Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 635: "Reparo"
Desta vez, o vento neste deserto parecia mais turbulento do que nunca.
Ventos caóticos varriam as dunas de areia repletas de rochas irregulares, levantando poeira que girava a dezenas de metros de altura. À distância, uma enorme “barreira” amarela subia gradualmente ao céu — uma tempestade ainda maior se formava dentro daquela barreira, como se acumulasse força suficiente para varrer este mundo.
No entanto, toda essa areia e poeira turbulentas paravam abruptamente a poucos metros de Vanna e do gigante. A poeira levantada girava ao redor deles, como a paisagem no olho de um furacão.
Vanna notou imediatamente as mudanças no ambiente ao redor. Ela olhou, espantada, para a poeira turbulenta à distância, especialmente para a tempestade de areia amarela que se erguia gradualmente da terra como uma barreira que alcançava o céu. Nunca tendo visto tal cena, ela sentiu uma inquietação imediata: “O que é aquilo?”
O gigante idoso, vestido com um manto esfarrapado, baixou a cabeça e olhou gentilmente nos olhos de Vanna: “É a tempestade, Viajante. A tempestade que você mesma desencadeou.”
“A tempestade que eu desencadeei?”, Vanna ficou surpresa ao ouvir isso, olhando para o gigante em estado de choque. “Quando foi que eu…”
“Ainda não, mas em breve — o tempo começou a fluir novamente, Viajante. Ele está fluindo em todas as direções. Você sentiu? Este mundo está mudando… Após uma estagnação tão longa, esta pedra coberta de poeira e aprisionada finalmente começará a rolar novamente.”
Vanna ouvia, atônita, as palavras incompreensíveis que o gigante de repente lhe dizia. Ela associou algo a essas frases vagas, mas antes que pudesse perguntar, o gigante já havia acenado para ela: “Não pergunte demais, Viajante. Este lugar finalmente está chegando ao seu fim. Quanto mais você souber sobre ele neste momento, mais você estabelecerá uma conexão inseparável com ele. Não quero que você seja a próxima pessoa a vagar por este deserto.”
Vanna finalmente viu algo diferente nas palavras do gigante e em seus olhos que ardiam com chamas amareladas.
Este “deus que perdeu a memória” viera se despedir.
“Venha comigo, Viajante”, o gigante acenou para ela. “Acompanhe-me uma última vez, para darmos um ponto final a esta jornada.”
Vanna ficou ligeiramente surpresa e, enquanto acompanhava rapidamente os passos do gigante, perguntou: “Para onde o senhor está me levando? O que aconteceu aqui, afinal?”
“Voltaremos para aquele ‘grande buraco'”, o gigante diminuiu o passo e inclinou a cabeça ligeiramente. “Comecei a me lembrar de algumas coisas. Lá está o que eu estive procurando… talvez, também o que você deseja.”
Na tempestade de areia que se levantou abruptamente, as figuras de Vanna e do gigante desapareceram nas profundezas do mar de areia.
O sol já havia se posto quase completamente abaixo do horizonte. No vasto e ilimitado mar, apenas aquele enorme “corpo geométrico luminoso” ainda flutuava silenciosamente na superfície, sua infinita “luz do sol” se espalhando suavemente, estendendo-se ao longo das ondas suavemente ondulantes até o infinito.
Porto Brisa, que antes era banhado por essa “luz do sol”, havia desaparecido da superfície do mar. No local onde Porto Brisa costumava estar, agora se erguia uma impressionante e grandiosa miragem — inúmeros fios invisíveis, como cabelos, erguiam-se do mar, entrelaçando-se entre o céu e o mar, formando a projeção de uma árvore ainda maior que a cidade-estado.
