Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 626: O Chamado
Para ser justa, Vanna achava que o velho senhor Morris estava certo.
Chama, óleo sagrado e especiarias — os três elementos essenciais para realizar um ritual sagrado. Embora em situações especiais fosse possível usar “medidas de conveniência”, substituir tudo por itens encontrados na cozinha era um pouco demais.
Mas ela decidiu tentar mesmo assim.
Afinal, primeiro, ela já havia tentado mais de uma vez quando estava no Banido; segundo, ela realmente não conseguia encontrar materiais mais adequados nesta “mansão da bruxa”.
“Eu não deveria esperar que a casa de uma “bruxa” tivesse coisas como óleo sagrado”, suspirou Vanna, dizendo a Morris com resignação. “Foi falta de preparação da minha parte.”
Morris murmurou instintivamente:
“Tenho a impressão de que, desde a última vez que você realizou um ritual com sucesso usando materiais de baixa qualidade no navio, você nunca mais pensou em preparar seriamente os materiais para um ritual…”
Vanna deu de ombros e apontou para a janela:
“Então, por que o senhor não me ajuda a comprar alguns na rua?”
Morris ergueu a cabeça e olhou para as ruas com as sombras das árvores dançando do lado de fora. Pensando na situação caótica atual em Porto Brisa, ele decidiu que era melhor ficar quieto.
Shirley, que veio correndo para assistir à agitação, puxou o Cão e observou curiosamente as ações de Vanna, dizendo de repente:
“Por que você não adiciona um pouco de gengibre e alho?”
Vanna ouviu e ficou perplexa: “Por quê?”
Shirley: “Para que, quando o seu ritual terminar, a Luni possa fazer uns pratos. Estou com fome.”
“… Não faça piadas com isso!” A expressão de Vanna finalmente vacilou. Ela lançou um olhar furioso para Shirley, tentando parecer o mais digna e séria possível. “Este é um ritual sério. Só estou agindo por conveniência devido às circunstâncias limitadas…”
Shirley não disse nada ao ouvir, apenas puxou o Cão e se afastou silenciosamente em direção à porta.
Vanna ficou perplexa.
“… Por que você está se afastando tanto?”
“ Eu não entendo nada dessas suas coisas extravagantes de “sacerdotes”, mas a razão me diz que é melhor ficar longe agora.” Shirley acenou com a mão. “Quando um raio te atingir, não quero que o sangue espirre em mim.”
Vanna: “…”
A Inquisidora se esforçou para acalmar seu humor e decidiu ignorar a figura que observava da porta. Ela respirou fundo e concentrou sua atenção no ritual de construção do canal psíquico.
A chama se acendeu, o óleo ferveu.
De qualquer forma, fogo era fogo. A qualquer momento, o acender do fogo simbolizava o avanço da civilização. Era um símbolo, um símbolo exibido pelos mortais aos deuses, e seu significado era um só: “Eu estou aqui”.
Desde muito tempo, desde que se formou no seminário, Vanna sempre pensou assim: a forma do fogo não importava, o ato de acendê-lo era o que tinha significado.
Como uma das mais destacadas sacerdotisas da nova geração da Igreja do Mar Profundo, este era o único pensamento de Vanna que poderia ser considerado “pouco ortodoxo” nos últimos anos — claro, limitado apenas àqueles anos passados.
Agora, seus pensamentos e ações hereges eram muito mais numerosos.
O som suave das ondas do mar soou nos ouvidos daquela Inquisidora cada vez mais “herege”.
Ela sentiu um olhar, um olhar gentil pousado sobre si. Em seguida, esse olhar se desviou para outro lugar, e o “canal” se abriu diante dela. No final do “canal”, ouviu-se a voz do Bispo Valentine.
“Vanna?” A voz do velho bispo soou um pouco surpresa. “Não esperava receber seu chamado de repente… Espere, que cheiro é esse?”
“Isso não é importante, Arcebispo”, Vanna se recompôs e disse com um tom sério. “Tenho algo para lhe dizer, não se assuste…”
“O que foi?”
“O Capitão irá à Catedral para encontrá-lo em breve. Ele quer os documentos de construção do Banido. Todos os documentos.”
Duncan franziu ligeiramente a testa, de pé na enfermaria com Heidi, olhando para o jovem elfo deitado na cama.
“Este é um paciente que foi internado esta manhã. Existem dezenas de outros pacientes como ele. Várias comunidades élficas já começaram a entrar em pânico, porque ninguém sabe quem será o próximo a cair ou desaparecer”, disse Heidi em voz baixa. “O incidente já foi elevado ao nível de contaminação transcendental. A igreja enviou tropas de guardiões para assumir o controle dessas comunidades, mas, além de enviar constantemente os elfos que apresentam anomalias para cá, eles não têm muitas outras opções.”
Duncan assentiu com uma expressão séria, depois deu um passo à frente e se inclinou para observar o estado do jovem elfo na cama.
Todo o corpo deste último apresentava uma textura difusa e ilusória, como uma miragem prestes a se dissipar, que mal conseguia “permanecer” naquela cama com um contorno humano.
Isso obviamente já havia ultrapassado o escopo da “doença do sono” anterior e não era mais um “sintoma” que pudesse ser tratado com “meios médicos” tradicionais.
