Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 634: O Fundo do Sonho
Shirley sentiu como se estivesse afundando na escuridão por muito tempo — afundando sem parar, como se o mundo inteiro tivesse se tornado subitamente um vazio, e ela fosse adormecer para sempre nesse afundamento.
Até que uma força tremenda veio de repente de seu braço, e a voz de Cão soou diretamente em sua mente: “Shirley! Acorde! Acorde! Não durma!!”
Shirley finalmente despertou daquele sonho de afundamento e quase pulou no lugar: “Cão! Fogo! A cidade está pegando fogo de novo!”
A cena aterrorizante do fogo se espalhando pelo céu parecia ainda queimar em sua memória remanescente. A pressão aterrorizante da cidade inteira sendo engolida pelas chamas fez seu coração bater descontroladamente. Ela não se lembrava há quanto tempo não tinha um pesadelo assim, a ponto de, ao acordar, não ter certeza se já estava acordada ou se havia caído em outro pesadelo prestes a queimar.
Mas a voz de Cão a tirou de seu pânico: “Shirley, não há mais fogo. Foi apenas um sonho. Não há nenhum grande incêndio aqui agora…”
Shirley finalmente acordou completamente. Ela balançou a cabeça, a visão à sua frente ainda estava um pouco embaçada, mas ela podia ver o verde exuberante em seu campo de visão e ouvir o som de água corrente. Ela também viu Cão ao seu lado — o que finalmente a tranquilizou. Enquanto se apoiava inconscientemente em Cão, ela ofegou algumas vezes: “Puta merda, isso me assustou pra caralho… Então, o que aconteceu antes… por que a cidade de repente estava toda em chamas? E agora, onde estamos…”
“Estamos no Sonho do Inominado.” A voz de Lucretia veio de repente do lado, fazendo Shirley, que estava resmungando, parar instantaneamente.
Shirley ergueu a cabeça na direção de onde vinha a voz. A estranha sensação de embaçamento em sua visão finalmente desapareceu. Ela viu a senhorita “bruxa” parada em um toco de árvore não muito longe, e também viu claramente a floresta exuberante ao redor e um riacho que fluía por uma clareira não muito distante.
Após dois ou três segundos de espanto, Shirley finalmente entendeu a situação. Ela se levantou hesitantemente, observando a paisagem da floresta ao redor enquanto falava em voz baixa: “Voltamos para esta floresta?”
Em seguida, ela de repente pensou em algo e seu rosto empalideceu de pânico: “Espere, e o mundo real?! Estamos sonhando de novo, então a cidade ‘lá fora’ ainda está pegando fogo…”
“Não existe mais mundo real, Shirley. Pelo menos para Porto Brisa neste momento, a realidade foi completamente engolida pelo poder de Silantis”, Lucretia olhou calmamente para a garota que havia entrado em pânico novamente e explicou pacientemente. “Lembra? Quando meu pai nos contatou, ele nos disse que a Porto Brisa do mundo real havia desaparecido. A partir daquele momento, nós, junto com toda a cidade, caímos no sonho de Silantis. Aquelas florestas invadindo a cidade-estado e a cidade-estado invadida pela floresta são todas partes do sonho.”
Shirley tinha uma expressão confusa, parecendo não ter entendido a situação ainda. Lucretia, vendo isso, apenas balançou a cabeça levemente: “É como antes, quando os elfos na cidade-estado desapareciam após o anoitecer. O que é engolido pelo sonho de Silantis desaparece do mundo real. Mas sempre pensamos que apenas os elfos poderiam ‘desaparecer’ dessa forma. Agora parece que… até a própria cidade-estado pode ‘entrar no sonho’ sob a influência de um deus antigo.”
Shirley finalmente arregalou os olhos. O fato de toda a cidade-estado ter sido engolida por um sonho a deixou apavorada. Depois de um longo tempo, ela falou, desamparada: “Então… qual é a situação agora? Como viemos parar neste lugar de novo…”
“Este é outro nível do sonho. Shirley, olhe para cima. Esta não é mais a ‘floresta’ que conhecemos.”
Ouvindo as palavras da senhorita bruxa, Shirley finalmente percebeu, tardiamente, a ligeira estranheza na paisagem da floresta e notou o… “céu” incomum que se revelava entre as copas das árvores.
Ela ergueu a cabeça hesitantemente. Uma estrutura impressionante, sem limites, sustentada por galhos tão enormes quanto cordilheiras no céu, entrou em seu campo de visão.
Era como se outra floresta estivesse suspensa de cabeça para baixo no céu. A estrutura da copa da árvore, de uma escala impressionante, entrelaçava-se para formar outra terra acima das planícies e montanhas. Vinhas brilhantes e aglomerados de esporos leves pendiam das copas das árvores, pontos de luz iluminando cada canto sob a copa. Galhos de diâmetro e comprimento imensuráveis atravessavam o campo de visão, convergindo no extremo mais distante para formar um “tronco” semelhante a um pico gigante. E no caminho da extensão desses galhos, inúmeros “galhos finos” pendiam, caindo até a terra.
Onde esses “galhos finos” caíam, plantas densas cresciam, formando uma floresta sob a cobertura da copa da árvore no céu.
“Isso… essa coisa…”, Shirley gaguejou várias vezes com a boca aberta antes de finalmente conseguir formar palavras. “Silantis!!”
“Sim, Silantis. Finalmente a encontramos”, Lucretia ergueu a cabeça, observando silenciosamente a “copa da árvore” que quase obscurecia completamente o céu, e as estruturas que pareciam edifícios ou assentamentos feitos pelo homem, vagamente visíveis entre a copa. “Esta é a Árvore do Mundo adormecida nas profundezas da memória racial dos elfos… é ainda mais espetacular do que eu imaginava.”
