Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    Duncan notou a anormalidade no velho elfo à sua frente, percebendo que seu corpo estava semitransparente, como se pudesse desaparecer deste mundo a qualquer momento.

    A mudança no olhar de Duncan evidentemente não passou despercebida.

    “Como pode ver, senhor capitão, estou passando por algumas mudanças interessantes”, Luen riu abertamente, até mesmo levantando a mão para mostrar a palma, a parte mais transparente de seu corpo. “Uma força poderosa está tentando me levar para o lado ‘Dele’.”

    A expressão de Duncan mudou ligeiramente: “O poder de Silantis… Não esperava que um ‘Papa’ como você também fosse afetado.”

    “Afinal, eu também sou um elfo. Parece que algo enraizado no fundo da alma de nossa raça não se importa se eu sou um ‘Papa’ ou não”, disse Luen em tom calmo. “Eu senti aquele convite poderoso — Silantis está chamando todos os elfos para retornarem à árvore-mãe.”

    Duncan, no entanto, franziu a testa, notando uma inconsistência: “Mas sua mente está clara — isso é diferente do que eu sei sobre a situação de outros elfos.”

    “Porque eu não vou”, disse Luen com um sorriso gentil.

    Duncan: “…?”

    “Como um ‘Papa’, devo ter algumas peculiaridades. Pelo menos por um tempo, ainda posso recusar o ‘convite’ de Silantis”, disse Luen, erguendo a cabeça para olhar para trás de Duncan. “Senhor capitão, importa-se se eu subir a bordo para conversarmos? Eu sei de algumas informações sobre a situação atual.”

    Duncan não recusou. Após alguns segundos de silêncio, ele apenas assentiu, enquanto dava dois passos para o lado e olhava calmamente nos olhos do velho: “Se seus dogmas não se importam que você pise em um navio-sombra do Subespaço.”

    “O cânone vem do deus”, Luen começou a falar sem pressa, atravessando o final da passarela e pisando no convés do Banido sem qualquer hesitação. Só então ele continuou: “Mas a interpretação é feita pelos homens. Depois eu resolvo isso em uma reunião com os bispos.”

    O canto da boca de Duncan tremeu por um instante. De repente, ele descobriu que este Papa era um pouco diferente do que imaginava. Em seguida, ele notou que todos os seguidores que Luen trouxera haviam parado na passarela, aparentemente sem intenção de segui-lo a bordo, o que o surpreendeu: “Esses seguidores e guardas não vêm? Você vai subir a bordo sozinho?”

    Luen já havia dado vários passos por conta própria. Ao ouvir a pergunta, ele olhou para trás: “Eles não virão, porque há certas coisas que é melhor que poucas pessoas saibam.”

    O velho senhor não parecia nem um pouco preocupado. Vendo sua atitude tão franca, Duncan, claro, não tinha objeções. Ele acenou para as pessoas que permaneceram na passarela e se virou para caminhar ao lado de Luen. No entanto, ao atravessar o convés, ele não pôde deixar de perguntar: “Você veio sozinho, sem nenhum guarda. Não se preocupa com sua segurança?”

    Luen ergueu a cabeça e olhou para Duncan: “Se você realmente tivesse más intenções, alguns poucos guardas poderiam garantir minha segurança a bordo do Banido?”

    Duncan pensou seriamente e respondeu com franqueza: “Eles provavelmente teriam dificuldade em garantir a própria segurança.”

    “Então está resolvido. Sou uma pessoa pragmática, é a ética mais básica de um acadêmico”, disse Luen casualmente, enquanto continuava a caminhar em direção à cabine do capitão, guiado por Duncan.

    No caminho, Duncan explicou brevemente a situação atual ao “Papa”, incluindo o “desaparecimento” de Porto Brisa e o estado atual da cidade-estado.

    Ao se aproximar do convés da popa, Luen parou. Ele ergueu a cabeça, seu olhar passando pela amurada do Banido em direção ao vasto mar do outro lado do navio.

    Era onde Porto Brisa costumava estar.

    Mas agora, havia apenas um trecho de água do mar brilhando sob o sol poente e, à distância, um corpo geométrico luminoso flutuando silenciosamente na superfície.

    Duncan ainda podia ver os fios invisíveis, densos como cabelos, flutuando sobre aquela área do mar, mas aos olhos de Luen, aquele mar estava completamente vazio.

    “Já estava assim quando cheguei”, disse Duncan casualmente, notando o olhar de Luen. “Você não vai pensar que fui eu que o fiz desaparecer, vai?”

    “… Quando chegamos a esta área do mar, algumas pessoas realmente pensaram isso. Se Banster estivesse aqui, ele certamente pensaria assim”, Luen hesitou por um momento, falando em um tom um tanto estranho. “Mas, por favor, entenda, uma cidade-estado simplesmente desaparecer no ar é algo excessivamente bizarro, e o Banido ainda por cima estava na cena do crime. Mesmo sabendo que este assunto está relacionado ao ‘Sonho do Inominado’, é inevitável que alguns tenham pensamentos descontrolados.”

    Duncan não disse nada, apenas deu um passo à frente, abriu a porta da cabine do capitão e fez um gesto de convite.

    Com uma curiosidade evidente, Luen seguiu Duncan para dentro daquele lugar que, para o mundo, estava cheio de inúmeras lendas bizarras, envolto em uma aura de terror, desconhecido e misterioso.

    “O capitão voltou!”, Alice, que esperava na cabine do capitão, foi a primeira a se aproximar. Ela correu alegremente em direção a Duncan, mas parou em seguida. “…Quem é esse velho?”

    Luen olhou, atônito, para a boneca que apareceu de repente diante dele.

