Hora da Recomendação, leiam Fagulha das Estrelas. O autor, P.R.R Assunção, tem me ajudado com algumas coisas, então deem uma força a ele ^^ (comentem também lá, comentários ajudam muito)
Talvez passe a usar mais esse espaço para recomendar outras obras (novels ou outras coisas que eu achar interessante ^^)
Capítulo 657: O Embarque
O algodão foi incendiado, transformando-se em um instante numa grande labareda que consumiu os esporos dispersos, reduzindo tudo a cinzas. Logo depois, o fogo se extinguiu rapidamente, e só então os cultistas reunidos no salão finalmente respiraram aliviados.
A cena bizarra e assustadora de momentos atrás, junto com aqueles esporos que claramente pareciam prestes a se espalhar e infectar tudo, fez com que toda pessoa sã sentisse um perigo imenso.
No entanto, enquanto os cultistas comuns relaxavam um pouco, a pressão sombria vinda do palanque não diminuiu nem um pouco. O Santo batia suavemente em sua “coroa” de ossos, e seus pedúnculos oculares ainda varriam inquietos o interior e o exterior do salão. Ele sabia que a névoa que envolvia o navio ainda estava lá. O que ele havia eliminado era apenas uma sombra que se infiltrou muitos dias antes, e agora o corpo principal dessa sombra já havia completado a invasão… ele tinha agido tarde demais.
“Não relaxem tão cedo, um intruso já está a bordo”, sua voz penetrou na mente de todos. “A partir de agora, todo o navio entra em estado de alerta para invasão herege… Lentim, leve seus homens e vasculhe toda a embarcação. Encontre o invasor. Se alguém se recusar a ser revistado ou agir de forma suspeita, mate-o sem hesitar.”
“Gemoro, você e seus homens vão para a casa de máquinas. Assumam o controle do núcleo a vapor e das válvulas centrais. O invasor pode tentar tomar o coração do navio… Leve a nitroglicerina.”
“Persha, leve seus seguidores ao arsenal e arme todos os cultistas comuns… Dê armas também àqueles marinheiros mortais.”
“Basmodon, leve seus homens para controlar os canhões do convés. O inimigo também pode atacar pelo mar.”
A série de ordens repentinas do Santo fez com que os Cultistas da Aniquilação, que mal haviam relaxado por alguns segundos, despertassem instantaneamente. Todos perceberam a gravidade da situação. Os sacerdotes que receberam as ordens rapidamente reuniram seus subordinados e deixaram o salão.
Metade das pessoas no salão desapareceu de uma vez, mas muitos sacerdotes permaneceram no local da assembleia, protegendo o palanque onde o Santo estava.
Após pensar rapidamente por um momento, o Santo mais uma vez ergueu seus pedúnculos oculares e olhou para o sacerdote de mais alto escalão perto dele:
“Erik, leve seus homens e execute todas as oferendas nas jaulas.”
O sacerdote de alto escalão chamado Erik ficou surpreso ao ouvir isso.
“Agora?”
“Eu preciso de sangue para aumentar meu poder. O invasor é extraordinário, não é hora de pensar em maximizar o valor”, disse o Santo com indiferença; a ordem de execução parecia tão natural para ele quanto respirar. “Podemos capturar novas oferendas depois. Por agora, execute as que estão a bordo. Drenem todo o sangue delas e encharquem as lajes de pedra no fundo das jaulas. Preciso acumular poder para uma batalha decisiva.”
“Sim, Vossa Santidade.”
O sacerdote de alto escalão chamado Erik imediatamente baixou a cabeça e, após receber a ordem, levou alguns de seus seguidores e deixou apressadamente o salão de assembleias.
Ele caminhou apressado pelo corredor que levava às partes mais profundas do navio, passando rapidamente por portas fechadas e descendo lances de escada, em direção às cabines mais profundas e silenciosas.
Uma fumaça fina e fria, vinda de algum lugar desconhecido, havia se infiltrado nas cabines, deixando o corredor com uma aparência meio turva.