“Ele está desaparecendo, deixando nossa dimensão da realidade de uma forma incompreensível. Isso já não é uma situação que um ‘psiquiatra’ possa lidar. Usei alguns meios do campo transcendental, mas só consigo manter suas mentes ‘deste lado’ com dificuldade, para retardar o processo de ‘desaparecimento’”, continuou Heidi atrás de Duncan. “Em um paciente com ‘sintomas’ mais leves, tentei a leitura de mentes, mas descobri que seus pensamentos estavam sendo gradualmente ‘sugados’ por algo… muito maior, como se houvesse um vórtice, arrastando esses elfos, do espírito à carne, para fora do mundo real.”
Duncan ouvia a descrição de Heidi com a testa franzida. Depois de um longo tempo, ele falou como se estivesse para si mesmo:
“Silantis os está levando embora.”
Heidi ficou perplexa por um instante.
“Silantis?”
“É o ‘vórtice’ que você sentiu. Aconselho que não continue com esse tipo de tentativa”, disse Duncan com uma expressão séria. “Porque é muito provável que esse vórtice também a considere uma ‘elfa’.”
O rosto de Heidi mudou ligeiramente.
Duncan, por sua vez, desviou parte de sua atenção para a situação distante.
O Banido já se aproximava das águas de Porto Brisa e se preparava para emergir do Plano Espiritual.
Vanna acabara de enviar uma mensagem. Ela havia contatado com sucesso a Catedral da Tempestade em Pland. O Bispo Valentine prepararia tudo no menor tempo possível e aguardaria a visita do “Capitão”.
A situação em Porto Brisa ainda era caótica. A floresta exuberante era como um inferno verde sem fim para os moradores da cidade-estado. Mesmo a bem treinada Guarda da Cidade-Estado e as tropas de guardiões tinham dificuldade em lidar com essa situação que excedia em muito a imaginação. Lucretia estava agindo na cidade, fornecendo ajuda na medida do possível.
E na distante cidade-estado do norte, Geada, a “doença do sono” também se espalhava como em Pland.
Era de se imaginar que a propagação da “doença do sono” não se limitava a Pland e Geada. Com o agravamento da situação em Porto Brisa, provavelmente todos os elfos do mundo estavam enfrentando a mesma situação terrível: Silantis os estava devorando.
Mas por que isso estava acontecendo? Por que a Árvore do Mundo, enraizada na memória racial dos elfos, de repente sofreu essas mudanças extremas?
Nesse momento, um leve som vindo da cama do hospital interrompeu os pensamentos de Duncan.
O elfo deitado na cama, em sono profundo e com o corpo se dissipando gradualmente, de repente se moveu. Seu corpo tremia levemente e um murmúrio baixo e indistinto vinha de sua garganta.
Era como se ele estivesse prestes a acordar.
Heidi notou a cena instantaneamente. Ela correu para a cama, parecendo querer confirmar se o elfo estava realmente recuperando a consciência. Mas, nesse momento, as outras camas na enfermaria também apresentaram a mesma situação.
Os elfos em sono profundo começaram a tremer um após o outro, emitindo o mesmo murmúrio indistinto de suas gargantas!
Essa situação bizarra fez o couro cabeludo de Heidi formigar. Ela se levantou bruscamente, olhando instintivamente para Duncan. E, nesse momento, os murmúrios indistintos nas gargantas dos elfos cessaram abruptamente, todos no mesmo instante.
No segundo seguinte, esses elfos adormecidos abriram a boca simultaneamente, como se uma consciência finalmente tivesse estabelecido uma conexão com esses “corpos” no mundo real ao mesmo tempo. Eles emitiram uma voz clara:
“Eu sou Tad Riel. Estou atualmente no lugar mais profundo do Sonho do Inominado.
“Envio esta mensagem ao mundo real por todos os meios que consigo encontrar. Quem quer que seja, por favor, espalhe esta mensagem para todos, na medida do possível, após recebê-la.
“Silantis enlouqueceu.
“Ela está tentando devorar todos os elfos e, com isso, entrar no mundo real para criar raízes e crescer novamente.
“Ela não é nossa protetora. Não é a nós que ela protege.
“Estamos lutando contra a consciência principal de Silantis e tentando retardar ao máximo sua propagação para o mundo real, mas estamos em desvantagem.
“Precisamos de ajuda. Façam todo o possível para evitar que os elfos no mundo real sejam devorados por Silantis, para evitar que desapareçam ou morram durante o sono. Isso pode retardar o despertar de Silantis. Repito, precisamos de ajuda—”
A voz na enfermaria cessou abruptamente.
Todos os pacientes elfos voltaram ao “sono”, como se o que acabara de acontecer fosse apenas uma ilusão. A conexão entre Tad Riel e o mundo real foi cortada.
“Tad Riel…” Heidi ficou atônita por alguns segundos e finalmente reagiu. “É o Guardião dos Segredos da Verdade de Porto Brisa?!”
Um traço de pânico e horror apareceu em seus olhos. O que aconteceu nos últimos dez segundos a fez perceber a gravidade da situação.
Ela olhou para Duncan, querendo pedir ajuda a este “Capitão”.
Duncan franziu a testa. A mudança súbita dos acontecimentos e a mensagem de Tad Riel superaram suas expectativas, mas, após uma rápida reflexão, ele conseguiu captar vagamente algumas… ideias a partir dessas “mensagens”.
“Parece que tenho que ir”, ele se virou e disse à senhorita psiquiatra com uma expressão séria. “Alguém precisa resolver isso na raiz.”
Heidi falou instintivamente:
“E quanto a mim…”
“Continue fazendo o que está fazendo. Retarde o processo de ‘devoramento’ desses elfos”, disse Duncan rapidamente. “Mantenha seus espíritos no mundo real, pelo tempo que puder. O resto, deixe conosco.”
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.