico imenso e uma fúria enlouquecida.
“Errado! Vocês não são elfos!”
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