“Grande Sacerdote”, um seguidor quebrou o silêncio, um pouco inquieto, “essa fumaça não parece normal…”
“Realmente não parece. Como poderia haver tanta fumaça no navio em condições normais?”, disse Erik, franzindo a testa. No ar atrás dele, flutuavam ilusões instáveis. Correntes escuras se estendiam de sua espinha dorsal, e uma criatura negra, semelhante a uma massa de carne amorfa, flutuava na ponta daquelas correntes. Muitos olhos se abriram na superfície da massa de carne, como se estivesse observando cuidadosamente os arredores. “… Está quieto demais.”
Quieto demais. O corredor inteiro estava em silêncio, e não havia som algum vindo dos quartos próximos. Apenas o ruído vago de alguma maquinaria distante podia ser ouvido — remoto e etéreo, como se estivesse em outro mundo.
‘Onde estão as pessoas que foram enviadas para as várias tarefas? O navio inteiro não está passando por uma busca em grande escala?’
A fumaça fina flutuava vinda da frente. Erik de repente farejou o ar. Na fumaça, ele sentiu um cheiro familiar: pólvora.
Alguns sons baixos vieram de repente de uma direção, seguidos por alguém dando ordens na profundidade da fumaça.
“Aos seus postos! Formação, carregar, apontar!”
Soava como um comandante do exército dando ordens aos seus soldados.
Erik se virou, atônito, na direção de onde vinha o som. Com a ajuda de seu demônio simbiótico, a “aberração de carne e sangue”, ele identificou imediatamente a origem do som: um pelotão de soldadinhos de brinquedo, que pareciam esculpidos em madeira, estava se posicionando no chão no final do corredor.
Os soldados eram do tamanho da palma da mão, pintados com cores vivas e vestindo uniformes de mosqueteiros e artilheiros que pareciam de uma era passada. Eles corriam pelo chão, alguns soldados agitavam pequenas bandeiras, enquanto outros tocavam cornetas em posições elevadas. Um comandante, de pé sobre um bloco de madeira que fora arrastado de algum lugar, erguia sua espada e dava ordens.
Os mosqueteiros estavam carregando seus “fuzis”, que pareciam palitos de fósforo, com munição.
Os outros sacerdotes da aniquilação também notaram os soldadinhos de brinquedo se reunindo no chão, preparando-se para um “ataque”. A cena era tão bizarra que, a princípio, eles não conseguiram reagir, achando até mesmo cômica.
Mas essa sensação de comicidade durou menos de um segundo. No instante seguinte, um alarme soou na mente de todos: neste Mar Infinito, cheio de fenômenos estranhos, qualquer coisa que parecesse fora do lugar significava perigo, mesmo que fosse um grupo de soldadinhos de brinquedo ridículos!
Erik, de repente, lembrou-se de algo. Ele se recordou das lendas relacionadas a esses soldadinhos de brinquedo e imediatamente se jogou no chão.
“Ao chão!”
No entanto, seu aviso chegou tarde demais. Do fim da fumaça, veio a ordem do comandante:
“Fogo!”
Bang, bang, bang, bang, bang, bang!
Tiros contínuos ecoaram pelo corredor. O brilho dos disparos rasgou a fumaça da pólvora, e as balas assobiaram. Um por um, os Cultistas da Aniquilação foram transformados em peneiras por uma saraivada de tiros, caindo no chão antes mesmo de conseguirem invocar seus demônios simbióticos.
Diziam que, muito tempo atrás, uma cidade-estado presunçosa tentou provocar a bruxa do mar, com o objetivo de “matar a maldição que se espalhava pelo Mar Infinito”.
Um comandante arrogante liderou seus fuzileiros navais experientes para cercar o local onde a bruxa estava temporariamente e lançou um ataque durante a noite.
A névoa desceu na escuridão, e os soldados que atacavam desapareceram um a um na névoa. Quando o sol nasceu novamente, a bruxa os havia transformado em cento e sessenta e seis soldadinhos de brinquedo.
Até hoje, esse batalhão de brinquedo permanece aprisionado na sombra da bruxa. Quando ela precisa, eles são brevemente libertados e exercem o poder de um exército…
O sangue escorria de seu corpo, e a dor aguda gradualmente se transformava em um torpor frio. Erik estava caído no chão, sua mente relembrando incontrolavelmente essas histórias que ele tinha ouvido em algum dia passado. Pelo canto do olho, ele finalmente notou algo estranho ao lado do corredor, algo que ele deveria ter percebido, mas que, por algum motivo, ignorou.
