Índice de Capítulo

    Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)

    Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)

    As chamas se ergueram.

    Como se uma fonte de fogo do tamanho de uma montanha jorrasse da escuridão, os últimos destroços da Árvore do Mundo se transformaram instantaneamente em cinzas e miragens no fogo. Então, o fogo serpenteou e fluiu, transformando-se em um mar de fogo sem fim no espaço caótico e escuro. O mar de fogo corroeu as últimas fronteiras do Sonho do Inominado e fez com que todas as coisas retornassem à sua “posição correta” na dimensão da realidade.

    O Mar Infinito surgiu, suas águas sem fim formando pequenas ondas no fluxo e refluxo do fogo. Acima dele, o céu se revelou, clareando gradualmente à medida que as chamas dispersavam a escuridão. Então, a cidade-estado tomou forma, esculpida como uma entidade sólida pela ascensão do fogo e, em seu recuo, teve cada uma de suas luzes acesa pouco a pouco.

    O mundo inteiro parecia “emergir” da escuridão, aparecendo gradualmente do mar de fogo e se fundindo novamente com a dimensão da realidade. Duncan observava tudo isso da proa do Banido e, por algum motivo, de repente se lembrou da antiga lenda élfica: no sonho original de Sasroka, todas as coisas do mundo mortal foram moldadas a partir da escuridão e do caos.

    A cena diante dele era como se o “Gênesis” da lenda estivesse acontecendo novamente.

    E no fim do Gênesis, a luz do sol apareceu na superfície do mar de ondas verdes.

    Em algum momento, as chamas se dissiparam. A luz da manhã começou a se espalhar pelo horizonte, cobrindo o mar sem fim e a cidade-estado de Porto Brisa, que despertava em um esplendor magnífico. O pesadelo recuou; com o nascer do sol, tudo o que fora engolido por ele retornava ao mundo real, enquanto aquilo que reaparecera apenas no sonho também voltava ao seu estado original.

    O enorme Bode Negro pisou nas ondas e, com apenas um passo, chegou ao lado da amurada do Banido. Esta antiga divindade, que já fora vista como o “Criador”, inclinou ligeiramente a cabeça e encostou seu chifre pontudo no mastro alto.

    Uma pequena chama verde-espectral saltou na ponta de seu chifre, retornando ao Banido.

    “Devolvo-lhe o fogo, capitão.”

    “Na verdade, eu mesmo poderia ter feito isso”, Duncan olhou para o Bode Negro. “Você não precisava…”

    “Mas era mais apropriado que eu fizesse isso pessoalmente”, o Bode Negro balançou a cabeça. “Há muito, muito tempo, eu a criei. Agora, também cabe a mim acompanhá-la em sua última jornada.”

    Duncan não falou, apenas assentiu levemente.

    “… Não precisa se lamentar por isso”, disse o Bode Negro novamente. “Isso estava destinado a acontecer. De certa forma, isso já havia acontecido há muito tempo. Bem antes do início da Era do Mar Profundo, Silantis já não existia mais. O que apareceu no pesadelo foi apenas uma sombra descontrolada. Deixar essa sombra crescer seria o maior insulto a ela. E mais…”

    Ele parou de repente, e Duncan ficou um pouco curioso: “E mais?”

    O Bode Negro pareceu sorrir: “E mais… o senhor já a levou, não é?”

    Duncan ergueu as sobrancelhas ao ouvir isso. Ele entendeu imediatamente o que Sasroka queria dizer, o que o deixou um pouco surpreso: “Parece que você percebeu algumas coisas.”

    “Não muito claramente, mas posso sentir vagamente”, disse o Bode Negro lentamente. Seus olhos refletiam as chamas verdes-espectrais que subiam no convés do Banido. Não muito tempo antes, ele tinha recebido brevemente aquelas chamas e, através delas, sentido um vislumbre do verdadeiro poder de Duncan. “Seu fogo levou Silantis a um ‘lugar’ que não consigo entender. Não sei onde é, mas minha intuição me diz que é um bom lugar, muito adequado para minha pequena muda tirar um bom sono.”