Esta árvore gigante, entre o real e o ilusório, ainda estava crescendo, como se ainda estivesse extraindo nutrientes da já desaparecida Porto Brisa, aproximando-se a cada minuto e a cada segundo do ilusório para o real. A cada brisa que passava, a cada onda que quebrava, seu tronco parecia um pouco mais claro, sua grandiosa copa um pouco mais sólida. Agora, ela se erguia, obscurecendo o céu e o sol na luz que permeava a superfície do mar. Até mesmo a grandiosa nau-catedral à distância parecia um “pequeno bote” em comparação.
A frota da Academia da Verdade já havia recebido ordens para se retirar da área de projeção de Silantis. Agora, a arca e a frota de escolta pairavam no mar, fora da miragem da árvore gigante.
No entanto, dentro da área de projeção da árvore gigante, no mar coberto pela copa colossal, um navio à vela, ardendo em chamas fantasmagóricas, avançava em direção ao “tronco”.
As velas translúcidas de fogo espiritual já estavam içadas. Uma força invisível impulsionava o Banido, empurrando-o em direção à Árvore do Mundo, que se assemelhava a um pico gigante que alcançava o céu. Nas chamas ardentes, o enorme navio fantasma emitia um rangido baixo e inquietante, como se estivesse enfrentando uma pressão pesada, lutando contra uma força de repulsão.
Depois que o Banido entrou a menos de doze milhas náuticas do tronco, a “resistência” esperada apareceu.
As ondas subiam, gradualmente se transformando em uma tempestade. Ondas, uma mais alta que a outra, vinham da direção de Silantis, começando a bater violentamente na proa do Banido, até mesmo inundando o convés por um momento. Uivos e rugidos vinham da direção da árvore gigante, cada som estrondoso parecendo querer estilhaçar este navio fantasma que avançava incessantemente contra o vento e as ondas.
E nesta força que vinha incessantemente, havia uma resistência quase tangível e… raiva.
Silantis não gostava deste navio, não gostava deste fantasma cuja quilha fora feita de seus galhos e que renascera na espinha dorsal de Sasroka.
Ela se sentia confusa, irritada e até mesmo aterrorizada com isso.
Mas as ondas tempestuosas e o rugido da Árvore do Mundo fora da cabine mal afetavam a estabilidade interna do navio.
Duncan desceu os degraus, passando por corredores escuros e longos, escadas inclinadas e antigas, atravessando armazéns com luzes invertidas e cabines que emitiam ruídos estranhos, caminhando passo a passo em direção às profundezas do navio.
Em uma mão, ele segurava a lanterna que emitia uma luz verde fantasmagórica; na outra, segurava o “bloco de madeira” que obtivera na cidade-estado de Pland.
Ele podia sentir que o bloco de madeira em sua mão emitia um leve calor e vibração. Esta “amostra”, cortada do material original da quilha do Banido, parecia ter sentido algo e estava ficando cada vez mais inquieta.
A voz de Agatha veio da sombra ao seu lado: “As ondas lá fora estão muito fortes. Silantis está impedindo o Banido de se aproximar.”
“Quase não se ouve nada aqui”, Duncan apenas sorriu. “Parece que o isolamento acústico aqui embaixo é muito bom.”
“Alice amarrou Sua Eminência Luen a um pilar com cordas, dizendo que era para o velho senhor não ser jogado para fora. Sua Eminência Luen não estava em bom estado e não conseguiu resistir… Eu tentei dissuadi-la, mas Alice não ouviu. Ela disse que era senso comum no mar e que ela era uma marinheira experiente a bordo…”
“… Se ela está feliz, tudo bem”, Duncan não parou de andar. “As cordas estão felizes?”
“… Devem estar muito felizes. A experiência de amarrar um Papa em um navio não é comum.”
“Ótimo”, disse Duncan com indiferença, e então empurrou a última porta que levava ao fundo do casco.
A estrutura estilhaçada do fundo do casco do Banido apareceu diante de seus olhos.
Não importava o quão violenta e turbulenta fosse a tempestade na superfície, este “porão”, semi-imerso no Subespaço, estava tão quieto como sempre. A estrutura quebrada do casco ainda flutuava silenciosamente no vazio, e o fluxo caótico de luz do Subespaço fluía desordenadamente entre as enormes fendas do casco. Assim foi há um século, e assim permanece hoje, um século depois.
