Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 637: Colisão
Havia uma sombra, uma sombra além de Silantis, que sempre flutuava neste vasto espaço escuro construído a partir dos sonhos e memórias de Silantis.
Agora, pela primeira vez, Duncan descobrira sua existência.
“Em nome de Lahm!”, Luen arregalou os olhos, olhando para a vasta estrutura que finalmente emergiu acima do espaço escuro sob o brilho da luz verde fantasmagórica, e exclamou em estado de choque: “O que é aquilo?!”
Duncan, no entanto, não respondeu. Ele apenas caminhou até a janela, sua expressão excepcionalmente solene enquanto observava aquela estrutura escura que parecia esmagar-se sobre Silantis, mas que estava congelada em um certo momento. Um momento depois, seu olhar finalmente mudou ligeiramente, como se de repente entendesse algumas coisas.
“A Grande Aniquilação… então foi assim…”
A corrupção e a distorção se espalhavam pela floresta, pela terra, por todo o mundo.
Algo invisível estava “infiltrando-se” nesta terra natal dos elfos. Onde quer que se espalhasse, a terra ondulava e se contorcia como carne inchada, presas e olhos infinitos se abriam nas sombras, as árvores cresciam descontroladamente e depois se dissolviam e subiam como chamas… Todas as coisas pareciam ter perdido sua ordem inerente, transformando-se em outras formas em uma mudança violenta, louca e bizarra, como um pesadelo.
Gritos e uivos agudos e aterrorizantes varriam incessantemente toda a floresta, assobiando pela vasta estrutura da copa de Silantis, ecoando descontroladamente entre o céu e a terra, como se para rasgar a alma.
Shirley, ainda em estado de choque, olhava para a terra abaixo, vendo aquela terra, que no momento anterior estava exuberante e cheia de vida, transformar-se em um piscar de olhos em um inferno absurdo que nem mesmo um pesadelo poderia descrever. Vendo as bocas abissais que se abriam na floresta e a carne e as sombras que se expandiam e contraíam, ela inconscientemente agarrou com mais força a saliência na borda do “barco de papel”.
“Essa coisa realmente não vai cair?”
Ela olhou novamente para o “pequeno barco” feito de papel sob seus pés, confirmando com a senhorita bruxa ao seu lado com grande desconfiança.
Não muito tempo atrás, quando o terrível fenômeno de “erosão” irrompeu de repente em toda a floresta e parecia não haver mais saída, Lucretia pegou um pedaço de papel na frente dela, dobrou um pequeno barco e a puxou para pular nele. Shirley não conseguia entender o princípio por trás dessa “bruxaria” bizarra. Ela só sabia que o barco agora flutuava sobre aquela terra terrível, e a sensação de papel sob seus pés a fazia prender a respiração.
Até mesmo Cão ao seu lado havia recolhido as garras cuidadosamente e se encolhido em uma bola, como se temesse rasgar acidentalmente o fundo do barco de papel.
“De qualquer forma, eu nunca caí”, Lucretia já havia pegado mais papel branco e, enquanto dobrava habilmente mais coisas de formas estranhas, disse sem levantar a cabeça. “Se você está muito preocupada, feche os olhos e finja que está deitada no sofá de casa.”
“Como eu poderia fazer isso!”, Shirley gritou inconscientemente e, em seguida, soltou outro grito quando o pequeno barco balançou ao vento. Então, ela notou as ações nas mãos de Lucretia. “O que mais você está dobrando?!”
“Soldados, o tipo de ‘soldado voador alado’ que Ginny Headway descreveu em ‘Cidade nas Nuvens'”, disse Lucretia casualmente. “Precisamos saber a situação em outros lugares, e se realmente encontrarmos inimigos, também precisamos de poder de combate para proteger este barco.”
Dizendo isso, ela jogou o pequeno boneco de origami que havia dobrado para o ar fora do barco de papel. Vários bonecos de origami requintados abriram suas asas no ar, e seu tamanho rapidamente se tornou o de uma pessoa real. Eles se curvaram em reverência na direção de Lucretia e depois voaram rapidamente para longe.
Shirley observou esta cena, boquiaberta. No entanto, assim que abriu a boca para dizer algo, uma voz pareceu perfurar diretamente sua mente, interrompendo a conversa entre ela e Lucretia: “… No início, apareceram aquelas ‘erosões’. Na fronteira do mundo, as coisas começaram a se transformar em aparências bizarras e aterrorizantes…”
Shirley e Lucretia se olharam ao mesmo tempo. Ambas ouviram essa voz — era uma voz um tanto imatura, como a de uma menina.
Era a voz de Silantis.