    A luz do sol tornou-se gradualmente mais brilhante. O glorioso duplo anel rúnico do Fenômeno 001 subia gradualmente acima do nível do mar. A luz do sol da manhã iluminava o corpo do Bode Negro, dando à sua enorme figura uma qualidade etérea, como um cristal semitransparente.

    “O sonho acabou. É hora de voltar ao trabalho”, o Bode Negro ergueu a cabeça e olhou para o Fenômeno 001 à distância, com um tom de admiração. “Eles realmente criaram algo incrível…”

    No segundo seguinte, o corpo do Bode Negro se rompeu silenciosamente na luz da manhã, como uma bolha de sabão estourada sob o sol, dissipando-se no vento sem fazer barulho.

    Duncan ficou parado no convés por um tempo, atordoado. Ele se virou e olhou para Luen, que estava não muito longe. O corpo do velho elfo já havia voltado ao normal; ele estava ligeiramente curvado sob a luz da aurora, sua expressão ainda um pouco confusa. 

    “Pensei que você viria cumprimentar Sasroka”, disse Duncan casualmente. “Este é o seu criador lendário, e você pode ser o último elfo a ver sua forma mítica. Eu não tenho tanta energia para deixá-lo voltar à sua forma mítica com frequência.” 

    Luen finalmente despertou de sua confusão. Ele olhou para Duncan com certa lentidão e, um momento depois, bateu na palma da mão, contrariado: “Ah! Eu não me dei conta!” 

    Duncan: “…”

    Após ficar atordoado por dois segundos, o canto de sua boca tremeu: “Não é um grande problema. Você ainda pode se comunicar com ele. Só que, para isso, você terá que ir à cabine do capitão para conversar com meu imediato, o Cabeça de Bode.”

    Depois de dizer isso, ele ignorou a expressão subitamente sutil do “Papa”, acenou com a mão e caminhou em direção ao convés.

    Nina já corria alegremente em sua direção: “Tio Duncan!”

    Duncan ergueu a mão e pegou este “pequeno sol” que saltou do ar, e depois ergueu a cabeça, olhando para os outros que também se aproximavam.

    “Porto Brisa parece ter se recuperado”, Vanna chegou diante dele e apontou para a cidade-estado não muito longe, que estava banhada pela luz do sol. “Só não sei como está a situação na cidade agora.”

    “Vou verificar a situação na cidade quando atracarmos”, disse Lucretia. “Teoricamente, de acordo com as regras anteriores do Sonho do Inominado, tudo voltará ao normal após o fim do sonho. Mas a escala deste incidente foi muito grande, provavelmente haverá algumas ‘sequelas’.”

    Morris também se aproximou. Seu olhar, no entanto, estava em outra direção. Aquela “nau-catedral”, que se assemelhava a uma pequena cidade-estado, vinha das ondas, seu alvo obviamente sendo o Banido, que estava parado na superfície do mar.

    “A Arca da Academia está se aproximando”, disse Morris. “Parece que querem se comunicar conosco.”

    “Normal. O ‘Papa’ deles ainda está em nosso navio”, disse Duncan, apontando para Luen, que se dirigia para a cabine do capitão. “A propósito, você também deveria ir cumprimentar seu tutor. Vocês não devem se ver na realidade há muitos anos.”

    Morris assentiu e caminhou em direção à cabine do capitão.

    Duncan, por sua vez, olhou para Vanna e perguntou, um pouco preocupado: “Você já está bem? Não precisa voltar para o seu quarto para descansar?”

    Ele ainda se lembrava claramente que, quando trouxe esta bela e forte jovem de volta ao navio, ela havia esgotado suas forças e até mesmo andar havia se tornado difícil. Agora, porém, ela parecia cheia de vida.