    No entanto, ele se recuperou rapidamente e, em sua mente, encontrou a informação correspondente: “Se não me engano, esta deve ser a senhorita Alice?”

    “Sim”, Alice assentiu levemente, olhando com curiosidade para o velho estranho que acabara de entrar. “Quem é você?”

    “Um servo do Deus da Sabedoria”, Luen tinha um sorriso educado no rosto. “Pode me chamar de Luen.”

    “Ele é o professor do Morris”, Duncan acrescentou casualmente ao lado — ele sabia que Alice entenderia melhor isso.

    “Oh! O professor do senhor Morris! Então ele deve ser muito bom”, Alice entendeu na hora e, em seguida, correu com familiaridade para o pequeno fogão de chá. “Então vou fazer chá!”

    Luen observou, espantado, a terrível boneca, marcada como “fora de controle” nos arquivos oficiais, se ocupar pela sala. Ele olhou com curiosidade para os vários móveis na cabine do capitão, mas de repente, uma estranha sensação de estar sendo observado chamou sua atenção. Ele instintivamente virou o olhar e viu, sobre a mesa de navegação no centro da sala, uma cabeça de bode de madeira escura e entalhada — a “escultura” bizarra o observava, seus olhos, como se esculpidos em obsidiana, eram vazios e profundos, refletindo um brilho estranho em seu olhar.

    Luen pareceu congelar. Ele ficou parado ali, olhando fixamente para a estranha “escultura” de madeira preta sem piscar.

    Depois de um tempo indeterminado, o Cabeça de Bode finalmente se moveu — e falou de repente: “O que está olhando? Nunca viu uma obra de arte?”

    Luen, no entanto, pareceu despertar de um sonho. No instante em que a voz do Cabeça de Bode soou, ele soltou uma exclamação baixa e abafada, e em seguida, desviou o olhar rapidamente. Então, enquanto evitava o contato visual com a “escultura” na mesa, ele se apoiou na mesa e olhou para Duncan: “Ela viu!”

    Duncan reagiu instantaneamente: “Silantis?”

    “Sim, Silantis viu. Eu… não sei como descrever essa sensação, mas agora mesmo, senti o ‘olhar’ de Silantis se focar de repente aqui. Ela estava observando este lugar através dos meus olhos. Ela… eu não entendo o que ela transmitiu. Confusão, medo, raiva… inúmeras emoções caóticas…”

    Ele parou de repente, acenando com a mão diante dos olhos como se tentasse expulsar alguma interferência invisível de sua mente. Duncan notou que seu corpo havia se tornado um pouco mais transparente nos últimos segundos, mas logo, o velho elfo recuperou a “estabilidade”. Ele ergueu a cabeça, o caos em seus olhos gradualmente se transformando em clareza: “Ela se foi por enquanto, mas não sei por quanto tempo mais posso resistir. Capitão Duncan, o tempo é mais limitado do que eu esperava. Ouça-me primeiro.”

    Luen parecia ter usado uma força de vontade inimaginável para os mortais para expulsar à força a parte de Silantis de sua mente. Em seguida, ele se sentou à mesa de navegação e falou rapidamente:

    “Silantis está chamando todos os elfos do mundo. Esse chamado está enraizado no fundo de nossas almas e, ao ser influenciado por essa força, também toquei uma parte de seus pensamentos.”

    “Eu vi… um apocalipse, algo que destrói tudo, fortemente impresso no fundo de sua memória. Esse apocalipse causou sua perda gradual de controle… Medo, raiva, a impotência diante de sua própria destruição, essas coisas dormiram por muito tempo no fundo de sua consciência, e agora que ela está despertando gradualmente, esses medos adormecidos e memórias do apocalipse também despertaram. Mas essa não é toda a razão…”

    Ele parou, parecendo precisar de um grande esforço para estabilizar seus pensamentos novamente. Após descansar por alguns segundos, ele continuou: “Em sua raiva, também senti uma forte emoção direcionada a nós, ‘elfos’. Muito estranha, muito caótica, acompanhada por uma intensa sensação de laceração… Senti uma forte vontade de proteção, ela ordena que os elfos retornem à Árvore do Mundo para receber algum tipo de ‘abrigo’, mas ao mesmo tempo ela sente uma enorme resistência a essa ‘proteção’, até mesmo… pavor, como se ela nos visse como algum tipo de…”

    Desta vez, Luen parou por mais tempo, como se estivesse se esforçando para encontrar uma palavra adequada para descrever a forte emoção que “tocou” de Silantis. Depois de abrir a boca algumas vezes, ele finalmente falou novamente: “Algum tipo de… monstro parecido, mas não igual…”

    Ele virou a cabeça lentamente, olhando para algum lugar fora da janela — a superfície do mar onde Porto Brisa havia desaparecido.

    Teoricamente, ele não podia ver Porto Brisa, muito menos os fios invisíveis flutuando sobre o mar.

    Mas ele continuou a olhar fixamente para lá, como se um chamado invisível ecoasse em sua mente, fazendo com que o velho elfo olhasse para aquela “Árvore do Mundo” que existia apenas na memória de sua raça.

    “Eu posso sentir…”, Luen pareceu cair em um devaneio, falando em voz baixa. “Ela enlouqueceu com essa sensação de laceração, mas… mas ainda há…

    “Parece haver outra coisa, do ‘outro lado’ daquele apocalipse, parece haver outra existência enlouquecida… me enviando um chamado vago…”

    Clang! O som de algo caindo veio da direção do pequeno fogão de chá.

    Alice ergueu a cabeça, olhando horrorizada para fora da janela.

    “Capitão! Aqueles fios estão se movendo!”

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