O vento uivante levantou mais poeira e areia. A tempestade no deserto havia se dissipado em algum momento, e apenas uma névoa de poeira desordenada se erguia no campo de visão, obscurecendo a visão e distorcendo a paisagem distante.
“Quando o tempo começou a mudar, alguns estudiosos já haviam emitido avisos, pedindo às pessoas que se preparassem. Mas se preparar para quê?”
A voz do gigante soou na tempestade de areia, grossa e firme, como uma rocha em meio ao vento.
Vanna estava nesta tempestade de areia sem fim, olhando para a “torre gigante” à distância.
Ela já havia retornado com o gigante a este lugar chamado “Arquivo”, a este grande buraco que simbolizava o fim da civilização. Ela não sabia por que o gigante a trouxera de volta aqui, mas podia sentir que uma mudança cataclísmica estava acontecendo. Com este “Arquivo” como centro, algo terrível estava se desenrolando.
O som de algo se rasgando veio de repente, um ruído enorme que parecia suficiente para esmagar montanhas.
Vanna ergueu a cabeça, espantada, e olhou para a enorme fenda vermelha no céu, para a luz vermelha que representava o fim. No brilho cor de sangue que surgia, ela viu sombras ondulantes. A coisa que destruiu este mundo finalmente começou a revelar um vislumbre de sua verdadeira face diante de seus olhos.
Chamas apareceram na floresta — sem uma fonte definida, como se em um instante, inúmeras árvores tivessem se tornado tochas ardentes. Uma maré de destruição começou a queimar a Árvore do Mundo que cobria a terra em um piscar de olhos.
Shirley observou, aterrorizada, as chamas se espalhando em seu campo de visão, vendo tudo — a terra distorcida, a floresta exuberante, as sombras no ar, os tentáculos e a carne que se espalhavam entre o céu e a terra — tudo sendo engolido pelas chamas em um instante.
Ela ouviu ruídos enormes, inúmeras criaturas gritando e sibilando nas chamas. Ela também ouviu um trovão aterrorizante, mas o trovão não vinha do céu, mas dos galhos de Silantis quebrando nas chamas e na distorção, caindo sobre a terra como picos de montanhas contínuos.
O barco de papel balançava para a esquerda e para a direita na onda de calor uivante. A cena aterrorizante do céu e da terra queimando ao mesmo tempo fez Shirley se encolher inconscientemente no pequeno barco. Em seu encolhimento, ela ergueu a cabeça para o céu e viu os galhos e folhas na borda de Silantis quebrando e caindo no céu, caindo em chamas ao redor do pequeno barco. E no colapso estrondoso da copa da árvore, ela finalmente pôde ver a verdadeira aparência do céu.
Uma sombra terrivelmente sufocante encheu seu campo de visão. Ela sentiu como se seu coração tivesse parado de bater naquele instante.
Ela ouviu Silantis falando em seu coração — ou talvez o mundo inteiro estivesse lhe contando sobre a destruição e o fim que ocorreram em uma era antiga.
“…Então, o céu caiu. Coisas invisíveis atingiram nosso mundo, atingiram nosso mundo lentamente… Não podíamos vê-lo, não podíamos entendê-lo, nem podíamos pensar sobre ele… E vocês? Vocês, coisas que surgiram depois da escuridão, vocês podem vê-lo?”
Vanna arregalou os olhos. Ela viu a fenda cor de sangue no céu desabrochar gradualmente em seu campo de visão. O céu inteiro parecia uma casca de ovo quebrada, rasgando-se gradualmente e depois afundando em direção ao centro de uma forma arrepiante. Então, um mar de fogo desceu lentamente do céu despedaçado.
“Como seu ‘deus’, senti sua chegada um passo antes deles. Senti algo invisível se aproximando de nosso mundo, senti o fim da história. No pilar do calendário em minha mão, uma fenda apareceu. Depois disso, nada mais foi registrado. O fogo… se extinguiu no fim do meu campo de visão.”
Um uivo baixo e opressivo e um estranho som de rangido vinham do céu e da terra, como se o próprio mundo estivesse emitindo seu último gemido. Vanna finalmente entendeu o que estava vendo, finalmente entendeu a “resposta” que o gigante nunca conseguiu entender.
Uma figura alta saiu do canto do olho e chegou à beira do grande buraco.
Vanna viu o gigante parado ali, erguendo a cabeça para o céu.