    Vanna também olhou para seu próprio corpo. Ela pulou no lugar duas vezes, moveu as mãos e os pés e depois bateu no peito, com um sorriso orgulhoso no rosto: “Estou bem. Já descansei um pouco. Agora minha força está totalmente recuperada.”

    O canto da boca de Duncan tremeu. Por um momento, ele não soube o que dizer. Ao lado, Shirley murmurou em voz baixa com admiração: “Puta merda, os atletas são incríveis… Queimada pelo sol vinte e sete vezes, senta no convés para se recompor por um tempo e já se recupera…”

    “Foram vinte e oito vezes”, Vanna a corrigiu imediatamente com uma expressão séria. “Eu estava um pouco grogue com a queima agora há pouco, errei a conta quando te disse.”

    Duncan: “…?”

    Ele observou, sem palavras, Vanna e Shirley se afastarem enquanto discutiam se “foram vinte e sete ou vinte e oito vezes”. Depois de um longo tempo, ele sorriu e balançou a cabeça.

    “Que bom.”

    Ele ouviu Alice dizer em voz baixa, não muito longe.

    Duncan se virou e viu a senhorita boneca sentada em um grande barril na borda do convés. Ela estava de frente para a direção de onde vinha a luz do sol, erguendo a cabeça e semicerrando os olhos, deixando o sol banhar seu rosto. Suas duas pernas balançavam suavemente na borda do barril, e seu corpo também balançava levemente.

    “Que bom…”, ela suspirou novamente em voz baixa.

    “O que é bom?”, Duncan se aproximou e perguntou de repente ao lado da boneca.

    Alice soltou um “Ah!” e quase caiu do barril. Só depois de notar que era Duncan ela se sentiu segura, agarrou o braço dele e usou a força para se sentar firmemente de novo: “O senhor me assustou.”

    Duncan sorriu e afagou o cabelo da senhorita boneca: “Com o que você estava suspirando?”

    “A normalidade é boa”, Alice pensou por um momento e apontou para a direção da cidade-estado. “Sem grandes incêndios, sem árvores estranhas. Tudo tem a aparência familiar. O navio voltou ao mar calmo e não precisa mais voar sobre uma floresta bizarra e aterrorizante… Posso voltar a esfregar o convés e a cozinhar como de costume.”

    Dizendo isso, a senhorita boneca pareceu se lembrar de algo de repente, pulou do barril e, enquanto corria para longe, acenou para Duncan sem olhar para trás: “O sol nasceu! Vou fazer o café da manhã! Capitão, espere, por favor!”

    Duncan observou, espantado e divertido, a boneca gótica correr pelo convés com tanto vigor, vendo-a tropeçar em uma corda que apareceu de repente no meio do caminho, colidir com Shirley e Cão, causando uma confusão danada, enquanto Vanna corria para encontrar a cabeça da boneca, que rolou para algum lugar…

    Quase em um piscar de olhos, o Banido voltou à sua aparência “vibrante” de sempre.

    Depois de um longo tempo, Duncan sorriu e balançou a cabeça. Depois de desviar o olhar, ele olhou novamente para o grande barril onde Alice estivera sentada, e chutou a borda do barril: “Vocês também acham que é bom voltar à rotina, não é?”

    O barril balançou no lugar e a tampa de repente se abriu.

    Dentro, estava completamente cheio de amuletos de proteção contra as ondas.

    Sendo usado como um recipiente para empilhar amuletos por uma atleta, como uma cadeira por uma boneca, e normalmente podendo se tornar a mesa de trabalho de Cão e o alvo dos rabiscos de Shirley, o barril não parecia muito feliz.

    A expressão de Duncan ficou um pouco sutil. Ele ergueu a mão e silenciosamente colocou a tampa do barril de volta.

    Então, ele também se sentou no barril, observando silenciosamente a luz do sol à distância.

    O mundo havia retornado à calma, temporariamente — mas era bom.

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