“Espere um pouco, estou um pouco confusa, preciso organizar as coisas…”, disse Shirley rapidamente, enquanto, involuntariamente, olhava para cima, para a árvore gigante e impressionante que parecia capaz de cobrir o mundo inteiro. “Agora chegamos a um nível mais profundo do Sonho do Inominado, onde a verdadeira Silantis dorme. E então? Vamos negociar com esta árvore? Ver se ela pode continuar dormindo?”
Lucretia, no entanto, não respondeu, mas mergulhou em seus pensamentos com uma expressão séria.
“Rabi.”
A voz do coelho respondeu imediatamente em sua mente: “Rabi está ouvindo~”
“Qual é a situação naquele navio agora? O que aqueles cultistas estão fazendo?”
“Rabi estava prestes a relatar a você. A situação aqui parece um pouco estranha…”, a voz do coelho soava muito baixa, como se estivesse se escondendo do olhar de alguém enquanto respondia cuidadosamente. “Aqueles cultistas de repente se esconderam todos em seus quartos. Rabi os ouviu dizendo algo sobre… o Santo percebeu um presságio de pesadelo no destino, todas as ações foram temporariamente suspensas. E também algo sobre um aviso dos Pregadores do Fim, que um novo Grande Vazio está prestes a aparecer, e que eles devem se afastar o mais rápido possível…”
“Presságio de pesadelo? Afastar-se do Grande Vazio?”, o olhar de Lucretia mudou ligeiramente em um instante. “Você quer dizer que aqueles cultistas perceberam algum perigo e estão fugindo?”
“Parece que sim. Este navio está indo a toda velocidade em uma certa direção. Antes, ele estava apenas flutuando lentamente”, disse Rabi cuidadosamente. “Senhora, Rabi de repente está com um pouco de pânico. Será que Rabi foi exposto? Será que aqueles cultistas perceberam a existência de Rabi e fugiram assustados…”
“Não, você não é digno disso”, disse Lucretia sem hesitação. “Você não é páreo para aquele ‘Santo’. Aquele ‘Santo’ provavelmente obteve alguma outra informação…”
“Então… o que Rabi deve fazer agora?”, a voz do coelho soava como se estivesse realmente um pouco apavorada. Este espírito maligno, especialista em agir em pesadelos, parecia ser muito afetado no mundo real. “Esses cultistas não parecem ter a intenção de entrar no Sonho do Inominado novamente. Rabi também não pode mais voltar para o seu lado através do sonho…”
“Fique quieta e escondida. Eu irei buscá-la mais tarde”, disse Lucretia rapidamente. “Não se preocupe, eu aparecerei na sua frente. E se eu não te encontrar, meu pai aparecerá na sua frente. Não se esqueça, você já o viu. Entendeu o que eu quis dizer?”
Assim que ela terminou de falar, o coelho do pesadelo soltou um grito quase estridente: “Rabi entendeu!!!”
Lucretia encerrou a comunicação com uma expressão impassível.
Shirley ainda estava de pé ao lado, nervosa, parecendo esperar pela resposta da senhorita “bruxa”.
“Os Aniquiladores parecem ter percebido algo. Eles suspenderam suas ações”, Lucretia soltou um suspiro leve e disse a Shirley. “Ainda não sabemos se houve alguma mudança nas ações do outro grupo de seguidores do Sol.”
Shirley reagiu ao ouvir isso e falou com incerteza: “Então isso significa que não precisamos nos preocupar em encontrar aqueles Aniquiladores aqui?”
Lucretia apenas olhou para ela calmamente e, depois de dois segundos, falou: “Não, isso significa que a mudança neste sonho já ultrapassou os planos daquele bando de cultistas. Eles mais uma vez criaram uma grande confusão que nem eles mesmos conseguem resolver. E nós… estamos bem no meio dessa grande confusão agora.”
Shirley ficou assustada com o tom subitamente sombrio da “Bruxa do Mar”. Ela ficou paralisada e, nesse momento, um leve som de farfalhar chamou sua atenção.
O som vinha da direção do riacho e, a princípio, parecia apenas o som normal da água.
Mas logo, um ruído estranho apareceu no som da água. O ruído se espalhou para os arredores, parecendo começar a afetar a terra, as pedras e os arbustos ao redor do riacho…
Shirley viu tentáculos de carne e osso se erguerem do riacho.
A terra começou a se contorcer como a pele de um molusco.
Na sombra dos arbustos, dentes afiados mastigavam algo.
E na árvore mais próxima dela, na ponta dos galhos verdes e exuberantes, as folhas abriram lentamente os olhos.
Shirley respirou fundo lentamente.
A floresta inteira parecia ter começado a se contorcer.
Ela finalmente soltou um grito vigoroso: “Eu sei por que aquele bando de cultistas não vem mais — corram!!”
Vanna abriu os olhos em meio a uma tempestade de areia.
Em sua mente, a imagem da cidade subitamente em chamas ainda parecia persistir, e os sons de comoção e explosões nas ruas ainda ecoavam em seus ouvidos. Mas após uma longa escuridão e uma sensação de queda, ela percebeu que havia retornado mais uma vez àquele lugar familiar.
“Viajante, nos encontramos novamente.”
Uma voz familiar soou em seus ouvidos, e a tempestade de areia diminuiu gradualmente com essa voz. Vanna ergueu a cabeça e viu mais uma vez o gigante idoso vestido com um manto de pano esfarrapado.
No primeiro instante, Vanna entendeu a situação atual.
Da cidade-estado que entrou no sonho, ela havia caído em uma camada mais profunda deste sonho.
“Este é o nosso último encontro, Viajante”, disse o gigante novamente.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.