Em ambos os lados do corredor mal iluminado, havia muitas pinturas a óleo penduradas.
Antes, essas pinturas retratavam os vários avatares do Senhor das Profundezas, imagens de demônios e cenas das Profundezas Abissais.
Mas agora, o conteúdo das pinturas havia mudado.
Muitos rostos familiares nas pinturas observavam, tristes e dolorosamente, aquele corredor cheio de fumaça. Alguns deles… pareciam piscar lentamente até um minuto atrás.
Nenhuma resposta veio das pessoas que foram enviadas.
A névoa que pairava sobre o navio se tornava cada vez mais densa, sem mostrar qualquer sinal de dissipação.
No palanque no centro do salão de assembleias, o Santo ponderava por um longo tempo. A raiva e o desespero fermentavam lentamente naquela calma.
Ele percebeu que talvez tivesse tomado uma série de decisões erradas.
As providências anteriores não impediram a sombra de se espalhar; pelo contrário, agora ele estava perdendo a “percepção” de cada vez mais partes do navio.
Uma atmosfera de tensão e inquietação se espalhava pelo salão.
Os sacerdotes comuns que permaneceram de guarda também começaram a notar a estranheza da situação.
As pessoas que saíram do salão não retornaram, nem enviaram qualquer notícia. As linhas telefônicas internas, uma após a outra, não conectavam. Usar demônios abissais para percepção também não conseguia contatar os “irmãos” em outras áreas. Primeiro, o contato foi perdido com os porões de carga e de água, depois com as cabines da tripulação e, em seguida, com os corredores próximos…
Os compartimentos pareciam estar desaparecendo gradualmente em uma escuridão que se expandia. Com exceção deste salão, o navio inteiro estava sendo devorado por algo invisível.
Algo intangível estava atacando este lugar.
Então, algo ainda mais perigoso tocou o navio — uma sensação de imenso pavor tomou conta da mente de todos, sem motivo aparente.
Parecia haver algum movimento no corredor.
Um cultista mais próximo da porta ouviu um leve estalo vindo do corredor do lado de fora. Ele olhou para os lados, hesitou por um momento e, com coragem, espiou para fora da porta.
Alguém ao lado notou sua ação e imediatamente o agarrou pelo braço, tentando impedir seu ato imprudente.
Mas era tarde demais.
O cultista que espiou para fora de repente enrijeceu, depois balançou levemente no lugar. Em seguida, ele “andou” para trás com uma rigidez de boneco e, após um momento de imobilidade, caiu de costas.
Seus membros se estilhaçaram como cerâmica frágil. Seu corpo, em algum momento, havia se transformado em matéria inorgânica sem vida. Sua cabeça, ao cair, se soltou do pescoço e rolou até os pés de outros cultistas.
Era a cabeça de um boneco tosco.
Gritos de espanto soaram instantaneamente, seguidos pelo som de espadas sendo desembainhadas e armas sendo carregadas. Um grande número de demônios abissais foi invocado, e os cultistas no salão, em meio ao pânico e à confusão momentâneos, se prepararam para enfrentar o inimigo. Passos soaram do corredor, aproximando-se cada vez mais da porta.
Uma senhora de cabelos prateados, vestindo um suntuoso vestido de corte roxo escuro, entrou primeiro. Ela tinha uma beleza impecável, como a de uma boneca, e uma postura elegante e leve. Ela entrou no salão de assembleias com naturalidade, como se os cultistas da aniquilação, os demônios abissais, as espadas e as armas ao redor não fossem nada para ela. Ela apenas olhava curiosamente ao redor, seus olhos roxos profundos, claros e brilhantes, parecendo refletir inúmeras linhas invisíveis.
Em seguida, entrou outra figura, excepcionalmente alta.
Essa figura se gravou nos olhos de todos como um pesadelo que se infiltrava na realidade. Ao entrar, ele já começou a queimar a sanidade e os nervos de mais da metade dos Cultistas da Aniquilação no salão.
Duncan ergueu a cabeça e, em meio às chamas esverdeadas que se espalhavam e queimavam, fitou o “Santo” no palanque.
“Você e seu navio me são úteis.”
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