“Começou com fogo e pedra, terminou com fogo e pedra. Viajante, eu senti, ‘ele’ veio de novo… Você o viu, não é? Você o vê mais claramente do que eu… porque você vem de um fluxo de tempo diferente do meu, você vem de depois da escuridão, você tem um par de olhos que nasceram depois disso, você pode entendê-lo…”
No pequeno barco de papel, na visão de Shirley e Lucretia, a terra suspensa descia continuamente. Elas finalmente podiam ver claramente muitas de suas estruturas superficiais.
Em um instante, Shirley sentiu como se visse montanhas e rios contínuos naquela terra suspensa, viu cidades gigantes de pedra erguidas nas montanhas e planícies, viu enormes aquedutos e estradas sinuosas conectando inúmeras luzes, e sob as luzes, inúmeras terras férteis.
Mas no instante seguinte, ela viu aquela terra mergulhar na desolação em um piscar de olhos. Após uma espécie de ilusão de “fervura”, aquela terra se transformou em uma paisagem cheia de desertos e cascalho.
Outro mundo se esmagou.
A terra que caía do céu primeiro tocou a copa da árvore de Silantis.
Silenciosamente, o colapso final de todas as coisas começou a se espalhar por todo o mundo a partir daquele “ponto de contato”…
Na tempestade de areia cada vez mais caótica e desordenada, diante dos olhos de Vanna, a torre gigante que simbolizava “a última pessoa no mundo” parecia ter mudado.
Ela começou a balançar, a rachar. Sua camada superior, que parecia rocha enegrecida, de repente rachou. Depois de se desintegrar e cair, revelou uma espécie de… “pele” cinza-esbranquiçada.
A torre gigante começou a encolher, como se o tempo estivesse voltando. Ela estava diminuindo pouco a pouco, voltando a ter a aparência de uma “pessoa”.
Uma floresta suspensa e em chamas já havia substituído completamente todo o céu. Outro continente já havia se esmagado contra este mundo. Naquela floresta em chamas, Vanna finalmente viu um pouco do terreno que seus companheiros haviam descrito, o que eles viram quando agiram no Sonho do Inominado.
Aquela “torre” finalmente desabou.
Neste momento em que o mundo inteiro se lembrava do dia do fim, ele também se lembrava de sua aparência original em suas memórias.
Ele se tornou uma pessoa.
Um sen’jin com pele com a textura de rocha e padrões metálicos em seu corpo.
Seu tamanho continuou a diminuir e logo se tornaria tão pequeno que Vanna não conseguiria mais vê-lo claramente a essa distância.
Ele parecia estar gritando de terror. Neste último minuto antes da Grande Aniquilação, esta “pessoa”, que estivera estagnada por incontáveis eras, finalmente deu um passo no fluxo do tempo.
“Viajante”, a voz do gigante veio. Este deus idoso, vestido com um longo manto de pano, curvou-se em direção a Vanna. Ele enfiou seu enorme cajado com força no chão e, com a outra mão, procurou em suas vestes e colocou algo na frente de Vanna. “Leve-o.”
Vanna olhou, espantada, para o que o gigante lhe entregara.
Era um… sol, brilhando intensamente, queimando silenciosamente no rio do tempo.
Ela ergueu a cabeça, mas antes que pudesse fazer uma pergunta, o gigante já havia balançado a cabeça levemente: “Você pode levá-lo agora. Viajante, eu me lembrei, eu me lembrei de tudo… Nosso sol está livre. Leve-o, ele não deveria continuar a afundar neste sonho ilusório.”
Vanna estendeu a mão um tanto confusa. A pequena bola brilhante pousou em sua palma.
Emitia um calor reconfortante.
O gigante sorriu, endireitou-se lentamente e virou a cabeça.
“O que o senhor vai fazer?”, Vanna perguntou, espantada, atrás dele.
“Dizer a ele para não ter medo.”
“Espere…”
“Não se preocupe, Viajante. As jornadas sempre terminam. Um dia teremos que nos despedir… porque Tarukin morreu, há muito, muito tempo.”
“Além disso, o cajado também é para você, como uma lembrança.”
O gigante não olhou para trás até o fim. Ele apenas acenou com a mão e depois deu um passo em direção ao poço profundo.
A cada passo, seu corpo se tornava mais alto.
Mas a cada passo, sua figura também se tornava mais ilusória.
A ruína chamada “Arquivo” também se dissipou gradualmente com os passos do gigante.
O deus que registrava a história finalmente desapareceu na tempestade de areia. A última pessoa registrada pela história também desapareceu na colisão lenta e imparável de dois mundos.
Nesta desolação e tempestade de areia sem fim, Vanna ergueu lentamente a cabeça.
A Silantis em chamas pairava sobre este mundo.
Agora era o último segundo da Grande Aniquilação.

O mundo dos sen’jins foi destruído na colisão final com Silantis.
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