Duncan caminhou lentamente até o meio deste porão quebrado, parando ao lado da maior fenda.
A figura de Agatha surgiu ao seu lado, falando com um toque de cautela: “Isso vai mesmo funcionar?”
Duncan baixou a cabeça, observando a fenda a seus pés e o fluxo de luz dentro dela.
“A quilha original do Banido foi feita com os galhos de Silantis. Depois, a espinha dorsal de Sasroka substituiu aquela quilha e, com a autoridade do ‘Rei dos Sonhos’, remodelou o Banido, que havia sido engolido pelo Subespaço, através de uma ‘transformação entre o real e o ilusório’. Portanto, em certo sentido, o Banido é outra Silantis.”
Ele se curvou lentamente e colocou o bloco de madeira no chão à sua frente.
“Memória e sonho. Sasroka vaga no domínio do vazio e do real. Ele criou Silantis em seu sonho e reconstruiu o Banido em seu sonho. Ele extraiu tudo de sua própria memória, mas o único problema é que ele não se lembra de si mesmo — ele nem sabe que sonha.”
Duncan tocou levemente a superfície do bloco de madeira com o dedo.
Um tufo de fogo verde fantasmagórico saltou de um canto do bloco de madeira, engolindo-o quase em um piscar de olhos. Nas chamas espirituais violentas, ele assumiu a mesma textura fantasmagórica e transparente do corpo atual de Duncan.
“Sasroka é o ‘Insonhador’ original — a doutrina mais herética, na verdade, contém a verdade mais simples.”
Duncan se levantou e chutou o bloco de madeira em chamas em direção à fenda que levava ao Subespaço.
Ele rolou e caiu da borda do casco, desaparecendo quase em um piscar de olhos naquele espaço escuro e caótico, no fluxo de luz ondulante e desordenado.
Um rangido estranho começou a vir de longe.
“Portanto, a chave para entrarmos nas profundezas do sonho de Silantis não é acordar Silantis — Silantis já está acordada, ela não precisa ser acordada.
“O que precisamos acordar é Sasroka, é esta espinha dorsal imersa no Subespaço.
“Precisamos fazer com que Sasroka e Silantis estabeleçam comunicação — após longos anos, fazer com que este ‘Insonhador’ se conscientize de seu sonho.”
O rangido estranho atingiu gradualmente seu pico e, de repente, chamas verde-espectrais começaram a surgir das fendas do casco estilhaçado!
O fogo espiritual fluiu violentamente por todo o porão. Onde quer que o fogo passasse, as enormes fendas começaram a cicatrizar e a desaparecer a uma velocidade visível a olho nu. O casco quebrado começou a se reparar gradualmente, e a estrutura do fundo do casco do Banido tornou-se completa!
Antes que a maior fenda se fechasse, o canto do olho de Duncan vislumbrou a cena sob a fenda.
Era a verdadeira estrutura do “fundo do casco” do Banido, o verdadeiro porão que envolvia a quilha.
A enorme e desolada espinha dorsal do deus antigo estava imersa no Subespaço, flutuando e navegando no vazio caótico.
No entanto, novos galhos verdes serpenteavam e cresciam das fendas do esqueleto, espalhando-se com as chamas por toda a espinha dorsal.
“Agora, as duas quilhas se tornaram uma”, disse Duncan em voz baixa.
Diante dele, a última fenda no fundo do casco do Banido se fechou lentamente.
Ele ergueu a cabeça e, em sua mente, fez um chamado: “Sasroka.”
A voz do Cabeça de Bode soou em seguida: “Estou aqui, capitão.”
“Velas a todo pano, velocidade máxima. Vamos encontrar sua pequena muda.”
“Aye, captain1!”
- Estava em inglês no original aqui também.[↩]
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